No passado dia 5 de Junho, o Parlamento votou a proposta da AD para uma nova tabela de Escalões do IRS…
Essa proposta acabou por ser rejeitada, com o contributo determinante do PS e do Chega que, afinal, terão muito mais em comum do que aquilo que inicialmente se poderia supor ou prever:
– “Os votos contra do PS, PCP, BE e Livre e a abstenção do Chega ditaram esta quarta-feira o chumbo da nova tabela de taxas dos escalões do IRS propostas pelo PSD e CDS-PP.” (SIC Notícias, em 5 de Junho de 2024)…
– “Depois de chumbadas as novas taxas de IRS propostas pelo PSD e pelo CDS, os deputados da Comissão de Orçamento e Finanças aprovaram a proposta do PS sobre redução das taxas do IRS até ao 6.º escalão, mas mantendo as taxas dos escalões seguintes.” (SIC Notícias, em 5 de Junho de 2024)…
– “A nova tabela de taxas foi aprovada com os votos contra do PSD e do CDS-PP, a abstenção do Chega e o voto favorável dos restantes partidos.” (SIC Notícias, em 5 de Junho de 2024)…
Nesta votação em concreto, e sem eufemismos linguísticos, a aliança entre o PS e o Chega talvez se possa resumir a esta pretensão, ao que tudo indica, comum a esses dois Partidos Políticos:
– Que se lixe a Classe Média!
E se o anterior não levanta qualquer admiração ou estupefacção, em particular no que respeita à acção do PS, habitualmente muito prolixa em lixar a Classe Média, já o mesmo não se poderá afirmar do Chega que, até há pouco tempo atrás, defendia que os Socialistas eram o principal “alvo a abater”…
O mesmo Chega que, nos últimos meses, elegeu como “inimigo visceral” o PS aparece agora completamente disponível para estabelecer alianças com esse Partido Político, desdizendo-se e contradizendo-se de forma clamorosa…
O Chega saltou definitivamente para o colo do PS, o que não deixa de ser caricato, face às afirmações de André Ventura na mais recente campanha pré-eleitoral, visando o PSD…
Parece que a “máscara caiu” ao Chega, deixando à vista de todos que esse Partido Político não reúne quaisquer condições para ser levado a sério…
No fundo, o Chega é uma “Maria vai com as outras” e age de forma interesseira, sem convicções credíveis, conforme as circunstâncias…
A aliança entre o PS e o Chega, bem visível pela cumplicidade existente nesta votação, também evidencia que o PS não tem qualquer reserva em fazer de conta que o Chega não representa o radicalismo de Direita, supostamente, alegadamente, teoricamente rejeitado pela “Esquerda Democrática”, encabeçada pelos Socialistas…
Confuso, não é?
Pois é… Tão confuso e tão incoerente que, de forma sarcástica, talvez se possa afirmar que o PS e o Chega olham um para o outro e, reciprocamente, atiram com este anúncio:
– “Procura-se pessoa séria para tocar às campainhas e fugir”…
Dependendo das circunstâncias, PS e Chega parecem estar disponíveis para uma relação assente na “brincadeira de se unirem para tocar às campainhas”, restando saber qual deles conseguirá correr e fugir mais depressa…
Claro está que, pelo caminho, serão enganados e defraudados muitos residentes, crentes num toque de campainha que, afinal, não passa de um logro, intencionalmente arquitectado, com consequências imprevisíveis…
“Procura-se pessoa séria para tocar às campainhas e fugir” é uma expressão roubada da internet, de autor desconhecido, que me pareceu muito ilustrativa do que se passa actualmente na Assembleia da República…
Paula Dias
10 comentários
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Não diria melhor!
Não percebo o raciocínio, em que medida é que a proposta aprovada do PS – substitutiva da proposta da AD -lesa a classe média?
Talvez não fosse má ideia informar-se um bocadinho sobre isto:
Que escalões do IRS correspondem normalmente à dita Classe Média; o que propunha a AD sobre a tributação nesses escalões, mas que foi chumbado pelo PS &Companhia; e o que foi aprovado pelo PS &Companhia acerca dessa tributação.
Depois de se informar, talvez perceba porque é que a proposta que foi aprovada pelo PS &Companhia lesa a Classe Média.
Informe-se, basta isso para perceber algumas coisas.
https://eco.sapo.pt/2024/06/06/reducao-do-irs-do-ps-da-poupanca-anual-ate-336-euros-veja-as-simulacoes/
Informe-se, basta isso para perceber algumas coisas.
Que bom, para essa “Classe Média”, cada vez mais baixinha e poucochinha. A sério?
Gosto do blog,.mesmo quando não concordo (pontos de vista diferentes sobre educação e mesmo sobre outros aspetos da política são sempre bem-vindos), e apesar do excesso de publicidade (mas leio-o num reader)…agora repetir acriticamente o que diz a AD já vai passando das marcas (toda a esquerda e a IL votam ao lado do PS, mas o CH, que se abstém é que está a fazer um.pacto com o PS??)
Santa, santíssima, ingenuidade!
O nível continua a subir…
Duas intervenções do Mustang, supostamente para responder e é só generalidades….quererá elucidar-nos..ou é pago só para desconversar?…estas caixas de comentários ainda não são como as do FB ou dos pasquins da nossa praça… 🙁
Vamos ser sérios: estamos a falar de diferenças, para cima, de uns poucos euros! Em alguns casos 2 euros a mais na proposta PS… Redução ligeira nos escalões acima dos 3500 euros… Convenhamos… Peanuts. A proposta do CHEGA que foi CHUMBADA era muito melhor com apenas 1 ou 2 escalões de IRS e um máximo de 15% de taxa…
O Chega sempre foi a favor da descida de IRS, assim como a IL!
Já o PS está a angariar votos com medidas que chamava populistas e agora são engodo caça votos.
Convém referir que o chega abster-se nas 2 propostas e a IL votou a favor de ambas…
Mas que importa a classe média.? Isso é uma invenção das sociedades capitalistas. Da burguesia comercial.
Quereis viajar, colocar os filhos nos colégios privados , consumir? Esqueçam!
Contentem se com o que já têm.
O que importa é o povo. A base de uma nação.
Os operários, os camponeses, os pescadores, os assalariados. É para o povo que os nossos governantes devem olhar. Uma em cada 4 crianças portuguesas é pobre. Um verdadeiro flagelo.