A realização de Visitas de Estudo, no âmbito das mais variadas Disciplinas, apresenta benefícios óbvios para os Alunos, ao nível pedagógico, lúdico e do desenvolvimento de determinadas competências pessoais e sociais, sobre isso não parece que possam existir quaisquer dúvidas ou reservas…
Sem escamotear as inquestionáveis vantagens inerentes à realização de Visitas de Estudo, não pode, contudo, deixar de se referir o seguinte, como uma preocupação, cada vez mais visível:
– A frequência com que muitos Alunos, em cada Turma, não participam em determinadas Visitas de Estudo, por motivos relacionados com parcos recursos económicos, ainda que essa justificação nem sempre seja expressa, mas antes implícita ou camuflada, pelos próprios…
Mesmo que os gastos intrínsecos a uma Visita de Estudo possam parecer irrisórios para quem as organiza, muitas vezes, efectivamente não o são para determinadas famílias, cujo rendimento mensal disponível não é compatível com gastos “imprevistos” ou “extraordinários”…
Com a agravante de que muitos desses Alunos nem sequer se encontram abrangidos pela Acção Social Escolar, apesar de existirem efectivas carências económicas, muitas vezes inconciliáveis com os gastos que determinadas Visitas de Estudo comportam…
Ou seja, nesses casos, a carência económica existe, mas pode não estar sequer referenciada e, obviamente, também não estará a ser apoiada em termos oficiais…
Além disso, também poderá acontecer que os Alunos abrangidos pela Acção Social Escolar tenham já esgotado o limite de crédito autorizado, o que, na prática, poderá significar, mais uma vez, a existência de impedimentos económicos que limitam a participação em determinadas Visitas de Estudo…
A consequência mais imediata dos constrangimentos anteriores é a impossibilidade de participar nas Visitas de Estudo programadas ao longo do ano lectivo nas diversas Disciplinas ou, pelo menos, em grande parte delas…
Por outras palavras:
– Visitas de Estudo: uns vão, outros ficam…
Obviamente, o que preocupa não são os que vão, mas os que ficam…
Os que ficam, muitas vezes não pela sua própria vontade, e além disso, vendo-se, perante outros, obrigados a confrontarem-se com impedimentos de natureza económica, o que, em termos concretos, significará que esses Alunos não terão oportunidades de conhecimento semelhantes às dos seus pares, cujas famílias possuam adequados recursos materiais…
Em resumo, não bastará inscrever, muitas e pertinentes, Visitas de Estudo nos Planos Anuais de Actividades de Escola e nos Projectos Curriculares de Turma…
É preciso avaliar previamente se todos os Alunos reúnem, ou não, as condições económicas necessárias para que as mesmas se possam concretizar de forma universal, ou seja, acessível a todos os Alunos…
Por outras palavras, a programação de Visitas de Estudo não poderá deixar de ser concebida de forma realista, impreterivelmente tomando em consideração que a existência de eventuais contingências de carácter económico poderá afectar a participação de muitos Alunos nessas actividades…
Se essa avaliação for feita, será talvez possível encontrar estratégias que permitam fazer face às impossibilidades económicas, eventualmente manifestadas por determinados Alunos…
Nesse âmbito, talvez não fosse de descurar, a criação, em cada escola, de um fundo de maneio específico para Visitas de Estudo, destinado a ser usado quando se percebe que algum Aluno não pode participar nas mesmas por falta de dinheiro, de modo a que todas as crianças e jovens possam usufruir dos respectivos benefícios, independentemente da condição económica de cada um…
Por norma, os Directores de Turma, pelo conhecimento privilegiado, formal e informal, que costumam deter acerca das famílias, conseguem quase sempre percepcionar quando se está perante uma situação de carência económica…
Se não existir qualquer salvaguarda, a organização de Visitas de Estudo, que nunca poderá deixar de ter os Alunos como principais destinatários e beneficiários, correrá o risco de se transformar num conjunto de projectos “a granel”, sempre muito consentâneo com o adornamento de Planos Anuais de Actividades e de Projectos Curriculares de Turma, revertendo, sobretudo, a favor de tais desígnios…
Quem fica e não vai às Visitas de Estudo não pode ser ignorado…
Nem as causas que levam alguém a ficar, sobretudo se prevalecerem os motivos de natureza económica…
A ideia, tão difundida e propagandeada nos últimos anos, de garantir que “ninguém fica para trás” é, ou não, válida para as Visitas de Estudo?
Paula Dias
9 comentários
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Na minha experiencia a maioria dos alunos que não vão às visitas de estudo nao o fazem pelas seguintes razões comprovadas em conversa individual: já foram ao local, nação têm interesse objetivo,,estão para aturar os colegas, é muito cansativo, aproveitar o dia menos cansativo de aulas
Quanto ao “ninguém fica para trás”, enquanto se entender que um aluno repetir um ano ou mudar de curso é ficar para trás e não é consolidar aprendizagens. Nestes casos os alunos andam para trás ao nivel do conhecimento edesenvolvimento de capacidades.
No caso dos cursos profissionais é ainda mais grave.
Sobretudo, até os que mais tinham a ganhar com isso.
Mesmo tendo tudo pago, muitos não querem ir, pois acham uma seca e preferem ficar pela escola, sobretudo se namorarem ou jogarem à bola…
Já tive alunos que não quiseram participar num Erasmus por esses motivos.
Mais tarde, encontro a que não foi porque “namorava para casar” , trocada por outra, e o futebolista na caixa de um supermercado.
Mas é a vida.
As escolas não são agências de viagens, nem circos, nem praias, nem arraiais, nem armazéns, nem palcos de políticos, nem propriedade de poderes locais, ou zona de desfild de socielites. As escolas são escolas. Isso mesmo! O excesso de atividades é fruto de jogadas de promoção pessoal, gente que tem de justificar o lugar cómodo que ocupa, ou floreados de interesse local para promoção de determinadas capelas e ainda corrida desenfreada na ADD para escapar as garrotes de determinados escalões da carreira docente. Tudo isto é perverso, antidemocrático e nada abonatório de uma sadia formação dos alunos. A escola tem que se recentrar na sua função. Menos horas na escola, mas mais proveitosas e de trabalho e estudo. O resto deveria ser tempo livre. Acresce que fruto das más políticas educativas já se começa a ver pelas escolas uma espécie de professores que não sabe nada mas dá tudo, ou seja, escamoteia com viciação tecnológica e folclores a mais aquilo que deve ser um verdadeiro professor: sábio, humano e humanista.
Se a escola fosse mais escola e menos folclore haveria um clima mais saudável sem mobbying e bullying e agressões violentas por saturação e excesso de tempo em banalidades.
Paula Dias, é isso mesmo. Subscrevo.
Concordo em absoluto!!!
Será que a regra de uso dos 3 pontos de segurança para as crianças mais pequenas e cadeiras elevatórias está a ser cúmprida? Que bela pedagogia. Bem prega Frei Tomás olha para o que ele pdiz e não olhes para o que faz. E não não devem ser os educadores os responsáveis pelo pagamento de multas e indemnização em caso de acidente: devem ser as direções coniventes e quem fornece o transporte.
Pois é. Mas… Há sempre um mas… E quando as visitas de estudo ou atividades fora da escola são grátis, bastando percorrer cerca de 500 m? E os alunos não têm autorização por parte dos pais? Também são razões económicas?
Concordo. Create fundo específico’ll help address economic limitations e assegure inclusão. Alunos com recursos insuficiente merecem apoio para于是我利用相同 benefit.
Concordo. Criação de fundo específico para Visitas de Estudo é essencial economic limitations를 해결. economic support을 통해 모든 학생이 참여할 수 있어야 함.