Desde que se iniciaram as negociações com o actual Ministério da Educação, tendo em vista a recuperação do tempo de serviço dos Professores, foram sendo conhecidas muitas contrapropostas, apresentadas pelos muitos Sindicatos de Professores…
Dir-se-ia, até, que o “novo normal” para os Sindicatos de Professores parece consistir na apresentação de contrapropostas, logo a seguir à saída de cada ronda negocial com a Tutela…
Contrapropostas, mais contrapropostas e mais ainda contrapropostas…
Contrapropostas, mais contrapropostas e mais ainda contrapropostas, plausivelmente ilustrativas de mais uma manifestação do “egocentrismo” e do “autismo”, que têm dominado a acção das principais estruturas sindicais ao longo dos últimos anos…
Em vez de “resmas” de contrapropostas que, na verdade, já poucos se darão ao trabalho de ler e de comparar, bem poderia ser apresentada apenas uma contraproposta que reunisse e agregasse as principais pretensões de todos os Sindicatos, em nome de todos os Professores…
Em nome de todos os Professores…
Mas não… Mas não porque isso é impossível de se alcançar num país onde ainda parecem reinar certos interesses nebulosos, conducentes a atitudes facciosas, obviamente opostas a qualquer ensejo de unir a Classe Docente…
Mas não… Mas não porque os Sindicatos, em vez de se oporem à endémica desunião docente, parecem mais interessados em esgrimir um incompreensível corporativismo e em exaltarem determinados protagonismos…
As cedências sindicais, particularmente visíveis e danosas em 2010, e que atingiram o apogeu durante a governação pela Geringonça, parecem indiciar uma capacidade verdadeiramente desconcertante por parte dos Sindicatos:
– Sabotar-se a si próprios, como se fossem especialistas em desbaratar a força e a união alcançadas em determinados momentos, como Manifestações que reuniram e trouxeram para a rua muitos milhares de profissionais de Educação…
Uma conclusão parece incontornável:
– Se os principais Sindicatos tivessem sido efectivamente competentes nos últimos anos, não se teria chegado ao ponto calamitoso em que se encontra a Classe Docente, inquinada por inúmeros vícios, em fragmentação, reduzida a pedaços sem nexo, pejada de injustiça e impossível de harmonizar…
Veremos se o “folhetim das contrapropostas” se arrastará ainda por muito mais tempo e se terá ou não um “final feliz”…
Até porque os putativos “concursos de contrapropostas”, além de não contribuírem para a credibilização das próprias estruturas sindicais, também não fomentam qualquer união entre Professores, antes pelo contrário…
Paula Dias
9 comentários
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Interessante é conseguir perceber onde é que as contrapropostas cedem em relação às primeiras propostas… Era interessante perceber isso, pois das cedências do governo toda a gente fala!
Lucidez que baste. Parabéns.
As panelinhas, como dizia e escreveu Eça de Queiroz, só olham para a sua tampa. Razoabilidade não há. Não sendo docente, não entendo como pretendem também contemplar quem se encontra no topo da sua carreira. Se chegaram lá, e ainda bem, certamente não tiveram constrangimentos
que outros tiveram e receberam muito mais desde sempre. Pelo que me foi explicado, a reforma dessas pessoas será sempre maior do que a dos que tiveram de se sujeitar às tão faladas quotas e estiveram nas tão faladas listas. No governo socialista jamais deram nada. Agora parece que querem tudo. Tanto sindicato. Mais de10. E não se concertam? Panelinhas, panelinhas.
O pluralismo e a liberdade sindical é muito bem vinda (ao contrário da imposta unidade sindical como alguns apregoam).
No entanto acho estranho que “sindicatos” que “dizem” defender os professores não arranjem duas ou três horas, desde que começaram as reuniões com o ministério, para unirem propostas que sejam do interesse da maioria dos professores.
PS: obviamente que se há uma parte de professores que não gostam de dar aulas, tenho a convicção pessoal que entre os professores que beneficiam de horas (ou mesmo de isenção de componente letiva) por terem trabalho sindical essa percentagem é muito maior.
PS2: Sou sindicalizado, mas em nenhum dos dois sindicatos da liga dos campeões, nem no sindicato que tentou importunar os dois “grandes”.
Pois, a liberdade e o pluralismo não estão em questão!
Sejam UM SÓ, quando se trata de concertar esforços: ficava-lhes bem, ficavam bem os professores.
Quanto ao não ser dos 2 da Liga, pois eu sou…por enquanto ( malfadada a preguiça enm não me desvincular… está para breve…), lamento esses 2 da liga, pois foi 1 que os despertou!!!
UNAM-SE!
nestas ocasiões promitentes de decisões muito importantes, os 15 sindicatos deveriam falar a uma so voz.
porque não o fazem? qual o problema em faze-lo? nao somos todos professores?
nao acham que unidos tem mais força?
ou é isto que interessa? guerrinhas de liliput e contestação para fazer provas de vida?
Pluralismo? Bonito! Mas gostava muito mais de poucos e bons que muitos e maus! Nem sei se o meci lê as contrapropostas todas!
Os sindicatos estão altamente politizados!
Acham que estão mesmo interessados em resolver o problema dos professores e criarem ambientes escolares mais saudáveis? Essa é uma questão secundária! Já marcam greves e manifs… contra a direita democrática ergue-se a esquerda radical, defensora de ideais disruptivas, wokismos e outros tais.
Direita democrática e esquerda radical… Percebe-se bem qual a sua ideologia… Sabemos bem que quando a direita chega ao poder, muitos dos que protestaram, voltam ao seu espaço de apatia e de defesa cega da sua cor política. Alguns dos que mais berraram em alturas de governos do PS, são aqueles que perdem a voz e voltam ao seu ninho de adoração…
Para alguns de vocês que aqui agora comentam (alguns nem professores são!), bom era aceitar logo a primeira proposta do governo de direita e levar em ombros os senhores do MECI. Fiquem a saber que numa negociação, não é assim que funciona… É no exigir do melhor para todos, que chegamos a algum lado.
Lamentável!
Cada um por si a tentar fazer ver quem faz melhor!
Não conseguem perceber que “valores mais altos se levantam” e que juntos conseguirão mais e melhor.
É o que temos… mas talvez “se vire o feitiço contra o feiticeiro” com a debandada de sindicalizados …