Movimento quer regresso de vigilantes às escolas
O movimento Missão Escola Pública defende o regresso dos vigilantes às escolas para reverter a indisciplina, explica Cristina Mota. No dia em que celebram o primeiro ano, fazem um aviso ao próximo Governo: a recuperação do tempo de serviço dos professores não pode ser mais adiada ou a luta regressará às escolas.
A falta de professores é o problema mais grave do sistema de ensino mas há outros, sublinha ao JN Cristina Mota: as condições de trabalho, como o excesso de burocracia, os níveis crescentes de indisciplina e baixos níveis de exigência que “camuflam o insucesso”.
A dirigente do movimento Missão Escola Pública defende que seria “muito importante o regresso” da figura dos vigilantes às escolas para controlarem a indisciplina e colaborarem com as equipas da Escola Segura. Na audição relativa ao Orçamento do Estado da Educação, o ministro, recorda, prometeu a contratação de 582 vigilantes “que devia ser cumprida”.
A medida consta da lei e no Parlamento e João Costa explicou que o perfil de contratação são agentes de segurança e militares aposentados. De acordo com dados avançados pela PSP, na edição desta sexta-feira do JN, o número de crimes nas escolas aumentou 11% no ano letivo passado: foram registadas 3824 ocorrências, 2708 das quais criminais, sendo a maioria ofensas corporais (1237), injúrias (825) ou furtos (368).
Duas décadas de luta
O primeiro aniversário vai ser celebrado esta noite pelo movimento que junta à sua mesa quem liderou movimentos que contestaram a divisão da carreira docentes em 2008, pela antiga ministra Maria de Lurdes Rodrigues, Paulo Guinote, Ricardo Garcia e Paulo Prudêncio. Cristina Mota sublinha que em duas décadas de luta há aspetos comuns que se mantém. Por exemplo, o desinvestimento no setor desde 2011. O facto de a maioria dos programas eleitorais prever a recuperação do tempo de serviço, frisa, “já é uma conquista” que resulta da contestação da classe.
Ao próximo governo que resultar das eleições deste domingo, a professora avisa que as negociações devem “exclusivamente” definir “a forma e o tempo”, como o tempo de serviço ainda congelado (seis anos, seis meses e 23 dias) deve ser recuperado sem nunca se questionar esse princípio de reposicionamento dos professores na carreira. Caso contrário, garante, “a luta regressará às escolas e os professores voltam à rua”.
Além da recuperação do tempo, para se tornar a carreira mais atrativa os salários devem subir, as quotas na avaliação e no acesso ao 5.º e 7.º escalões devem ser eliminadas, tal como o “excesso de burocracia” que “faz desistir após poucas semanas” os licenciados contratados.
Também considera que as Aprendizagens Essenciais devem ser revistas de modo a elevar os níveis de exigência. “A reprovação não pode ser esporádica”, afirma, considerando que os chumbos têm de ser determinados pelo desempenho dos alunos e “não por políticas que camuflam o insucesso”.