Cenários possíveis de (re)organização do 2º ciclo
Páginas 86, 87 e 88 do estudo do CNE
Nas publicações do CNE, anteriormente referidas, face à questão, o que fazer com o 2º ciclo? são indicadas algumas possibilidades: a criação de um ciclo único através da integração do 1º e 2º ciclos; a divisão do 2º ciclo, associando um ano ao 1º ciclo e um ano ao atual 2º ciclo, ou através da associação do 2º com o 3º ciclo. A primeira hipótese, integração do 1º e 2º ciclo, é aquela que parece reunir maior consenso, na medida em que se considera que “seria benéfico para a educação das nossas crianças a progressiva integração do atual 2º ciclo do ensino básico no espírito e cultura curriculares do 1º ciclo, criando-se desta forma uma educação primária, primeira, de seis anos” (Pedrosa, 2009, p. 20), do mesmo modo que uma “proposta de educação
integrada dos 0 aos 12 poderá propiciar uma sequência progressiva, mais coerente com os processos culturais infantis e mais articulada com as formas de aprendizagem das crianças, formadas em boa medida no nível imediatamente anterior” (Sarmento, 2009, p. 87). Também o Conselho das Escolas, em 2010, propôs que o atual 1º ciclo passasse a ser designado por ensino primário (com a duração de 4 anos) e que o atual 2º ciclo fizesse parte do ensino secundário geral, com a duração de 4 anos e que passaria a integrar o 5º, 6º, 7º e 8º anos de escolaridade. O 9º, 10º, 11º e 12º anos passariam a integrar o ensino secundário superior.
De entre os cenários apresentados, e à semelhança do que acontece noutros países europeus em que a educação básica tem um ciclo inicial, primary, destinado a alunos dos 6 aos 12 anos, a integração dos atuais 1º e o 2º ciclos num ciclo inicial do ensino básico, permitiria modos de trabalho mais articulados, mais coerentes e mais consistentes e que possam garantir a todos os alunos o desenvolvimento efetivo de literacias múltiplas (leitura, escrita, numeracia, utilização das tecnologias de informação e comunicação), as quais são consideradas como alicerces para aprender e continuar a aprender ao longo da vida como, aliás, se prevê no PASEO.
Posteriormente ao 6º ano poderemos ter diferentes cenários, de entre os quais destacamos aquele que eventualmente mais se aproxima da realidade que existe em Portugal e que acontece na maioria dos países europeus: a existência de um ciclo de três anos que é conceitualizado como sendo um ciclo terminal da educação básica, muitas vezes designado por lower secondary (no caso português corresponde ao 7º, 8º e 9º ano) e um ciclo de três anos de natureza estritamente secundária que conclui a escolaridade obrigatória e muitas vezes designado como upper secondary (10º, 11º e 12º ano). Uma outra possibilidade é considerar o lower secondary como o início da educação secundária o que, de acordo com muitos estudiosos e investigadores, tem vantagens. Na verdade, considerar o lower secondary como “terminal” do ensino básico é bastante diferente de o tornar o início do secundário. Neste último caso, parece desenvolver-se um ambiente mais favorável ao desenvolvimento das aprendizagens dos alunos que lhes facilitam a conclusão de um percurso de escolaridade obrigatória que seja mais coeso e faça mais sentido face aos projetos pessoais de cada aluno.
Independentemente dos cenários que se possam equacionar, ou das etapas que possam emergir duma possível reorganização ou reconfiguração estrutural do ensino básico, esta é uma questão a enfrentar pelas políticas de educação e formação e que tem uma diversidade de implicações que é preciso acautelar, nomeadamente, a gestão de recursos humanos e a organização dos grupos de recrutamento de docentes, que atualmente estão subordinados à divisão do sistema. Importa igualmente acautelar a formação inicial de professores, uma vez que temos instituições de ensino superior que habilitam professores em função dos níveis e ciclos de ensino existentes, a permeabilidade da rede escolar, a gestão do currículo, a avaliação das aprendizagens e a própria tipologia de escolas, entre outras.
Algumas poderão ser entendidas como questões dependentes, unicamente, da vontade política, como é o caso da redefinição de grupos de recrutamento e a reestruturação de modelos de formação inicial que possibilitem o acompanhamento dos alunos em percursos de escolarização mais longos e diferenciados do contexto atual. Outras poderão ser consideradas como mais dependentes daquilo que as pessoas, em cada lugar, consigam fazer acontecer, como é o caso da gestão curricular e da avaliação das aprendizagens, na medida em que as mesmas podem decorrer do entendimento que cada um tem do seu significado e não propriamente da sua reconfiguração estrutural, formal ou legal. Ainda assim, e independentemente daquilo que se pensa e se consegue fazer localmente, muito fica dependente daquilo que é definido e assumido ao nível das políticas públicas e da decisão política.
Sendo verdade que a mudança, qualquer que ela seja, depende muito mais da forma como as pessoas desejam e se apropriam dessa mudança do que tudo o que lhe possa ser exterior, também é verdade que as políticas potenciam ou condicionam essa mudança. As questões de forma serão certamente mais fáceis de equacionar e resolver, porque são mais claras as transformações necessárias. Por exemplo, relativamente à
gestão de recursos face aos grupos de recrutamento existentes no atual 1º e 2º ciclos, um cenário possível seria o sistema evoluir para um único grupo de docência, no ensino primário (primary education), após um período de transição que teria de ser organizado e preparado com apoios específicos ao nível da formação dos professores. Uma outra possibilidade passaria pela criação de equipas pedagógicas, com um número reduzido de professores, que pudessem acompanhar os alunos durante todo o percurso escolar dos 6 aos 12 anos, independentemente do grupo de recrutamento a que estão afetos, ou seja, o regime de monodocência evoluiria para um regime de pluridocência que assegurasse uma gestão curricular articulada, transversal e assente no trabalho colaborativo.
A este propósito importa referir que muitos docentes que estão atualmente no sistema educativo, e independentemente de estarem a lecionar no 1º ou no 2º ciclo, têm qualificação profissional para ambos, do mesmo modo que alguns docentes do 2º ciclo têm habilitação para o 3º ciclo e secundário, ou seja, é importante apostar em processos de gestão que favoreçam condições para que as escolas, num quadro de autonomia efetiva, possam gerir e rendibilizar os recursos disponíveis numa lógica de continuidade pedagógica do trabalho com os alunos. Simultaneamente, os modelos de formação inicial e contínua dos professores devem ser repensados perante os desafios decorrentes da política educativa vigente.
Questões bem mais difíceis de equacionar prendem-se com o conceito de educação e com o entendimento que dele é feito no momento da sua concretização, no espaço das organizações escolares e da relação pedagógica. Os documentos estruturantes da educação em Portugal, o PASEO, as Aprendizagens Essenciais ou até mesmo a Estratégia Nacional de Educação Para a Cidadania, veiculam um entendimento de educação enquanto desenvolvimento das crianças e dos jovens e do currículo enquanto instrumento dessa visão. Nesta perspetiva, estes documentos incluem a ideia de continuidade que incentiva e até proporciona uma eventual organização que dissolva a separação entre 1º e 2º ciclos, contudo, é fundamental que ao nível das políticas educativas se assumam medidas que permitam não só a apropriação como a concretização do PASEO por parte dos profissionais que estão no cerne da consecução dos seus desígnios: os docentes.
30 comentários
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Infantilização desnecessária dos púberes. Possível despedimento de professores (para, assim, colmatar um pouco a falta de docentes que se avoluma). Choque maior na passagem do atual 2º ciclo para o atual 3º ciclo. Quebra de qualidade das aprendizagens (ainda maior do que atualmente se vê). Mania de mexer no que está perfeitamente bem. Bolas para os “cientistas” da educação e políticos que, atrelados à mentalidade capitalista da mudança contínua, se deixam levar nas asas da incompetência.
Apoiado!
Nem mais.
Se isto se vier a concretizar será o contributo final para a infantilização dos alunos. Teremos bebés até aos 12 anos.
É inacreditável como há gente a defender tal coisa. Mas vindo dos incompetentes e aldrabões de onde vem, não se podia esperar diferente.
Lembram-se que disse que estva tudo controlado nas escolas quando se deu a pandemia e fechou tudo no dia seguinte?
E o Filinto sabujo ministerial é outro que tal.
Esta medida é só economicista. Nada mais.
Acaba-se com a falta de professores acabando com o ciclo. Fantástico. Nada que não estivesse estudado desde 2009 quando Sócrates o ordenou (sei de fonte seguríssima). É este pais de treta que quer segurar os jovens? Não vale a pena atirar areia para os olhos. Vão-se embora enqyanto puderem.
Há sempre gente que gosta de inventar a roda! Nem que seja para andar para trás! Resolvam o problema de fundo, mais exigência, mais meios para acompanhar os alunos em dificuldades, melhores recursos nas escolas! Não se fazem mais omeletes com os mesmos ovos! As escolas não devem ser parques de diversão, não transformem os professores em animadores socioculturais! Assim não vamos lá! Como diz o povo, o barato sai caro!
Apoiado!
Quando passei da 4.a classe para o 1.o ano do Ciclo Preparatório fiquei feliz e entusiasmado como poucas vezes na vida. Novas disciplinas, novos professores, novos colegas, nova escola.
Senti-me crescido, lembro-me do cheiro a novo do dossier e da novidade de lhe meter folhas e separadores.
Foram os melhores tempos da minha vida. Conheci muitas raoarigas (a Escola Primária era segregada) e acabei por casar com uma delas, e continuamos juntos.
Não senti nenhum “choque ” e não fiquei nada “traumatizado”.
Isto só vem com 20 anos de atraso. Não é muito, tendo em conta o país que temos…
Só conversa furada, chavões e o paleio do “trauma” (que os levem ao colinho até à Universidade) para tentar justificar uma medida economicista disfarçada com tretas (PASEO, lá fora é que é).
Um atentado por parte de alguém que não deve por os pés numa escola (se é que alguma vez os pôs) há muitos anos.
Em vez de se resolver o problema da monodocência isolada e que trabalha de uma forma completamente diferente de todos os outros ciclos vem com a conversa falsa do “enclave” para enganar totós.
De qualquer maneira, tirando alguns iluminados (com algo a ganhar com isto) a reacção a esta coisa foi muito negativa.
Seria melhor uma articulação entre o jardim de infância e o 1.º Ciclo.
Os alunos chegariam ao 3.º ano a saber ler, escrever e contar, com todo o respeito pelos nossos educadores e professores do 1.º Ciclo.
Cumprimentos a todos!
Eu fui da 4.a classe para o 1.o ano do ciclo preparatório com 10 anos e nunca, até hoje, me senti traumatizada.
Tinha conhecimentos e tinha interiorizado regras de “saber estar”.
Quanto mais se quer mudar e mais radicais são as mudanças… mais iguais serão as coisas.
Pequenas inovações, pensadas no âmbito da autonomia da escola, terão melhores resultados. O aprofundamento da articulação vertical (1º/2º ciclo) que vem acontecendo em algumas escolas, tem permitido debelar a maior parte das dificuldades apontadas à transição do 1º para o 2º ciclo. Há professores do 1º CEB a colaborar em sala de aula com os do 2º e vice-versa.
Estes políticos e aspirantes a políticos como serão alguns elementos do CNE têm de perceber que as coisas não mudam, simplesmente porque mudaram de nome.
Não tenham medo da mudança. Vejam o que se faz lá fora e porquê. Leiam o “Estado da Educação 2022” e rapidamente perceberão as razões que sustentam esta mudança. O 2º ciclo já devia ter sido eliminado à muito tempo. Com isto, acaba também a monodocência. É uma mudança há muito necessária. Este ciclo dos 6 aos 12 anos passa a chamar-se “primário” e o secundário começa no 7º ano. Os professores não serão prejudicados.
Então diz lá quais sao os países que têm 6 anos de escola primária,?
Vê-se bem que és primario em tudo.
Chafurdas 1.⁰ ciclo e consegues mamar até 3600 por mês.
Carreira única! Sabes qual é o único país do mundo (repito, do Mundo!,) onde existe?
Eu respondo-te: o teu Portugal!
Diz-me outro país onde exista.
O colega é conhecido do Tavares? É que, pela forma como expressa… aparenta.
Não, não sou o Tavares. Esse e mais refinado. E só posta depois de ter Sardão.
Só por genuína curiosidade (independentemente de eu discordar da ideia-base): como é que os professores não vão ser prejudicados?
Os docentes do 2º ciclo poderão ser distribuídos tanto neste novo ciclo primário como no novo ciclo secundário. É verdade que, com isto, poder-se-ão tapar alguns buracos no atual 3º ciclo, mas o grosso dos colegas manter-se-ão no ciclo primário a dar as mesmas aulas que dão agora. Os docentes do 1º ciclo terão a maior adaptação, ao passar a dar uma ou algumas áreas curriculares. Mas a especialização, para estes docentes, fará os alunos lucrarem com isso. O 2º ciclo foi criado como complemento do ensino primário e mais tarde foi a junção dos dois primeiros anos do ensino liceal e técnico. Com a escolaridade obrigatória ao 9º ano, o 2º ciclo perdeu a sua razão de existir. Isto não é nenhum ataque ao 2º ciclo ou aos seus docentes. É somente a simplificação do ensino.
Eu nem sou docente do segundo ciclo (ou do primeiro). Para dizer a verdade, até estou há uns bons anos a lecionar EFA e, até há algum tempo, RVCC. É mesmo curiosidade. Custa-me a entender que ninguém saia prejudicado. Mas pode ser…
Não, o 2.º ciclo nunca foi complemento do 1.º ou do ensino primário. Foi isso sim, um Ciclo preparatório do Ensino secundário. E até houve durante muito tempo escolas específicas do ciclo preparatório e cheias de turmas só deste 2.º ciclo. Ou seja, sempre esteve mais ligado para o início do secundário, pois o fundamento da sua criação foi exatamente para fornecer bases para que os alunos pudessem aguentar a prossecução de estudos ao longo do ensino secundário, que antigamente começava logo a seguir ao 2.º ciclo. Para quem não se lembra, este foi criado em 1969 pelo então ministro Veiga Simão, o qual também voltou a ser ministro alguns anos mais tarde, já em tempo de democracia…
e nunca o 2.º ciclo criou qualquer problema ou ansiedade na grande maioria dos seus alunos, meninos e meninas de tenra idade, bem pelo contrário, pois algum problema que existisse desaparecia nas primeiras semanas, e o facto de poderem alargar os seus horizontes , com interligação com mais docentes, com mais colegas e mais vivências só lhes causou entusiasmo e proporcionou grande evolução formativa, pessoal, social, científica, etc… e até é melhor que a passagem para outro nível aconteça numa idade mais precoce, pois de outra forma as mundividências dos atuais alunos de 11 e 12 anos vão fazê-los sentir-se fora da caixa e mais velhinhos se os obrigarem a continuar mais 2 anos junto de alunos de 6 a 9 anos de idade… e para eles seria um retrocesso, pois no mundo atual em que tudo está ao alcance, já não há medos no crescimento dos pré adolescentes. O que está mal é continuar a insistir com “pieguices” e tretas de pseudo disciplinas e cidadanias que atualmente aumentam o número de horas e docentes no 2. ciclo, em detrimento do essencial das aprendizagens e do conhecimento.
Não há nada em nenhuma proposta dos partidos ou no CNE (Conselho Nacional de Educação) que refira que esse novo “ciclo” primário ou o novo “ciclo” secundário seja dado em pluridocência. Pelo contrário, tudo é referido no sentido de ser apenas um professor, eventualmente apoiado por mais um ou dois (quase ocmo acontece nas AEC) que dará tudo.
Ou seja, os restantes “vão ao ar”, ou então vão dar outras coisas para o 3.º ciclo.
Como resultado temos o “qualquer um pode dar qualquer coisa”.
É o desvirtuamento total do ensino. É brincar com os alunos.
Claro que o privado vai ultrapassar facilmente isto, porque vai pagar para os meninos terem complementos à estupidez que se propõe, para que realmente aprendam. E muitos destes privados vão usufruir de apoios do Estado para este efeito.
Leia-se com atenção as propostas dos partidos e o “estudo” do CNE.
Aliás, nada disto é novo porque Sócrates já tinha, em 2008 encomendado este estudo e as conclusões eram muitíssimo parecidas. Só que o objetivo é tapar os buracos deixados pelos professores em falta, não contratando novos nem assegurando as aprendizagens. No fundo, para quem é bacalhau basta. Uma vergonha.
“há muito tempo” – que tal aprender primeiro a escrever?!
O sr. vem repetindo essas balelas incessantemente desde o 1o post sobre o assunto neste blogue.
Não é por repetir mil vezes uma treta que ela se torna verdade.
Lá fora não há monodocência ou monodocência com maia 1 ou 2 profs. de AEC. Nos países onde o chamado primary elementary existe, há pluridocência a partir do 3o ano.
O que estes iluminados dizem é aumentar a monodocência até ao 7o ano, ou seja, até aos 12 anos,com dois ou três profs. ou técnicos de treta a dar AEC. Uma farsa e infantilização dos alunos.
Teremos assim uma sociedade inócua com pessoas que serão infantis a vida toda.
Totalmente o contrário de tudo o que foi feito desde sempre em Portugal, incluindo no Estado Novo em que desde cedo era incutida responsabilidade aos alunos e havia pluridicência desde o 5o ano.
Nem acredito que o centro-direita apoie algo assim. É uma barbaridade e ignominia, própria de liberais e chegosos que querem a destruição da sociedade.
Yap!!! Ideia Fantástica!!!! já me estou a ver agora aos 60 anos a ter de fazer uma terceira licenciatura para poder continuar a ser professora (porque, entretanto, alguém se há-de lembrar que afinal as duas anteriores já não se adequam aos “novos modelos” de ensino. A “meia-dúzia” de anos da reforma trocam-me outra vez as voltas todas e ainda acabo é no desemprego, a receber o rendimento mínimo e sem casa.
E depois admiram-se que a percentagem de gente que tem de viver encharcada em anti-depressivos e ansiolíticos tenha vindo a aumentar astronomicamente nestes últimos anos (assim como a quantidade de gente que se viu obrigada a ir viver para rua). Quem é que consegue ser prior de uma freguesia destas?!
Não vejo necessidade de mudar mas então agrupar de 4 em 4 anos (1 a 4), (5 a 8) e (9 a 12) é que é um disparate total com implicações muito sérias no recrutamento de profs.
Óbvio.
Só gente louca é que propõe isto.
Como funciona o sistema educacional na Alemanha – DW
“Três tipos de escola
Cada um do 16 estados alemães pode regulamentar a educação em seu território, mas o sistema básico separa as crianças em três tipos de escolas: Hauptschule, para as de menor desempenho acadêmico, Realschule, para as de desempenho médio, e Gymnasium, para as mais preparadas. O método de ensino e o tipo de conteúdo varia de acordo com o nível da escola.
Em geral, essa separação é feita ao final da quarta série, quando as crianças têm cerca de 10 anos. A maioria dos jovens que fazem Hauptschule ou Realschule se formam com cerca de 15 anos e seguem para a educação profissional. Os que fazem Gymnasium terminam o curso com cerca de 18 anos e fazem o exame alemão para entrar numa universidade, o Abitur.”
Isso sim é escola a sério! Na Ucrânia funciona como na Alemanha. Aqui brinca-se e quer-se continuar a brincar e, o pior é que se quer ainda aumentar a brincadeira. Oh sorte, dai-nos paciência, para aturar gente idiota dos eduquês!!
Eduquês são as experiências parvas que se fazem na Educação há décadas.
Nada justifica esta mudança.
Nada se obtém de proveitoso com esta proposta.
Tudo pura fantasia e infantilização dos alunos, ao estilo ultraliberal.
Por mim, o que fazia falta era tratar os políticos deste país ao bom estilo francês de 1789. Se assim fosse, não se atreviam a loucuras. Em França não se atrevem a tanto e vêm-se resultados.
A Educação não é Ciência!… não é tentativa e erro. Impera sempre a vontade política de gente que não passa tempo algum nas escolas, por um lado, mas também de politólogos que ouvem a frustração de muitos professores, visto ser um setor corporativo da nossa sociedade, com hábitos de resistência à mudança. O ponto único desta discussão será no sentido da elevação do nível educativo e cultural dos nossos alunos até ao 6o ano, da percepção que eu (e muitos mais agentes educativos) tenho sobre a qualidade e quantidade de aprendizagens essenciais feitas à boleia de decretos de lei gerados para controle da (an)alfabetização. Falta um pouco de conhecimento histórico acerca da evolução da Educação no Portugal democrático, relembrando que é normal pensar-se e debaterem-se temas que idealizamos de forma diferente de organizações vigentes. Vejamos a escolaridade mínima obrigatória quando passou do 4o ano para o 6o ano, ou o amplo debate sobre a passagem da mesma escolaridade mínima obrigatória para o 9o ano, sobre a formação de professores do 2o ciclo – 3 anos de magistério (formação geral) e 2 semestres (formação específica) em meados da década de 80. A questão da expansão da rede escolar e dos próprios edifícios esteve presente e era o grande obstáculo a esta progressão, e muitos dos nascidos na década de 70 se lembrarão de fazer o então ciclo preparatório numa escola a cheirar a novo, isto nos idos anos 80. Eram já 3 os diferentes edifícios escolares frequentados por quem frequentava o 7o ano, com 3 tipos de professores de 3 formações diferentes. Problema: Havia escolas em todas as aldeias e era impossível ter professores de todas as disciplinas em cada uma dessas escolas. Este tipo de concepção de unificação entre o 1o e 2o ciclos morreu logo à nascença. A questão da infantilização dos alunos com 10, 11 e 12 anos no mesmo parque escolar do 1o ciclo foi também salientado. Hoje, o primeiro problema e suas razões geográficas não se coloca, e, quanto ao segundo, eu constato níveis de desenvolvimento psicológico aproximadas, as crianças de 6 anos já “crescidas” intelectualmente e as de 10 e 11 anos cada vez mais imaturas e, muitas delas, com várias lacunas nas aprendizagens realizadas – ponto importante na minha opinião relativamente ao assunto. Mas vejamos, a concepção do ensino preparatório que consistia, como a própria palavra diz, era preparatório para o ensino unificado (7o, 8o e 9o) que se queria como escolaridade mínima obrigatória. Sempre se compreendeu a primeira fase de ensino, na sua nomenclatura, como sendo de 6 anos de escolaridade, sendo 4 de monodocência e 2 preparatórios com 10 professores (10 disciplinas). Neste momento pensa-se mais no término da monodocência e mesmo a formação inicial de professores do ensino básico contempla ministrar áreas específicas até ao 6o ano. São, do meu ponto de vista, modelos cada vez mais próximos. Há 38 anos que o tema (junção dos 1o e 2o ciclos e término da monodocência) está em cima da mesa dos partidos do arco de governação de direita e esquerda, dos ministros João de Deus Pinheiro em governos de Cavaco Silva, do PSD, bem como de Marçal Grilo e Maria de Lurdes Rodrigues em governos de Guterres e Sócrates, pelo lado do PS. O mundo gira e a política acompanha… As Leis de Base do Sistema Educativo, não sendo um documento estático, terão, a altura certa, de dar continuidade ao processo em prol do progresso escolar, não do “sucesso” escolar.
EHEHEH estou mesmo a ver os alunos repetentes com 15 e mais anos, ainda na primária ( 2º ciclo)…Com tantas situações para melhorar no Sistema de Ensino, preocupam em ” estragar” o que funciona bem e é estável…Dá mesmo vontade de dizer « “Please, please” deixem-nos ( docentes e alunos) tranquilos».