Já fiz, por diversas vezes, referências escritas à falta de relevância política do atual ministro da Educação, João Costa, aliás, em linha com o seu antecessor, Tiago Brandão Rodrigues, outra nulidade em termos políticos, e em linha com muitos outros senhores simpáticos e senhoras simpáticas que chegaram a ministros e a ministras apenas por isso: foram convidados para o cargo para não fazerem grandes ondas e por não terem consistência, nem peso político para contrariar o Primeiro Ministro. Isto é, para ter tudo controlado, António Costa brindou o país, nos últimos oito anos, com um desfile de figuras inócuas na maior parte das pastas ministeriais. Os mais consistentes ou com mais peso político aguentaram-se pouco tempo no governo. É só fazer as contas. Suponho que este perfil de governantes explica uma parte da situação a que chegamos. A outra parte da situação talvez possa encontrar explicação no perfil dos outros governantes que António Costa selecionava para misturar com os inócuos: os ardilosos e habilidosos, com algum peso político. Estranho, não é?
Vem este balanço e esta reflexão sobre o perfil das equipas de António Costa a propósito da humilhação pública que João Costa, Ministro da Educação, sofreu esta semana. Não nos podemos esquecer que o Primeiro Ministro obrigou, nos últimos dois anos, João Costa a usar dois argumentos contra a recuperação integral do tempo de serviço prestado pelos professores e que caíram esta semana com grande estrondo. Esses dois argumentos eram, resumidamente, a falta de verbas do país e a desigualdade em relação a outras carreiras especiais da função pública. Ora o ardiloso e habilidoso Ministro da Saúde fez a humilhação final ao seu inócuo colega da Educação. Esta semana, o Ministro da Saúde fechou um acordo com os médicos dos serviço público (SNS – Serviço Nacional de Saúde) para um aumento de salários, em média, pelo que percebi, de quatrocentos euros. Eu entendo que é um bom acordo para os médicos e muito justo. E também entendo que esses quatrocentos euros são uma justa, justíssima!, recuperação do poder de compra perdido pelos médicos na última década e meia. Mas também entendo que o mesmo aconteceu com todos os trabalhadores da função pública e do setor privado. Como também entendo que todos os trabalhadores portugueses, para recuperarem da respetiva perda de poder compra da última década e meia precisariam, em média, de um aumento de quatrocentos euros no seu salário.
Devo, portanto, o meu aplauso aos médicos do SNS, pois, como classe esclarecida e com poder de reivindicação, nos estão a mostrar o caminho. Agora, porque todos vivemos no mesmo país que os médicos, devem todos os trabalhadores portugueses, das diferentes áreas da função pública e das mais diversas áreas de atividade privada, começar a luta pelo seu aumento de quatrocentos euros, para recuperação do poder de compra que todos perdemos na última década e meia, com troikas, com pandemias, com guerras e com inflações.
Ora, como facilmente se percebe, isto é uma humilhação final e refinada para o Ministro da Educação, João Costa. A luta e o triunfo dos médicos demonstram que o país tem verbas suficientes para fazer aumentos consideráveis aos trabalhadores e que podem existir razões válidas para se fazerem esses aumentos de forma faseada, começando, eventualmente, pelas carreiras especiais dentro da função pública, calendarizando as restantes para os próximos anos. Fica provado, assim, que eram mentiras absolutas os argumentos da dupla Costa e Costa, Primeiro Ministro e Ministro da Educação, contra a luta dos professores. Há, de facto, margem orçamental para aumentos consideráveis dentro e função pública e pode justificar-se alguma diferenciação pontual entre carreiras especiais. O primeiro Costa deixou agora o seu Ministro Pizarro (bizarro, não é?) humilhar o seu colega, autorizando-o a gastos extraordinários com a função pública (e bem!) e a fazer diferenciação dentro das carreiras da função pública (e bem!). Recordo que os aumentos dos médicos representam, em média, cerca de 15%, enquanto a restante função pública vai ter, para 2024, aumentos de 3%. E repito: o aumento dos médicos é que é justo e adequado! O que está mal é o aumento, de miséria, da restante função pública!
Mas toda esta humilhação e a negação pública dos argumentos que o Ministro da Educação usou nos últimos anos está acompanhada uma agravante muito séria e bastante cínica em relação aos professores. Nós não estamos a lutar para recuperar o nosso poder de compra, que, como toda a gente, fomos perdendo ao longo da última década e meia. Nós estamos a lutar para recuperar tempo de serviço que efetivamente prestamos nas escolas públicas portuguesas e que, ao não ser contabilizado, nos diminui consideravelmente os salários e nos pode diminuir consideravelmente as reformas, se nunca viesse a ser contabilizado. Uma das frases que melhor traduz a luta dos professores, à qual já me referi por diversas vezes, é: “SÓ QUEREMOS O QUE É NOSSO”. A grande diferença da nossa luta em relação às lutas justíssimas de todos os outros trabalhadores da função pública e do setor privado, é que nós não estamos a lutar apenas por melhores condições de trabalho ou para recuperar a perda de poder de compra da última década e meia, que sofremos como todos. Nós estamos a lutar sobretudo para recuperar um roubo que começou em 2018 e podia continuar durante mais quarenta ou cinquenta anos, se a situação não fosse resolvida.
Num próximo artigo hei de fazer a demonstração, com casos reais, de quanto perderia cada docente entre 2018 e 2050 ou 2060 sem a contabilização dos 6 anos, dos 6 meses e dos 23 dias. (Sim, eu espero que alguns dos atuais professores ainda estejam vivos e a receber reformas daqui a trinta ou a quarenta anos!) Suponho que essas demonstrações vão ter como resultado o prejuízo de muitos milhares de euros em cada caso. Veremos…
Por mim, a luta continua!
Agora, com mais força do que nunca!
Temos de agradecer e de seguir o exemplo dos médicos!
8 comentários
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agora ja podemos fazer greve as avaliacoes e aos exames
bora fazer….
Sim a luta continua até nos ser reconhecido o tempo que trabalhamos. Só estamos a pedir o que é nosso por direito.E mesmo assim já fomos muito penalizados, penalização que se estende ad eternum na nossa reforma. PS nunca mais!
Obrigada. Diz muito bem. Bela análise da situação. Esperamos a continuação.
Este ministro tem fraca personalidade e quis muito inscrever no currículo ‘ “ministro “, por isso aguentou tudo.
É ambicioso, vaidoso, pavão de bengala, mas há muito que andava a ser desautorizado pelos colegas( ministra do superior, por ex) e pelo 1 o ministro.
O seu peso politico era nulo. Ele sabia o mas engolia .
Era uma marioneta política nas mãos do pulha do Costa que tem um ódio de estimação aos professores.
Deve ter sido mal sucedido no básico e secundário. Talvez não estudasse e portava se mal.Está traumatizado, coitadinho. E depois ainda lhe esperaram um lápis num olho! Mauzões dos professores! Não tem respeito nenhum pelos ministros.
Nunca desistirei de lutar pelos anos de serviço que nos roubaram.
E nunca desistirei de lutar para que vagas aos 5.º e 7.º escalões deixem de ser necessárias para progredir para estes escalões. Não existe nada assim no resto da função pública.
Continuarei a lutar e acho mesmo que a luta se deve intensificar.
Aliás, o esquema do governo nojento que temos é o mesmo em todo o lado. Dividir para reinar. Foi o que já fizeram com os médicos, mas a maior parte não desistirá. Sei do que falo, pois conheço vários, de diferentes sindicatos que dizem que não concordam com a cedência de um dos sindicatos e irão continuar a lutar.
Faremos nós o mesmo! Continuaremos até que a justiça seja feita!!
verdades?!
https://app.parlamento.pt/webutils/docs/doc.pdf?path=6148523063446f764c324679626d56304c334e706447567a4c31684a53556c4d5a5763765130394e4c7a684452554d765247396a6457316c626e52766330466a64476c32615752685a4756446232317063334e686279383159574a6d596a68684d4331684e6d59344c545135595749744f546b35595330774e6a466a4d6a466d596a45355a5459756347526d&fich=5abfb8a0-a6f8-49ab-999a-061c21fb19e6.pdf&Inline=true
Já arranjou tacho.
Grande FDP!
A censura é o vazio. O censor é apenas um eco abafado de si próprio…
A censura é a mentira. O censor é um fingidor…
A censura é imodéstia. O censor é um fanfarrão…
Texto da Paula Dias de 2/12.
Porque me sensuraste Pedro?
A censura é o vazio. O censor é apenas um eco abafado de si próprio…
A censura é a mentira. O censor é um fingidor…
A censura é imodéstia. O censor é um fanfarrão…
Texto da Paula Dias de 2/12.
Porque me censuraste Pedro?