De forma explícita ou implícita, todos “malham” nos Professores, desde o Governo até ao Presidente da República; passando por certos “fazedores de opinião”, determinados comentadores avençados pela Comunicação Social e alguma “opinião pública”; até alguns Directores de Agrupamento e pais/encarregados de educação…
Todos “malham” nos Professores, incluindo, também, os próprios Professores…
Desde que se iniciou a presente contestação às políticas do Ministério da Educação, frequentemente se observaram algumas “escaramuças” entre grupos de Professores, parecendo, por vezes, eleger-se os próprios pares como “bodes expiatórios” de muita frustração e descontentamento…
Desde que se iniciou a presente contestação às políticas do Ministério da Educação, frequentemente se observaram na Classe Docente episódios ilustrativos de plausíveis “guerrilhas internas” e de lutas potencialmente “fratricidas”…
Desde que se iniciou a presente contestação às políticas do Ministério da Educação, frequentemente se observaram situações, onde se subentendem estas afirmações:
– “A minha luta é melhor do que a tua” ou “a minha casta é muito mais excelsa e distinta do que a tua” ou, ainda, “há lutas pindéricas e há lutas iluminadas”…
Desde que se iniciou a presente contestação, frequentemente se observaram quezílias entre estruturas sindicais, previsivelmente, procurando, umas e outras, o controlo e o protagonismo dos protestos…
A acção do STOP, que começou de forma fulgurante, mas que acabou por se esvanecer, e a acção, sempre previsível e anémica, da FENPROF, talvez permitam considerar isto:
– Não se sabe se o STOP já deu tudo o que tinha a dar, mas sabe-se que a FENPROF não dá o que deveria dar, desde há muito tempo…
O “trauma” e os ressentimentos do que se passou em 2010, pelo ruinoso acordo estabelecido entre a FENPROF e a Ministra da Educação Isabel Alçada, desbaratando toda a força alcançada em 2008, pela maior Manifestação de Professores alguma vez ocorrida em Portugal, não parecem ter sido resolvidos, nem ultrapassados…
A propósito do STOP e da FENPROF, e como estamos em período de Férias, lembrei-me de dois destinos que me suscitaram sensações completamente antagónicas:
– O Vulcão dos Capelinhos, na Ilha do Faial (Arquipélago dos Açores) e a cidade de Florença, em Itália…
Metaforicamente, o silêncio ensurdecedor do Vulcão dos Capelinhos e a sua paisagem inóspita, com uma aridez quase “lunar”, faz-me lembrar o deserto de ideias, que tem pautado a acção da FENPROF…
Metaforicamente, o bulício e o frenesim inebriantes, quase esquizofrénicos, e o excesso de estímulos imposto por tanto que há para ver e admirar na cidade de Florença, faz-me recordar os tempos iniciais da acção do STOP…
Por motivos diferentes, o Vulcão dos Capelinhos e a cidade de Florença serão excelentes locais a visitar, mas, talvez, desaconselháveis para viver permanentemente…
Há quem afirme que esta luta não é uma “corrida de velocidade”, mas antes uma “maratona”…
Quem resistirá à pretensa “maratona”?
Afinal, para onde vão os Professores? Que caminho escolherão?
Depois de tudo o que se viu ao longo do último ano por parte da Tutela, em particular a perniciosa imposição de Serviços Mínimos, que acabou por ser declarada como ilegal pelos Tribunais, a única coisa que, neste momento, parece segura, será esta:
– Enquanto as escolas permanecerem abertas, dando, para o exterior, a indicação de que, afinal, tudo decorrerá dentro da normalidade esperada, a luta não irá a lado nenhum e não produzirá os efeitos pretendidos…
– A “opinião pública” só se interessará, realmente, pelos problemas das escolas e, em particular, pelos dos Professores, quando se vir privada de levar as crianças e os jovens à escola…
Em Portugal só se costuma discutir e escalpelizar um problema quando se está na iminência de uma tragédia ou quando já se está perante uma tragédia consumada… Evitar ou prevenir tragédias, não parece ser coisa relevante para o Povo Lusitano, nem para os seus sucessivos Governos…
Nesse sentido, será de esperar que a “opinião pública” só dê a devida importância aos problemas existentes nas escolas e aos constrangimentos com que se debatem os profissionais que nelas trabalham quando se verificar a “tragédia” de os estabelecimentos escolares deixarem de cumprir a função de “guardar” crianças e jovens, pelo tempo que for necessário…
O encerramento temporário das escolas seria, muito provavelmente, a “tragédia” necessária para se olhar para os problemas das escolas e dos Professores de uma forma muito mais assertiva, competindo às estruturas sindicais e aos próprios Professores o delineamento das medidas necessárias para o concretizar…
Como é público, o actual modelo de “negociações”, entre as estruturas sindicais e o Governo, apenas tem assegurado a imposição da vontade da Tutela…
O encerramento temporário das escolas seria, muito provavelmente, a “tragédia” necessária para compelir o Governo a considerar as pretensões dos Professores e a resolver celeremente os principais problemas que afectam a Classe Docente, uma vez que, no interesse de todos, não seria desejável que essa “solução” se prolongasse por muito tempo…
Até que isso não aconteça, a vida decorrerá de forma aparentemente normal, dentro e fora das escolas, e sem o reconhecimento da gravidade do problema, ainda que, pontualmente, possam ocorrer algumas iniciativas ou eventos de protesto…
Até que isso não aconteça, tudo o resto serão “peaners” (dito por Jorge Jesus) para um Governo habituado a acreditar e a apostar na inabalável resignação e na incessante apatia dos seus concidadãos, servindo-se dessa prerrogativa para os ludibriar e impor as suas pretensões…
Enquanto os Professores se mantiverem entretidos em desnecessárias e insensatas polémicas e controvérsias ou a pelejarem, uns contra os outros, a luta contra quem manda nos destinos da Educação estará irremediavelmente perdida…
“Malhar” nos Professores chega a ser tão óbvio que, por vezes, mais parece um “passatempo nacional”…
Quando é que os Professores deixarão de tolerar essa condição?
E o principal, e pior, “inimigo” de um Professor não poderá ser outro Professor…
Os Professores têm que conseguir escapar a esse fado, demonstrando, pela sua acção, que não existe fundamento na alegação de que “o pior inimigo de um Professor costuma ser outro Professor”…
Estará, também, na altura de todas as estruturas sindicais revelarem, e comprovarem, de uma vez por todas, a competência necessária para demonstrar ao Governo que o tempo de “malhar” nos Professores acabou…
Esta luta é ou não é séria?
Se é séria, tenha-se a hombridade de se acabarem, também, com as rábulas do género “agarrem-me senão vou-me a eles”, que não dignificam as estruturas sindicais e que sistematicamente enfraquecem a luta daqueles que, de forma genuína, continuam a acreditar que é possível resistir, sem “bluffs”, sem fingimentos e sem encenações…
(Paula Dias)
18 comentários
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Sou professor e não sou inimigo dos professores, mas que já pus de lado uma boa parte dos colegas que só barafusta e na hora H se acobarda, isso pus!
A maioria dos colegas são demasiadamente acomodados e não querem lutar. Os outros que lutem. Os outros que percam ordenado. Os outros… Assim, não se consegue nada.
“…alguns encarregados de educação..”??
É a maioria dos encarregados de educação! É uma total falta de respeito!! Aliás já ultrapassou bastante a falta de respeito!!
De certeza que é a classe mais dividida que existe… A maioria ganha mais do que devia ganhar… E têm um horário/carga horária princepesco. Lutam para ganharem mais, em vez de lutarem por menos burocracia… Têm o que merecem!!!
Numa empresa ao fim de 3 anos de serviço, em geral, um empregado passa a ser efetivo. Enquanto no Ensino, há docentes contratados que lecionam há mais de 3 anos e continuam no 1º escalão! Todos fazem o mesmo trabalho ou até mais (muitas vezes as piores turmas são para os contratados ou as que sobram sendo que muitos contratados acabam por ter imensos furos nos seus horários) enquanto que e os seus “colegas ” efetivos recebem no 5º e 6º escalão… e com todos benefícios de um funcionário público do Quadro e uns até têm menos estudos que os contratados, logo algo está MUITO ERRADO neste SISTEMA EDUCATIVO…MUITO MESMO!!Uma desconsideração total pelos contratados que com contratos a termo resoluto nem contrair créditos para compra de casa, podem! Uma VERGONHA! E depois não se admirem que haja cada vez menos motivação para continuar nesta profissão e um professor desmotivado, isso vai refletir-se na sua prática. Os sindicatos são co-responsáveis por esta situação pois interessa-lhes que continue a haver professores contratados insatisfeitos e divisão para a subsistência destes parasitas que fazem conluio com o governo…é só SHOW BIZ! E não se vê nas lutas de professores, os efetivos reinvindicarem os mesmos direitos que eles detém para os seus colegas contratados…Falam de União…LOL..é só quando lhes convém. Uma desgraça cheia de hipocrisia esta “classe”.
Só duas insignificantes notas:
1ª maior parte dos profesdores do quadro já foram contratados.
2ª os profesdores que estão no 5⁰ e 6⁰ escalão passaram pelo 1⁰ e tiveram de cumprir os requisitos para chegarem as esses escalões incluindo mais de 20 anos de serviço.
Só em 5 comentários já vi como estamos divididos. Os professores esquecem-se rapidamente que o recém criado STOP conseguiu colocar os professores a serem mais unidos e a partir de determinada altura, deixou de ser uma luta dos sindicatos (que a FENPROF teve de ir atrás, e passou a ser a luta dos Professores, a luta de quem trabalha e estuda nas escolas. Conseguimos ultrapassar os sindicatos! Também é verdade que não conseguimos grande coisa porque houve quem achasse que já tinha feito muito e “agora não posso perder mais dinheiro”. Infelizes dos que assim pensam. É preferível ninguém aparecer na primeira semana de aulas nas escolas do que fazer uma greve de três em três meses que nada resolve, aí é que é mesmo perder dinheiro.
Vamos lá ver se conseguimos “não” iniciar este ano letivo.
O Pestana é santinho!
O Pestana é santinho!
Lá, lá, lá…
Toma juízo, rapaz!
Todos malham nos professores ?
Em quais ? Nos Professores, nos professores, nos “professores” , nas educadoras de infância?
“Classe” bizarra, esta. Querem meter tudo no mesmo saco? A sociedade sabe muito bem distinguir entre um Professor e um pseudoprofessor.
Em 3 comentários seguidos o aldrabão e energúmeno semi-fingido Mendes, António Tavares, maria, prof. Karamba e outros knicks continuou a sua senda de ofensas e impropérios.
Internem este frustado.
Cuidado. Olha que a nova lei não te livra de um máximo de 25 anos na choldra.
Concordo consigo de que é necessário iniciar o ano com greve, mas é preciso que todos ou quase todos a façam, pois não basta que uma minoria a faça. Isto de só uns darem para o peditório e outros usufruírem do que os outros fazem, é feio. E quem diz greve diz outras formas de luta…
Todos malham nos professores porque vivemos num país onde os aspirantes a mandantes, que é a malta dos partidos, precisam de um bode para bater e trazer a opinião pública distraída enquanto manobram os respetivos interesses pessoais à custa daquilo que é de todos. Depois até têm ao seu serviço pieces off chip ship, shit, sheet para enxovalhar professores. É o caso dessas que andam por aí. É um mecanismo barato e que funciona até porque psicologicamente se associa a figura do professor à autoridade e a traumas de infância. Fazer esta manigância não revela grande inteligência nem elaboração, mas funciona de tal modo que a população nem olha para os dinheiros que se distribuem por baixo da mesa para se manter a teia e o discurso do empreendedorismo à pála dos papalvos.
É isso mesmo.
Há os bons e os maus com estes mais radicais e absolutistas como se fosse possível voltar para trás. …
“Todos “malham” nos Professores… “, tal como malham em tudo e em todos, porque a inveja é sistémica, atente-se na última palavra de Os Lusíadas.
É isso mesmo.
Nem mais.
Adoro o seu artigo, Á semelhança dos politicos deste pais. Teoricamente perfeitos. Na pratica vê-se. Os portugueses sentem a incompetência. Criticar é facil. Eu queria era soluções. Onde estão as suas. Se as formas de luta não são as adequadas, não seria mais proveitoso para todos propor outras. Todos nós queremos resultados e todos os caminhos para os obter são válidos. Perca o seu tempo a propor algo que possa ter resultados. Fazedores de opinião que não levam a lado nenhum estamos fartos
Adoro o seu artigo, Á semelhança dos politicos deste pais. Teoricamente perfeitos. Na pratica vê-se. Os portugueses sentem a incompetência. Criticar é facil. Eu queria era soluções. Onde estão as suas. Se as formas de luta não são as adequadas, não seria mais proveitoso para todos propor outras. Todos nós queremos resultados e todos os caminhos para os obter são válidos. Perca o seu tempo a propor algo que possa ter resultados. Fazedores de opinião que não levam a lado nenhum estamos fartos