Professor de Viana do Castelo que fez greve de fome alvo de processo disciplinar. “A minha cabeça estava a prémio”
Luís Sottomayor Braga esteve vários dias em greve de fome, no mês de abril, em defesa da escola pública. O motivo do processo disciplinar não estará diretamente relacionado com o protesto que levou a cabo
Luís Sottomayor Braga, o professor de Viana do Castelo que esteve cinco dias em greve de fome, em abril deste ano, está a ser alvo de processo disciplinar. Isso mesmo anunciou nas redes sociais esta terça-feira. Em declarações à CNN Portugal, Luís Sottomayor Braga disse estar convencido que o motivo não estará diretamente relacionado com o protesto que realizou em abril, embora não saiba qual o motivo da ação disciplinar, por esta ser de cariz secreto.
“O motivo não é a greve de fome. Muito estranharia que o fosse. Mas, na minha opinião, é muito oportuno que eu agora apareça com um processo disciplinar”, considerou.
“Ter um processo disciplinar não é estar condenado. Mas, durante 18 meses, a minha vida vai estar suspensa deste processo e vou ganhar para pagar a minha defesa neste processo. Se for condenado não sei exatamente qual será a pena. Mas sei, à partida, que eu, que potencialmente podia ser diretor deste agrupamento, não vou poder concorrer”, acrescentou.
Em conversa telefónica com a CNN Portugal, Luís Sottomayor Braga reiterou o que escreveu num post do Facebook esta terça-feira à tarde: havia pressões sobre o diretor do Agrupamento de Escolas da Abelheira para o demitir de funções: “Afinal as pressões e discurso ao diretor da minha escola, pelo senhor delegado regional tinham mesmo razão de ser e a ‘minha cabeça estava a prémio’, como o senhor diretor da minha escola me afirmou (com testemunhas) que lhe foi dito que estava. Chegou-me hoje o prémio.”
Luís Sottomayor Braga revela ainda que se demitiu das funções de vice-diretor do agrupamento, numa carta enviada ao diretor do agrupamento, a 15 de maio, por sentir falta de apoio e de solidariedade da parte do superior.
Menos de uma semana antes, Sottomayor Braga já tinha enviado ao diretor uma carta a pedir explicações acerca dessa falta de solidariedade. O professor cita uma conversa telefónica a parte da qual assistiu, em que o Delegado Regional de Educação do Norte terá dito ao diretor do Agrupamento de Escolas da Abelheira que o comportamento dos professores que saíram a meio de uma prova de aferição, no dia 5 de maio, para cumprir o dia de greve distrital era “indigno” e se referiu aos professores em protesto como “radicais que estão nesta escola a estragar o nome dela e a prejudicar a imagem do senhor diretor”. Além disso, o Delegado Regional de Educação do Norte terá “aproximado” a greve desse dia 5 de maio à greve de fome que fez umas semanas antes.
Luís Sottomayor Braga alega que, perante as declarações do Diretor Regional de Educação, não houve qualquer reação de contestação por parte do diretor.
10 comentários
Passar directamente para o formulário dos comentários,
Cobardes! Deviam ter vergonha! ignóbeis!
Revelam se os sabujos, os cães de fila do poder, com estes atos.
Tão pequenininhos que eles são.
Vamos ajudá lo, colega. Vamos fazer um movimento , por si ,na redes sociais.
Espero que os advogados dos sindicatos o ajudem também. Se for preciso nos pagamos a sua defesa.
Não está sozinho! Força! Não se deixe abater!💪
É vergonhoso. Tudo. O silêncio conivente do director. A falta de verticalidade dos “colegas” do Agrupamento. As conversetas do Delegado Regional. O processo disciplinar. É lamentável, também, que certos professsores influentes na blogosfera decidam ignorar o caso, por questiúnculas de um passado recente.
Estamos perdidos. Na verdade, sempre só tivemos um inimigo: os nossos “colegas”.
Colega Luís, o meu total apoio no que for necessário, da vasta experiência que fui adquirindo nas escolas onde desempenhei todas as funções desde a limpeza à presidência da direção, ao longo de 42 anos de serviço repletos de injustiças desde o primeiro momento ao me impedirem de continuar a lecionar até ao prolongamento infinito da carreira que me levaram a estoirar, desde o passado mês de janeiro, pela doença do professor e a aguardar junta médica. Chama-se “síndrome de burnout” e vários aspetos contribuem para o desenvolvimento desta síndrome. Destacam-se as mudanças organizacionais mal dirigidas, a indefinição/complexidade de responsabilidades/objetivos, a carência de apoio, a falta de reconhecimento/recompensa, o trabalho de extensas horas ou após o horário laboral, a não realização de intervalos e/ou levar trabalho para casa, turnos seguidos (manhã/tarde/noite de aulas/reuniões) previstos/inesperados e/ou que afetam a qualidade de vida, as dificuldades na conciliação entre a vida profissional e pessoal, o trabalho monótono obrigatório que exige demasiado envolvimento emocional, as tarefas rigorosas a nível mental, a precariedade/insegurança do emprego, etc.. A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho, como é o caso, em que se transformou a profissão de professor que cumpre rigorosamente com todas as exigências estapafúrdias da tutela e a sua falta de sensibilidade para acautelar direitos inalienáveis. Lamentavelmente ninguém está preocupado com o impacto do prolongamento da carreira docente para além dos 36 anos de serviço, por ser uma profissão de alto desgaste, mas mantém-se este direito em algumas profissões privilegiadas. Até nas lutas atuais deixou de ser prioritário este direito imediato e acabava-se com a negociação das formas de contratação ao aposentar professores a ocupação de lugares de quadro era automática. Aconselho a procura imediata de um psiquiatra para enquadramento e salvaguarda de direitos, pois parece-me não estarem reunidas condições para estares ao serviço na escola pelo que estás a passar e como ainda tens uns anos de trabalho pela frente é conveniente acautelares o presente/futuro. No processo disciplinar, talvez o advogado Garcia Pereira possa ser uma hipótese a avaliares. Pela minha experiência os advogados do sindicato nunca me auxiliaram. Vai dando notícias e solicita o nosso apoio. Estamos na luta contra o sistema político corrompido e fascizante. Por agora, o meu lema é NÃO VOTO em quaisquer eleições – O 25 de Abril de 1974 não se fez com votos. Abraço do Carlos Tiago.
Um processo disciplinar mereciam diversos membros do governo, incluindo António Costa… Digo, processo crime!
Não será porque faltou INJUSTIFICADAMENTE, ao trabalho pelo qual recebe vencimento? Onde andam, AGORA, os apoiantes, os indignados, os “sindicatos” e os stops para o ajudar a suportar as custas? Ah pois é, bébé!!!!
E quem é que lhe disse que faltou injustificadamente?! Por acaso sabe que quem ocupa um cargo na Direção nas escolas pode tirar férias nas interrupções letivas e estar em greve de fome ao mesmo tempo? Que as duas coisas não são incompatíveis? Se não sabe, informe-se.
Estamos numa ditadura! Luís, o que precisares, podes contar. Bem hajas.
Anda para aí uma escumalha! em direções regionais e afins!!
“…era “indigno” e se referiu aos professores em protesto como “radicais que estão nesta escola a estragar o nome dela e a prejudicar a imagem do senhor diretor”. ” esta frase mostra bem o que para aí anda!!! Vai ser preciso um novo 25 de abril para afastar certa gentalha!!
Obrigada por representar alguns professores.
Não pode confiar nos advogados dos sindicatos!….
Tenho alguma experiência na matéria , acabei por abdicar do advogado do sindicato e meti um advogado particular.
Teve um final feliz, mas sofri muitos anos!…
Não me quero alongar !….
Boa sorte