PROFESSORES DE 1ª E DE 2ª: ULTRAPASSAGENS

 

Não podemos compactuar com a ideia de haver professores de 1ª e outros de 2ª, conforme sugere a última proposta ministerial com a criação de prioridades nos concursos. Foi esta uma das principais bandeiras de luta dos professores ao longo dos últimos anos – concursos justos por graduação profissional.
Não é aceitável que se argumente que os QZP é que estão mal e que os QA estão bem. Não é lícito, uma vez que há QA a 700 quilómetros de casa e QZP “à porta de casa”, como também o contrário se passa.
Muitos foram os professores QA que concorreram a QZP para poderem ficar numa prioridade à frente nos concursos de Mobilidade Interna. Haverá melhor exemplo do que este para revelar o enorme atropelo que tem sido feito à graduação profissional como critério de colocação de professores? Atitudes destas nada tiveram a ver com justiça, mas com oportunismo. As pessoas aproveitaram a ocasião, mesmo que alicerçada em desigualdades.
O argumento de que os QA têm escola e os QZP não, também não é plausível. Dos QA (que também fizeram uma vida inteira na estrada para conseguirem efetivar), grande parte estão efetivos muito longe da sua residência.
Como é que se pode afirmar que um professor, nestas circunstâncias, está bem, só porque tem uma escola?
Ficando numa prioridade atrás dos QZP, esse professor não tem uma escola, tem uma prisão onde está desterrado a cumprir serviço sem oportunidade de poder ser colocado mais perto de casa.
E se há casos de QZP que até estarão à frente de alguns QA, em quê que o critério de graduação profissional os prejudicaria? Continuariam na mesma à frente nas listas graduadas.
Imagine-se, por exemplo, que um de nós está há horas numa fila à espera da sua vez e, subitamente, alguém acabado de chegar, nos passasse à frente, apenas porque lhe foi dada uma senha verde. Pensem bem, seria justo?
Pois é o que tem vindo a acontecer com as prioridades e será isso que irá suceder com os mais de 10 mil contratados que, com as novas propostas do ministério, irão efetivar em QZP e passarão à frente de todos os QA.
Nesta situação, poderemos chegar ao ridículo de ter professores com 3 anos de serviço que, na Mobilidade Interna, ficarão à frente de colegas com 30 ou 40 anos de serviço.
Quantos QA não estão efetivos a centenas se quilómetros de casa?
Vão ficar aí nessas escolas longe de casa para o resto das suas vidas, enquanto QZP podem concorrer para próximo de casa, mesmo que muito menos graduados?
Então, a graduação profissional serve para quê?
Chamam a isto justiça? É preciso haver equidade.
Que se abra o número real de vagas, que se possa concorrer para qualquer escola do país e na MI se abram vagas para horários completos e incompletos.
Que, em qualquer fase dos concursos, Concurso Interno ou Mobilidade Interna, com vínculo ao estado, os QZP não passem à frente dos QA, nem vice-versa.
Professores de carreira, sem distinções, nem alíneas, nem prioridades, nem subterfúgios, TODOS SUJEITOS À GRADUAÇÃO PROFISSIONAL como critério mais justo para a colocação.

Carlos Santos

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2023/03/professores-de-1a-e-de-2a-ultrapassagens/

16 comentários

Passar directamente para o formulário dos comentários,

    • Maria Martins on 8 de Março de 2023 at 8:21
    • Responder

    Concordo com tudo que disse. No entanto, vou recordar um “pormenor” que consta da proposta. Um Qzp em mobilidade interna é obrigado a concorrer a TODAS as escolas do seu QZP e a TODAS as escolas de três qzps adjacentes. Na mobilidade interna os QA também se querem sujeitar a isso? Ou querem uma mobilidade interna com regras para os de 1a e para os de 2a?
    Queremos os direitos dos outros e também os seus deveres? Graduação como critério, regras iguais. Será?


  1. Mas está-se a esquecer que há mts colegas colocados já no QZP da sua preferência. E assim estarão pouco preocupados em concorrer para todo o seu QZP e aos 3 adjacentes, concorrendo em 1ª prioridade e os QA em 2ªprioridade. Para além disso, concorrerão anualmente ao concurso interno em pé de igualdade.
    E na mobilidade uns concorrem na 1ª e outros na 2ª? Claro que não é justo!

    • maior on 8 de Março de 2023 at 9:48
    • Responder

    Perguntem ao Alcides e a Jovita como se faz!!!


  2. Não concordo em nada com os coitadinhos dos QA.
    Se estar em QZP é só vantagens, então larguem o vosso QA e concorram ao QZP. Nada os impede de depois beneficiarem das “vantagens” na mobilidade interna se estiverem em QZP. Querem a segurança de ter uma escola, e as partes positivas das duas situações? Não se pode ter tudo….


    1. Foi o que já aconteceu. Mts QA concorreram para mudar o vínculo para QZP, para terem mais vantagens na MI, aproximando-se de casa.
      Enfim, ninguém vai estar satisfeito, haverá sempre alguém prejudicado se olhar para o seu umbigo!

        • maria on 8 de Março de 2023 at 11:38
        • Responder

        Programa “Mais Escolas, Porra ! ” ( imitando o “Mais Habitação” )

        Consta que o governo vai construir as escolas necessárias até que CADA professor não fique a mais de 50 metros (metros) de casa. Assim acaba-se – de uma vez por todas – com as deslocações, MI e por aí fora.

        Relativamente aos outros funcionários ou trabalhadores ( que também são portugueses) não sabemos se tem algum trunfo na manga…

    • Peter on 8 de Março de 2023 at 10:22
    • Responder

    E porque não:
    – 1ª prioridade QA sem componente letiva e QZPs que concorrem só para o seu QZP de vinculação;
    – 2ª prioridade QA com componente letiva (ou sem componente letiva e que abdiquem de concorrer apenas para o QZP do QA em que se encontrem) e QZPs que pretendam concorrer para fora do seu QZP (abdicam da 1ª prioridade se quiserem concorrer para fora do seu QZP de vinculação mas têm também de colocar esse QZP de colocação nas suas preferências);

    • Nuno on 8 de Março de 2023 at 10:43
    • Responder

    Os recem viculados irão concorrer em 4ª prioridade na mobilidade interna, logo um dos parágrafos do que está escrito não se aplica.
    Curioso é ninguem estar preocupado com as ultrapassagens relativas à norma travão, ou aos professores que vêm do privado. E já agora, com o facto dos professores que irão vincular serem obrigados a concorrer ao país todo e pior ainda, terem enomes dificuldades em mobilidade interna, dado a prioridade em que concorrerão. Muitos dizem que irão desistir. E eles são o futuro do ensino.

      • Peter on 8 de Março de 2023 at 11:55
      • Responder

      A 4ª prioridade na MI para os recém-vinculados é só para o concurso deste ano em que se mantém o atual decreto-lei.

    • Darova Silva on 8 de Março de 2023 at 11:30
    • Responder

    Sou QA, 38 anos de serviço e ainda não consegui escola na minha área de residência.
    Já chega, é tempo de praticar a equidade. Pois é….!

    • Rosa on 8 de Março de 2023 at 11:34
    • Responder

    Ninguém nos leva a sério! Como sempre uns contra os outros!… Os QA muitos deles encontram-se a muitos quilómetros de casa e há muito tempo. Os QZP a maioria trabalham mais perto e por isso, não concorrem ao QA.
    Principalmente o primeiro ciclo a grande maioria dos QZP trabalha perto de casa, até são de QZP longe, mas concorrem na mobilidade e ficam ao lado de casa. Os QA fazem quilómetros e quilómetros todos os dias. Muitos estão de atestado porque não conseguem fazer as viagens.
    País sem regras!… Por isso estamos na cauda!…

    • Rosa on 8 de Março de 2023 at 11:46
    • Responder

    Sou QA e trabalho desde 1996, sou licenciada, tenho um Mestrado na área da educação e estou no quarto escalão.
    Tenho colegas que entraram em QZP no primeiro concurso extraordinário e estão há dois anos no sexto escalão.
    Tenho maior graduação e o mestrado.
    Onde está a justiça?
    Quais são os critérios?
    País sem regras e á deriva!… Vai-se afundar!… De certeza!….Este é o meu caso, mas não devo ser único!…


  3. Nada de dividir para reinar!
    O justo é todos o mesmo barco e por graduação profissional!
    Honestidade do MEcom abertura de vagas reais e sem truque, é o qu e faz falta!

    • J.V. on 8 de Março de 2023 at 16:07
    • Responder

    Mais uma vez cada um a olhar para o seu umbigo. Parece que os QZP’s são os beneficiados. Se é assim, por que não mudam os QA para QZP?
    – Se há os QZPs que estão perto também há os que estão bem longe.
    – QA’s que quase nunca tiveram de concorrer. (se há QA com mais de 50 anos e longe da residência só casos específicos ou então há aí algo que não bate certo… nos anos 90 todos (ou quase) efetivaram onde queriam… )
    – “Não doentes” que utilizam há anos a MPD de forma abusiva (e a culpa não é dos médicos) E ficavam onde queriam….
    – Etc… etc.

    Há milhares de situações e injustiças. Temos de reivindicar abertura de vagas reais; aproximação à residência de todos (permitindo a todos os QA e QZP’s concorrerem todos os anos se assim o desejarem e manterem-se na RR1 e RR2 )


    1. Exatamente. Todos em igualdade. Era acabar com as prioridades de QA QZP CI ou MI, mantendo apenas para os horários zero

    • prof on 8 de Março de 2023 at 16:52
    • Responder

    A graduação profissional sempre foi o único critério usado para ordenar candidatos dentro de cada prioridade e é isso que continua a ser na proposta nova do ME. O concurso interno e a MI têm natureza e objetivos diferentes (necessidades permanentes e temporárias, respetivamente) e os seus opositores têm obrigações impostas por concurso muito diferentes. Logo não pode ser apenas a graduação profissional. Os QZP estão, na proposta, obrigados a concorrer a todas as escolas desse QZP, o que é um disparate. Já os QE só concorrem para onde querem, logo mudem para QZP.

    O que me parece é que osmilhares que vão agora entrar ultrapassando contratdos e QA deveriam ir ao interno na 3º prioridade.

    O concurso interno visa a mudança de quadro, todos podem concorrer para QE e para QZP, logo é aqui que os desterrados têm de apostar. Se querem ficar mais próximo concorrem para QE e PARA QZP, mais a mais o concurso passará a anual. Aqui faz sentido separar quem pretende manter o grupo ou mudar. O que estava era injusto (então os colegas das ilhas com graduações a rondar os 20 e poucos passavam à frente dos QZP).

    Na MI o que interessa é ver quem tem componente letiva e quem não tem, pois estes são OBRIGADOS a concorrer e faz sentido que as prioridades ejam para quem não tem componente letiva )Horário zero obrigados a concorrer ao QZP da escola de provimento e QZP ao seu e a mais 3 = 200km). Depois QE do continente ou das ilhas com componente letiva que queiram colocação noutra escola e sem qualquer obrigação até podendo concorrer a uma só escola. Ora, nunca poderiam ser ordenados por graduação profissional, estando sujeitos a obrigações totalmente diferentes. Isso sim é que seria professores de 1ª e de 2ª.

Responder a Ric Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado.

WP2Social Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
Seguir

Recebe os novos artigos no teu email

Junta-te a outros seguidores: