Fazer de conta que não existem Manifestações…

Fazer de conta que não existem Manifestações…

 

No passado Sábado, fui a mais uma Manifestação pela Escola Pública…

 Se há coisa que, literalmente, me deixa arrepiada, e me impressiona genuinamente, é constactar a presença, nestas Manifestações, de inúmeros grupos de profissionais de Educação, oriundos dos mais variados pontos do país…

Comecei esta Manifestação à frente de dois grupos de profissionais de Educação, cujas Faixas revelavam a sua origem: Paredes e Lousada…

Bem sei que estiveram, igualmente, presentes muitos outros grupos de profissionais de Educação, de lugares, porventura, ainda mais distantes de Lisboa, mas não pude deixar de reparar nos dois anteriores, pela nossa “vizinhança”, logo no início da Manifestação…

E perante esses dois grupos de pessoas, dei por mim a questionar-me:

Teria, eu, a força e o espírito de sacrifício necessários para palmilhar centenas de quilómetros para poder estar presente numa Manifestação em Lisboa?

Em quantas Manifestações, realizadas na Capital, já estiveram presentes grupos de profissionais de Educação, provenientes dos lugares mais longínquos, com todos os custos pessoais e materiais daí decorrentes?

Com toda a franqueza, tenho por todos os profissionais de Educação o maior respeito e consideração, mas é impossível não assinalar, enfaticamente, a coragem, a determinação e a resiliência dos que se predispõem a percorrer centenas de quilómetros, para estarem presentes numa Manifestação…

E isso faz-me acreditar, ainda mais, que os motivos que levaram à presente luta são absolutamente legítimos e inquestionáveis e que, desta vez, a luta é mesmo a sério:

Ninguém nos consegue parar… Ninguém nos consegue calar…

Por motivos de organização da Manifestação, a partir de um determinado momento, passei para outro ponto do ajuntamento e acabei por fazer a maior parte do percurso da “exteriorização do meu protesto” à frente de um grupo de profissionais de Educação, que se identificava, por uma Faixa, como pertencente ao Agrupamento de Escolas da Póvoa de Santa Iria…

E, graças a isso, passei grande parte do dia de Domingo com estas palavras de ordem a ecoarem-me, frequentemente, no pensamento:

 “Truz, truz, truz, o João Costa é avestruz!”

 O “Speaker” desse grupo, cujo nome desconheço, mostrou-se absolutamente incansável, excelente animador, e conseguiu, ao longo de várias horas, ajudar a manter o ânimo de todos os que se encontravam naquelas imediações…

Das muitas palavras de ordem gritadas, através de um altifalante, retive, sobretudo, estas: “Truz, truz, truz, o João Costa é avestruz!”

 Metaforicamente, e no senso comum, “avestruz” bem poderá significar alguém que se tenta esconder de forma cobarde, que não assume os próprios erros, que não aceita nem reconhece a realidade e que manifesta comportamentos e atitudes muito pouco consentâneos com boa-fé, verticalidade, elevação e prática de valores éticos…

E o “perfil” do Ministro João Costa poderá encaixar-se nessa definição?

Se a definição anterior corresponder à mensagem implícita das referidas palavras de ordem, talvez a imagem de João Costa possa mesmo corresponder à da referida “avestruz”, em conformidade com as atitudes demonstradas pelo próprio e que são do domínio público…

Acredito que o Ministério da Educação tenha enviado alguns “observadores”, para as últimas Manifestações, com o objectivo plausível de avaliar o número de presenças e de “medir o pulso” dos ânimos…

Se assim for, que pelo menos esses sejam capazes de reportar ao Ministro a verdade dos factos, por exemplo desta forma:

– “Sr. Ministro, eles são mesmo, mesmo, muitos; não se calam, não param de gritar; não desarmam e não têm medo de criticar as suas políticas. Isto vai ser um grande sarilho”…

Mesmo que esse reporte seja feito, o actual Ministro da Educação parece que, ainda assim, muitas vezes, “não vê” e “não ouve”… Fará de conta que não existem Manifestações?

E quem “não vê” e “não ouve”, dificilmente conseguirá experimentar a capacidade de empatia…

Ao Ministro João Costa parece faltar algo muito simples: empatia…

Se assim não fosse, conseguiria, por certo, compreender as muitas situações difíceis, vivenciadas pelos profissionais de Educação; reflectir acerca das emoções e dos sentimentos suscitados por tais vivências e interpretar a realidade alheia…

Se não faltasse empatia a João Costa, que justificação haveria para se continuar a simular “negociações”, sem que exista uma verdadeira intenção de ceder no que quer que seja, levando os Sindicatos à humilhação constrangedora de terem que “mendigar por graças” que nunca obterão?

Se não faltasse empatia a João Costa, que necessidade haveria de tentar iludir a “opinião pública” com cedências da sua parte que, na verdade, nunca se concretizaram, pelo menos nos pontos essenciais que levaram à contestação?

Por isso, na próxima Manifestação, lá estaremos, de novo, animados e convictos da nossa razão…

Os presumíveis “observadores” que se preparem, o mais provável é terem ainda muito trabalho pela frente…

Nota: Os créditos das palavras de ordem “Truz, truz, truz, o João Costa é avestruz!” são totalmente devidos ao Agrupamento de Escolas da Póvoa de Santa Iria, em particular, à figura do seu “Speaker”.

(Paula Dias)

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6 comentários

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    • Ivo Guedes on 28 de Fevereiro de 2023 at 11:22
    • Responder

    Ajudem a divulgar a Petição «Pela Demissão das Direções de Agrupamento de Escolas ou de Escolas Não Agrupadas» no endereço https://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT115488

  1. Nada vai parar a Luta e empenho pelos direitos.
    As Manifestações estão aos olhos de todos . E o impacto é geral e nos media .
    E tem levado, que o apoio é grande na opinião pública.
    A Força da Luta é maior e a União dos Professores , Assistentes Operacionais,Assistentes Administrativos e Sindicatos.
    Isto transforma , que o clima de ( Medo e Autoritarismo do ME ) , não vai conseguir parar a força de Luta pelos direitos justos .

    Como tem os Pensionistas da CGD, se juntar esta Luta . Por causa do Governo e PM , não se preocupar com dificuldades dos aumentos do custo de vida .

    Continua o PM, a fazer de conta que os Pensionistas não estão em dificuldades???
    – Porque pensa que o PM ajudou os Pensionistas ou Ministro das Finanças, com pequenos encaixes financeiros nas suas reformas.
    Quando tem Pensionistas que recebem abaixo do Ordenado Mínimo Nacional, e com as ajudinhas pequeninas deste Governo nas reformas, não deu para ajudar os excessivos aumentos dos custos de vida.
    Além de os Pensionistas e suas Famílias com reformas abaixo do Ordenado Mínimo, tem despesas de Habitações Permanente, e crédito habitação e excessivos aumentos taxa Euribor , seguro de vida, gaz e electricidade, medicação, bens alimentares, etc .
    Não se vê o PM a não arranjar alternativas de apoiar os Pensionistas mais desfavorecidos.
    E Pensionistas, e com deficiência, que trabalharam mais de 30 anos descontos contributivos , e também na Funcionalismo Público.

    – Onde não os protege de perder suas Habitações Permanente, que pagaram em impostos, com sua força de trabalho durante anos.

    – Ou são mais casas a seguir devolutas, para o Governo ou Estado Português se apoderar. Por falta de pagamento crédito habitação Permanente dos Pensionistas. Que estão a receber abaixo do Ordenado Mínimo, com dificuldades de pagar seus créditos Habitação Permanente, por aumentos da Taxa Euribor. E os seguros.
    Casas que estão em bom estado de conservação, por os Pensionistas e com Deficiência com reformas abaixo do Ordenado Mínimo, investiu durante anos na manutenção das Habitações Permanente.

    – E depois estes Pensionistas vão viver para debaixo de uma Ponte. E o Governo se vai aproveitar delas com rendas chorudas para seus cofres com a ( Lei Costa) …

    https://portocanal.sapo.pt/noticia/321995/

    • Pobre Povo on 28 de Fevereiro de 2023 at 17:16
    • Responder

    Amordaçados, vendados e acorrentados.

    É como nos sentimos, enquanto no sussurram aos ouvidos que necessitam de muito tempo para fazer contas e como sorriem de forma descontraída enquanto nos dizem que contas e burocracia só depois da negociação dos concursos.

    • Desobediência on 28 de Fevereiro de 2023 at 18:08
    • Responder

    Quando é que deixamos de admitir que os Costas nos gozem, e começamos a mostrar desobediência civil em larga escala, a começar por desafiar os serviços mínimos e depois a ignorar a requisição civil com que os Costas nos vão ameaçar, juntamente com processos disciplinares e exonerações? Somos 120 000, caramba! A irem pôr 120 000 processos disciplinares, faltas injustificadas ou exonerações, nem daqui a 10 anos o ME acabava de despachar o “serviço”, e entretanto quem é que dava aulas? Os Costas? A continuar com marchas, vigílias, acampamentos e reuniões de 8 horas a discutir o sexo dos anjos, é que não vamos a lado nenhum.

    • Paula Dias on 1 de Março de 2023 at 18:13
    • Responder

    O nome do “Speaker” do Agrupamento de Escolas da Póvoa de Santa Iria é: Luís Miguel Vid Nunes.

    Créditos ao Luís e ao seu Agrupamento.

  2. Dessa mode, nos informamos de existência de burocracia e contas apenas após a negociação dos concursos, enquanto nos sussurram aos ouvidos que demandam muito tempo para fazer contas e cómo nos sorriem de manner descontraþda

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