“O Presidente da República afirmou esta quinta-feira não querer intrometer-se no diálogo entre Governo e professores” (TSF, em 26 de Janeiro de 2023)…
A anterior afirmação do Presidente da República até poderia considerar-se como sensata e cautelosa, não fosse dar-se o caso de Marcelo Rebelo de Sousa não ter por costume mostrar-se tão comedido nas palavras e de raramente resistir à tentação de opinar livremente sobre todo e qualquer assunto…
Estranha-se, portanto, esta atitude do Presidente da República que, inequivocamente, contrasta com a sua habitual postura…
Além disso, Sindicatos a serem recebidos por Isabel Alçada, em nome do Presidente da República, poderá até parecer uma piada de mau gosto, tendo em consideração que a própria foi uma das intervenientes no trágico acordo de 2010, assinado entre o Ministério da Educação e a FENPROF, e que muito contribuiu para o estado comatoso em que se encontra a Carreira Docente…
Ou terá sido uma escolha propositada? É que o actual Presidente da República não parece pautar a sua acção pela “ingenuidade”, nem pelo acaso…
De qualquer forma, fica no ar uma certa desvalorização desses encontros, por parte do Presidente da República, o que também não poderá deixar de ser interpretado como um certo menosprezo pelos próprios profissionais de Educação…
Face a tais vicissitudes, parece plausível que possa existir uma mensagem subliminar na actuação do Presidente da República, dirigida aos profissionais de Educação, e que bem poderá ser esta:
– Aguentem-se, estão por vossa conta e risco…
Se assim for, a “neutralidade” do Presidente da República, somada à arrogância de um Governo excessivamente confiante numa maioria absoluta, deixarão, expectavelmente, os profissionais de Educação entregues a si próprios…
Apesar do anterior, com o “empurrão” preponderante dado pelo Sindicato S.T.O.P., os profissionais de Educação conseguiram:
– Finalmente, “sair da ilha” (alusão a José Saramago, Conto da Ilha Desconhecida)…
– Finalmente, quebrar o círculo vicioso do silêncio, da indiferença e da auto-sabotagem…
E mesmo que o Presidente da República e os Partidos Políticos “abandonem” os profissionais de Educação, estes não ficarão sozinhos, se permanecerem unidos e independentes de terceiros, para alcançar as suas pretensões…
Que não restem dúvidas: todos os Partidos Políticos têm tido por hábito “abandonar” os profissionais de Educação em momentos cruciais, como ficou visível ao longo dos últimos 7 anos, por ocasião de algumas votações na Assembleia da República, pelo que nem sequer valerá a pena confiar que, agora, alterem a sua recorrente e hipócrita estratégia…
Ao Presidente da República, Chefe de Estado, deixa-se esta mensagem:
“No Inferno, os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempos de crise moral”…
(Discurso de John Fitzgerald Kennedy em Berlim Ocidental, Junho de 1963, aludindo a Dante Alighieri)…
Os profissionais de Educação não podem perder o foco do que significa esta luta e dos motivos da mesma, nem cair no deslumbramento e na vertigem de uma vitória que se espera e se deseja, mas que, na verdade, ainda não se alcançou…
É preciso continuar a lutar, sem esmorecer e sem vacilar, mas de preferência com os “pés bem assentes na terra”, sem perder a identidade e sem cair em “tentações” desgastantes ou na banalização de algumas acções, obliterando o seu impacto…
(Paula Dias)
6 comentários
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Juntos somos mais fortes
Só conta com o Marcelo para ajudar os professores, quem é ingénuo ou tem pouca memória. Já se esqueceram que quando o PS estava em minoria, houve uma dita “coligação negativa” maioritária que ia votar a recuperação do tempo de serviço roubado, em que o António Costa ameaçou demitir-se – pena não ter levado isso à pratica – e o Rui Rio roeu a corda, mas o bom do Marcelo, de véspera andou a telefonar aos lideres parlamentares dos diversos partidos a dizer que apoiava o governo na “NÃO” RECUPERAÇÃO DO TEMPO DE SERVIÇO DOS PROFESSORES? E agora andam a contar com esse perseguidor de câmaras de Televisão? Só se for para tirarem selfies…
O Marcelo nunca irá contra o amigo Costa. Faz parte do regime. Tal como aquele sindicalista do PCP que diz representar os professores e que nos últimos anos em nome da geringonça alinhou com o governo
Mete-se em tudo!!!, porque é que não se mete nisto?!!!
Isabel Alçada?!! Essa também foi grande ministra! Foi uma piada e de muito mau gosto! Este PR não quer saber dos professores, a consideração é mesma que os outros do governo!!
O PR cala-se porque a questão envolve algum dinheiro e ele também acha que o dinheiro não deve ir para os professores!!