Queridos professores,
Obrigado por nos mostrarem, de uma forma tão clara, a importância da Educação e da Escola Pública. Hoje, sinto necessidade de vos dirigir algumas palavras, na medida em que vos reconheço todo o valor e vos agradeço, de coração, toda a entrega e paciência que nos dedicam.
Sei, porque reconheço, que não é fácil ocupar o vosso lugar, numa profissão tão destratada por uma sociedade que não sabe valorizar o essencial.
Há pouco, ouvi a opinião do Diretor Manuel Pereira (Diretor do Agrupamento de Escolas de Cinfães, e Presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares), que me deixou a pensar que o vosso papel não é, de todo, fácil… Esse mesmo Diretor defendeu-vos de uma forma muito nobre, pois reconhece que vos têm feito muito mal ao longo dos anos. Nenhuma alteração que chega às escolas vos beneficia ou vos enobrece. Pelo contrário. Tudo o que vem de novo se torna menos correto e menos valorativo…
Não sei como aguentam tanto, professores. Aguentam os nossos “tiques” de adolescentes; aguentam a burocracia desmedida; aguentam trabalhar com várias turmas do mesmo ano e de anos diferentes; aguentam planificar, de forma adequada, para todos os alunos, atendendo às características específicas de cada um; aguentam estar longe da família ou abdicam de mais tempo de qualidade com ela; aguentam os desabafos dos nossos pais e EE; e ainda têm de aguentar todo o peso que vos colocam na “mochila”, fingindo reconhecer-vos capacidades heróicas quando, na prática, nenhum heroísmo exercido para cada um de vocês é destacado…
Perante o que tenho visto e ouvido, gostaria de vos agradecer:
1. Por não desistirem de nós;
2. Por tentarem garantir o nosso sucesso (enquanto alunos e PESSOAS!);
3. Por continuarem a passar-nos uma mensagem positiva e nos fazerem acreditar no futuro;
4. Por nos sorrirem diariamente, mesmo quando todos os motivos para chorarem estão presentes;
5. Por nos encorajarem e nos ensinarem a não desistir;
6. Por lutarem pela profissão que vos preenche, mesmo quando a motivação que vos é dada é quase nula.
Agora, que penso melhor sobre tudo isto, não consigo entender por que razão é que o ME, que tanto exige de vocês, vos dá tão pouco… Será pedagógico aplicar tanta penalização a pessoas que trabalham diariamente, em casa e na escola, para que nada nos falte a nós? Será producente que o ME vos sacrifique e vos faça sentir pouco importantes e até pouco BRILHANTES na execução das vossas funções?
A mim parece-me pouco bonito, que o vosso “patrão” se mostre tão implacável com a EDUCAÇÃO e com os PROFESSORES. Os professores são os seres que dão vida, brilho e cor às nossas salas de aula. Iluminam-nos nos dias mais sombrios, não são apenas docentes. São amigos, confidentes, psicólogos, amigos (outra vez), enfermeiros, amigos (novamente). São quem passa mais tempo connosco e com quem desbravamos um caminho que seria muito mais solitário e agreste sem a vossa existência!
Desejo que a vossa profissão volte a ser socialmente valorizada, até porque, como disse o Diretor Manuel Pereira “O bem de maior valor dos pais é depositado, diariamente, nas escolas e não nos bancos!” Logo, trata-se de um assunto sério… Ninguém confiaria o seu filho a outro alguém, se esse alguém não fosse confiável!
Eu orgulho-me MUITO de todos vocês! Estão a lutar pelo reconhecimento da vossa profissão e pela justiça moral e intelectual que, tantas vezes, tem sido posta em causa e em cheque. Por muitos. Orgulho-me de vos ter como meus professores e de vos ver a manter uma postura corretíssima, quando, na verdade, o mais fácil seria explodir por todos os lados.
Obrigado, professores, por esta lição de Cidadania Ativa e por continuarem a dar sentido às palavras DEMOCRACIA e JUSTIÇA!
Um Beijinho a todos.
do vosso aluno,
Simão Martins
Aluno do Agrupamento de Escolas Dr. Francisco Fernandes Lopes
1 comentário
Muito agradecido pelas tuas palavras e apoio, Simão.
É para alunos e cidadãos como a tua pessoa que trabalhamos em todo o país.
Votos de futuras felicidades:-)