Marcharemos pela escola pública no dia 14 de Janeiro de 2023, em Lisboa
Carta Aberta pela Escola Pública
Como trabalhadores, de vários quadrantes e formações distintas, consideramos que a escola pública deve ser de excelente qualidade e para todos.
A degradação a que temos assistido – pese embora, nós trabalhadores, seja de que área for, pagarmos cada vez mais impostos –, tem levado muitos daqueles que ainda podem a estratégias como o recurso a explicações privadas, auxiliarem os filhos no fim de um dia de trabalho intenso, colégios privados e ATLs e centros de estudo.
Crianças e jovens a quem deveria estar garantido um ensino excelente numa parte do dia, para poderem também brincar e socializar, são obrigadas a prolongar o dia de estudo. As cada vez mais deficientes condições de trabalho impostas aos professores contribuem não só para que os alunos fiquem 8 horas na escola, mas também para deficiências na aquisição de conhecimentos essenciais e para a degradação óbvia e geral de um serviço – a educação pública, gratuita e de qualidade – constitucionalmente garantido, que pagamos, mas a que perdemos acesso.
Muitos dos nossos filhos abandonam (mesmo que passem administrativamente) as aprendizagens científicas, filosóficas e artísticas, desistem de ser mais, de sonhar, de conquistar saberes que deveriam ser de acesso democrático a todos, trocando-os por cursos sem valor, de formação medíocre, ou por um ensino, dito profissional, que leva os nossos filhos para profissões mal qualificadas e mal pagas e os aparta do acesso ao saber humanizado.
Temos consciência de que não existe boa escola pública sem segurança e qualidade de trabalho dos professores e, por isso, dia 14 marchamos ao seu lado, ao lado dos professores e funcionários das escolas, pela segurança na contratação, escolha livre da escola e lugar onde pretendem trabalhar, acesso a uma carreira que lhes forneça sentido de percurso, justiça sem avaliações “falsas” que apenas pretendem cortar a progressão e que hoje são comuns a todos os trabalhadores, em sistemas de trabalho antidemocráticos, de gestão tóxica e autoritária, que a todos nós desmotiva e mesmo desgasta e adoece, como é frequente no caso dos professores.
É urgente que os nossos impostos sirvam para pagar salários dignos que lhes permitam uma vida com qualidade. Não toleramos assistir ao pagamento obsceno de gestores da res publica ao mesmo tempo que se paga vergonhosamente mal aos professores, uma profissão essencial.
Temos, finalmente, consciência, que os problemas da escola não se resolvem só na escola. Sem trabalho digno e seguro para os nossos filhos e netos, impedindo-os de ter acesso a uma vida independente, casa própria, vida conjugal e afectiva livre, qualidade na alimentação e no lazer, o resultado é a crescente dependência familiar ou a emigração e eles deixarem de ver sentido na escola.
Por isso lutamos ao lado dos professores, e marcharemos com eles no dia 14 de Janeiro em Lisboa (Marquês de Pombal), às 14h, por um país que invista na riqueza social, na democracia, na qualidade de vida, com salários decentes.
Anabela Mendes, professora aposentada da ESBAL
António Baptista Lopes, Editor
António Carlos Cortez, professor, poeta, ensaísta
António Galopim de Carvalho, Geólogo
António Garcia Pereira, advogado e professor associado aposentado
António Pinho Vargas, compositor e professor aposentado da ESML
Cláudia Biscaya Fraga, Professora aposentada
Eduardo Rêgo, Professor aposentado matemática, FCUP
Elisa Costa Pinto, Professora
Elísio Summavielle, gestor cultural
Fabiane Santana Previtali, professora titular da Universidade Federal de Uberlândia – UFU/Brasil
Filomena Oliveira, dramaturga, escritora
João Areosa, professor Instituo Politécnico de Setúbal
João Reis, operário da AutoEuropa
Joel Neto, escritor
José António Antunes, Médico
José Fanha, poeta Manuela Gonzaga, escritora, jornalista
João Pascoal, Mudar Bancários
Maria Cantinho, professora, filósofa
Miguel Real, ensaísta, escritor
Pamela Peres Cabreira, professora, historiadora
Raquel Varela, historiadora, professora FCSH/UNL
Roberto della Santa, professor auxiliar convidado Uni Aveiro, investigador
Rita Garcia Pereira, advogada e docente universitária
Victor Pinto , Linguista , Porto
Pedro Vicente, arquitecto
José Santana Henriques, activista sindical CGTP
Adriano Zilhão, economista
Mário Tomé, coronel e capitão da revolução de Abril
José Casimiro, activista sindical e laboral, Solidários
Isabel Roque – Investigadora CES-UC e activista social
Isabel Louçã, professora aposentada
Fernando Bessa, professor
Carlos Marques, activista social, Solidários
Nuno Geraldes, dirigente sindical do STCC
Sindicato dos Trabalhadores do Sector Automóvel (STASA)
Sindicato dos Trabalhadores dos Call Centers (STCC)
7 comentários
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Pai,
Sou apenas um pai mas dia 14 lá estarei a lutar pelo futuro das minhas filhas e do país como um todo.
“(…) trocando-os por cursos sem valor, de formação medíocre, ou por um ensino, dito profissional, que leva os nossos filhos para profissões mal qualificadas e mal pagas e os aparta do acesso ao saber humanizado.”
Não subestimem os cursos profissionais.
Incedente a posição da FNE. Mesmo depois dos apelos de outros sindicatos insiste em ficar de fora numa tentativa de boicotar a justa luta dos professores. Espero que tenha a lição que merecem.
Afinal há quem acredite que papá noel existe… jajajajaja…sonhar no paga imposto (por enquanto)
A esperança dos pobres é a última coisa a morrer… jajajajajajaja
Los $$$$$$ habla siempre más alto!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
As esmolas servirá para enganar o Zé Totinho