10 de Dezembro de 2022 archive

TODOS, PROFESSORES E SINDICATOS, A UMA SÓ VOZ!

 

TODOS, PROFESSORES E SINDICATOS, A UMA SÓ VOZ!

Para: Todos os Sindicatos de Professores

Atendendo às novas propostas apresentadas pelo atual Ministério da Educação que atentam, mais uma vez, contra os direitos dos professores, pondo em causa uma EDUCAÇÃO DE QUALIDADE, os Professores exigem a intervenção, musculada, célere e conjunta, de todos os Sindicatos pela defesa da Escola Pública e da Educação.

“Educação não transforma o mundo. Educação muda Pessoas. Pessoas transformam o mundo.” (Paulo Freire)

“É preciso sair da ilha para ver a ilha. Não nos vemos se não saímos de nós.” (José Saramago)

 

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A Educação DEU À(O) COSTA

 

 

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A Ler – Nogueira Em Modo De Guerra

Nogueira Em Modo De Guerra – O Meu Quintal

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Demagogia em “estado puro”: ensinar emoções aos Professores…

Na Educação parece que existem duas realidades: a “realidade imaginária” e a “realidade real”…

 A “realidade imaginária”, aquela onde parece viver uma certa “elite iluminada” de pretensos Especialistas, uma espécie de “leais conselheiros” do Ministério da Educação que terá como principais funções:

– Por um lado, apoiar e defender as interpretações, muitas vezes enviesadas, de determinadas circunstâncias, feitas pelo Ministério da Educação, abdicando de as contrariar;

– Por outro lado, apoiar e defender as decisões e as medidas educativas decretadas pela Tutela, muitas vezes absolutamente erráticas, abdicando de as contrariar…

Não raras vezes, essa defesa da “realidade imaginária” costuma ser dominada por “factos alternativos”, pela ficção e pela propaganda, conduzindo à obstinação de não querer percepcionar a realidade existente nas escolas, tal qual ela é…

Ou seja, essa “realidade”, na verdade, não existe, mas é a que se quer ver…

A “realidade real”, por vezes dolorosa e frustrante, de difícil admissão para muitos, não costuma ser reconhecida pela Tutela, nem pela “elite iluminada”, sobretudo por alguns “ungidos da intelligentsia” (Thomas Sowell) que, arrogantemente, não sabem, nem querem saber, como se chegou ao estado calamitoso em se encontra a Escola Pública…

A “solução” encontrada, por uns e por outros, é negar obstinadamente essa “realidade real”, enredando-se numa espiral de dogmatismo, de afastamento das vivências tangíveis e de auto-desculpabilização, parecendo acreditar que, por esses “passes de mágica”, seja possível eliminá-la…

Mas a “realidade real”, sobejamente conhecida de todos aqueles que passam a maior parte do seu dia numa escola, “não perdoa”, “não procrastina” e não é sensível a “efeitos especiais”, na verdade, incapazes de a fazer desaparecer…

Essa realidade, existe todos os dias e todos os dias se manifesta:

– Os alunos são reais, têm problemas e dificuldades reais, têm vidas reais e frequentam escolas reais…

– Os profissionais de Educação são reais, têm problemas e dificuldades reais, têm vidas reais e trabalham em escolas reais…

Com um esgar sarcástico, que bom seria se se reconhecesse a existência de pessoas reais e de escolas reais!

Em vez desse reconhecimento e do enfrentamento da “realidade real”, o Ministério da Educação, convenientemente, parece preferir “desconversar” e divagar, por exemplo, estabelecendo parcerias para determinados Programas de Formação, com certas entidades…

É o caso do Programa de Formação firmado entre o Ministério da Educação e a Gulbenkian, que arrancará em Janeiro de 2023, e que, alegadamente, visará ensinar as emoções aos Professores, em particular “aprender a identificar sinais de burnout em si próprios e nos alunos” (Jornal Público, em 7 de Dezembro de 2022)…

Incompreensivelmente, esse é o mesmo Ministério que tem desrespeitado a dignidade profissional dos Professores, mostrando-se incapaz de lhes providenciar condições de trabalho susceptíveis de gerar emoções positivas no contexto laboral…

Incompreensivelmente, esse também é o Ministério que parece ignorar, ostensivamente, a importância e a contribuição das condições de trabalho para a satisfação Docente e a relação desses aspectos com os níveis de stress, angústia, ansiedade ou de motivação evidenciados pelos Professores em contexto laboral…

Incompreensivelmente, as sensações de pertença, de segurança e de proteção, assim como a concretização de ambientes de trabalho onde seja possível o desenvolvimento de emoções positivas, não têm sido devidamente acauteladas por esse Ministério, antes pelo contrário…

Com um esgar sarcástico, o Ministério que não tem tratado bem os Professores, desconsiderando-os frequentemente, e que também não tem conseguido satisfazer as suas legítimas pretensões em termos de salários dignos ou de progressão efectiva na Carreira, é o mesmo que, agora, os quer ensinar a lidar com emoções…

Com um esgar sarcástico, talvez, quiçá, para os dotar de uma infalível capacidade de resiliência e de inteligência emocional, que lhes permita suportar todos os atropelos perpetrados contra si, de preferência calados e sem alvoroço…

Com um esgar sarcástico, virá aí mais uma “capacitação”, desta vez, emocional…

Com um esgar sarcástico, talvez venha a ser essa a “fórmula mágica” que permitirá aos Professores Portugueses alcançarem a felicidade suprema e reconhecer, de vez, que o seu mundo profissional se constitui, afinal, como uma benesse de valor inestimável, que deverá ser lembrada, todos os dias, com uma enorme gratidão…

No fundo, parece ser este o pensamento subliminar:

 Vamos ajudar os Professores a conseguirem suportar o mal que lhes causamos, em vez de eliminarmos esse mal

Se isto não é absurdo e perverso, o que será absurdo e perverso?

Se isto não é demagogia “em estado puro”, o que será demagogia?

As dificuldades em distinguir entre o que é real e o que é imaginário ou fantasia têm vindo a transformar a Escola Pública numa escola “postiça” e “travestida”, sem credibilidade, pervertida pela manipulação…

Na Escola Pública, cada vez mais, se finge que está tudo bem, cedendo-se à toxicidade da “ditadura” dos afectos positivos e à falácia das aparências optimistas…

Mas uma escola que engana, é uma escola que acabará por incentivar a fuga à realidade, promover o alheamento das dificuldades existentes na vida real e restringir a capacidade de auto-controle e de gerir a frustração, a ansiedade e a angústia, conduzindo a uma certa alienação…

A quem serve uma escola que fomenta a “realidade imaginária”? Aos alunos e aos profissionais de Educação não será, com certeza…

É urgente “descer à Terra” e enfrentar determinadas ideias delirantes, decorrentes de crenças incompatíveis com a realidade ou de percepções alteradas da mesma que, em vez de resolverem problemas, costumam criar ainda mais problemas…

E a presente Greve por tempo indeterminado também poderá convir para se alcançar essa finalidade…

(Paula Dias)

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