O insatisfação da classe docente volta a destacar-se, em mais uma vigília, agendada para a noite desta sexta-feira, dia 21, no antigo Mercado Municipal.
Professores reúnem-se, esta noite, numa vigília pela educação
«A organização deste movimento surge da união de professores descontentes com a forma como têm sido tratados pelos sucessivos governos e da ineficácia dos sindicatos que nos representam», refere, em entrevista ao portal Viseu Now, Paulo Soeiro, professor de informática, na Escola Secundária D. Dinis, em Coimbra.
«Os professores têm discutido os problemas de que a profissão padece e chegaram a um ponto em que não estão dispostos a continuar a ser desvalorizados. As condições de trabalho, o excesso do mesmo, apesar da retórica da desburocratização, a sonegação de 6 anos, 6 meses e 23 dias de serviço para efeitos de carreira, as ultrapassagens na carreira, que os governos provocaram, os entraves à progressão na carreira, a falta de apoios aos professores colocados a muitos quilómetros das suas residências, estão em cima da mesa e são algumas das razões que levam os professores à rua pelas cidades do país», aponta Paulo Soeiro.
Está é a terceira vez que professores do pré-escolar ao ensino secundário se juntam pela causa em Viseu. O primeiro encontro contou com 40 particiopantes, número que subiu para quase 130, no segundo. O pontapé de saída desde movimento reivindicativo foi dado em Viana do Castelo, seguindo-se Aveiro, Vila Real e, por fim, Viseu.
O docente acrescenta que «a singularidade destas vigílias/manifestações é não serem organizadas por sindicatos, mas sim por docentes e educadores sem vínculo sindical. Até agora, só um sindicato se manifestou, favoravelmente, a estas iniciativas, que têm como objetivo espicaçá-los. Mas a independência destas vigílias têm trazido ao de cima o descontentamento, a força que os professores podem ter e a união que se começa a ver, numa classe que tem como membros mais de 100 mil trabalhadores».
Numa altura em que muito se discute a falta de professores e a redução do número de candidatos em cursos para a docência, a luta continua a centrar-se na valorização da profissão e, consequentemente, na melhoria do estado da educação em Portugal. Para Paulo Soeiro, isso passa por algumas medidas como a «recuperação do tempo de serviço que foi congelado, o fim do sistema de quotas e das vagas para progressão aos 5.º e 7.º escalões da carreira, a concessão da mobilidade por doença para as pessoas que estão efetivamente doentes, a vinculação dos professores contratados com mais de três anos de serviço, a revisão dos horários de trabalho, a atribuição de apoio financeiro aos professores deslocados para longe das residências, o fim do excesso da burocracia e de projetos».