4 de Outubro de 2022 archive

Iniciativa de Hoje da Fenprof

FENPROF assinala o Dia Mundial do Professor com Plenário Nacional junto à Assembleia da República

 

Cerca de um milhar de docentes de todo o país participaram esta terça-feira no Plenário Nacional de Professores e Educadores promovido pela FENPROF para assinalar o Dia Mundial do Professor. Junto à Assembleia da República, os/as professores/as e educadores/as quiseram demonstrar ao governo e à Assembleia da República que “É tempo de ser tempo dos Professores!“.

No final, foi aprovada uma moção que contém uma “Mensagem dos Professores e Educadores dirigida ao Governo de Portugal, à Assembleia da República e a todos os Portugueses e todas as Portuguesas“.

 

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Safeguarding – João André Costa

 

Nenhum professor, e sublinho nenhum, entra numa escola no Reino Unido sem ter uma formação em safeguarding, vulgo, a salvaguarda do bem estar da criança.
E se a língua portuguesa prima pela beleza descritiva das palavras sem fim, já a língua inglesa prima na sua capacidade sucinta.
Safeguarding, portanto, e uma palavra basta para a criança estar no centro de tudo quanto se faz todos os dias em todas as escolas do país.
Tendo contacto directo, próximo e diário com os alunos, cabe ao professor detectar desde uma simples nódoa negra, quiçá de uma queda (mas que queda e porquê?) uma mão esfolada (a jogar à bola, a andar de bicicleta?), passando pela avaliação do humor de uma criança, se está mais triste em relação ao dia anterior, carenciada emocionalmente em constantes chamadas de atenção para os adultos em redor mas também para os colegas através de provocações ou o centro das atenções, até sinais de infecção urinária ou conversas e comportamentos cujo conteúdo denote uma sexualidade precoce e inesperada para a idade do aluno.
Quer tudo isto dizer ser da tutela do professor a detecção de casos de negligência, abuso físico, emocional e sexual de todas as crianças ao seu cuidado.
E por todas as crianças entenda-se não apenas as turmas a cargo do professor mas todas as crianças da escola.
Mais, caso o professor detecte um caso de possível abuso na via pública, é da sua responsabilidade contactar de imediato as autoridades competentes.
Os professores são agentes sociais. Têm um papel a desempenhar, conhecem a criança como ninguém, as famílias como ninguém, batem à porta de casa, estabelecem relações, questionam, aconselham, tomam parte no pedido de apoios, trabalham em charneira com a polícia, a segurança social, psicólogos e terapeutas e como parte de uma equipa mudam o mundo.
Mas num mundo em constante mudança, a salvaguarda das crianças não se limita, nem pode, ao contexto familiar.
Porque é que uma criança falta à escola?
Porque é que uma criança falta à sua própria educação?
Telefona-se para casa, bate-se à porta (outra vez), procuramos ver a criança, está doente, porque é que em casa ninguém notificou a escola, responsabilizamos e educamos os pais mas também prevenimos outros problemas quando as ruas são a fonte de recrutamento de menores e vulneráveis para actividades ilícitas como são exemplo os gangues em número cada vez maior quando não há futuro nem quem cuide dele, do futuro, entenda-se.
Todas as crianças querem ser aceites.
Todos os adultos querem ser aceites.
Somos todos animais sociais e queremos fazer parte do grupo.
Mas se os adultos têm uma resiliência maior, já os jovens são ainda o elo mais fraco enquanto a auto-estima se forma e aprendemos a gostar de nós.
Enquanto este dia não chega, procuramos quem gosta de nós mas também quem diz gostar.
Presa fácil, rapidamente uma criança está à deriva.
Fisicamente mas também virtualmente e aqui entra mais uma vez a auto-estima e o bem estar emocional, a imagem corporal, as expectativas dos outros, a pressão de grupo, os abusos sexuais, o cyberbullying, a bulimia e a anorexia, a automutilação, o suicídio.
Tudo na ponta dos dedos.
Sem que vejamos senão o comportamento da criança à nossa frente.
Do mesmo modo, como profissionais estamos atentos ao comportamento de outros profissionais, sendo os professores responsáveis pelo alertar da direção da escola em caso de dúvidas sobre condutas ou palavras menos próprias.
E neste caso incluímos a nossa conduta virtual onde contas e actividade on-line são do foro privado dos professores e demais profissionais e não para partilha com alunos e respectivas famílias.
Parece elementar, mas infelizmente não é.
E como cada caso é um caso e nenhum dia é igual ao anterior, em caso de dúvida temos sempre um assistente social do lado de lá da linha e dúvidas temos todos os dias, nem por isso respostas, apenas perguntas e mais perguntas quando se tem apenas uma criança a nosso cargo e nós não temos apenas uma criança mas todas as crianças, todas as famílias, a comunidade no colo.
O conhecimento que cada professor tem sobre cada aluno e a partilha do mesmo é essencial na salvaguarda do bem-estar das crianças.
Porque, por incrível que pareça, e é incrível, os professores também salvam vidas todos os dias quando saem de casa.

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Falta de professores nas AEC? O presente envenenado às autarquias.

Só quem se “meteu” nisto ontem é que tinha esperança que a “coisa” corresse bem. Anos e anos a ver professores chegar e partir passado uns dias, sem vencimentos que lhes permitissem autonomia financeira, a correr Km e Km por dia sem direito a subsídio de transporte, para chegar ao fim do ano letivo e obterem 30 dias de serviço… (agora, contratados pelas autarquias ou empresas por elas contratadas, nem o tempo de serviço lhe contará seja para o que for) não deixavam dúvidas que a escola a tempo inteiro, como a conhecemos, tinha, e tem, os dias contados.

Estavam à espera que os professores fizessem fila? As autarquias receberam um presente envenenado, e só morderam a maçã, porque foram com muita fome ao aspeto da fruta que lhes mostraram.

Ponham-se à porta das escolas profissionais com o curso de animadores socioculturais e cursos de técnicos de instalações desportivas e, talvez tenham sorte. Se não tiverem a sorte de ter “disso” no território, diversifiquem, contratem o mestre da banda filarmónica, os membros do rancho folclórico da terra e a associação de rendas e bordados. Em Campo Maior, podem sempre optar por criar um clube para preparar a festa da flor e pelo país fora ir preparando os enfeites da festa da padroeira…

Eu até tenho a solução, mas o ME já provou não estar disponível para pagar o preço que a dita implica e não quero dar ideias que não venham com o pagamento adiantado. ( fica só a certeza que a médio prazo ficaria muito mais barato)

 

A falta de professores está também a sentir-se nas Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) no 1.º ciclo. Há câmaras com concursos ainda a decorrer, outras que estão a flexibilizar os horários das AEC (que deviam ser apenas entre as 15.30 e 17.30 horas) para poderem lançar horários completos e ainda outras que têm de se valer dos seus próprios técnicos superiores para garantir a oferta que é obrigatória. À Confederação Nacional de Pais estão a chegar “muitas queixas”, revela Mariana Carvalho.

Falta de professores leva câmaras a mudar horários das atividades extracurriculares

“Estamos a ter dificuldades. Era previsível: se faltam professores, os que estavam nas AEC estão a ser chamados para as escolas”, começa por admitir o presidente da Câmara de Gaia que ainda tem concurso a decorrer. Este ano, frisa, a situação piorou devido à impossibilidade de as escolas puderem colocar docentes com horários incompletos nas AEC como faziam antes. A autarquia, explica, teve de mudar as atividades para as ajustar ao perfil dos candidatos e lançar horários completos a concurso, mas isso implica flexibilizar as horas das AEC.

“As atividades extracurriculares são da responsabilidade das autarquias por força da transferência de competências. O Ministério da Educação está a tentar ultrapassar, em conjunto com autarquias, alguns constrangimentos sinalizados”, sublinhou ao JN o gabinete de João Costa.

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As Greves Cirúrgicas dos Oficiais de justiça que podem ser um exemplo para os Professores

Todos os Oficiais de Justiça (nesses núcleos) podem aderir a esta greve e, ainda que não seja logo às 09H00, porque se esqueceram que a greve estava marcada, pode ser a qualquer hora: às 09H30, às 10H15, às 11H10, etc.
O Sindicato dos Oficiais de Justiça (SOJ) publicou alguns esclarecimentos, em forma de perguntas e respostas, relativamente à greve que vão a seguir reproduzidos.
«As greves vão realizar-se quando e em que períodos?
Dia 4 de outubro, das 09h00 às 12h30 e dia 6 de outubro, das 13h30 às 17h00.”
Os Professores podiam fazer várias greves cirúrgicas, um dia só de manhã, passado uns dias, uma tarde de greve, até podia ser meio dia por mês (para amenizar a “coisa” financeira). Também podia ser por horas: um dia das 8:30h às 10:30h, outro dia as 14h às 16h, ou das 10:30 às 12:30h num outro dia e das 16h às 18h passado alguns dias.
Basta que um sindicato ou alguns sindicatos enviem um Pré-aviso de greve ao Ministério da Educação.
E não se preocupem com a recuperação das aprendizagens, temos sempre o Plano 21I23 Escola+…

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Partilha de angústias e desalentos

 

Sou professora do 1º ciclo do Ensino Básico e hoje, durante a viagem, que realizo sozinha, desde a minha área de residência até à escola onde leciono, que dista cerca de 100 km, decidi escrever o presente artigo e partilhar algumas tristezas, angústias, preocupações e até revoltas.

Provavelmente, e para o efeito, deveria procurar ajuda de um psicólogo ou até psiquiatra, mas, como mencionei anteriormente, para me deslocar para o meu local de trabalho, faço cerca de 200 km por dia, o que implica um gasto de combustível e portagens que não me possibilita ser acompanhada por um especialista da área. O meu vencimento não “estica” e parte dele fica, como se diz na gíria “na estrada”. Claro que tenho ADSE, no entanto médicos com comparticipação direta nestas especialidades são muito escassos e não posso dar-me ao luxo, neste momento, de esperar cerca de dois meses pelos valores que se antecipam.

Nos últimos anos, tive oportunidade de ficar colocada por mobilidade por doença perto da minha área de residência. Contudo, este ano, e face às alterações, que todos nós conhecemos, não beneficiei da mesma. Pese embora tivesse sido admitida, não fui colocada, tal como muitos professores.

A não colocação não me permitiu, nem permite apoiar aqueles que de mim carecem.

Agora, e uma vez que já há algumas semanas viajo e saio de casa pela manhã e regresso ao final da tarde, sinto que abandono os que mais amo para fazer aquilo que me faz feliz e realizada: ser professora. 

Será justo para mim e para eles? Estarei a ser boa mãe e boa esposa? 

Mudanças num concurso de mobilidade por doença. Porquê agora? Combater a falta de professores em algumas zonas do país? Este grito, esta preocupação não é recente. Há muito tempo que se tem vindo a falar desta escassez. Pergunto-me se a situação está resolvida, pois vejo pais nas portas da escola a dizerem que há turmas sem professores e que os filhos não têm aulas.

Como vamos cativar e conquistar os nossos jovens para a docência? Não creio que seja através do que eles observam no dia-a-dia na comunicação social, ou mesmo por aquilo que vivem nos seus próprios lares. A título exemplificativo, tenho os meus filhos, que também são netos de professores, que não querem exercer funções docentes. Quando os interpelamos, são diversos os motivos apontados: os professores trabalham muito, não são valorizados, ganham mal, deslocam-se para grandes distâncias, arriscando, diariamente, a sua vida. Estes são alguns dos motivos por eles apontados. 

Por muito que eu e o pai, ambos profissionais do ensino, lhe digamos que foi um ano atípico, não podemos esconder algumas angústias. Eu não consigo! Perdoem-me, meus filhos, por não conseguir afastar-vos das minhas lágrimas quando vejo que aparecem colocações anuais nas reservas de recrutamento, onde professores menos graduados do que eu são colocados onde eu desejo estar. Como é que isto é possível? As melhores vagas ficam para depois. Questiono-me por que motivo, no início de carreira, fui aventureira e procurei lecionar num local onde era sabido que ficaria todo o ano, a fim de procurar obter uma graduação melhor. Não vale a pena tanto esforço, pois agora, mais graduada, fico a uma distância de 200 km diários, enquanto que menos graduados, aqui, próximos de casa. Não culpo os colegas, com toda a certeza! Dizem que são aposentações? Argumentam com a criação de turmas? Turmas? Neste momento do ano letivo? De onde vêm os alunos que possibilitam a criação de novas turmas?

Outra questão que me inquieta são as mobilidades estatutárias. Recordo-me de ouvir que estas mobilidades não iriam substituir as mobilidades por doença. O que observo é que há professores colocados por mobilidade estatutária e que, no ano transato, estiveram colocados por mobilidade por doença. Bora lá! Permutamos uma pela outra! Mas só alguns é que puderam beneficiar da mesma. E o mais estranho, esses professores estão a desempenhar funções que outrora já faziam, aquando da colocação por mobilidade por doença. Não é uma alternativa? Não é um contorno do sistema? O que lhe podemos chamar?

Como posso não ter um sentimento de revolta?

Mais uma vez, observamos que há sorte para tudo! Não é verdade? Ou serão apenas contempladas algumas pessoas? 

O que me dá alento são as palavras da minha mãe, também professora durante quase quarenta anos, que me diz “Tu és capaz, tu consegues, acredita!”, assim como o olhar dos meus alunos quando entro na sala de aula, que me fazem esquecer a hora de viagem e me fazem acreditar que é compensador ser professor, que é bom fazer parte das suas vidas e vê-los a crescer.

Sou, efetivamente, uma atriz, tal como me ensinaram na Universidade. Os meus problemas pessoais ficam do lado de fora do portão! Contudo, o meu coração fica mais pequeno, cada vez que me lembro dos que deixei, a minha família, e que, em momentos de aflição, demoro muito tempo para poder estar junto deles. 

Agradeço, e muito, a todos os que me receberam no agrupamento em que hoje estou colocada, agrupamento do meu Quadro de Zona Pedagógica. O meu muito obrigada por todo o carinho e sorriso que dispensaram e dispensam todos os dias!

Desconhecido

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