Ensino | pensamentos e reflexões sobre Avaliação (I)
Não constituindo uma novidade absoluta, ainda suscita alguma perplexidade, polvilhada com ironia q.b., o facto de a avaliação travestir-se de grande vilã nos processos de ensino e aprendizagem vigentes no Portugal do século XXI.
Inicialmente ponderada para a compreensão dos supostos “fracassos escolares”, cedo se converteu num fator agravador de quadros usualmente irreversíveis.
Contudo, e se é verdade que a avaliação – com todos os seus dilemas e perversões – se revela formalmente responsável por uma ampla miríade de traumas e entorses educativos, que sempre privilegiaram a comparação e a divulgação das incompetências/insuficiências dos alunos, não deixa de ser incontroversa a evidência de ser (ainda) uma fonte preciosa de contributos que, se bem instrumentalizada, poderá ajudar à cura, ou à remediação, de muitos males do ensino contemporâneo.
A partir da avaliação, importará iniciar o combate das dificuldades, priorizando a diversidade. De metodologias. De estratégias. De contextos. E de finalidades.
Daí que importe abordar, crítica e reflexivamente, o modelo avaliativo classificatório, cristalizado por décadas de práxis onde o paradigma fundador, de índole marcadamente punitiva, serviu, preferencialmente, o Professor na redutora demanda testar se o aluno aprendeu os conteúdos ministrados.
Ainda assim, não é justo que estas sequelas (ou mazelas?) sejam, em exclusivo, imputadas ao Professor, à Escola ou ao Aluno. Por muito tempo, estes arquétipos sobreviveram graças à cumplicidade deliberada do poder político, a quem, em razão de interesses historicamente conjunturais, aproveitou este leque de pressupostos vincadamente dogmáticos.
Daí que cabe agora ao Professor socorrer-se da avaliação para aperfeiçoar-se. A si e ao sistema. Para diagnosticar fragilidades e potencialidades, aceitando incluir-se como agente avaliado, com influência determinante no sucesso e no fracasso.
Na verdade, o ser humano aprende a cada instante da sua existência. Momentos diversos que exigem diversidade de avaliações. E o somatório de todas elas formarão um todo que sublimarão o indivíduo humano como ser em evolução permanente, que aprende na medida em que vive. E será na certeza – ou na surpresa – desses instantes que se fará a avaliação, que se pretende mais justa, plena, integral e harmoniosa.
Porque, como muito bem assinalou Chueiri (2008), a avaliação como prática escolar não é uma atividade neutra ou meramente técnica, é sobretudo baseada num modelo teórico, da ciência e da educação, traduzido pela prática pedagógica. Esta prática ocorre por intermédio da relação pedagógica, a qual pressupõe a ação dos atores envolvidos.
1 comentário
에볼플레이 먹튀검증 안전노리터