Adeus ao ano velho – Jorge Bento.

 

“Os anos, meses e dias têm perna apressada; são muito eficazes a passar e ir-se embora. A altura é de balanço, de arrumar a vida e deitar fora o que está gasto. Convém varrer tudo, do fundo da alma até à porta da casa. Livrar-nos de toda a poalha, das mágoas e rancores, das caras e nomes incomodativos. Entremos lavados, asseados e escarolados em 2022!
Depositemos no lixo tudo o que se quebrou e não dá para consertar. Guardar o que não presta, além de estultice, é perder espaço e tempo.
Tinjamo-nos de cores alegres, por dentro e por fora. Ajudam na criação de um ambiente favorável. Renovemos a roupa interior; não ponhamos em contacto com a pele tecidos coçados, desbotados e encardidos, porque se entranham no ser. No vestuário exterior, mesmo sendo inverno, usemos tons da primavera. Por exemplo, o amarelo fica bem numa malha; atrai fortuna e prosperidade, pelo menos no ciclismo.
Quanto a comidas e bebidas, prefiramos as que avivam memórias de lugares e pessoas, e despertam o paladar da afeição e saudade. Entreguemo-nos e lambuzemo-nos nesses manjares e sabores, sem restrições!
Boas refeições pedem o complemento de exercícios recomendáveis. Não contemos o tempo de andar e caminhar na natureza e nas páginas dos livros. Se nos perdermos, deixemo-nos guiar pelo pensamento, que mora nos passos dados e nas frases lidas.
O deus Jano já está à nossa espera, pronto para abrir a janela do novo ano. Este não promete milagres ou exige sucessos; pede apenas que façamos o melhor possível, com o cinzel da coragem e o esmeril das atitudes.”

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1 comentário

    • F on 31 de Dezembro de 2021 at 15:18
    • Responder

    Bonito texto.
    Mas atenção: usem os devidos contentores de lixo.

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