Fizemos um raio-x ao ensino: há escolas que recomendam o uso de máscara em miúdos com menos de 10 anos. Há estabelecimentos que proíbem os brinquedos de casa e continuam a faltar professores.
Máscaras nas crianças, proibição de levar brinquedos, falta de professores. Escolas num caos
Sempre que chega à porta do infantário e deixa o filho André, que nem 2 anos tem, num berreiro, Andreia Gama fica inconsolável. Nunca entrou na escola, não conhece a sala, nem pode acalmar-lhe o choro. E não entende o motivo de as regras não serem iguais em todos os critérios de ensino. Dos três filhos (os outros têm 13 e 7 anos), só a escola do mais novo, por exemplo, faz visitas de estudo. “Nada é coerente. As crianças vão ver uma peça de teatro para bebês e depois os pais não podem entrar do infantário. Entrego o meu filho como uma mercadoria a uma cara diferente, de máscara. Ele resiste a largar o meu colo… Isto todos os dias custa muito”, desabafa esta mãe, de Setúbal.
“Uma criança muito pequena ativa o sistema de alerta sempre que está em locais estranhos e na presença de pessoas que não conhece, e são os pais que têm de fazer, caso, a entrega à educadora. Se ficar muito tempo em estado de alarme, sem uma figura de referência, isso dificulta o desenvolvimento emocional, cognitivo e imunitário da criança”, explica à SÁBADOa psicóloga Laura Sanches. Na semana passada, o grupo parlamentar do PAN levou à Assembleia da República uma iniciativa para que o Governo “diligencie junto da Direção-Geral da Saúde com vista à revisão com caráter de urgência” das atuais normas que “impedem a presença de pais e/ou mães junto das crianças, nos momentos de transição para os contextos educativos”. Para o PAN, estando Portugal numa fase de desconfinamento situado na zona verde da matriz de risco, “não se compreende a manutenção da restrição por parte da DGS”. A continuidade desta medida “causa enorme angústia nos pais/mães bem como sofrimento emocional às crianças, principalmente quando estas entram pela primeira vez num equipamento educativo onde não foram ainda associações de segurança e vinculação com as novas figuras de referência”.