5 de Outubro de 2021 archive

Desafios e perguntas aos professores conformistas – Jorge Bento

 

O título deste item diz tudo; e nada de novo. É uma insistência e espicaçamento, mesmo sabendo que talvez equivalha a chover no molhado.
Seja no ensino básico e obrigatório, seja no dito ‘superior’, os professores estão vencidos económica e axiologicamente. O primeiro aspeto é por demais evidente; o segundo não é menos. Ganham mal e não poucos carregam o fardo da precariedade laboral. Todavia, exercem o mister ajoelhados perante um deus que mina os pilares e fins da educação e formação, da vida e da civilização.
Como se isto não bastasse, encontram-se divididos. Muitos (a maioria na universidade!) renderam-se: não gostam de estar na primeira linha da cidadania e de pagar o preço da dignidade e liberdade; preferem o conforto da omissão, do silêncio e da cobardia que é, no dizer de Michel de Montaigne (1533-1592), “mãe da crueldade”. A minoria, que não se entrega e clama por insurgência contra a situação, é vista como estranha pelos pares; não raras vezes, enfrenta aversão, desconsideração e até perseguição.
Há ou não assuntos da Humanidade e Sociedade merecedores da tomada de posição dos professores? Não é necessidade premente a renovação da Educação e da Escola, da Formação e da Universidade? Isto não lhes diz respeito, não obriga ao pronunciamento? Porque é que tantos fogem da responsabilização e afogam a voz?
Um genuíno pedagogo não se confina no papel de apagado regente de tarefas escolares, de intermediário apático entre estas e os discentes. Participa na reforma e inovação de conceitos e processos, na proclamação de circunstâncias favoráveis ao desempenho da função. Procura estar à altura do que representa e vale a pena: nada menos do que um mundo novo! A conjuntura não espera dele outra atitude.
Enfim, os professores passam hoje por duras penas. Mas o futuro não julgará todos da mesma maneira. Usará como balança o aviso de Cornelius Castoriadis (1922-1997): “É preciso escolher: ou descansamos ou somos livres.”

 

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A mensagem do ministro da Educação neste Dia do Professor

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(não estavam à espera de outra coisa, ou estavam?)

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Onde estão os professores…? Carlos Santos

É imperioso que se permita o regresso dos professores às escolas; o regresso dos professores à sala de aula e do que, a rigor, representa a sua verdadeira função, que é a de ensinar!
Com tantas reformas educativas preocupadas com a organização das escolas, dos currículos, tanta teoria de gabinete a dar muitíssima importância ao supérfluo, a pais e alunos, tanta diligência em afastar os professores dos órgãos de decisão e em sobrecarregá-los de inutilidades, que acabaram por os empurrar para o fim da fila das prioridades na estrutura de ensino. Foram, simplesmente, excluídos – banidos das escolas.

Todas essas teorias excessivamente centradas nos interesses particulares dos encarregados de educação e dos alunos e na doutrina cega do professor como mera figura decorativa em redor do estudante, acabaram por deixar a escola e a aprendizagem nas mãos das crianças, dos pais, dos gestores, dos burocratas e dos políticos. A escola passou a ser um tema sobre o qual todos opinam, todos sabem, todos mandam… menos os professores.

Foram, na verdade, perseguidos, humilhados e desautorizados; foram tudo, menos auscultados e respeitados. Tanta desconsideração pela figura do Professor esvaziou-o de protagonismo, autoridade e importância. Não admira, pois, a crescente falta e educação, de valores e violência que grassam na nossa sociedade.
E por mais que ninguém queira admitir, hoje as escolas estão sem professores. Não só pelo défice em número, mas sobretudo pela falta de representatividade, importância e participação. Acrescido à sobrecarga de burocracia, transformou-os em meros contabilistas da inutilidade. Substituíram a importância que o professor tinha na magia da aprendizagem centrada na sala de aula, pelo papel desajustado de gestor de conflitos, administrador de processos e redator de documentos.
Absorvidos em educar o que não foi educado em casa, em restabelecer a autoridade que lhes foi tirada por adultos, jovens e crianças que já não os respeitam, pouco resta de ensino na sala de aula; pouco resta do Professor na escola.
Pode não ser desculpável que, como uma matilha de predadores insensatos e sedentos de sangue, os tenham isolado, fragilizado e atacado na sua dignidade, não percebendo, paradoxalmente, que estavam a atacar o futuro dos seus próprios filhos.

Mas, mesmo feridos de morte no coletivo profissional, nunca baixaram os braços nem desistiram da escola, dos seus alunos, nem de desempenharem o melhor que sabem e podem a nobre profissão de ensinar.
Mesmo arredados das escolas, nunca deixaram de estar presentes;
presentes para os seus alunos, não só lhes incutindo a educação e valores que não vieram de casa, mas também matando a fome e o frio, saciando a sede de saber, dos afetos e da atenção que muitas vezes não tinham no seio familiar;
presentes para os pais que substituem ao longo do dia e para os quais estão presentes a horas e fora de horas para escutar, aconselhar e apoiar, mesmo quando estes não os compreendiam e não os respeitavam transpirando ingratidão;
presentes para defender com responsabilidade contra grupos de interesse e politiqueiros irresponsáveis o bastião chamado “Ensino/Educação” que é o pilar fundamental de qualquer civilização.

Atiraram-lhes à cara essa lama perfumada de hipocrisia e desdém de que “não há ensino sem alunos”. É uma realidade tão coxa como dizer que não há galinha sem ovo.
Mas… e sem professores, o que há? O que não há torna-se evidente.
não há alunos; não há instrução, educação, respeito nem civismo; não há evolução nem inovação, não há sociedade; não há civilização; não há país; não há futuro.

Quando será que os pais irão perceber que não são os políticos nem comentadores quem mais zela pelo futuro dos seus filhos?
Quando será que os burocratas fechados em gabinetes irão perceber a enorme importância dos professores que estão no terreno a fazer tudo acontecer?
Quando será que vão criar as condições para que voltem novamente a ser professores?
Digam, então, para quando está agendado o dia em que irão deixar que os professores regressem às escolas?
Façam o favor de devolverem os professores às escolas.
Não é muito o que pedem:
tempo e condições para ensinar, valorização e que os deixem ser professores.

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Cabimentaram o PND

 

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Lembrar a missão- Luís S. Braga

 

Bisneto, neto, filho e irmão de professores, este é o dia de um facto essencial da minha vida. Que não é só a profissão. E um dia bom para lembrar os que a exercem com mérito, em condições infinitamente piores que em qualquer país europeu, incluindo Portugal.
E pensar que temos de continuar a lutar pela profissão, mas com foco e senso.
A minha bisavó e a minha tia avó andavam 10 kms todos os dias entre casa e a escola, a pé.
A minha tia avó levou a primeira sanita que houve na aldeia onde começou a dar aulas e em 20 anos a dar aulas nunca morou em casas com água corrente.
A minha avó tinha 85 alunos na sua sala e criou a tradição de garantir e oferecer aos seus alunos pobres os sapatos para fazerem exames. Por ela, ninguém deixou de avançar por andar descalço. E imagino o que lhe deve ter custado a ela, pessoa orgulhosa como eu e a quem custava pedir, andar a pedir ajuda para vários alunos poderem avançar da 4ª classe. Mas valeu a pena porque, anos depois, as pessoas que ajudou a construir, reconheciam que isso era também obra sua. Outros tempos, com outras realidades, mas de que deve haver memória. E os valores essenciais de ser professor não podem ter mudado assim tanto.
No meio do desânimo justo dos precários e das discussões fúteis de “dias livres” ou “tardes de sexta livre” e de “horários a contento” dos instalados, convém não esquecer a missão, que é o que vai vencer o desânimo, se a sociedade a reconhecer mais. E a valorizar como deve.
E há pensamento e reflexão interiores a fazer entre nós.

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Aposentações vão deixar alunos sem professores

Ministério muda regra e diretores receiam vir a ter ainda mais dificuldades no preenchimento das substituições.

Reforma de professores deixa alunos em risco de ficarem sem aulas

Os professores que aguardam luz verde para se aposentar estão a dar aulas. Este ano, nas orientações enviadas às escolas, deixou de constar a possibilidade de esses docentes não terem turmas atribuídas. Uma omissão, garantem dirigentes sindicais e diretores, que irá agravar as dificuldades de preenchimento de horários, especialmente em regiões como Lisboa, onde o receio é que os alunos fiquem muito tempo sem aulas a essas disciplinas.

Pelo menos desde que Tiago Brandão Rodrigues é ministro da Educação, asseguram diretores e dirigentes, que os professores que se aposentavam no 1.º período podiam entregar um requerimento, até 30 de junho, a pedir a não atribuição de turmas no arranque das aulas, ficando a cumprir outras funções como apoios, tutorias ou coadjuvações.

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