Via verde do ensino e a transição garantida

Focando apenas nas aprendizagens, retirando da equação a assiduidade e o comportamento, temos, hoje, em Portugal, alunos a transitar ou a serem aprovados com 5, 6, 7 negativas.

Via verde do ensino e a transição garantida

Parece-me que começa a ser óbvio para todos que o que se assiste diariamente no ensino, sobretudo nesta altura de final de ano letivo onde se avaliam os alunos e se decide se transitam ou são retidos ou ainda se estão aprovados ou não para o ciclo seguinte, é uma verdadeira farsa.

Não são poucos os testemunhos que se vão lendo pelas redes sociais de professores que se queixam de terem de alterar ou de verem diretores alterar as notas dadas. A constatação desta realidade torna todo o sistema de ensino numa verdadeira farsa, onde em nome da inclusão e da flexibilidade se deve transitar todos, esforcem-se ou não, saibam ou não, tenham estado presentes, ou não, nas aulas.

 

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21 comentários

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    • Nuno on 12 de Julho de 2021 at 17:40
    • Responder

    Quem toma a decisão de aprovar os alunos com essas negativas são apenas os PROFESSORES, que não estão importados com a qualidade do ensino e não desempenham a profissão com dignidade. Querem é o ordenado ao fim do mês. Votem para reprovar e eles reprovam. Qual a dúvida? Por isso, chega de hipocrisias. Os professores devem ser professores e serem competentes. Se não são dêem lugar a outros. Imaginem as consequências se um médico também tomasse decisões semelhantes na sua profissão para não se chatear…


    1. Caro Nuno, até concordo em boa medida.
      Mas claro, fala do que não sabe (só pode…).
      Os médicos atuam exatamente da mesma forma. Os exames prescritos não são os que os médicos gostariam, são os que cumprem as regras vindas de cima (hoje em dia faz-se tudo segundo as médias, os per-capitas, etc,).
      Os tempos médios das consultas são em larga medida os traçados nos objetivos, não os que os doentes precisam.
      E os médicos, cumprem. “Não estão “para se chatear”.
      Os professores é igual.
      Mas estou de acordo, uns e outros deveriam tomar medidas para combater este economicismo tão em voga nos dias de hoje. Hoje a qualidade mede-se segundo indicadores de rentabilidade, de aparência, não de eficácia. Mas sou capaz de apostar que muitos dos que criticam os professores por não combaterem este estado de coisas, são os primeiros a defender estas avaliações quantitativas dos seus desempenhos… é o seu caso?
      Os professores, como os médicos, e muitos outros, são pessoas que dependem dos seus empregos. Não significa que o que querem “é o seu ao fim do mês”. Significa que “precisam do seu ao fim do mês”, e a situação atual das suas carreiras está montada para os pressionar de todas as formas e feitios.
      Por isso, caro Nuno, para além de dizer algumas coisas acertadas, perceba que o mundo e a vida não não são só preto e branco, tem muito cinzentos, e é nos cinzentos que temos que viver. Em vez que vir para aqui destilar críticas aos professores, devia fazer alguma coisa para que os professores possam ter condições de fazer o que acham correto. Já fez?
      Finalmente, gostei do “Deem lugar a outros”. Venham eles, onde estão? É que fala muito, muitos falam muito, mas há cada vez menos gente interessada em ser professor, porque será? Uma profissão tão, mas tão cheia de regalias e boas condições de trabalho…!!! 😀

      • Karambas on 12 de Julho de 2021 at 22:29
      • Responder

      Ó Nuno não compares o trabalho do médico so do professor.
      O professor pode errar, com o médico é mais complicado. Olha lá, o garoto passa de ano e fica todo feliz e a felicidade dá saúde, o professor não perde nada, os pais do garoto pensam que ele é uma sumidade, ainda vai para médico!!!! e ainda te vai curar !

    • Clara Oliveira on 12 de Julho de 2021 at 18:08
    • Responder

    É premiar a mediocridade, depois todos se insurgem contra rankings mas a escola publica neste momento não faz nada para “agarrar” os bons alunos, limitando-se a beneficiar aqueles que não se empenham nem trabalham.

    • Tiago on 12 de Julho de 2021 at 19:22
    • Responder

    Sou professor e atribuo a classificação conforme os critérios do Departamento. Por vezes há pressão no Departamento ou no Conselho de Turma para inflacionar classificação. Tudo depende da determinação e convicção com que se atribui a classificação. Não deixo de atribuir a classificação que penso ser justa por pressão interpreta ou burocrática. Apresento as estratégias. justificação e o Conselho de Turma é soberano. Muitos professores preferem não ter que se justificar, pois um professor que atribua classificações positivas não é questionado

      • Alberto on 12 de Julho de 2021 at 22:19
      • Responder

      Ainda bem que na escola onde trabalha não alteram as suas classificações contra a sua vontade. Eu não posso dizer o mesmo e garanto-lhe que a determinação e convicção aqui não lhe valeriam de nada. Aliás, antes das avaliações saiu da direção a informação de quantos alunos iriam reprovar por ano e quem deu as notas em conformidade, como eu, teve uma boa parte delas alteradas. No meu caso 86% das minhas notas foram alteradas sempre contra a minha vontade.

        • Alberto on 12 de Julho de 2021 at 22:30
        • Responder

        Onde se lê 86%, deve-se ler 26%.

        • Alberto on 12 de Julho de 2021 at 22:32
        • Responder

        Onde se lê 86%, deve-se ler 26%

      • Tirart on 12 de Julho de 2021 at 22:31
      • Responder

      Vai mentir para outro lado!

        • Alberto on 13 de Julho de 2021 at 11:26
        • Responder

        Tanta conversa sobre denunciar, e tal, mas se um dia alguém diz algo é porque é mentiroso.
        Depois é normal que ninguém diga nada.
        Aqui a direção gosta de pautas “lindas”, portanto ninguém passou com mais de 2 negativas.

      • Alberto on 12 de Julho de 2021 at 22:40
      • Responder

      Onde se lê 86%, deve-se ler 26%

    • Alecrom on 12 de Julho de 2021 at 19:32
    • Responder

    A educação geringonça consolida as desigualdades.

    Penso que o objetivo é mesmo esse.

    Os filhos das elites urbanas de esquerda já não estavam a ter assegurados os lugares nos cursos e nas universidades que pretendem.

    Dói, não dói?

    • Pedro on 12 de Julho de 2021 at 22:50
    • Responder

    O Veronesi tem razão naquilo que diz, mas o que verdadeiramente o faz falar é o facto de ser um laranjo-pafista, ex-colaborador de um colégio privado, que teve de sair aquando dos cortes de financiamento que a geringonça impôs. O amarelo-Veronesi, para além disso, nunca conseguiu engolir a prioridade em que concorreu (ou concorria) no concurso público. Quem não conhecer o Veronesi que o compre…

    • Manel Tavares on 13 de Julho de 2021 at 9:13
    • Responder

    Isso é verdade. Passam com 6 ou 7 negativas, carregados de faltas. Mas se faltarem à disciplina oficial do regime, podem ter 5 a tudo, podem ser considerados exemplares e solidários, podem até transitar com a opinião do Conselho de turma… Mas vem de lá o secretário de estado e toca a ficar retidos. Séc. XXI, Portugal dito democrático.

    • TE_mecanico on 13 de Julho de 2021 at 9:39
    • Responder

    Nao sei que que escolas e pais muitos destes comentadores dao aulas. Mas a verdade é que cada vez ha mais pressoes directas ou indirectas pra passar os alunos. Eu sou TE numa escola TEIP e sei bem fo q falo. Pra reprovar um aluno é uma carga de trabalhis. As reonioes de avaliacao prologam se pra infinito. ACHO ESTE POST DO ARLINDO MUITO VERDADEIRO E REAL.

    • Tiago on 13 de Julho de 2021 at 10:17
    • Responder

    Só numa escola em 2008 esse aspeto (inflação de classificações) foi agressivo por parte da Direção que queria dar seguimento à Turma + e intimidou professores para concretizar o objetivo que se tinha proposto. Dei graças a Deus de ser contratado pois no ano seguinte já lá não estava. Nesta escola deixei de preparar aulas no 2º e 3º períodos pois tinha de apresentar estratégias na direção de 15 em 15 dias.
    Foi realmente pernicioso e enganador para alunos e famílias mas foi caso único.
    Nos outros anos e escolas e foram muitas já vi classificações minhas alteradas pelo Conselho de Turma mas não me sinto desautorizado pois atribui a classificação que penso ser justa e o Conselho de Turma utiliza a prerrogativa que lhe assiste. A burocracia inerente depende mais da escola do que do M.E. e não é por isso que se deve deixar de ser justo. Não esqueço que tanto é mau para a formação do aluno uma negativa injusta como uma positiva injusta.

      • Importante on 13 de Julho de 2021 at 23:02
      • Responder

      Identifique a escola vêm aí concursos…precisamos de estar informados…

    • Zaratrusta on 13 de Julho de 2021 at 10:20
    • Responder

    Por falar em via verde: ontem, um aluno de um curso profissional, que por definição terminou o secundário com os mesmos conhecimentos com que o iniciou, foi fazer uma prova interna de acesso numa instituição de ensino superior. A prova foi de Biologia, disciplina que o aluno nunca frequentou em todo o seu percurso “escolar”. Teve a duração de 30 minutos e ao fim de duas horas já sabia o resultado. Teve 14 valores e, neste momento, já é aluno do ensino superior. Via verde de acesso, inadmissível em qualquer país desenvolvido, que permite transportar para o ensino superior a mediocridade que se inicia no ensino básico.

    • João on 13 de Julho de 2021 at 13:13
    • Responder

    É normal o conselho de turma votar duas notas para passar os alunos, se ninguém se chegar à frente para alterar a nota por iniciativa própria. Votar 3 notas, já é raro, mas ainda assim é possível.

    Se tivermos em conta tudo o que é cobrado ao professor sempre que alguém está em risco de retenção, ou quando se dá “negativas a mais” , ou a pressão que é feita pela direção, caminhamos a passos largos para que se deixe simplesmente de dar negativas. É fazer testes de verdadeiros e falsos.

    • …é só ler… on 13 de Julho de 2021 at 18:05
    • Responder

    Já é assim há muito tempo!
    …e os diretores até podem alterar as classificações dos alunos sem disso darem conta aos professores.
    …é só ler a legislação em vigor. Para tapar os olhos, falam do ribadouro.

    • Paulo on 15 de Julho de 2021 at 0:37
    • Responder

    Neste momento de Norte a Sul é o que mais se faz. Pasme-se que a pressão antes das reuniões já é enorme por parte da direção da escola, dos colegas da educação especial, e além disso ao ponto de dizerem que se o aluno não passar a reunião vai-se repetir e se mesmo assim não der vai haver recurso. Gosto também da parte de na ata ficar as estratégias que o professor utilizou e não tudo o que o aluno não fez na disciplina. Também adoro o conselho de turma numa reunião manter a posição e quando se repete a reunião já mudaram a sua postura e votam as notas dos colegas. Adoro votarem a nota do colega, aquele que desenvolveu estratégias, que desenvolveu tarefas, discursos, atividades e que o aluno por e simplesmente esteve nem aí… Então isto quer dizer que os colegas não estiveram lá na sala de aula, mas que dão um atestado de incompetência ao colega por este não ter dado positiva e eles é que sabem do que o aluno é capaz e o colega é que é um atadinho que avaliou mal e/ou não soube estimular e fazer do aluno proativo na sua disciplina. Adoro este tipo de gente das votações na nota do colega…desde sempre….

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