A saga da vacina AstraZeneca: o que hoje é, amanhã pode já não ser…  

 

Nas últimas semanas, a vacina da AstraZeneca tornou-se alvo de muitas suspeitas, de muitas polémicas e de muitas incertezas, sobretudo decorrentes dos seus possíveis efeitos secundários… Todas essas dúvidas e reservas foram consubstanciadas pela suspensão da respectiva administração por grande parte dos países europeus, há pouco tempo atrás…

 E depois de muitos “ziguezagues” a nível europeu, parece que a maior parte dos países do Velho Continente chegou à conclusão de que essa vacina poderia ser administrada a maiores de 60 anos de idade, mas que não seria aconselhável em idades inferiores a essa…

 Neste momento, parece que ninguém arrisca afirmar, com plena certeza e convicção, que os efeitos secundários dessa vacina, reportados por vários países, não são impeditivos da sua toma, ou se, pelo contrário, devem impedir tomá-la, pela sua insegurança…

 As muitas notícias que vão chegando diariamente são contraditórias entre si e não têm permitido esclarecer cabalmente se é ou não seguro tomar tal vacina… A comunidade científica parece estar dividida quanto à prescrição incondicional da respectiva toma e a inexistência de unanimidade quanto à gravidade de possíveis efeitos colaterais parece evidente…

 Face a tantas incertezas científicas e a tantas contradições, o bom senso e a prudência aconselhariam a adiar, por mais algum tempo e até serem recolhidas suficientes evidências sobre o problema, a administração dessa vacina e/ou, em alternativa, administrar outra que não suscitasse tanta celeuma e que não gerasse tantos receios…

 Contrariamente à perspectiva da prudência, numa primeira abordagem ao problema, no nosso país enveredou-se pela via da chantagem, dirigida aos cidadãos que trabalham em contexto escolar, sob a forma “suave” de aviso: a lembrar as odiosas Listas Negras ou a Caça às Bruxas de outros tempos, os que optassem por não tomar a referida vacina, passariam para o fim de uma hipotética lista, conforme foi veiculado por alguns meios de comunicação social (Notícia do Jornal Público em 19 de março de 2021, citando o Coordenador da task force)…  

Por outras palavras, enveredou-se pelo pior caminho: em vez de se terem apresentado argumentos e dados objectivos que inequivocamente esclarecessem os cidadãos sobre os efeitos secundários da vacina ou, em alternativa, se ter assumido o desconhecimento face a tais efeitos, deixou-se implícito que, aqueles que não aceitassem a respectiva toma, sofreriam consequências punitivas, uma espécie de “castigo”, por terem ousado colocar em causa a escolha de tal vacina por parte das Entidades de Saúde/Governo…

 O recurso à chantagem é sempre, absolutamente, inaceitável, sob todos os pontos de vista… Nunca há liberdade de escolha quando se é alvo de chantagem. Quando muito, tenta-se mascarar a imposição…

 Dessa forma, não se dissiparam nem se esclareceram quaisquer dúvidas. Apenas se contribuiu para a contestação e para a oposição à toma da vacina por parte de alguns, reacção natural de alguém quando se vê confrontado com uma (mal disfarçada) obrigatoriedade sem fundamentos convincentes, patente neste tipo de afirmação: ” a toma da vacina da AstraZeneca não é obrigatória, mas…”. E o problema reside quase sempre no “mas”…

 E a principal questão suscitada por este problema não reside propriamente no facto de os cidadãos não poderem escolher a vacina que pretendem tomar… A questão fundamental é verem-se obrigados a aceitar a toma de uma vacina insuficientemente estudada, cujos verdadeiros efeitos secundários ainda não se conhecem… E os que se conhecem levantam a hipótese de existir uma correlação positiva entre a toma e o aparecimento de alguns sintomas graves e preocupantes…

Se assim não fosse, que motivos existiriam para que o Governo, de um dia para o outro, tivesse agora decidido desaconselhar a toma da vacina AstraZeneca a menores de 60 anos?

 Já se percebeu que em Portugal não há efectivamente uma estratégia fiável e confiável quanto à administração de vacinas: vai-se “navegando com terra à vista”, a reboque de “ventos inconstantes” e conforme “as marés”…

A ilustrar tal “desnorte”, o Governo mandou tomar a 1ª dose da vacina AstraZeneca aos docentes do Ensino Pré-Escolar e do 1º Ciclo em 27 e 28 de março, mas onze dias depois, ou seja em 8 de abril, suspendeu o plano de vacinação anteriormente previsto para os restantes níveis de ensino e comunicou que, afinal, tal vacina passaria a ser administrada apenas a maiores de 60 anos… Num curto espaço de tempo, 11 dias apenas, tudo mudou: as certezas anteriores parecem ter-se esvanecido e a confiança irrevogável na vacina também…

 Os sábios da DGS, nas palavras da respectiva Directora-Geral , esperam, no entanto, e apesar de tudo o anterior, que tomemos a vacina da AstraZeneca sem qualquer tipo de contestação ou de reserva; que depositemos uma fé inabalável em entidades de saúde que, no último ano, se contradisseram várias vezes e de forma quase anedótica e patética; e que, depois de a tomarmos, aguardemos serenamente, mas muito vigilantes, por possíveis sintomas adversos provocados pela mesma…

E se, porventura, acontecer o pior a alguém, também não será dramático porque um bem maior se sobrepõe sempre a algumas perdas menores…

 Todas as vacinas comportam riscos, mas, no caso presente, parece que algumas mais do que outras… E sem querer entrar em campanhas alarmistas ou enveredar por infundadas “teorias da conspiração”, não pode deixar de se questionar a fiabilidade da vacina da AstraZeneca, à luz dos dados conhecidos até agora… Não parece plausível que tantos países europeus se mostrem tão cautelosos em relação à vacina AstraZeneca, se efectivamente não encontrassem justificações para adoptar essa conduta…

 Ainda assim, a toma ou não desta vacina deve ser um acto de decisão individual, a avaliar por cada um, de acordo com as informações que cada um considere pertinentes e atendíveis…

  

(Matilde)

 

 

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8 comentários

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  1. Lúcida, como sempre!

      • Atenta on 10 de Abril de 2021 at 14:31
      • Responder

      Matilde, quero felicitá-la pelo texto aqui publicado em virtude de espelhar toda esta PALHAÇADA e INSEGURANÇA.
      Eu apanhei a primeira dose no dia 28 de março por questões de pressão social, e de não ter de ficar para as últimas de uma ficticia lista de espera….
      Hoje, e face descrédito nos cientistas, políticos e demais acéfalos letrados que me rodeiam, não só recusarei a segunda dose, seja ela qual for, como dou por terminada a injeção de veneno no meu corpo.
      Continuo, desde a toma do veneno Astram…., a ter dores musculares, cansaço e náuseas. CHEGA!

    • Guida Lemos on 10 de Abril de 2021 at 13:39
    • Responder

    Temos sempre a escolha de dizer NÃO. Foi o que respondi à convocatória para a vacinação. Recuso-me a tomar uma vacina na qual não tenho confiança independentemente das consequências.

    • Alecrom on 10 de Abril de 2021 at 14:18
    • Responder

    Olá, Matilde.

    Agradeço este outro/novo texto.

    Colega,
    o problema está ultrapassado,
    agora vamos dá-la só aos velhos.

    Quem,
    mais jovem,
    tomou a 1.ª dose…
    logo se vê.

    Declarações de interesse:
    – não conheço a colega Matilde;
    – aprecio muito os textos da colega Matilde.
    – sou um dos velhos.

    • João Almeida Pinto on 10 de Abril de 2021 at 14:28
    • Responder

    Instalou-se o pântano, também na Saúde (afinal não é só na Justiça). Quem nos garante que a vacina que tomarmos não será a da AstraZeneca?
    Enfim, morrer da doença ou da cura? That is the question!

    • Maria on 10 de Abril de 2021 at 20:48
    • Responder

    Temos a possibilidade de dizer não. Foi o que eu fiz, assumindo que não liguei à pressão política e social. Até neste blog foi publicado um artigo desprezível, pelo próprio Arlindo, se bem me lembro, a dizer que já tinha ido levar a vacina e que não tinha custado nada, e onde procurava envergonhar quem tinha dúvidas. Um pedido de desculpas ficava bem ; afinal, os das dúvidas tinham alguma razão. Não sei, digo eu…

      • Prof on 10 de Abril de 2021 at 22:05
      • Responder

      Também a vacina da Johnson provocou na América 4 casos das tromboses, um deles fatal. Chegas destas drogas feitas á pressa.

      Resistam á pressão! Cuidado com as restantes. O chip não é uma fantasia!


  2. Confesso que ao ler os textos da Matilde, fico com a sensação reconfortante de que – dentro da classe docente – ainda há quem mantenha a plena posse das suas faculdades mentais.
    No meio disto tudo, dá vontade rir (ou de chorar) ver aqueles chicos-espertos que se põem a comparar a percentagem de efeitos adversos da AstraZeneca com a percentagem de efeitos adversos da pílula e do tabaco, em vez de compararem a percentagem de efeitos adversos da AstraZeneca com a percentagem de efeitos adversos das vacinas da Pfizer ou da Moderna, por exemplo.
    Coisa mais triste…

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