Mais 3 anos neste escalão e sem ser avaliado…

 

Em tempos houve uma senhora que teve o despautério de afirmar que os professores não eram avaliados, anos mais tarde recusou ser avaliada como professora e ainda chegou a reitora. O sistema de avaliação docente em vigor criou essa possibilidade, a não avaliação docente por períodos de, pelo menos, 3 anos. 

Como é possível que lhes tenha escapado esta consequência? Como é possível, os iluminados da ADD, terem falhado, assim, tão estrondosamente? 

A ânsia, meus amigos, a ânsia de poupar uns trocos e impedir os professores de progredir na carreira mais um ou dois degraus. 

Eu explico para quem ainda não percebeu sobre o que estou a escrever. 

Um docente que esteja no 4.º ou 6.º escalão da carreira docente e por força da sua avaliação de “bom” ou pela escassez de cotas, no seu agrupamento de escolas, para poder progredir ao 5.º ou 7.º escalões, vai ter que permanecer no atual escalão mais e no mínimo 3 anos. Durante esses 3 anos esses docentes não vão ser sujeitos a qualquer tipo de ADD. Sim, não vão ser avaliados. Estes docentes têm, apenas, de esperar uns anos para conseguir uma vaga para poder progredir ao próximo escalão. Sim, eu disse apenas esperar. E até podem esperar sentados. A legislação foi tão bem pensada e redigida que não previu nada mais do que um espera. Aliás, a legislação refere que os docentes não podem ser sujeitos a duas avaliações no mesmo escalão, por isso é só ESPERAR. 

Ora bem, se só têm de esperar, se não lhes é permitida uma nova avaliação, não necessitam de formação continua ou descontinua, não necessitam de se esforçar e esmerar a fazer planificações mensais e anuais, não têm necessidade de elabora instrumentos de suporte a essas planificações ou partilhar conhecimentos. Também não verão muita necessidade em organizar u processo de verificação do processo de ensino/aprendizagem muito elaborado, ou preocupar-se com a monotorização da sua atividade para a reorientação da planificação sempre que as estratégias não estejam a surtir os efeitos que o ME tanto gosta de admitir como de sua grande responsabilidade. 

A participação na escola, destes docentes, pode muito bem ficar reduzida a “dar aulas” e cumprir o seu horário.  A coordenação e supervisão vai ter que ser distribuídas por docentes que não estejam ”encravados” e desmotivados para o exercício dessas funções tão importantes entre todo o trabalho docente. E, participar nos órgãos de administração e gestão das escolas também não vai servir de nada, pois, não irá servir mesmo para nada. 

A organização de atividades que visem a articulação com outras entidades e pessoas que fazem parte da comunidade educativa “alargada”, também de nada servirá a não ser para gastar tempo e paciência, pois em nada beneficiará estes docentes no que diz respeito ao tempo em que vão estar congeladíssimos. 

A motivação, motor da evolução de qualquer cidadão ou sociedade, não é “coisa que vá assistir” a estes docentes. 

E a razão dessa desmotivação é, apenas, 7 milésimas do orçamento de estado, repito SETE MILÉSIMAS DO ORÇAMENTO DE ESTADO, 3.288.595,26€ 

E isto num país que gasta 3.210.000.00€ com transportes de deputados num ano. 

 

 

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2021/03/mais-3-anos-neste-escalao-e-sem-ser-avaliado/

15 comentários

Passar directamente para o formulário dos comentários,

    • Rui Monteiro on 6 de Março de 2021 at 9:47
    • Responder

    Não há falta de cotas. Isso é o que há mais. O que há mesmo é falta de quotas.

      • Manuel on 6 de Março de 2021 at 12:45
      • Responder

      O colega deveria saber que embora seja também considerada sinónima de “quota”, há alguns linguistas que defendem que se trata da mesma palavra…
      Quanto ao resto e ao fundamental, o colega não acrescenta nada à discussão. Como o nosso povo na sua imensa sabedoria “mais valia estar calado”.

    • Custos on 6 de Março de 2021 at 10:10
    • Responder

    Há um erro gravíssimo nesta argumentação. Por não serem avaliados não significa que não tenham de cumprir os dever estabelecidos no ECD e o não cumprimento desses deveres sujeita o docente a um processo disciplinar.
    Além disso terão de entregar na mesma a autoavaliação.

    O senhor Rui Cardoso não acerta uma, mas desta vez foi mais grave pois esta a induzir em erro os colegas com potenciais graves consequências.

    E nas contas que fazem só ignoram a principal poupança destas medidas.
    Vou dar-lhe uma pista, que tem a ver com algo que é proposto na petição.
    Qual é o “custo” desta proposta “A recuperação de todo o tempo de serviço dos docentes que estiveram presos nas listas de vagas, para efeitos da contagem do seu tempo de serviço na carreira docente”? Façam melhor o vosso t.p.c. porque o que fizeram está muito incompleto.


    1. Apesar de concordar que o Rui Cardoso é uma radical da luta, ele aqui tem toda a razão no essencial.

      Quem fica parado à espera de quota, para além de não ter qualquer vantagem em desenvolver qualquer trabalho para lá do mínimo, quer em quantidade quer em qualidade, fica também altamente revoltado com a situação, com inevitável, e compreensível , reflexo no seu trabalho em todos os anos futuros (pelo menos enquanto se lembrar…).

      E assim é que deve ser. Pois quando tudo se faz para acabar com o exercício “amador” da profissão, resta ser-se profissional. E um profissional faz o que lhe pagam para fazer. Só. E não faz o que não lhe pagam para fazer. Isso são os “carolas amadores” de antigamente.

      Infelizmente os professores são ainda muito mais “amadores” que profissionais. Quem põe e dispõe como lhe apetece, quem exige este “profissionalismo” não merece o “amadorismo” que recebe. Mas que muitas vezes me parece que espera, e deseja, que aconteça. E acontece. Os professores resolvem sempre os problemas SEM QUALQUER tipo de compensação adicional. E agora (…) ainda lhes dizem que não podem progredir por causa das quotas… talvez consigam acabar com o “amadorismo” de uma vez!

    • N.Ribeiro on 6 de Março de 2021 at 11:12
    • Responder

    Monitorização.

    • Marcie on 6 de Março de 2021 at 13:42
    • Responder

    “A participação na escola, destes docentes, pode muito bem ficar reduzida a dar aulas” . E não será essa a missão de um professor, dar aulas?! E acabar de vez com as tarefas administrativas, burocráticas e participações, involuntárias, em tudo o que são projetos? Há sempre alguém nas escolas que gosta de assumir cargos, fazer projetos, do trabalho burocrático, com imaginação fértil em criar grelhas e “grelhados”. Deixem que gosta de ensinar, simplesmente ensinar. Cargos e burocracias deviam ficar para os docentes com motivação para tal. Afinal, esses têm sempre quota para um Excelente.

      • Falcão on 6 de Março de 2021 at 18:16
      • Responder

      Ohhh Marcie! Arre porra, até que enfim encontro alguém que pensa exatamente como eu!
      “Deixem quem gosta de ensinar, simplesmente ensinar!” É isso tudo! E larguem-me da mão car%$&%$!!!

    • SEMRASTO on 6 de Março de 2021 at 14:35
    • Responder

    Estou presa no 6.º escalão.
    Sou do grupo 110 e fui avaliada pelo grupo 300. Porque na escola que estou o grupo 110 não tem qualquer representante.
    A avaliação é de 2018/2019 só tive conhecimento da mesma em 23 de novembro de 2020. Entrei para a lista negra em 24 de julho de 2020, e eu sem saber.
    Fui impedida pelo diretor de frequentar as ações de formações necessárias por me encontrar de atestado médico.
    Fiz uma formação de 15 horas com 10 valores e no item referente à avaliação aparece 6,5.
    Reclamei, e fui informada que se não fiz a formação que fizesse.
    Recorri, e fique a saber que não houve nenhum erro administrativo que a avaliação foi muito bem feita.

    E agora resta-me o quê?
    Alguém me pode informar…

      • Zulmiro on 7 de Março de 2021 at 1:38
      • Responder

      Resta-te esperar pela vaga…

    • João Almeida Pinto on 6 de Março de 2021 at 15:01
    • Responder

    Mais do que necessário, é urgente a reformulação deste modelo de avaliação! Um modelo autofágico, que se consome a ele próprio negando os princípios para os quais foi criado.
    Senão vejamos.
    Um modelo de avaliação que permite que, em determinadas etapas de uma carreira os seus profissionais, sejam relegados para uma ‘lista negra’ e, em consequência, não vejam o seu desempenho avaliado, só pode ter um fim natural – o da sua revogação.
    Qualquer cidadão comum compreende isto. Compete-nos, por isso, numa ação pedagógica, explicar o óbvio: um modelo de avaliação do desempenho que se nega a ele próprio, contribuindo para a sua não efetivação, não é sequer digno desse nome.
    Trabalhemos sim, no desenho de um novo paradigma que dignifique o ensino e uma classe, cujos profissionais, como afirmou o nosso PR, são os melhores do Mundo!

    • Aida Neves on 6 de Março de 2021 at 17:17
    • Responder

    Tenho 29 anos de serviço, 4º escalão! Mudei em dezembro de 2009, esperando vaga. Está tudo dito…

    • Júlia on 6 de Março de 2021 at 17:21
    • Responder

    Por erro de análise e falta de intuição (e também por falta de um devido esclarecimento de quem devia ter-me alertado para essa situação) sobre o que estava em causa, solicitei a mobilização da última avaliação para o actual ciclo avaliativo (que devia terminar no final do ano lectivo de 2019-20 mas que se prolongou até ao início de 2021), em que tive aulas assistidas; acontece que agora entendi que essa avaliação (Bom) iria colocar-me em espera de vaga para progredir do 4º para o 5º escalão e que afinal não seria avaliado, pelo que pergunto se ainda é possível, em termos legais, reverter essa mobilização e solicitar que seja avaliado e assim ter a possibilidade de ter uma avaliação qualitativa de Muito Bom ou Excelente.
    Não está em causa a mudança de escalão em si (porque até porque as quotas já devem ter sido todas preenchidas) mas só e apenas precaver-me para as eventuais mudanças (constantes) que é feita à avaliação de desempenho docente por parte do Ministério da Educação.
    Agradeço, por favor, a quem possa ajudar-me nesta questão; obrigado.

    • Cury1 on 6 de Março de 2021 at 17:22
    • Responder

    Quem está de atestado médico não está impedido/a de frequentar Formação. Há legislação sobre isso.

    • Falcão on 6 de Março de 2021 at 18:13
    • Responder

    Mas… quem é o Rui Cardoso?

    • Revoltada on 6 de Março de 2021 at 22:43
    • Responder

    Boa noite caros colegas
    Acompanho as V. angústias mas reparem que nessas mesmas Escolas em que lecionam ainda existem colegas vossos mais defraudados nas expetativas. Os Psicólogos mais antigos e isto até ao último concurso a nível nacional (1997) foram contratados como Docentes de Técnicas Especiais (Carreira Docente). A determinada altura mudaram-nos para a carreira Técnica Superior. Para evoluirmos estamos dependente do SIADAP e há escolas que nos respondem que têm de distribuir as avaliações não só por nós como pelos assistentes operacionais e técnicos administrativos ( sem desmerecimento para ninguém pois também os há com Licenciaturas e outros graus académicos a desempenharem estas funções). Somos bombeiros para todos o serviço muitas vezes pedindo intervenções clínicas a psicólogos com formação escolar , do género dentista e oftalmologista sabem fazer o mesmo partindo da premissa que são ambos médicos. Quando alertados mostram desagrado. Ou “lambe-se” a Direção ou a classificação não sai do BOM. Resultado 10 anos para progredir ao índice seguinte! Pode-se ter Pós-Graduação ,Mestrado ou Doutoramento que não se passa da cepa torta.
    O meu marido é docente (professor), começou depois de mim, com uma Licenciatura de 4 anos e já me passou à frente. Já vai no 4º Escalão a caminho do 5º Escalão. A minha antiga colega de quarto e da primeira Licenciatura que tirei, sendo apenas 3 anos mais velha que eu, como docente, já está, salvo erro, no 9º escalão com 2000€ por mês. Eu não passo dos cerca de 1300€ porque quando houve o concurso para psicólogos principais
    (segundo a antiga nomenclatura) nem todos souberam. Os que souberam tiveram de solicitar nas escolas Excelente. A minha só dá Excelentes aos “amigos”. Mesmo esses que passaram a Psicólogos Principais quando foram para os Açores foram encontrar os colegas em Psicólogos Assessores ( patamar acima).
    Afinal falamos nas desigualdades e ombreamos com elas nas Escolas do Continente e nas Escolas Insulares. Há mais do que um Portugal!

    Porque não nos unimos todos e lutamos.

    Aprendi isto em 2 Contos que a minha professora da 4ª classe nos ensinou:

    A fábula O FEIXE DE VARAS foi primeiro narrada por Esopo, no ano 600 A.C. Depois, foi recontada por La Fontaine em 1675, sob o título O Ancião e seus Três Filhos.

    Ambas trazem a mesma moral – representam o ditado popular de que a união faz a força.

    Agradecia que refletissem, porque Lado a Lado vamos mais longe

Responder a Júlia Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado.

WP2Social Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
Seguir

Recebe os novos artigos no teu email

Junta-te a outros seguidores: