Escolas fechadas. E agora, o que fazer?

Escolas fechadas. E agora, o que fazer?

“Escolas fechadas. E agora, o que fazer?” Adiantamos já que nem tudo está perdido. Poderá ser mais uma oportunidade para reformular e melhorar vários aspectos no ensino: ensinar menos, para se aprender melhor e inovar nos métodos de ensino e de avaliação.

Embora no plano teórico as escolas sejam locais seguros, é preciso não esquecer que são responsáveis pela circulação diária de milhões de pessoas, entre alunos, professores, pessoal não docente, pais e encarregados de educação, entre outros, facto que aumenta o risco de transmissão do vírus, (sobretudo “a variante inglesa”). Era, por isso, urgente o seu encerramento, já que, se é verdade que a educação é um direito inalienável de todas as crianças e jovens, a protecção da saúde e da vida é o direito capital. Sabemos que é mau, mas pior será perder a vida. Foi pena não termos agido preventivamente. Agora que as escolas estão fechadas, é tempo para reflectir sobre o que fazer, a curto, médio e longo prazo.

A curto prazo é preciso começar a preparar o regresso ao ensino a distância. Sabemos que, com esta modalidade, as injustiças sociais que já existem e que, ano após ano, continuam por resolver, se poderão agravar e, por isso, é fundamental que todos os organismos responsáveis diagnostiquem e acompanhem todos os casos de alunos mais vulneráveis e os apoiem.

A seguir, é importante migrar para um ensino misto, ou seja, presencial e online, por forma a diluir a presença de alunos nas escolas. As aulas presenciais deveriam ser só para os mais novos e para disciplinas mais práticas. Várias universidades optaram por este modelo, desde o início do ano lectivo, e com sucesso.

A médio prazo, mas ainda para este ano, é preciso reformular os programas escolares, no sentido de ensinar menos para se aprender melhor.

Por isso, sugerimos:

  1. Reavaliar os programas, diminuindo a quantidade de conteúdos para se apostar na qualidade das aprendizagens;
  2. Repensar as práticas pedagógicas, abandonando as aulas expositivas e metodologias passivas, recorrendo a práticas mais activas e que requeiram mais a participação e acção dos alunos, ajudando-os a desenvolver a sua autonomia na construção do seu saber, com actividades e formas de trabalho diversificadas; educar para a autonomia, dando os objectivos e orientando a pesquisa.
  3. Repensar as actividades curriculares e extracurriculares propostas aos alunos, apostando em actividades mais práticas e mais úteis para a vida (por exemplo, incentivar a realização de outro tipo de trabalhos de casa, tais como: construir hortas biológicas, prestar serviços à comunidade, ajudar os pais, entre outros);
  4. Reconsiderar os recursos educativos utilizados, indo mais ao encontro de recursos que trazem maior motivação às novas gerações, com a utilização e com a efectiva integração nas aulas das novas tecnologias, ajudando os alunos a lidar, como terão de fazer na sua vida adulta, com as vantagens e desvantagens do seu uso;
  5. Repensar as práticas avaliativas, tornando efectivamente a avaliação formativa, mais reflexiva, mais contínua e mais ao serviço da aprendizagem, regulando e melhorando o processo de ensino e de aprendizagem, e não como sendo externa a esse processo;
  6. Abandonar a hegemonia do teste como instrumento de avaliação único e rigoroso, quando sabemos que este avalia apenas um conjunto muito limitado das competências previstas no “perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória”, diversificando instrumentos para dar aos estudantes oportunidades verdadeiramente justas de demonstrarem as aprendizagens e as competências desenvolvidas;
  7. Reavaliar a utilidade e as vantagens dos exames nacionais do 9.º ano. Se estes podiam fazer algum sentido quando a escolaridade obrigatória se prolongava apenas até ao final do 3.º ciclo, agora que esta foi alargada até ao final do ensino secundário não trazem nenhum benefício. Pelo contrário, provocam grande pressão em professores e alunos, levando à degradação das práticas lectivas que se concentram na preparação dos alunos para o teste e não na aprendizagem de qualidade, como tem vindo a demonstrar a investigação na área;
  8. Analisar as vantagens de introduzir de forma permanente as alterações introduzidas no ano lectivo anterior nos exames nacionais do ensino secundário que conduziram a melhores resultados, mais próximos das avaliações internas.

 

No entanto, para que o ensino a distância tenha eficácia, é fundamental assegurar que todos os alunos têm acesso a equipamento tecnológico, com dados móveis (plafonds recarregáveis pelas escolas de acordo com as necessidades por ciclo de ensino). Mas também é fundamental apoiar as famílias que não podem ter os filhos em casa sozinhos.

Aproveitemos esta pausa para reflectir, melhorar o ensino a distância, reduzir os programas e melhorar as actividades curriculares e extracurriculares. É essencial a formação de professores, a médio prazo, e igualmente a renovação da classe docente.

As comunidades escolares devem analisar as boas práticas relacionadas com o ensino remoto de emergência decorrido durante o primeiro confinamento, fazendo uma (auto)reflexão e partilha das pedagogias digitais adoptadas, para estarem mais e melhor preparadas, mostrando-se capazes de recriar as suas estratégias pedagógicas e de se adaptar às realidades contextuais. Esta será uma forma de valorização do seu papel social e educativo durante a pandemia.

 

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10 comentários

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    • Mira on 26 de Janeiro de 2021 at 18:43
    • Responder

    pronto … ja começam outra vez a inventar…

    aqui nao ha nada a inventar neste ensino de EMERGENCIA a distancia, so pode existir uma coisa … pc+net para alunos e profs que nao a tem realmente

    nisso dependemos da prática do nosso querido ministro da educacao

    • Alecrom on 26 de Janeiro de 2021 at 20:47
    • Responder

    Aleluuuuuiiiaaaaa!!!

    https://m.youtube.com/watch?v=RyFIpwarJSQ

    • Rui Manuel Fernandes Ferreira on 26 de Janeiro de 2021 at 22:07
    • Responder

    Irra…

      • Matilde on 27 de Janeiro de 2021 at 18:15
      • Responder

      30 vezes “irra”!

      (Digo eu…) 🙂

      E, já agora, o que serão “boas práticas”? (É um termo que me deixa sempre um bocadinho encanitada…)…

    • JJM on 26 de Janeiro de 2021 at 22:34
    • Responder

    Mais uma pérola escrita em pedoguês. Não assinada. Outra vez com o bla bla bla, das aulas expositivas, das avaliações, motivações e mais bla, bla, bla.
    Os livros de pedagogia, de didática, de psicologia do desenvolvimento e demais disciplinas do pedoguês faz tempo (muitos, muitos anos) que dizem o mesmo, e aos anos (muitos anos) que o ensino deixou de ser como parece estar implícito nas linhas do pedoguês.
    Por outro lado, na mesma linha de raciocínio, os adultos de hoje teriam tido ensino expositivo exclusivamente, e, provavelmente, além de incompetentes, seriam traumatizados pelas avaliações. Isto para além de terem tido, enquanto estudantes, pelo menos mais um mês de férias do que na atualidade, pois como é sabido a escola jamais iniciava antes de 8 de outubro.
    Pela velocidade que os adultos manifestam desenvolvimento na medicina, tecnologia, engenharia, etc, Só posso imaginar como estaria muito mais desenvolvido o mundo se os adultos não tivessem tido aquele ensino expositivo miserável, traumatizador e desmotivador.
    Cito o que o pedoguês preconiza para o estudante : ” indo mais ao encontro de recursos que trazem maior motivação”.
    Imagino o que os professores terão de fazer se os alunos estiverem motivados o trabalho ou a escola “à fava”.

    • João on 26 de Janeiro de 2021 at 22:49
    • Responder

    Xiça: Ela há gente muito desocupada, o que é preocupante por dois principais motivos:

    1. Porque provavelmente são os portugueses que lhes andam a pagar o ordenado, para passarem o tempo a plagiar/inventar teorias inúteis.
    2. Porque existem uns desgraçados que são “obrigados” a perder o seu próprio tempo e energia para aplicar as referidas teorias “da treta”, apenas para legitimar o ordenado destes pedagogos com o disco riscado.

    • Espoxitivo_q.b on 26 de Janeiro de 2021 at 23:18
    • Responder

    Pronto…
    Já começam a vir a terreno os doutos doutores e afins. A cartilha dos anti aulas expositivas, os modernaços da escola do sec XXI. Já iniciaram o apregoar das suas balelas. Só teoria…gostavas de os ver numa escolinha real.
    Estes devem ser os autores do esplendido inquérito da tão apregoada “capacitação digital” , elaborada pela instituição a que estes senhores parecem pertencer.
    Aulas expositivas, qual o mal?! Depende do grau, duração e do contexto em que ela é feita. Vamos às universidades e não vemos outra coisa do que aulas expositivas. Participamos em webinares desta gente e não vemos mais nada do que intervenções expositivas. Blá…blá…blá…
    Esta história de dar a “palha” e o aluno é que encontra o caminho para chegar a ela e depois faz a construção do seu próprio saber…uma maravilha…do tipo acabei de inventar a roda.
    Currículo!? Todos sabemos que ele é demasiadamente extenso com pandemia ou sem pandemia, com E@D ou presencial! Grande descoberta!
    E depois acham que aquilo que se fez com os exames, com aquelas opções disparatadas é para continuar, e tornando-as permanentes(género totobola -tripla-qualquer que seja a resposta acertas sempre?! Não estaremos a cair no erro, mais uma vez de nivelar por baixo?!
    É só eduquês !

    • Carlos on 27 de Janeiro de 2021 at 11:25
    • Responder

    Mais do mesmo. Teorias que não se aplicam na prática. Só aceito teorias destas depois de realmente comprovadas no terreno, e não mais do “o professor tem de fazer tudo até o aluno passar. E se o aluno não quiser passar de todo, o problema continua a ser do professor que não o conseguiu motivar”. Tenham dó e abram os olhos para a realidade e deixem-se de fantasias. E o primeiro que quiser que venha dar as minhas aulas onde tenho alunos que não querem saber de nada e só estão à espera de fazer 18 anos para sair da escola.

    • ana duarte on 27 de Janeiro de 2021 at 17:51
    • Responder

    Estamos na era do flexibês… só dá vontade de rir!
    O que interessa é que eles brinquem às escolinhas. Não conseguem marcar golo numa baliza de sete metros?. Não faz mal, não se exige… faz-se uma baliza de 15, e pode ser virtual, nem precisam de conhecer uma baliza real… aha ah
    Aí estão as desigualdades: quem pode procura um ensino de qualidade, quem não pode vai continuar à porta do elevador (social), porque tem políticos que não merece e professores cúmplices do sistema. Agora, está na moda a avaliação formativa, a diversificação de instrumentos de recolha de informação, o foco nos alunos…blá, blá.. coloquem o foco no conhecimento… Exijam um pacto para a educação a 20 anos, avaliem o trabalho feito nas últimas duas décadas.

    • Maria on 28 de Janeiro de 2021 at 9:10
    • Responder

    Sinceramente, ainda não percebi isto das escolas encerradas e apenas escolas de acolhimento a funcionarem!
    Digo isto, porque sendo professora numa escola que não é de acolhimento, AE Gil Eanes em Lagos, existe uma escola do agrupamento, escola das Naus, que está a receber meninos…. Ora, se era para isto, porque se dão ao trabalho de fazer um mapa de escolas de acolhimento se cada Diretor faz o que quer???????

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