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Jan 09 2021
Passou apenas uma semana desde o início do 2º Período Lectivo e, em muitas escolas, já começou uma corrida verdadeiramente desenfreada e vertiginosa, tendo como meta um derradeiro clímax, atingido pela prescrição de imperiosas tarefas, inadiáveis, urgentes e prioritárias, todas obrigatórias, mas muitas sem justificação efectivamente atendível…
Apareceram, como que por uma inverosímil geração espontânea, convocatórias para inúmeras reuniões, disto, daquilo e daqueloutro; canais de comunicação “entupidos” com inúmeras solicitações e catadupas de pedidos de elaboração de documentos, da mais variada ordem e natureza: estratégias, procedimentos, metodologias, para tudo e para todos e também para todas as modalidades possíveis de ensino (presencial, a distância, misto, ou qualquer outro que entretanto se tenha inventado…); análises de resultados por disciplinas, por turma, por ano, por altura e peso dos alunos e pela cor dos respectivos olhos; relatórios de tutorias, mentorias, articulações várias, entre muitos outros…; estratégias de remediação por aluno, por turma ou pelo que se queira… Tudo isto sem nexo e sem “fio condutor”, mas com muita fantasia, traduzida por uma enorme capacidade inventiva e criativa…Tanta pretensa proactividade e tanto dinamismo ilusório! E é simplesmente assim, porque sim…
A alucinação, o desvario e o frenesim são notórios. Por um lado, parece ignorar-se ou negar-se o facto de estarmos a viver numa pandemia sem fim à vista, com todos os constrangimentos, limitações e inquietações introduzidos pela mesma; por outro, parece que alguém descobriu que o Mundo vai acabar dentro de poucos dias e que o Final tem que ser épico e homérico, em termos de exigências sobre terceiros.
Os terceiros, desventurados e atormentados, além de terem que trabalhar, suportando as agrestes condições climatéricas que se fizeram sentir nos últimos dias (pois, que não têm gabinetes climatizados nem equipados com ventilação mecânica e por isso não podem fechar portas ou janelas…), ainda têm que responder positivamente às bateladas de solicitações que lhes são endereçadas. Espera-se dos terceiros que o seu espírito de missão seja inabalável e confia-se na sua inquestionável solicitude. O espírito de missão e a solicitude permitir-lhes-á, por certo, eleger o trabalho como prioridade máxima e suprema e ignorar todas as restantes esferas da sua vida. Ou até mesmo, quiçá, prescindir de ter vida para além do trabalho…
De acordo com tais crenças, formulam-se exigências, seguidas de mais exigências, sem se saber, muitas vezes, para que servem ou que eficácia ou pertinência têm. E mesmo que os terceiros, legitimamente, se sintam assoberbados e asfixiados com o número infindo de tarefas exigidas, isso não é muito relevante porque também se espera deles que estejam perfeitamente capacitados para momentos de grande provação… Ironicamente, talvez, mais tarde, venham a ser granjeados com inúmeras homenagens, realizadas por quem, na certa, nunca os respeitou nem os reconheceu… Acredita-se que isso bastará para que continuem em silêncio e muito confiantes num futuro esperançoso… Sim, porque na Educação, não se pode fazer por menos…
E o mais incompreensível e inaceitável é que essa tamanha exigência, sobretudo em termos de “produção em linha”, “em série” ou “em massa” de documentos, de que Adam Smith, por certo, se orgulharia, serve quase sempre e apenas para ficar arquivada em dossiers (nem sempre bem guardados, diga-se…) ou, se se preferir, em stock… Muitas resmas de documentos que praticamente ninguém lê ou se lê, na verdade, não releva… Por absurdo, patético e paradoxal que pareça, habitualmente é assim…
Ou melhor, serve, em primeira instância, para gerar preocupações e trabalho acrescidos a quem tem que elaborar esses documentos, mas, em termos práticos, os seus reflexos ou efeitos são praticamente nulos… Mas, em todo o caso, também servirão para serem mostrados, com pompa e circunstância, naquelas ocasiões em que a escola é visitada pela IGE… A IGE, esse “bicho papão”, tido por alguns como um devorador insaciável de papéis…
E, além do mais, evidências não são papéis, são acções concretas e visíveis… E, pior, é quando se constacta que os papéis não têm correspondência com as acções, ou seja, no papel diz que se fez, mas a realidade não diz que foi feito; ou quando os papéis mostram apenas um conjunto de intenções que não teve qualquer relevância prática…
Enfim, tais dossiers constituem-se, nas escolas, como uma espécie de “troféus”, objectos exibidos com fins iminentemente ornamentais, verdadeiras panóplias…
Quem pára esta alucinação? Por onde andam os responsáveis pela coordenação e supervisão pedagógica? Não querem, não sabem ou têm medo de agir? E tudo isto vai sendo aceite e interiorizado, como uma espécie de “fatalidade convencionada” que se vai perpetuando no tempo… Mas isto não pode ser aceite como a “normalidade”… Já temos que baste em matéria de fenómenos perfeitamente anómalos e incontroláveis, não precisamos de criar e de acrescentar novas perturbações… Ou então, ensandecemos todos há muito e alguns (como eu) nem sequer deram por isso…
Numa escola frenética, onde quase tudo acontece por impulso e/ou por delírio, não é possível existir a tranquilidade nem a serenidade, imprescindíveis a todos os processos cognitivos. Numa escola assim não há espaço para a reflexão, nem para a discussão, nem para o pensamento crítico, nem para cimentar ou amadurecer qualquer ideia. Nem há espaço para a ponderação nem para o (re)equilíbrio… Há apenas ideias e medidas avulsas e “mantas de retalhos”, traduzidas por muita entropia… E o frenesim e a vertigem continuam, continuam, sem cessar…
“Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros” (George Orwell). Vem a anterior citação com o seguinte propósito:
As exigências de que falei anteriormente são quase sempre formuladas por alguns pares aos seus pares (Pares, não Chefes nem Líderes; e também Pares, não Subordinados), para evitar indesejadas terminologias fora de moda. Por analogia com a afirmação de Orwell, nas escolas a coisa será, então, mais ou menos assim:
Todos os pares são iguais (e também já o seriam pela própria definição de Pares), mas alguns são mais iguais que outros.
E “os mais iguais que outros” é que podem ser um verdadeiro desassossego e pesadelo: apesar de serem considerados por alguns como Pares ou Colegas, ou seja, como iguais, semelhantes ou parceiros, com implícita partilha de um estatuto igual ou similar, na realidade não o são porque a posição de poder inerente ao cargo que ocupam exclui essa suposta e pretensa igualdade. Por outras palavras, não interessam os termos usados, a realidade é esta: Pares ou não, uns mandam e os outros obedecem.
E as questões a colocar deverão ser estas:
– Quem manda, manda sempre bem? Não, não manda…
– Quem obedece, deve obedecer sempre? Não, não deve, pela alegação anterior…
– As decisões e as ordens emanadas por superiores hierárquicos são irrevogáveis e inquestionáveis? Não, não são… Porque, e ainda que se parta do princípio da boa-fé das suas decisões e que as mesmas sejam naturalmente racionais e legais, o estatuto de superior hierárquico é conferido pelo Poder, mas não pela Razão ou pela Lei em lato sensu…
Nota: A manifesta falta de paciência e de tolerância em relação aos assuntos tratados neste texto é totalmente assumida e a ironia e o sarcasmo presentes evidenciam isso mesmo… Lamenta-se, mas também não foi possível tratar desses assuntos com toda a seriedade que os mesmos porventura mereceriam…
(Matilde)
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Jan 09 2021
Bastante nervosa, a Sr.ª ministra…
Depois de terminadas todas as audições em São Bento, a ministra da Presidência confirmou que o país vai avançar para um novo confinamento, mas adiou o anúncio dos detalhes para depois do Conselho de Ministros.
O confinamento será semelhante aquele que foi vivido no início da pandemia de covid-19 e poderá implicar o encerramento da restauração e do comércio não-alimentar.
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Jan 09 2021
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Jan 09 2021
Portugal tem esta sexta-feira 65 surtos activos em estabelecimentos de ensino (creches, escolas e ensino superior), com 450 casos confirmados integrados nestes focos de infecção. Os números foram avançados esta sexta-feira pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) ao PÚBLICO.
O número não era actualizado desde 15 de Dezembro (três dias antes do fim do 1.º período), apesar de a DGS se ter comprometido, ainda em Novembro, a divulgar semanalmente esta informação. A entidade dava conta de 76 surtos activos em estabelecimentos de ensino, nos últimos números divulgados.
Na resposta escrita enviada ao PÚBLICO, a DGS esclarece que os números “dizem respeito apenas aos casos integrados em surtos, não contemplando os casos isolados”.
A DGS indicou também que havia 72 surtos activos na conclusão do 1.º período, com um total de 673 casos confirmados. Questionada pelo PÚBLICO acerca do total de casos registados em estabelecimentos de ensino, a DGS não avançou números, remetendo a questão para o Ministério da Educação, que também não indicou quantos casos houve em escolas de Setembro a Dezembro.
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Jan 09 2021
Portugal segue o exemplo de Itália… como se fosse exemplo nesta pandemia…
Balha-m’ adeus
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Jan 09 2021
Comunicado
Petição do SIPE consegue isenção de custas judiciais
nos crimes de agressão a Professores e Educadores
Após a aprovação do Projeto de Resolução apresentado hoje em sessão plenária na Assembleia da República (AR), pelo Bloco de Esquerda (BE), em resposta à petição entregue pelo SIPE – Sindicato Independente de Professores e Educadores, a 24 de fevereiro de 2020, e que reuniu mais de oito mil assinaturas para que as agressões a professores em contexto escolar adquiram o estatuto de crime público, o SIPE congratula-se com o conjunto de medidas preventivas constantes no documento, que constituem um passo verdadeiramente importante para a mitigação do problema.
O SIPE não pode deixar de salientar a conquista alcançada com a proposta de isenção de custas judiciais para os docentes que forem alvo de ofensa à integridade física no exercício das suas funções, ou delas decorrentes, conforme proposta na petição. Contudo, como é de conhecimento público, A petição pretendia a obtenção do estatuto de crime público para as agressões aos professores. E foi esse um dos motivos que contribuiu para que tão rapidamente, num curto espaço de tempo, a sociedade civil e os professores, em particular, se mobilizassem e expressassem a sua vontade e indignação através da assinatura desta petição.
O SIPE enaltece a apresentação de soluções a montante, em pontos que incidem num reforço do Programa Escola Segura, na intervenção de equipas multidisciplinares compostas por profissionais das áreas da psicologia, do serviço social e sociocultural, e também na renovação geracional do corpo docente. Porém, o SIPE reitera que, ainda que importantes, estas são medidas que devem ser consideradas complementares, por terem, previsivelmente, efeitos apenas visíveis no longo prazo. Devendo por isso ser intercaladas com medidas de efeitos mais imediatos, como seriam o agravamento das penas aplicadas a aos crimes de agressão aos professores, assim como o estatuto de crime público nestas situações, para que a abertura de um processo crime, não dependa, exclusivamente, do agredido ou da avaliação da sua gravidade, que permita a sua denúncia por terceiros.
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Jan 09 2021
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