… tão fortes que a nota máxima de 10,000 valores atribuída pelo seu Conselho Geral muitas vezes não chega para a atribuição de uma classificação de mérito a todos os diretores com 10,000 valores.
E depois há aqueles parvos (onde me incluo) com o modo de funcionamento desta avaliação que deixarão de ser tão parvos no futuro.
Chama-se a isto motivação. Mais motivação ainda quando se vai ficar preso num 4.º escalão.
Seria muito interessante ver de onde partem todas estas classificações de 10 valores, pois são todos tão brilhantes que muita coisa deve ser brilhante nessas escolas, até mesmo a sua relação com o Conselho Geral.
Mas mesmo não havendo parvos há quem o fique com a seguinte atribuição de classificação final.
Chegados até aqui, é quase unânime que, apesar do reconhecido esforço dos professores, a tentativa de ensino à distância que aconteceu no final do ano letivo transato, não é solução, nomeadamente para os alunos mais novos.
Diariamente, o número de pessoas infetadas bate recordes e a pandemia parece totalmente descontrolada. Voltámos, como consequência, ao estado de emergência. É sabido que o número de infetados não quer dizer número de doentes, mas com um aumento tão rápido, colocamos em enorme pressão o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Como disse por estes dias a ministra da Saúde, podemos estar a falar de uma subida da mortalidade nos próximos tempos devido a essa pressão acrescida. Terá faltado preparação! Onde também foi notória a enorme falta de planificação foi na área da Educação, onde recentemente foi anunciada uma plataforma digital onde se pode registar os casos de covid-19 nas escolas. Foi anunciada com meses de atraso. Não teria de estar esta ferramenta operacional logo no dia 1 de setembro?
Não me quero repetir, mas a falta de planeamento para este ano letivo, trouxe-nos aqui. Não fazendo muito mais do que aquilo que foi feito, era expectável. Aqui chegados, estamos perante um cenário com poucas alternativas. Seremos obrigados a reagir apenas porque não quiseram agir em antecipação, delineando com decência os possíveis cenários.
O problema é tanto mais grave quanto mais se percebe a importância da escola enquanto um dos principais suportes socioeconómico. Diz quem nos governa que as escolas não podem fechar. Mas para que isso seja possível urge emendar a rota, ajustar processos e dinâmicas.
No entanto, depois de um início de ano tão atribulado, por falta de tudo, inclusive diretrizes coerentes, e onde ficou mais uma vez provado que a Educação é o parente pobre do Governo, não podemos, agora, simplesmente esperar que aqueles que têm sido, nas últimas décadas, tão maltratados estejam dispostos a serem os da linha da frente.
Bem sabemos que o colapsar da sociedade económica está intrinsecamente ligada ao fecho ou não de escolas e por conseguinte esta deveria ser a altura ideal para começarem a olhar para a comunidade educativa, nomeadamente para os professores, de outra perspetiva.
Infelizmente, o que vimos no passado dia 7 de novembro foi mais uma prova cabal de que a consideração que os governantes têm pelos professores é nula, ao requisitarem 128 docentes sem componente não letiva, para rastreio de covid-19, dando a entender, intencionalmente, a todo o país que esses professores estariam sem fazer nada nas escolas e que por isso podiam desempenhar aquela função. É falso. Quem a sugeriu sabe bem disso.
Olhar para a Educação de outra perspetiva significa:
Emprimeiro lugar, reabrir a discussão da recuperação do tempo de serviço efetivamente prestado, seja faseado, seja com bonificação para efeitos de aposentação, mas que seja devolvido e os professores reposicionados de imediato.
Em segundo lugar, a eliminação de todas as cotas existentes na carreira docente, valorizando assim a progressão e aumentado a possibilidade de mais professores serem melhor remunerados. Rever o formato da Avaliação Docente que mais não é que um bloqueador da carreira e potenciadora de pequenas corrupções devido às vagas e às cotas.
Em terceiro lugar, acabar com os discursos pouco sérios sobre a realidade escolar, dizer que está tudo bem nas escolas, que os alunos vão todos caber dentro da sala e que as bolhas funcionam tornando as escolas em locais seguros é liminarmente falso. Prova disso é o mais recente estudo que indica que “na divisão por idades o grupo etário dos 10 aos 19 anos é claramente aquele onde o aumento tem sido mais expressivo, mais do que duplicando em apenas um mês. No final de setembro o país registava 4.216 jovens com estas idades que tinham sido contagiados, número que chegou aos 10.199 no final de outubro (+142%)”.
Emquarto e último lugar, começar desde já a perspetivar o resto do ano letivo, e consequentemente colaborar na diminuição de infetados a nível nacional. Para diminuir as probabilidades de contacto, aglomerados e deslocações devem passar, o quanto antes, para o ensino à distância ou misto, consoante o concelho, o 3.º ciclo e secundário.
As escolas não podem fechar porque a sua função assistencial se tornou tão grande que se sobrepôs à educativa. Se voltarem a fechar as escolas, teremos um país próximo da bancarrota.
O Sindicato de Todos os Professores (S.T.O.P.) anunciou a entrega de pré-avisos para a realização de uma greve de docentes de uma semana, entre 30 de novembro e 4 de dezembro.
A paralisação, segundo o S.T.O.P., pretende “exigir medidas concretas para que os alunos possam aprender em segurança”, numa escola de qualidade “e em condições de igualdade em todo o país”.
Em comunicado, no qual anuncia a greve, o S.T.O.P contesta a “narrativa do governo” e argumenta que “em muitas escolas não estão garantidas condições de segurança” de alunos, profissionais de educação e respetivas famílias.
Aludindo a uma espécie de “lei da rolha” que vigora em muitas escolas, ao “evitar ao máximo realizar testes”, o S.T.O.P. argumenta que “o grupo etário dos 10 aos 19 anos (idade escolar) é claramente aquele onde o aumento de casos Covid-19 tem sido mais expressivo (um aumento de 142%!)”
Segundo o S.T.O.P., dois meses após o início do ano letivo, há “milhares de alunos sem professores” e faltam também “milhares de assistentes operacionais, estes que são particularmente essenciais para garantir a higiene/segurança neste contexto de pandemia.”