Faltam professores em Lisboa mas as listas de candidatos já estão a esgotar-se

No público de hoje o estudo feito no blog esta semana sobre os candidatos que se encontram nas listas de não colocação.

Ainda faltam professores em Lisboa mas as listas de candidatos já estão a esgotar-se

Os três professores de História que foram colocados, nesta quinta-feira, em escolas de Lisboa praticamente esgotaram a lista de candidatos disponíveis para ensinarem esta disciplina na capital e arredores. A previsão é feita pelo professor e especialista em estatísticas da educação Arlindo Ferreira depois de ter analisado as listas de docentes não colocados no concurso semanal (reserva de recrutamento) concluído a 1 de Outubro.

Nos últimos dois anos, História tem sido uma das disciplinas com mais falta de professores em Lisboa, a que se juntam informática, Geografia e Inglês. Nas duas primeiras não houve docentes colocados na última reserva de recrutamento em Lisboa e segundo os cálculos apresentados no blogue de Arlindo Ferreira, “Dearlindo”, nas listas de não colocados já não existirão candidatos que concorram a esta região. No que respeita a Inglês, que também não teve colocações na capital, sobrarão 24 potenciais candidatos.

Nestes concursos os professores são colocados em função das preferências que inscrevem nas candidaturas. Através das reservas de recrutamento, que se iniciaram a 4 de Setembro, foram colocados cerca de nove mil professores, dos quais 1754 no concurso desta semana (40 em Lisboa)

No ano passado, por volta desta altura, o número de colocados foi de 845. Apesar do número de colocações estar a ser superior ao de 2019 em todos os concursos já realizados este ano, as queixas devido à falta de professores continuam a chegar das escolas, sobretudo as situadas nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e Algarve.

O envelhecimento da classe docente

As razões circunstanciais para que tal aconteça estão identificadas. Com o envelhecimento da classe docente há cada mais professores do quadro a sair para a reforma. Entre 2019 e 2021 serão cerca de seis mil, segundo estimativas do Ministério das Finanças. E os contratados que os poderiam substituir recusam ser colocados nas regiões onde o custo do aluguer de casas mais subiu, como é o caso de Lisboa e do Algarve.

O vencimento destes docentes é calculado em função das horas de aulas que dão e muitos dos horários que se encontram disponíveis para ocupar estão abaixo das 22 horas por semana, que é a carga lectiva “normal” dos professores até aos 50 anos.

Na semana passada, o Ministério da Educação garantiu que o sistema de incentivos para fixar professores nestas regiões, anunciado no ano passado, “será agora incrementado”, mas continua sem se saber exactamente quando ou em que consistem tais incentivos.

Este ano há também o problema da covid-19, mas segundo o ministério só 250 professores tinham apresentado, até à semana passada, atestados comprovando que pertencem a grupos de risco, podendo por isso ficar dispensados de dar aulas.

Pelo caminho sobram 18 mil docentes por colocar, mas só a educação pré-escolar e a educação física têm mais candidatos à espera do que aqueles que, entretanto, já tiveram lugar. Mais uma vez o balanço é de Arlindo Ferreira. Quanto a regiões, Lisboa e Vale do Tejo terá agora 15 disciplinas com menos de 5% de candidatos e o Algarve soma oito. Para além das disciplinas “clássicas” no que respeita à escassez de recursos juntam-se agora, no 3.º ciclo e secundário, Física e Química, Biologia e Geologia, Matemática e Português entre outras.

 

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2020/10/faltam-professores-em-lisboa-mas-as-listas-de-candidatos-ja-estao-a-esgotar-se/

7 comentários

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    • Falcão on 3 de Outubro de 2020 at 11:57
    • Responder

    Ainda hão-de ter saudades dos tempos dos professores em que os professores faziam estágio pedagógico no início da carreira. No futuro próximo, bastará frequentar a faculdade para se poder dar aulas e, pelo andar da carruagem, até a frequência do 12º ano, poderá ser habilitação suficiente. Afinal, nos ciclos do ensino básico o que interessa mesmo é divertir e entreter as crianças enquanto os pais trabalham e aguentam a economia. Assim já se pode pagar 600 euros a um professor, tudo perfeito! A qualidade do serviço educativo não tem qualquer importância! Aí está a bela obra dos FDP que têm (des)governado Portugal nos últimos longos anos!

    PS – Já agora, por onde anda o Pardal? Já tenho saudades dessa besta quadrada, que nestes post’s vinha sempre armado em azémola dizer que era tudo mentira, que Portugal até tem professores a mais… força Pardal, comenta mais esta!


  1. Temos de ser honestos. Há muitos professores que estão vinculados no QZP7 e 10 e estão a trabalhar no norte, através da mobilidade interna. Estão dentro da lei, sem dúvida. Eu continuo contratado porque não me sujeito a ficar com um vinculo num destes QZP´s. No meu entender o que vai acontecer no próximo concurso é que vão obrigar os professores a lecionar no QZP que estão afetos. (acreditei que um dia isto ía acontecer e por isso continuo a contrato por opção). Vai ser muito complicado para alguns, mas se concorreram para esses QZP´s sabiam que podiam ter que ir para lá.

    • Ana Tavares on 3 de Outubro de 2020 at 15:54
    • Responder

    É legal substituir professores que não foram colocados ou se encontram ausentes por serem de risco ?

    • paula on 3 de Outubro de 2020 at 18:18
    • Responder

    Falcão,
    Os ciclos do Básico são para divertir e entreter crianças? Li bem?
    Tenho horário misto e no 3.º ciclo/ Secundário nunca ensinei nenhum aluno a ler.
    Tem de divulgar qual é a escola, onde nascem de geração espontânea, os alunos brilhantes do Secundário.

    • Rui Filipe on 3 de Outubro de 2020 at 19:52
    • Responder

    O que é feito da pre-reforma?
    Dêem lugar aos mais novos.

    • Pedro Silva on 3 de Outubro de 2020 at 22:37
    • Responder

    Não faltam serem colocados 18 mil docentes….mas sim 18 candidaturas. É muito diferente.

    • Falcão on 4 de Outubro de 2020 at 11:57
    • Responder

    Cara Paula,
    Creio que não me entendeu bem: quem pensa isso são os governantes que temos, por isso não se preocupam com a questão da falta de professores, qualquer um há-de servir, porque para essa gente, as escolas são um depósito não uma instituição de ensino! Eu leciono no 3º ciclo e tenho toda a consideração pelos colegas dos restantes ciclos de ensino!

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