Esclarecimentos sobre o aluno suspenso por partilhar o lanche

No Observador de hoje surgem explicações que não foram disponibilizadas ontem sobre este caso. Nem todas as histórias têm uma só versão.

 

Contactado pelo Observador, o Ministério da Educação diz estar a acompanhar a situação e enviou a carta da diretora do agrupamento de escolas ao encarregado de educação.

Nesse documento, a diretora explica que aluno é repetente e por não conhecer ninguém na nova turma, vai ter com os antigos colegas de turma durante o intervalo. Apesar de ter sido várias vezes alertado de que não só não podia estar com alunos de outra turma, como não podia estar perto do grupo quando estivesse a comer sem máscara, “não mudou de atitude”. A diretora sublinha ainda que os alunos em causa foram “repetidamente” avisados de que não podia partilhar nem comida nem material.

“O que eu vi, após ter este grupo de alunos já referenciado pelos professores e pelos funcionários, foi um quarteto de meninos, de turmas diferentes, juntos, sem mascara e a dar dentadas na comida uns dos outros. Não se trata de uma generosidade do seu filho em pagar uma sandes ao colega, que surpreendentemente ainda não teria comido nada as 16h30 da tarde, mas sim de estarem a dar dentadas no mesmo alimento“, lê-se no documento.

A diretora refere ainda que não pode deixar que “a estranha versão de generosidade” do aluno ponha em causa o plano de ação da escola para receber 1.400 alunos “em segurança”.

O cumprimento de simples regras de higiene e distanciamento são o que pedimos à geração do seu filho. O senhor fez hoje passar uma atitude irresponsável e de desrespeito pela escola toda, por um ato heróico. Os meus sinceros parabéns. As regras são claras. No documento divulgado no inicio do ano é referido quais as penalizações para o seu incumprimento. “

Leia a carta na íntegra:

“Exmo. Sr.EE

O seu educando, por ter ficado retido, encontra-se agora numa turma onde não conhece ninguém, pelo que no intervalo procura a companhia de colegas de outras turmas, seus colegas do ano passado, algo que este ano tem que ser rigorosamente evitado, mas que ele já ignorou por diversas vezes e por diversas vezes foi alertado. Não mudou de atitude. Também foi já alertado para que quando comesse, sem máscara, claro, deveria afastar-se do grupo, algo que ele repetidamente ignora. Também foram repetidamente os alunos avisados que não podem partilhar comida, como não podem partilhar material. O que eu vi, após ter este grupo de alunos já referenciado pelos professores e pelos funcionários, foi um quarteto de meninos, de turmas diferentes, juntos, sem mascara e a dar dentadas na comida uns dos outros. Não se trata de uma generosidade do seu filho em pagar uma sandes ao colega, que surpreendentemente ainda não teria comido nada as 16:30 da tarde, mas sim de estarem a dar dentadas no mesmo alimento. Se eu pagar comida alguém, dou-lha. Não implica que essa pessoa abocanhe a comida que está na minha mão. Sao coisas diferentes. E este grupo de 4 estava a incumprir não apenas uma regra, mas varias, o uso obrigatório de mascara, a distância física, a distancia quando se come e a mistura de turmas no intervalo. Tudo repetidamente e depois de avisados. A diretora de turma explicou tudo. Se não concordava, dirigia-se a mim. Pedia esclarecimentos. 

O plano de ação e contingência deu muito trabalho a fazer e deu muito trabalho a organizar as três escolas do Agrupamento para recebermos 1400 alunos em segurança. Não posso permitir que a estranha versão de generosidade do seu filho, que ainda me há-de indicar qual dos 4 estava em jejum, ponha tudo a perder. O cumprimento de simples regras de higiene e distanciamento são o que pedimos à geração do seu filho. O senhor fez hoje passar uma atitude irresponsável e de desrespeito pela escola toda, por um ato heróico. Os meus sinceros parabéns.  As regras são claras. No documento divulgado no inicio do ano é referido quais as penalizações para o seu incumprimento. 

Espero que tenha chegado para que retire o seu post cheio de inverdades  e que deu azo a que sem conhecerem os factos tantas pessoas venham encher o facebook de ódio. Não gostam do meu trabalho? De 4 em 4 anos há eleições para diretor.”

 

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17 comentários

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    • Tiago on 14 de Outubro de 2020 at 14:00
    • Responder

    E cada vez mais raro observar que há diretores a assumir posições sem medo,´de forma clara. É este tipo de posições que dá segurança à “pirâmide” hierárquica que constitui um Agrupamento evitando atitudes dúbias por parte das estruturas organizativas o que potencia a indisciplina dos alunos. Parabéns

    • Prof Possível (aka Maria Indignada) on 14 de Outubro de 2020 at 16:47
    • Responder

    Sinceramente, a versão romântica e cor-de-rosa que postaram aqui, que um menino estava a partilhar os seus alimentos com um menino com fome, não me convenceu. Óbvio que havia antecedentes e faltava o contexto.

    Nem percebi para que é que foi postada, óbvio que nenhum menino seria penalizado por estar a matar a fome a outro.

    • Rosa on 14 de Outubro de 2020 at 17:36
    • Responder

    Parabéns sr diretora, faltará pessoas assim a dirigir as nossas escolas, por isso as escolas públicas estão como todos sabemos…

    • Carlos on 14 de Outubro de 2020 at 19:02
    • Responder

    Esta diretora é igual a 90% dos diretores. Pequenos ditadorzinhos que nem ler os últimos estudos sobre como se propaga o vírus fazem.
    São acéfalos que ouvem e comem o que o Tiaguinho manda escrever.
    Gente burra.

    • Catarina Braz on 14 de Outubro de 2020 at 19:06
    • Responder

    A Srª Directora Cristina Frazão que explique então no meio de tanto assertividade, rigor, disciplina e pulso firme, o porquê de ter várias queixas crimes contra encarregados de educação e o porquê de existir uma União de Pais onde chegam todos os dias queixas do comportamento desta senhora , das ” costas quentes ” que aparentemente tem, das ameaças co processos judiciais a todos os encarregados de educação que a confrontam , etc, etc.
    Que explique também que houve processos ganhos pelos encarregados de educação e que contestam muitas suas medidas, Se queremos todos um contraditório saudável, democrático e moralmente justo, então vamos falar disto !

    • Filipe on 14 de Outubro de 2020 at 21:03
    • Responder

    Para este ou esta Diretora , tens um sinónimo aplicável : Nazi !

    • Mjb on 14 de Outubro de 2020 at 22:38
    • Responder

    Esta diretora representa a maior parte dos diretores no seu melhor. Horários para os amigos, facilidades para os amigos que os suportam e os mantêm no lugar. De facto há eleições de 4 em 4 anos o problema e que o voto não é direto, isto cada elemento da comunidade um voto e certamente haveria gente mais competente nessa escola. Na minha experiência só encontrei diretores sem perfil e sem competência. O país, em todas as áreas, bateu no fundo, mas como dizem os espanhóis ” No passa nada”

    • KT on 14 de Outubro de 2020 at 23:50
    • Responder

    Não pergunto isto com malícia, nem porque tenha nada contra esta senhora diretora que nunca vi mais gorda, mas há aqui qualquer coisa que me está a escapar Afinal, não é a mesma diretora da famigerada escola de Fitares, em que o professor de Música se suicidou porque já estava farto de ser achincalhado, de fazer as participações da praxe e de ver que nem a Direção (nem ninguém) mexia uma palha?
    Nessa altura por onde andavam a assertividade, rigor, disciplina e pulso firme?
    Repito: há aqui qualquer coisa que me escapa.

    • José on 15 de Outubro de 2020 at 7:31
    • Responder

    Por mais justificações que dê, o conteúdo da resposta ao EE não deixa dúvidas quanto ao perfil e personalidade da Diretora. E quando chega às “eleições de 4 em 4 anos” (QUE NADA TEM QUE VER COM O MOTIVO DA RESPOSTA) dá vontade de fazer o pino!

    • Mad on 15 de Outubro de 2020 at 7:55
    • Responder

    Eleições de 4 em 4 em que os votantes são o Conselho Geral onde só existe os amiguinhos….. Nada como antes eleições justas onde todos votavam

    • Raspartovirus on 15 de Outubro de 2020 at 8:47
    • Responder

    Cuidado, Catarina Bras, as acusações que faz podem leva-la a provar o que diz numa sala de tribunal. E não estarão lá os desocupados que lhe deram tão graves acusações como verdadeiras. Quando as pessoas que a senhora difama a processarem, esses vão dizer que não se lembram de lhe ter dado informações tão graves que a senhora tomou por certas. Ja ouviu falar em boatos, em inveja e em odio? Ou a difamação já não é crime? O bom nome das pessoas ainda é um valor, apesar de ontem se ter falado tanto da solidariedade e da partilha… aabe de facto que existem queixas-crime contra esta pessoa? Conhece-a? O Covidizer… pior que o Covid… tristes.

    • maior on 15 de Outubro de 2020 at 9:23
    • Responder

    Raspartovirus, é caso para dizer, quem se mete com o PS leva…

    • João Gonçalves on 15 de Outubro de 2020 at 17:01
    • Responder

    Dou os meus parabéns á Diretora pela atitude tomada.
    Quanto aos comentários do Carlos, Catarina Vaz, Filipe, Mjb, KT, José, Rapartovirus e maior, não fazem sentido absolutamente nenhum.
    Explico:
    Que fariam cada um de vocês perante a situação relatada?
    Deixavam os alunos desrespeitar o plano de contingência de forma a propagar de forma mais rápida o vírus?
    Ao fim e ao cabo é disso que se trata.
    Estamos todos a fazer um esforço nesse sentido e as crianças têm de entender e evitar comportamentos de risco.
    Nada disto é 100% eficaz, mas pequenos gestos aparentemente insignificantes multiplicados por centenas de pessoas pode fazer diferença.
    Não conheço a Diretora, pode ser que seja ou não seja má pessoa, mas nesta situação concreta e de forma muito objectiva decidiu bem.

    • maior on 16 de Outubro de 2020 at 10:45
    • Responder

    A proibição de uma criança ir à escola, não pode ser tomada por uma só pessoa. As escolas não deviam ser ditaduras.

    • João Gonçalves on 16 de Outubro de 2020 at 17:57
    • Responder

    maior:
    As escolas não são ditaduras.
    As escolas não são esquadras de policia nem tribunais.
    As escolas são escolas e as medidas disciplinares prosseguem sempre objectivos pedagógicos e não punitivos.
    Os alunos são crianças e jovens em formação, não são criminosos.
    O regime disciplinar faz parte do estatuto do aluno.
    O que é diferente do Código Penal, para criminosos.
    Relativamente ás decisões de carácter disciplinar, as mesmas são da competência da escola, como é óbvio.
    Quem ia decidir?
    O Sr. maior?
    O Encarregado de Educação do aluno?

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