Dilemas dos professores sobre a travessia do “Oceano Educativo”
Anuncia-se o novo (?) caminho para uma circum-navegação pela “transição digital”. Esta proposta surge alguns anos após uma outra viagem por mar alto, em que devido a um tal de “Magalhães” muitos se afogaram seguros à bóia de um computador, sem grande noção de como poderiam salvar-se “pedagogicamente” nesse imenso Oceano.
A questão centra-se no planeamento do que queremos para a Educação. O que podemos e sabemos fazer com a tecnologia educativa que nos vem parar às mãos? Se toda esta “nova” tecnologia anunciada, usada e prevista, muita já existente em diversas escolas ditas do futuro, não for pensada e refletida, voltaremos a afogar-nos. Uma das razões é o facto de a tecnologia nos ser oferecida sem a pedirmos, ou, por outro lado, nos ser facultada tendo pedido, mas sem sabermos muito bem o que fazer com ela, afinal, serve apenas para “surfar” pelas ondas dos principais problemas burocráticos do sistema educativo. Ao invés disso, teremos de ter necessidade de a utilizar, mas para criar e produzir, para comunicar e interagir, como o fez tão rapidamente a Sra. Covid. Na verdade, se por um lado a necessidade técnica está criada (tenho dúvidas, se resolvida), nesta pandemia pela distância de se comunicar com professores e alunos, fica a questão: está criada a necessidade pedagógica que nos fará alterar a forma como poderemos atravessar o Oceano de forma mais profunda? E não nos voltarmos a afogar…
2 comentários
“Mas a grande maioria atravessou o Oceano de canoa (pior é quando nem se tenta molhar os pés)”.
Enquanto estivermos nas mãos destes senhores e das suas moderníssimas e patrióticas teorias pedagógicas, de facto, nem a nado, nem de canoa ou de submarino nos livramos…
Tem de ser uma coisa profunda.
Deixa ver…
…não nos livramos do escafandro, lol.
E os colegas?
Pertencem à “grande maioria” que nem tentou “molhar os pés”?
Pertencem à grande maioria que só apela à “memorização” e que esquece por completo a “compreensão do quotidiano”?
Ou pertencem à pequena minoria que consegue “que os alunos não continuem a surfar na rede e passem a mergulhar nas profundezas (…) em perfeita harmonia colaborativa” convosco?