É possível educar para liberdade?
Primeiro, é importante frisar que liberdade pressupõe responsabilidade. Liberdade não é poder fazer tudo, não é uma abstração acima da realidade social. Quando a liberdade é exercida sem limites, degenera-se em licenciosidade, em atitudes irresponsáveis diante do outro, o professor e o colega de turma ou mesmo em relação a si próprio. A licenciosidade rompe o tenso equilíbrio entre liberdade e autoridade; outro fator de ruptura é a degeneração da autoridade em autoritarismo. A liberdade não significa ausência de limites. A questão é como as esferas da autoridade e da liberdade se relacionam e não anulam ou corrompam uma à outra, isto é, que se mantenha o equilíbrio, sempre tenso, entre ambas.
A autoridade pode contribuir para afirmar a liberdade ou autoritariamente aniquilá-la. A ausência de limites favorece a licenciosidade e, consequentemente, a irresponsabilidade. A autoridade também estorva a liberdade quando tutela o outro e o mantém em permanente infantilidade. Um exemplo é a imaturidade observável em adolescentes mimados** que, inseguros e/ou de uma prepotência típica de quem está acostumado a ter e poder tudo, não demonstram atitudes inerentes aos indivíduos educados para a liberdade.
A autoridade fortalece a liberdade quanto investe no diálogo educador-educando, rompe com a concepção bancária do saber, vê o educando como agente do conhecimento e não objeto, não restringe a práxis educativa à mera transmissão e memorização de conteúdos, abdica de utilizar os instrumentos próprios da atividade docente enquanto formas de coação e a adota uma atitude democrática submetendo-se à crítica dos educandos. Educa-se para a liberdade ao investir na autonomia do educando e responsabilizá-lo por sua formação. Ele deve ser estimulado a exercer a liberdade com responsabilidade, a assumir os seus atos e ser consciente das consequências. É essencial, ainda, que a escola se democratize; que a sala de aula seja um espaço de práticas e atitudes democráticas, a começar pelo docente; e que estimule a participação responsável do educando. É preciso politizar o espaço e cotidiano escolar.
A educação é contraditória: tanto pode formar indivíduos adaptados e dependentes quanto críticos e livres; ela pode ser autoritária e/ou tutelar, mas também pode contribuir para a formação de indivíduos autônomos e capazes de intervir consciente e responsavelmente no mundo. A postura do educador, para o bem ou para o mal, é essencial. É uma opção que se traduz na práxis docente e tem efeitos práticos reais.
1 comentário
“É possível educar para liberdade?”
Começando por não bloquear pessoas que queiram debater educação no chat deste blog, e, tenham opinião contrária da dos administradores/ditadores.