No dia dos namorados é costume enviar missivas a quem nos aquece o coração. Muitos alunos escrevem cartas dirigidas aos seus professores(as) preferidos(as), mas o exemplo que nos chegou é tudo menos isso. É o exemplo do bullying que os alunos exercem sobre os professores. De forma anónima, os alunos escrevem e extravasam as suas frustrações, insultando e ameaçando os seus professores de forma a tentar a intimidação. O desgaste a que isto leva é óbvio.
Mas isto não é de hoje, a intimidação através do exemplo atrás descrito e da vandalização da propriedade privada dos professores é um “costume” corrente. O passar nos corredores e ser presenteado com uns “piropos” pouco próprios dirigidos ao professor(a), os encontrões “sem querer” de que são vitimas nos, mesmos, corredores, a má educação dentro da sala de aula, os automóveis vandalizados com riscos na pintura e pneus furados, são alguns dos exemplos que se podem enumerar. Tudo isso interfere com a motivação com que os professores vão para a escola. Nada disto é contabilizado como violência, mas não é mais do que isso, violência pura e dura.
Apoio da tutela ou das direções? Nenhum.
A tutela finge-se de morta e a atitude de algumas direções é a de encobrir o que se passa dentro da escola. Um destes dias ouvi uma história em que um diretor passou um raspanete aos professores que chamaram o INEM para levar um aluno, com a cabeça “partida” ao hospital após uma agressão, “Nós resolvíamos isto entre nós”. Pode ser que um destes dias volte a esta história…
Ficam duas missiva de alunos ás suas professoras “preferidas”. Como seria que os seus encarregados de educação reagiriam, se reagissem, ao saber que os filhos sabiam “amar” tão bem?
Foram colocados 351 Contratados na reserva de recrutamento 21, distribuídos de acordo com o quadro abaixo. Perto de 30% dos colocados nesta RR já tinham sido colocados e 5 destes vão para o seu 5º contrato!
Publicitação das listas definitivas de Colocação, Não Colocação, Retirados e Listas de Colocação Administrativa – 21.ª Reserva de Recrutamento 2019/2020.
Aplicação da aceitação disponível das 0:00 horas de segunda-feira, dia 17 de fevereiro, até às 23:59 horas de terça-feira, dia 18 de fevereiro de 2020 (hora de Portugal continental).
Temos assistido a muitos casos de violência sobre funcionários públicos, sejam professores, enfermeiros ou médicos. As escolas e os hospitais são onde mais se pratica esta nova modalidade desportiva. Os media andam feitos piranhas a cheirar sangue na água, num frenesim vampiresco, noticiando tudo o que são agressões em hospitais ou escolas, dando a sensação de que estamos perante uma espécie de surto de violência. Não, simplesmente percebeu-se que dá bastantes cliques e audiência e começaram a noticiar mais casos, alimentando, muitas vezes, o ódio e discriminação nas suas caixas de comentários.
Há professores que merecem levar no trombil? Claro, basta vermos os que tocam indevidamente em crianças. Há enfermeiras que merecem uma cabeçada? Claro, basta olharmos para aquelas que menosprezam os meus sintomas de hipocondria. Não se deve fazer, mas lá acontece de vez em quando porque é, infelizmente, o normal da convivência humana, especialmente em situações de stress. É grave e deve ser tratado como tal? Claro que sim, mas como ninguém parece muito preocupado, acho que o melhor é legalizar. Pode ser que aconteça como o aborto que quando foi legalizado passou a ser menos praticado. O fruto proibido é o mais apetecido e se legalizarmos o arremesso do martelo contra o professor de EVT ou o pontapé na nuca do médico que está ao telefone em vez de atender os pacientes, talvez vejamos uma diminuição.
Outra sugestão, é pegar neste interesse macabro de todos e aproveitar como uma oportunidade para descentralizar a atenção portuguesa do futebol para outros desportos. Em vez de não fazer nada e lamentar as professoras que levam duas lambadas da mãe do Fábio Micael só porque ousaram dizer que ele tinha défice de aprendizagem (já a evitar dizer que é burro que nem um calhau), sugiro tornar estas agressões em algo útil para a sociedade e criar uma espécie de Liga Profissional de Agressão ao Funcionário Público ou para ser mais sexy um Ultimate Funcionários Públicos Championship, UFPC.
As regras são simples: cada cidadão possui uma carta de pontos onde pode acumular agressões a funcionários públicos, por ano. Há agressões que valem mais pontos do que outras, por exemplo:
– Galheta no senhor das finanças que não quer fazer o trabalho dele – 1 ponto.
– Biqueiro nas rótulas da enfermeira que nos dá a pulseira verde – 2 pontos.
– Chapada à padrasto na professora que diz que “há muito tempo” não leva “h” – 3 pontos.
– Agredir funcionário da EMEL – não dá pontos porque não são bem funcionários públicos, mas pode ser utilizado como critério de desempate.
Todos os meses é divulgado o ranking top 10 dos cidadãos com maior pontuação no UFPC e, uma vez por ano, há uma gala de entrega de prémios com um torneio em que os cidadãos do top 10 defrontam, num ringue, os polícias com mais processos disciplinares. Tudo transmitido em horário nobre na RTP, que se passa tourada também deve passar isto que até é mais ético. Os vencedores do torneio final tinham 50% de desconto em cartão de supermercado e ficavam habilitados à Factura da Sorte.
Claro que para isto ser mais justo, há que dar formação aos funcionários públicos, principalmente aos que trabalham nas Finanças que se forem tão lentos a lutar como no resto, até uma preguiça lhes faz um mata-leão. Aos professores daria imenso jeito ter formação em Kendo para dar com o apontador nas fuças de alguns alunos.
Estou a ver isto mais como um desporto individual, mas tal como no ténis também poderá ser por equipas, sendo que tem de haver equilíbrio em termos de diversidade pois se uma equipa tem mais senhoras de 70 anos de Vila Nova de Gaia acaba por ficar desequilibrado porque é gente rija. Para isto ser mais justo e não haver gente com cunhas a passar à frente, como por exemplo alguém que tem um amigo médico que lhe passa baixas ou receitas de opiáceos, que era capaz de bater com a cabeça na quina de um móvel e dizer que foi agredido só para o amigo ganhar pontos, as agressões só contavam se filmadas por sistemas de vigilância ou com telemóveis em formato story. Em caso de dúvida chamava-se o João Vieira Pinto e o Marco do Big Brother, ambos especialistas em agressões. Estamos em brainstorming, não há ideias estúpidas.