Professores de Inglês a dar aulas de Português e os de História a dar Geografia: falta de docentes leva Ministério a medidas urgentes

Expresso | Professores de Inglês a dar aulas de Português e os de História a dar Geografia: falta de docentes leva Ministério a medidas urgentes

O Ministério da Educação reconhece que há escolas em “determinadas zonas geográficas” a sentir “constrangimentos” na substituição de professores para lecionar Português, Inglês, Geografia e Informática para o 3º ciclo e ensino secundário. E face às dificuldades decidiu alargar os requisitos exigidos para dar aulas para que os diretores tenham mais facilidade em encontrar substitutos.

As novas orientações com os “reajustamentos” admitidos foram emitidas pela Direção-Geral da Administração Escolar (DGAE) e, embora não refiram as zonas geográficas mais afetadas, sabe-se que é nas regiões de Lisboa e do Algarve que as dificuldades são maiores. Ao longo de todo o 1º período, houve turmas inteiras a não ter aulas a uma ou mais disciplinas devido à dificuldade em encontrar profissionais disponíveis para os horários que ficam livres na sequência de baixas médicas ou pedidos de mobilidade.

A disciplina de Tecnologias de Informação e Comunicação é uma das mais afetadas pela falta de professores disponíveis nas listas de recrutamento, onde as escolas começam por tentar encontrar docentes quando surgem necessidades ao longo do ano letivo.

Orientações inéditas e temporárias

De acordo com a mesma a nota informativa, quando não conseguirem encontrar professores profissionalizados nesta área, as escolas podem recorrer a docentes dos seus quadros de outras disciplinas ou a contratados, bastando para isso que sejam “formadores na área de informática” ou apenas que tenham concluído “ações de formação destinada a professores” que incidiam sobre conteúdos das TIC e que sejam reconhecidas pelo conselho científico-pedagógico da formação contínua.

No caso da disciplina de Geografia, o Ministério admite que as aulas sejam dadas por professores de História, desde que tenham feito um estágio pedagógico na área em falta ou que sejam “titulares de adequada formação científica”. Ou seja, não precisam de ter um mestrado em Ensino de Geografia no 3º ciclo e secundário.

Os mesmos requisitos são admitidos para suprir a falta de professores de Português. Se tiverem a “adequada formação científica” – a nota não especifica mais do que isto -, podem dar esta disciplina docentes de Francês, Inglês, Alemão ou Espanhol. O mesmo se prevê para o grupo de Inglês.

As informações da DGAE foram divulgadas em blogues de Educação como o “Com Regras”, de Alexandre Henriques. “Se isto não é nivelar por baixo a docência e o ensino, não sei o que será”, comenta este professor. Já Arlindo Ferreira, autor do blogue DeAr Lindo, tem dúvidas que este alargamento dos critérios vá resolver os problemas.

Admitindo que as dificuldades estão circunscritas a algumas regiões do país, o também diretor do Agrupamento de Escolas Cego do Maio, na Póvoa de Varzim, sublinha que este tipo de orientações emanadas a meio do ano é inédito e mostra como os problemas na substituição de professores este ano letivo atingiram dimensões muito maiores do que no passado recente.

Na nota da DGAE, explica-se ainda que estas medidas têm “natureza temporária” e que vigoram “exclusivamente” até ao final do presente ano letivo.

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2020/01/professores-de-ingles-a-dar-aulas-de-portugues-e-os-de-historia-a-dar-geografia-falta-de-docentes-leva-ministerio-a-medidas-urgentes/

8 comentários

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    • Paulo Anjo Santos on 15 de Janeiro de 2020 at 23:33
    • Responder

    O artigo fala em «medidas inéditas», tal como escrevi aqui várias vezes, os problemas começaram a manifestar-se no ano passado e agravaram-se muito este ano, que levaram a que o ME tivesse que recorrer a estas medidas…o cenário é grave e, pior que isso, tem tudo para ficar ainda pior nos próximos anos!

    Até tenho algum receio do que poderá vir ai, mas os cortes são já tantos que não será fácil arranjar uma forma de minorar sequer o problema, quanto mais resolvê-lo… e agora já nem uma melhoria das condições da carreira pode resolver grande coisa, teriam de ser melhorias significativas, e eles nem para gastar mais uns tostões demonstraram ter disponibilidade…

    • PRoF Há DU@S on 15 de Janeiro de 2020 at 23:35
    • Responder

    Há dois meses saiu esta noticia aqui no blog

    https://www.arlindovsky.net/2019/11/falta-de-professores-de-informatica-leva-escolas-a-contratar-profissionais-sem-habilitacao/

    e eu publiquei o seguinte:

    Esta notícia revolta-me e tenho todas as razões para isso!!!!!

    Sou docente com uma profissionalização e tenho uma especialização em TIC com a qual, já por várias vezes, lecionei informática em algumas escolas, ao longo de quase duas décadas!

    Este ano letivo, concorri a uma oferta de escola, do grupo 550, por ser um horário completo/ anual e consegui a colocação.
    Entretanto, o horário foi denunciado e fiquei com o meu contrato anulado!!!!!
    E foi denunciado porque? Porque, pelo que fiquei a saber, a minha especialização, já não me confere habilitação própria para o 550 pois não consta de uma lista de cursos que conferem habilitação própria para o grupo!

    Nenhum docente com pós graduação/mestrado em TIC pode dar aulas de informática!!!!
    Dantes podiam porque apareciam nessa lista mas agora já não!!!

    Publiquem essa lista!
    https://www.dgae.mec.pt/?wpfb_dl=982

    Foi esta lista que fez a escola anular o meu contrato!

    Tentei inteirar-me relativamente a toda esta situação e, pelo que me informaram, há 15 anos atrás saiu uma norma transitória que permitia os professores lecionarem TIC e que, por isso é que consegui dar aulas nesta área. Era o despacho nº 9493/2004 (2ªserie) D.R. 113, 14 de maio onde anexaram uma lista na qual constava a minha instituição de ensino superior e muitas mais especializações,pós graduações e mestrados noutras instituições.

    Neste momento, nenhuma dessas especializações,pós graduações nem mestrados constam das novas listas (entretanto atualizadas) que conferem habilitação própria para a docência no grupo 550, colocando muitos docentes de forma ilegal nas nossas escolas. Há muitos docentes nesta situação!

    Docentes, tal como eu, que sempre leccionaram TIC e que continuam a concorrer para o grupo 550 em ofertas de escola. Uns são travados porque as escolas estão devidamente informadas e agem dentro da legalidade. Já outros, desconhecendo esta situação , ontinuam a concorrer para ofertas de escola e as escolas (que estão igualmente desatualizadas) continuam a aceitar as suas candidaturas.

    É de lamentar que o estado já tenha precisado de mim para lecionar TIC e é triste que agora vi rejeitada a minha candidatura numa era em que há tanta falta de docentes!E quem sofre são os alunos que ficam sem aulas e não tarda já estamos no final do 1ºperiodo!

    Não entendo como é que há uns anos atrás me consideram capaz para tudo, inclusive tive menção de Muito Bom neste grupo nas minhas avaliações e agora o governo descarta-se assim de mim, do meu profissionalismo. E qual o meu espanto quando nos deparamos com esta notícia: “FALTA DE PROFESSORES DE INFORMATICA LEVA ESCOLAS A CONTRATAR PROFISSIONAIS SEM HABILITAÇÃO.” Como é possível isto?!

    É que, a mim, impediram-me de dar TIC porque descobrimos que não tenho habilitação própria e afinal há quem pode dar TIC sem habilitação?!!!!!Como é isto possível se me aconteceu o que aconteceu?!
    A DGAE e a DSCI vai permitir isso ou vai agir da mesma forma para todos os outros colegas que estão a lecionar??Também lhes vão anular o contrato? Uns são filhos e outros enteados??Uns podem e outros não? Não devia ser igual para todos?

    Quero, desejo e exijo que a verdade e a justiça seja reposta em todas essas escolas que contrataram e andam a contratar professores na mesma situação que eu. Se eu não sabia desta situação e não posso dar aulas de Informática, também todos os outros colegas com especialização/pós-graduação/mestrado devem ser informados que estão a cometer uma ilegalidade e também não podem lecionar. É o justo. É o correto.
    É urgente resolver este problema. A lei tem de ser igual para todos e, as necessidades do grupo 550 têm de ser iguais para todas as escolas de todo país.

    E não deve funcionar por denúncias, a legalidade tem de ser reposta, as escolas têm de ser contactadas, a DGAE e a DSCI tem de procurar saber a situações de cada docente selecionado nas escolas e tem de agir em conformidade com cada situação. Garanto-vos que o meu caso não é único e, se não houver denúncia, nenhuma escola saberá deste erro nem mesmo os docentes! E mesmo sabendo do erro, as escolas vão ficar caladas e não vão assumi-lo pois o que querem é a estabilidade nas suas escolas! Se não contactassem a minha escola, nem a Direção, nem os serviços administrativos, nem eu sabíamos desta situação!

    Há que informar as escolas que existe uma lista de cursos que conferem habilitação própria para a docência e que não se podem reger pelo que consta no registo biográfico do docente ( se já lecionou TIC então é porque tem habilitação própria).

    Se isso não for feito, as escolas continuam a aceitar estas especializações como requisito válido para se ter habilitação própria pois sempre assim foi e sempre aceitaram isto desta forma!

    Quero que se faça justiça, é só o que quero. Não quero o mal de ninguém, só quero igualdade para todos.
    Só sei que, se uns podem lecionar, então todos os outros também o podem fazer e nunca deviam ver ou ter visto o seu contrato anulado.

    Que saia outra norma transitória para tudo passar a estar legal.

    Pena é que, quando essa norma sair, já vi foi o meu contrato anulado e simplesmente o perdi!

    Ah! E todos aqueles que continuam a lecionar desta forma, vão-lhes ser contabilizados todos os dias de tempo de serviço!!!!!!!!!!!A mim não contabilizaram!!!!!!

    Quero que se faça justiça, é só o que quero. Não quero o mal de ninguém, só quero igualdade para todos.

    —————————————————————————————————————————-

    COMO VEEM SAIU AGORA A TAL NOTA INFORMATIVA mas ate uma ação de formação em conteúdos TIC habilita para dar TIC?! E eu com uma posgraduação fui posta a andar!!!!!!!

    TUDO MUDA

    AO SABOR DO VENTO

    E QUEM SE LIXOU FUI EU QUE FIQUEI DE FORA!!! Desculpem este desabafo!

    • cinco cinco zero on 15 de Janeiro de 2020 at 23:42
    • Responder

    Façam melhor: ponham os alunos dos cursos profissionais de Informática a dar TIC! Eles tiram de 14 pra cima a tudo, então na programação conheço uma artista que consegue dar 14 a alunos com raciocínio lógico tão evoluído que nem sabem que um número nunca pode estar à esquerda e à direita do zero ao mesmo tempo! Esta senhora é um ás do volante, no seu turno é 20s, 18s, como quem dá cerejas… mas nunca lecciona o 1º ano nem nunca ninguém lhe vê os dossiês, porque será?… no 7º e 8º só dá 4s e 5s… como surgem esses 20, 18? os conhecimentos de programação são aplicados em situações novas ou prepara os alunos para exercícios-tipo? ensinar macacos de imitação também eu sei… Nunca é posta em causa nas reuniões, mesmo perante discrepâncias entre turnos, porque mantém toda a gente sob rédea curta. Precisa de demonstrar que é melhor que todos os outros, por isso inflacciona as notas.

    É a já conhecida fascizóide diretora de curso duma escola junto à margem sul do Mondego, que tem no seu reportório outras “pérolas”:
    – mandar rever testes quando as notas não são tão altas como quer (para manter a farsa e a “imagem do curso”)
    – mandar alunos gravar aulas, que depois lhe são enviadas e que depois envia para as “fiéis” mas não para a diretora!
    – incentivar e coordenar ações de EE contra profs, para os explusar da profissão!
    – ter a lata de dar ordens à própria diretora, por escrito!
    – difamar impunemente pelas costas quem não lhe lambe as botas, com impropérios tais como fdp, cagalhoto, atrasado.
    – desautorizar e humilhar profs frente a alunos, entrando nas aulas sem pedir autorização.
    – alterar atas quando difama as pessoas, para não ir a tribunal.
    – interferir no trabalho do DT, alterando e eliminando faltas!
    – não marcar faltas disciplinares mesmo quando expulsa alunos, para não estragar a sua imagem de prof maravilha; ao mesmo tempo sujeitar quem marca fd, a escrutínios nas reuniões, para “marcar” a pessoa e se mostrar como a “chefe” que avalia toda a gente!
    – influenciar outros diretores de curso e outras “chefias intermédias” fascizóides, contra certos profs que não gostam de lamber o cú à carneirada.
    – distribuir horários segundo o nível de “carneirice” da pessoa, com toda a lata do mundo: horários de tão bem arrumadinhos até doem os olhos: 2ª livre, 6ª à tarde livre, etc., uma nojice!
    – influenciar a distribuição de serviço de exames, punindo alguns profs através do secretariado de exames. Até os funcionários põe a escutarem o que se diz pela escola.
    – fazer desaparecer equipamento e livros, para poder invocar o envolvimento dos profs que quer difamar.
    – encobrir as asneiras que faz, com o apoio da outra macacada, incluindo alterar assinaturas e datas em termos.
    – proteger os ignorantes seus amigos que não precisam de apresentar dossiês que estão cheios de erros técnicos, enquanto escrutina outros por meros lapsos e faz questão de o registar por escrito.
    – mentir descaradamente sobre faltas de profs, para lhes poder registar no processo faltas injustificadas.
    – conspirar contra a diretora junto com outras “chefias intermédias”, difamando-a em restaurantes perto da escola (“a gaja isto e aquilo…”)

    • Alexandra Almeida on 16 de Janeiro de 2020 at 10:59
    • Responder

    Nos tempos da Mª de Lurdes Rodrigues, quando ela começou a dar cabo dos professores, lembro-me de ter ouvido uma colega dizer: “Estes gajos ainda vão querer professores e não os vão ter”…
    Pensei, na altura, que a colega estaria a exagerar.
    Afinal, poucos anos passaram: ela tinha razão.

    • obtuso on 16 de Janeiro de 2020 at 12:30
    • Responder

    em 2030 no máximo vai ser o caos os funcionários vão fazer o papel de professores isto se ainda houver também quem queira ser funcionário

      • Paulo Anjo Santos on 16 de Janeiro de 2020 at 14:39
      • Responder

      Eu não sei o que eles poderão estar a preparar, mas muito antes de 2030 a falta de professores será enorme se não fizerem nada… o problema é que não podem fazer muito, que não passe por um baixar substancial das exigências e coloquem qualquer um a dar aulas!

    • Duma on 16 de Janeiro de 2020 at 15:54
    • Responder

    Caros colegas, recusem lecionar o que não é da vossa competência. É exatamente isso que eu vou fazer. Temos de estar UNIDOS

    • Sílvia Mónica Mendes Teixeira on 20 de Janeiro de 2020 at 3:19
    • Responder

    E vamos deixar??? Onde é que isto vai parar? Cada vez mais decadente!!!!

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