Mensagem ao Presidente da República

Sr. Presidente,
sou educadora de infância e estou a trabalhar no refúgio Aboim Ascensão pelo 2º ano em mobilidade estatutária por ser impossível encontrar casa com contrato anual no meu AE em Albufeira e então aceitei o desafio em Faro e consegui com muita dificuldade e esforço uma renda de quase 700 euros, ganhando eu 1158. ..
Venho informar que partilhei a realidade que segue ao Primeiro Ministro sobre a realidade no sentido que seja valorizado o esforço dos contribuintes que como eu são lesados por terem sido congelados, privados de usufruir dos seus direitos, de uma vida melhor, com mais qualidade e melhores expetativas.
É verdade que os Sres Ministros e Deputados… “vivem” bem e “sem” medidas à custa de um povo tão generoso e humilde.
Lamento isso, sinto que “são” responsáveis pela “amputação do bem estar do povo, dos seus direitos retirados, diminuídos, faseados… enfim não “iludam”.
Sou mãe e monoparental, numa terra longe do meu distrito (Aveiro) que espero antes dos meus 50 anos conseguir me aproximar.  Pelo menos é o meu sonho, aguardo o próximo concurso, que suponho daqui a 2 anos, quando os celebrarei. Veja bem o que isso quer dizer… deslocada mais de metade da vida profissional… onde está o respeito, a valorização, o reconhecimento e agradecimento aos que todos os dias cumprem a sua missão com tanto esforço, custo, medo, angústia, fragilidade, solidão, cansaço e saudade, amor, confiança, energia e carinho?
Quando é que se “colocam” na pele das pessoas, deste povo nobre, fiel, simples, honrade e pacífico sim, quando?
Que este ano 2019 e anteriores pudessem servir para contarem o quanto retiraram às famílias, quantas felicidades rombaram, quantas doenças, tristezas e fatalidades causaram? Sim, são RESPONSÁVEIS. A causa é vossa, medidas erradas, algumas desumanas e inaceitáveis, lamento.
Todos os dias reparo no que me rodeia e vejo que não há brilho nos olhos das pessoas, há tanta tristeza e dor, sou consciente dessa realidade e gosto de dar sempre o meu sorriso e meu ânimo e sei que não é fácil.
Gostava que esta carta fosse lida e partilhada, pelo menos que inspirasse estas palavras e que enchessem de verdade o seu rosto e seu coração e acabasse por lhe dar vontade de dar a mão ao nosso povo, às classes que merecem seu reconhecimento todas, nós todos somos Ronaldos com um salário mísero, condições escassas e vontade de melhor.
Desejo que sejam dados e reconhecidos os valores e méritos a todos os portugueses que se esforçam tanto com tão pouco. São uns heróis, sofrem em silêncio, acreditam em dias melhores pacificamente.
Eu não posso avançar para 2020 sem comunicar as injustiças que “cometem” com este povo, estes trabalhadores, que enfrentam dificuldades todos os dias.
Agradeço esta leitura e aguardo que me contacte, provavelmente para o ano
atenciosamente
Elisabete Almeida

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15 comentários

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    • João Lima on 31 de Dezembro de 2019 at 11:05
    • Responder

    Aqui está um exemplo daquilo que se está a criar com o “arrastar” destas situações de mobilidade: Pessoas que vão vincular longe “sonhando” que um dia poderá regressar à Terra-Natal.
    As pessoas não mudam o foco porque a lei (e os sindicatos e afins) não lhes dizem peremtoriamente que têm de permanecer no local de vinculação durante algum tempo. Depois inventam mil e uma doenças para sí, filhos e pais, arrastando-se contrariados nos locais onde vincularam e nunca quiseram trabalhar. E aquele grupo de lesados de Agosto fez mais mal do que bem… mas muitos ainda não perceberam isso!

    • Ana Esteves on 31 de Dezembro de 2019 at 12:35
    • Responder

    É uma pena que escreva tão mal!

      • Manuel on 31 de Dezembro de 2019 at 13:16
      • Responder

      Colega Ana, muito infeliz o seu comentário. Imagino que escrever num estado psicológico frágil ,só por si, não será fácil.

      • Rui Filipe on 31 de Dezembro de 2019 at 15:03
      • Responder

      É uma pena, que tenha tão pouca classe.

    • Sandra on 31 de Dezembro de 2019 at 13:19
    • Responder

    Mas diz muitas verdades e fala do coração. A qualidade da escrita não deve ser o único pormenor a salientar.

    • Rui Filipe on 31 de Dezembro de 2019 at 13:58
    • Responder

    Parabéns pela sua carta e pela sua coragem.

    • Pardal on 31 de Dezembro de 2019 at 17:11
    • Responder


    “…aceitei o desafio em Faro e consegui com muita dificuldade e esforço uma renda de quase 700 euros”

    Texto muito bem conseguido e que nos dá uma imagem do que se passa com o mercado de arrendamento numa zona de grande pressão turística como o Algarve litoral. Lisboa e Porto padecem do mesmo problema.

    Este problema do mercado de arrendamento e da falta de oferta de habitação está a provocar constrangimentos no mercado de trabalho. A nível privado todo o mercado laboral (hotelaria, turismo, serviços…) ressente-se com falta de mão-de-obra na medida em que esta se confronta com a falta de habitação para viver naquela zona do País.
    Urge implementar politicas públicas que permitam maior oferta no mercado de arrendamento.

      • Elisabete AZEVEDO Almeida on 31 de Dezembro de 2019 at 17:43
      • Responder

      Tem toda a razão, tentei e tento já há 3 anos, falando com diretor de agrupamento, presidente da câmara, funcionários, mas a realidade turística vence tudo e todos, ou se é rico e se pode comprar para não ser despejado durante o verão; a verdade é que dão prioridade em alugar nas férias e não anualmente e os que têm trabalho não encontram alojamento. Os preços são como eu disse muito elevados… não há limite. Compreende-se porque faltam professores no Algarve, não têm condições, essa é a mais importante. Estive 15 anos colocada nas ilhas, depois consegui vir para cá e só poderia ser no Algarve, mas apesar das dificuldades estou feliz de fazer face. Obrigada uma vez mais.

      • Joao on 31 de Dezembro de 2019 at 21:34
      • Responder

      Muito bem, Pardal!

      • João Beleza on 1 de Janeiro de 2020 at 3:52
      • Responder

      Estou siderado com tanta gentileza do Pardal. Só pode estar doente, pois tem passado o tempo a moer os professores!

    • Elisabete AZEVEDO Almeida on 31 de Dezembro de 2019 at 17:25
    • Responder

    olá a todos, escrever com o coração não é perfeito mas é puro e verdadeiro… poderia ter relido mas o impulso deu em alguns erros que são de resto humanos;-) não esperava que o Arlindo publicasse, é verdade. Agradeço o apoio e desejo sobretudo que 2020 seja mais justo para todos, mais humano, mais compreensivo e generoso, mais humilde e genuíno, porque o resto é secundário, senti-me no dever de falar em nome dos que são esquecidos, não ouvidos e não somos só nós professores. Temos que ser mais unidos e ver para além dos nossos grupos, dos nossos “erros”, quem não os tem, e juntos contra as ultrapassagens e outras situações que nos colocam em situações de oposição… Colega Ana, desculpe-me os erros, talvez a precipitação, desejo-lhe e a todos um olhar cheio de luz pra encerrar 2019 com tudo claro e assim olhar o horizonte que vai nascer de forma pura, confiante e gratificante. Parabéns a todos por esforçarem-se para um mundo melhor. Muito obrigada, com carinho;-) bom ano!

    • Luana on 31 de Dezembro de 2019 at 18:48
    • Responder

    Parabéns pela coragem, isto pode ser o início da tomada de consciência por parte da sociedade da triste realidade de um grupo de profissionais que paga para trabalhar e é vítima deste mercado agressivo que é o arrendamento.

    • Cardoso on 31 de Dezembro de 2019 at 22:04
    • Responder

    E quanto à mobilidade por doença ,a culpa não é de quem a pede ,mas sim do Ministério da Educação de não os mandar a uma junta médica. Por qualquer dia “paga o justo pelo pecador”

    • Maria Isabel dos Santos Moura on 3 de Janeiro de 2020 at 17:09
    • Responder

    Parabéns colega pela força e coragem com que expôs uma realidade que atinge muitas e muitas pessoas da nossa profissão. Eu estou na zona de Lagos e não existem casas para alugar e quando surge alguma pedem 1000€ por mês. Come-se o quê? Com a agravante de que tenho um filho dependente, com elevado grau de incapacidade. Tudo isto faz uma pessoa pensar… Claro está que muitos não se importam, a avaliar por alguns comentários. Votos de um melhor ano 2020.

      • Elisabete AZEVEDO Almeida on 10 de Janeiro de 2020 at 23:34
      • Responder

      Maria, resta-nos lutar pelas nossas causas, contra esta insensibilidade. É difícil sim mas de nada nos serve lamentos e choros, muito mais digna é a nossa coragem e força que nos permite avançar, viver um dia de cada vez. É verdade que temos uma grande responsabilidade que é a nossa saúde física, mental e até financeira, até porque gerir um agregado familiar nestas condições é ser quase “mulher elástica” (;-)). Tem que haver “responsabilidade” /”participação” do Estado nestas situações. Maria, sei bem que entre julho e setembro à semana um T1 pode ser 1000 euros e sei que não vão querer saber que não temos alternativa, porque não podemos pagar esses meses em hotéis, nem sequer parques de campismo… Querida Maria, já falei na possibilidade de protocolos para construções de residenciais para funcionários… mas a resposta é “muito complicado”, penso que há falta de interesse, mas é a minha humilde análise. Maria continue a lutar pelos direitos do seu filho, pela vossa felicidade e saúde e não deixe de acreditar que há sempre alguém para ajudar, ouvir e até acreditar. Com carinho, um ano mais justo e confiante,

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