Investidores em tempo de serviço! – Filinto Lima

Investidores em tempo de serviço!

A classe docente, merecedora de pleno respeito, porém profunda e injustamente espoliada, soma mais um rude golpe perante a apatia e o desprezo dos responsáveis políticos.

Senão veja-se: o preço pago pelo arrendamento de um quarto nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e do Algarve atinge valores proibitivos, e a ocupação de um sofá num quarto coletivo situa-se, exorbitantemente, nos dez euros por dia e nos 15 euros se for um beliche em pousada da juventude da capital, quando reservado pelo Booking.

Não sendo uma realidade recente, tem vindo, paulatinamente, a acentuar-se nos últimos anos, para gáudio de quem vive do turismo, predadores implacáveis, espécie de “donos disto tudo”, enriquecendo num “negócio” que carece de regulação mais atenta e atuante.

Empurra-se para os autarcas a resolução de um problema que lhes não é devido, ficando explícito mais um fator negativo da descentralização, com claro empandeiramento de um incómodo da esfera central para a competência local.

A fazer lembrar o prolongamento da sua vida estudantil, é inconcebível a inexistência de qualquer apoio para estes profissionais, como sucede com outros da administração pública. Em consequência desta situação absurda, horários completos (e incompletos) foram recusados, e milhares de alunos sem aulas fizeram notícia ao longo do 1.º período, perspetivando-se a continuação deste triste cenário no recomeço do ano letivo.

Impossibilitados de fazer planos a médio ou longo prazo, os docentes assumem-se investidores em tempo de serviço, vivendo o dia a dia no fio da navalha. Reclamam soluções para esta situação dramática, entre as quais, sobressaem:

  • Política local de habitação – se é verdade que, por ora (!), o problema se circunscreve essencialmente às regiões de Lisboa e Vale do Tejo e do Algarve, as respetivas autarquias deverão assumir como prioridade o suprimento de habitação condigna e sustentável para estes profissionais resilientes;
  • Possibilidade de acumulação – todos os professores que se encontram longe de casa, sobretudo os que têm horários incompletos, deverão poder usufruir da exceção de acumulação para além das seis horas, podendo, deste modo, rentabilizar as inúmeras “horas mortas” do seu tempo, auferindo dinheiro extra, precioso para atender aos implacáveis gastos suportados;
  • Atribuição de ajudas de custo, subsídio de residência e deslocação – é da mais elementar justiça atribuir aos docentes incentivos para fazerem face a despesas impostas inerentes ao exercício da profissão longe da sua residência habitual.

A este problema conjuntural, trago à colação três factos, que agudizam o trabalho nas escolas:

  1. Escassa procura nos cursos de formação inicial de professores – o número de candidatos é cada vez menor, sobejando vagas desertas, pelo facto da carreira docente ser pouco atrativa para os nossos jovens;
  2. Envelhecimento do corpo docente – problema transversal à Administração Pública, é sentido com maior expressão nas escolas, sabendo-se que em menos de uma década 57,8% dos professores jubilará;
  3. Desencanto pela profissão – cada vez mais professores dos quadros apresentam licença sem vencimento para experienciarem outras áreas profissionais com melhores perspetivas de carreira, muitos a optar pela mudança, resultando num prejuízo claro para a escola.

Urge encontrar respostas para os diversos obstáculos aqui levantados e criar os estímulos e apoios adequados, mormente, fazendo justiça a uma classe que deve ser acarinhada, apontando-se-lhe um caminho de esperança,

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12 comentários

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    • Paulo Anjo Santos on 28 de Dezembro de 2019 at 15:17
    • Responder

    Concordo com quase tudo… não concordo que se chame de «predadores» a quem retira proveitos financeiros dos seus pertences, a realidade é que se alguém aceita alugar um sofá numa casa é porque não tem alternativas melhores, mas não é a essa pessoa, ou às outras que alugam quartos, que lhes compete resolver o problema dos professores, essa competência é do estado, do goveno em última análise…

    Mais uma vez, são todos os outros que estão a ver mal as coisas, não os que defendem que não há problema nenhum de falta de professores… é tal história de quem anda em contramão e acha que os outros todas em que estão a conduzir no sentido errado!

      • Pardal on 28 de Dezembro de 2019 at 15:45
      • Responder


      Ó pá!…a falta de professores é tanta que os DESGRAÇADOS são, como diz Filinto das Limas “Investidores em tempo de serviço!”….ou seja, há tanta “falta de professores” que os contratados colocados em horários incompletos ainda pagam para SOMAR TEMPO DE SERVIÇO.

      Estes desgraçados dos contratados humilham-se para poderem comer um tigela de sopa e somar tempo de serviço. Por aqui se nota a “enorme”falta” de setôras e setôres para darem umas horitas a troco de pouco ou coisa nenhuma.

      Triste!…

      Não digas asneiras Paulinho dos Santos.

        • Paulo Anjo Santos on 28 de Dezembro de 2019 at 17:27
        • Responder

        Palhaço Pardal, quando responderes às minhas duas questões podes comentar o que quiseres… Voltaste ao teu registo arrogante e nojento, está-te no sangue, és reles, não há nada a fazer, foste (mal) educado assim, já não estás em idade de ser corrigido. Aproveita bem o dinheiro que partido te paga para andares aqui a passar a palavra… és daqueles que procuram a felicidade no dinheiro, nas roupas de marca, um bom carro e casa para mostrar aos amigos… mostrar superioridade financeira para com os outros é o top da tua agenda… mas na realidade és um infeliz, que só tem algum conforto quando mostra a sua grandeza económica e financeira. Conheço mais como tu, que é que queres que te diga, fala-se noutra coisa qualquer e falta-lhes o pio, a única coisa que lhes interessa é política e a imagem que projetam para o exterior, gostas de dizer que conheces este e aquele e não te dás com quem ganha menos que 2 ou 3 mil euros por mês.. .a não ser que seja para os enxovalhar, o resto não são do teu nível, certo?

        És um triste, não sabes sequer debater argumentos, não percebeste que o que me preocupa é sobretudo a educação, o futuro do país, porque no teu mundo, tens garantias de que tu esta´s protegido, defendido, pela corja de curruptos que minam o país, e que nos colocam longe de paíeses como os do norte da Europa… a única coisa de que tenho pena é das pessoas que realmente têm dificuldade em arranjar dinheiro para comer uma sopa (professores duvido que haja algum) para que pessoas como tu possam viver muito acima do que produzem…

        • Nowhereman on 28 de Dezembro de 2019 at 18:20
        • Responder

        Pardal boy, não passas de um lambe-botas deste governo. A tua falta de respeito pelos professores é bem visível, verme. Queria ver-te a falar assim numa sala de professores.

        • Manuel Silva on 28 de Dezembro de 2019 at 20:59
        • Responder

        O rançoso do Pardal no seu melhor estilo!

    • José justo on 28 de Dezembro de 2019 at 16:19
    • Responder

    Lembrou-se agora dos desgraçados. Na sua função na hierarquia dos diretores nada disse e nada fez em defesa dos professores. Zero! Mas vem agora, quando se percebeu que este governo é fragil, e, enfraquecido começa a estar o partido do governo, recomendar coisas: “Urge encontrar respostas para os diversos obstáculos aqui levantados e criar os estímulos e apoios adequados, mormente, fazendo justiça a uma classe que deve ser acarinhada, apontando-se-lhe um caminho de esperança…”, O quê, Flinto? Como, quando? Isso qualquer aluno do 4 ano ou um pai com a 4ª classe diriam,…Dizer que é preciso toda a gente sabe, até o governo. Porém este até pensa fazer o contrário, segundo o programa do governo, embora já se tenha percebido que pouco ou nada vão fazer porque o tempo não está para guerras…. Ó filinto…

    • FM on 29 de Dezembro de 2019 at 13:33
    • Responder

    Olha! O Filinto acordou para a vida! Agora já vem tarde. Porque será que antes das eleições estava caladinho?
    Pardalito Rosa!Vai levar na cloaca, filho da p…..! Se conseguir descobrir onde páras, e já faltou mais, parto-te essa focinheira!

      • Pardal on 29 de Dezembro de 2019 at 14:47
      • Responder


      Estás com palavras muito violentas para o meu gosto e isso provoca-me arrepios de frio.

      Já vi que és um homem com C grande. É assim que eu gosto deles.

        • Paulo Anjo Santos on 29 de Dezembro de 2019 at 15:05
        • Responder

        Vires aqui até vens, responderes ao que te perguntam é que não dá jeito…

        1. Há ou não milhares de alunos que não têm professor de uma ou mais disciplina desde o início do ano letivo?!
        2. Estas faltas têm acontecido todos os anos ou agravaram-se muito este ano, sendo que desde a década de 80 que não se verificavam tantos casos?

        Se estivesses com vontade de debater o que quer que seja, respondias a isto, da mesma forma que me disponibilizo para responder às tuas parvoices! Mas não respondes, para ti isto seria uma ditadura com o teu partido a mandar nisto…

          • Manuel Silva on 30 de Dezembro de 2019 at 16:00

          O rançoso do Pardal no seu melhor estilo!

        • FM on 29 de Dezembro de 2019 at 16:33
        • Responder

        Já tinha percebido que és panasca. Mas de tanto levares dos teus amiguinhos do partido já tens esse C demasiado largo para o meu gosto, filho da p….!

    • Alexandra Almeida on 2 de Janeiro de 2020 at 22:36
    • Responder

    Continuo sem perceber: Se este é um blog para professores, por que razão o Pardal não é excluído?
    Ninguém já o leva a sério, desmascarou-se, aliás, desmascara-se constantemente… É só para nos indispôr. Porquê deixar uma besta destas aceder ao blog? QUAL É O INTERESSE?

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