O Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) quer que as agressões a professores em contexto escolar passem a ser consideradas um crime público, o que na prática fará com que a investigação decorra independentemente de ser ou não apresentada queixa ou de quem a apresente. “Actualmente, as agressões a professores são consideradas crime semi-público, o que constitui uma demora de quatro a cinco meses no tratamento dos processos, resultando na sua maioria das vezes em nada”, justifica o SIPE, num comunicado em que anuncia a intenção de apresentar essa reivindicação junto do Ministério Público, e dos ministérios da Justiça e da Educação.
No mesmo documento, divulgado no final de uma semana marcada por notícias de vários episódios de violência, de alunos contra professores mas também de um professor contra um aluno, o SIPE defende penalizações mais pesadas para os agressores – maioritariamente alunos ou familiares. “Verifica-se um sentimento de grande impunidade por parte dos agressores, que contribui para a repetição deste tipo de acções e para que os docentes se coíbam de denunciar estas situações”, acrescenta o sindicato, que vai criar a plataforma “Violência nas Escolas – Tolerância ZERO” e uma linha de apoio aos professores vítimas de violência nas escolas, “onde estes possam denunciar situações de agressão física e verbal sem medo de represálias”.
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Cara/o Deputada/o,
Neste início de mandato, em nome das alunas e alunos da Escola EB 2,3 Professor Delfim Santos e de tantas outras crianças e jovens do nosso país, queremos lançar-lhe um pedido. A Constituição da República Portuguesa estabelece no número 1 do artigo 74º que “todos têm direito ao ensino com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar”. É este direito que não está a ser garantido para milhares de alunos no nosso país por falta de colocação de professores e é com a defesa deste direito que lhe pedimos que dê início ao seu mandato. Estamos a falar daqueles que ainda não têm direito a voto, que merecem as mesmas oportunidades de todas as outras crianças e que por isso devem estar na linha da frente das preocupações de todos nós.
Neste momento, mais de um mês depois do início das aulas, há escolas com turmas sem professores. Todas as semanas o ministério da educação lança, através da Direção Geral da Administração Escolar, um concurso para promover a colocação dos professores em falta. Contudo este processo não só se tem mostrado lento, como em muitas situações os professores colocados optam por não aceitar a colocação.
A Associação de Pais da Escola EB 2,3 Professor Delfim Santos pede o seu apoio urgente na revisão deste processo, seja no muito curto seja no médio-longo prazo. Temos consciência que se trata de um processo complexo e para o qual não existem soluções simples, no entanto, é tempo de colocarmos as crianças em primeiro lugar, envolver todos os atores e concertar estratégias. Só assim será possível encontrar novas soluções para velhos problemas.
No final da semana passada, consciente de que o elevado preço da habitação pode estar a impedir alguns professores de aceitar as respetivas colocações, nomeadamente quando não se trata de horários completos, a Câmara Municipal de Lisboa aprovou por unanimidade uma moção a instar o Governo e o Ministério da Educação a encontrar e implementar soluções, em articulação com a própria autarquia.
O tempo não volta para trás e a cada semana que passa vemos um fosso mais fundo entre a preparação destes alunos e todos os demais, avolumando a dificuldade que o sistema de ensino tem em garantir igualdade de oportunidades para todas as crianças e jovens.
Urge por isso pressionar o Governo e o Ministério da Educação a tomar medidas extraordinárias para corrigir de imediato esta situação e promover uma reflexão séria e abrangente para evitar repetições destas no futuro. Seja com a contratação descentralizada por parte dos agrupamentos de escolas, seja com o apoio ao alojamento dos professores, seja com a possibilidade de contratar horas extraordinárias a professores já colocados, seja com a criação de horários completos através da junção de horários de escolas que não distem muito, seja através de outras medidas que concorram de forma efetiva para solucionar este problema no curto prazo.
Não fiquemos à espera que um sistema obsoleto coloque a “conta gotas” os professores em falta. Tanto nós pais, como os nossos filhos, contamos consigo!
A Associação de Pais da Escola Delfim Santos
E parece que o problema estará resolvido… julgam eles!
Julgam mal, julgam bem? Veremos no que dá. Tudo depende de como forem organizadas estas bolsas e se há interessados. É que trabalhar cansa e cansa ainda mais quando o é pelo ordenado mínimo.
Estão as escolas portuguesas preparadas para adaptar-se à revolução tecnológica e às profissões do futuro?
A revolução tecnológica já é uma realidade em Portugal e trouxe com ela modificações importantes no âmbito laboral e educativo. Já se sabe que o mundo do trabalho é uma área em constante mutação, que está condicionada diretamente por mudanças sociais, económicas e de índole científica e tecnológica. E os programas educativos devem acompanhar atentamente estas alterações, preparar-se para lhes fazer frente e, sempre que possível, adiantar-se às novas realidades e antecipar cenários.
Umas das principais inovações introduzidas ao longo das últimas décadas foi, sem dúvida o acesso à Internet e a sua democratização a nível global. Atualmente 85% dos portugueses já afirma utilizar a web diariamente e, em média, passa 6h30 diárias conectado, das quais mais de duas horas são dedicadas às redes sociais. E que dizer do uso crescente dos dispositivos móveis e da necessidade de estar permanentemente ligados à rede global, num mundo em que inclusivamente a comunicação entre pais e professores já se faz através dos grupos de Whatsapp?
Sim, a tecnologia transformou a sociedade, a forma como consumimos e como nos comunicamos. E criou novas necessidades, tanto ao nível do consumo como da oferta de produtos e serviços, dando inclusivamente origem a novas profissões, principalmente no âmbito digital, e levando à obsolescência de outras, mais manuais e que podem ser facilmente substituídas pelas máquinas e pela inteligência artificial.
Os desafios dos professores perante a revolução tecnológica
Perante esta nova realidade, os professores e as escolas têm um papel fundamental no processo de preparação dos formandos para o mercado de trabalho. Mas, como podemos preparar os docentes para que estejam atualizados e possam responder às dúvidas destes alunos cada vez mais informados, mais exigentes, constantemente conectados e com uma sede de conhecimento inesgotável? Precisamos de renovar os quadros, contratando a professores Millenials? Quais são os principais âmbitos onde as instituições educativas devem centrar os seus esforços e atenção? E quais serão os perfis profissionais mais procurados nos próximos anos?
De acordo com o Fórum Económico Mundial, em pouco mais de dez anos (concretamente em 2030), muitas das competências atuais dos trabalhadores terão mudado completamente. Inclusivamente, há vários estudos que afirmam que nessa década, entre 75% e 85% das profissões mais procuradas não existam hoje em dia. Serão criadas nos próximos anos. Pelo que a reciclagem permanente e a formação constante e especializada vão ser elementos fundamentais para os profissionais do âmbito educativo.
Competências necessárias para as profissões do futuro
Há muitas teorias sobre este assunto, e – como acontece sempre que falamos do futuro – uma boa parte delas está baseada em simples especulações. Mas há quatro áreas fundamentais onde supostamente a transição para a nova realidade do mercado de trabalho será mais fácil: concretamente em estudos relacionados com Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. Pelo que está claro que as escolas devem prestar especial atenção a conteúdos vinculados com estes quatro tipos de conhecimento. Cada vez são mais necessários os programadores informáticos, os analistas de Big Data, os especialistas em Realidade Aumentada, Marketing Digital, a Internet das Coisas ou a Inteligência artificial, para dar apenas alguns exemplos.
E há mesmo áreas que inicialmente estavam vinculadas ao universo do ócio e do lazer, que com o passar dos anos se converteram em trabalhos com colocação quase garantida, devendo por isso ser considerados seriamente entre as áreas com grande potencial de empregabilidade. É o caso dos Community Managers, que são atualmente uma das profissões mais procuradas pelas empresas. Ou dos fãs de videojogos, ou praticantes de distintas modalidades de eSports, que em alguns países inclusivamente já são vistos como uma profissão.
Há também muitos casos de jogadores internacionais que nos últimos anos converteram o póquer em profissão, dedicando-se essencialmente às suas modalidades e eventos online. E Portugal não é exceção. Também aqui começam a surgir os primeiros nomes de relevo neste desporto mental, que participam em importantes torneios internacionais e que estudam, jogam e vivem do póquer, muitos deles vinculados ao mundo das matemáticas ou da computação, devido ao raciocínio lógico que exigem este tipo de atividades mentais.
O futuro da educação perante este novo cenário
Perante este cenário, as escolas devem em primeiro lugar começar a dotar-se das infraestruturas e dos recursos técnicos necessários. E formar constantemente os professores para que eles dominem essas novas tecnologias e saibam transmitir aos alunos os benefícios, potencial e limites da sua utilização. E, claro está, é fundamental adaptar os currículos escolares para que os conteúdos e as competências transmitidas aos alunos, sejam as requeridas por um mercado de trabalho que se tem vindo a transformar a uma velocidade vertiginosa, e que provavelmente mudará muito mais ao longo da próxima década. Estaremos preparados?
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