Mais um ano com a vida aflita…
A minha esposa está colocada a 80 kms de distância, espera-a 160 kms por dia em viagens diárias, acresce o custo das scuts/portagens 3,55 Eur X 2 = 7,10 Eur Diário x 22 dias de trabalho mensal = 156,20 Euros/mês.
Como temos um filho pequeno, é difícil a distância e apenas estar com ele e comigo aos fins de semana, teremos de optar pelas deslocações diárias, o carro se aguentar, terá de percorrer este ano letivo mensalmente 3520 kms e no final do ano terá mais de 255.000 kms, com 3 idas obrigatórias à revisão para óleos, filtros, pneus e restante manutenção a cada 10.000kms, cada revisão na ordem dos 300 euros, sem ser na marca! Resumindo, apesar de ser económico, 14/15 Euros por dia de combustível, mensalmente ronda 310 Euros.
Portanto, custos fixos 156,20 + 310 = 466,20 Euros apenas para deslocações, no melhor dos cenários… sem multas e acidentes.
A maioria das pessoas desconhece de que os Professores iniciam o processo do concurso em meados de março e estas não são alteráveis até ao final do ano letivo, isto é, julho de 2020!!!
Não podemos recusar este horário, claro que é satisfatório a colocação, apesar de já se encontrar desde julho em casa, após o término antecipado do contrato, pela apresentação do colega que se encontrava em substituição desde o início do ano letivo. Motivo suficiente, para assassinar a possibilidade de ingresso no “quadro” (zona mais limitada de garantia de colocação.) Um dos requisitos é ter 3 anos consecutivos com contrato anual e com horário completo.
Com a publicação nos próximos dias de novos horários disponíveis para as restantes necessidades, verifico sempre aquela angustia, valeu a pena arriscar tanto, se na reserva de recrutamento seguinte existiam mais horários e tão perto da família ?
Que transtorno teria a Escola se me apresentasse 5/6 de setembro ? Com uma bolsa maior de horários, todas as colocações seriam perante as preferências de cada um, de acordo com as suas necessidades! Sem qualquer prejuízo para a Escola. Para quando o Governo/Ministério da Educação revê a necessidade da colocação atempada dos horários!
Com mais de 15 anos na “carreira”, mas com apenas 13 anos de tempo de serviço, temos por vezes de arriscar nas zonas geográficas pretendidas, apesar de desconhecermos na totalidade a possibilidade de colocação.
Nos últimos anos tem ficado perto da residência, temos mais de 40 anos de idade, pensávamos tentar o 2.º filho mas com este ritmo diário e despesas desmotiva qualquer família, para o planeamento de qualquer “plano”.
O motivo da minha maior indignação, é reconhecer o trabalho efetuado em casa, horas perdidas sem fio em preparação de trabalhos e estes profissionais PROFESSORES que sempre foram distinguidos e respeitados pela sociedade, neste momento, são mesmo especiais, todos lhes caem em cima com exigência de grandes responsabilidades, sem qualquer contrapartida ou reconhecimento!
Os cerca de 900 euros líquidos que irá receber mensalmente, metade destina-se para deslocações… recordo que os Professores não auferem de casas do Estado, nem de subsídio de deslocação da residência, como determinados deputados ou membros de Assembleias de Câmara.
Felizmente trabalho e recebo pouco mais do que o salário mínimo nacional, mas para todos os efeitos, somos ricos para o estado, sem direitos a qualquer compensação, no que se refere a abono de família e afins.
O famoso tema da natalidade e substituição de gerações é delimitado às famílias, com todas estas condicionantes e outras…
É triste percecionámos a idade avançar, já sem apoio de retaguarda familiar, como antigamente acontecia, estando os sonhos serem esventrados.
Desolado com estas políticas!
Marido de uma Professora Contratada –
PRECISAMOS DE ESTABILIDADE PARA FECUNDAR OUTRO FILHO!