Opinião – O Verão do nosso descontentamento – Mário Silva

 

O Verão do nosso descontentamento

Depois de lida toda a legislação e documentos de esclarecimento enviados pela tutela ministerial, conclui-se que foi gerado um emaranhado de situações que promove a inequidade dentro da mesma classe profissional. Há 2 grupos de docentes que têm beneficio com a recuperação do tempo de serviço: os que estão entre 1º-3º escalões e 7º-10º escalões. Em ambos os casos, podem subir rapidamente de escalão (em várias situações 2 escalões consecutivamente num espaço de um ano). Os que estão entre o 4º-6º escalões (que é a maioria) não terão beneficio ou será residual, porque o tempo de recuperação não será usado para progredir mas para subir na lista de vagas para acesso a 5º e 7º escalões; mas como todos da lista recuperam o mesmo tempo, as posições graduadas mantêm-se inalteradas. Deste modo, vai acontecer que serão colocadas pessoas no 4º escalão que vêm dos 1º a 3º escalões, ficando em paridade com outras com mais idade e tempo de serviço (acontecendo o mesmo no 6º escalão para quem consegue sair do 4º escalão e vir do 5º escalão). Quando se analisam casos concretos, as discrepâncias iníquas são evidentes: profs. com 57 e 60 anos colocados no 10º escalão ou prof.com 55 anos colocado no 8º escalão versus profs. com 53 anos colocados no 6º escalão; profs.com 48 anos colocados no 4º escalão versus profs com 50-52 anos colocados no 3º ou 4º escalão. A indecência é total: diferenças de idade de poucos anos entre docentes mas diferenças entre eles de vários escalões ou docentes mais novos em escalões superiores relativamente a outros docentes mais velhos!…

O que é ABJETO e ASQUEROSO é observar que os governantes mostram TOTAL INDIFERENÇA perante casos tão HORRIVELMENTE INJUSTOS, comportamento que a esmagadora maioria dos professores jamais teria em relação aos alunos. A agravar a situação, existe o discernimento de que o desinteresse em repor a justiça tem o objetivo de desviar dinheiro para pagar a corrupção, fraude, gestão danosa, interesses de classes dentro do poder politico e económico, com o beneplácito de TODOS os partidos politicos representados na AR.

A consequência é catastrófica: destruição da qualidade de vida de mais de 60% da classe docente (e respetivas familias) tanto no presente como no futuro (com prejuízo grave no valor da hipotética pensão de reforma, que em muitos casos poderá não ultrapassar os €1000 liquidos…).

A manutenção deste estado profissional provoca a destruição da motivação pessoal, induz a um desânimo permanente, estimula uma revolta efervescente, que afetam inevitavelmente o desempenho, e indiretamente prejudicará os utentes do sistema educativo.

 

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12 comentários

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    • Teresa on 28 de Junho de 2019 at 20:37
    • Responder

    Não é a idade que importa na progressão de escalão.


    1. mas a idade está ligada ao tempo, ou não?
      ex: 29 anos de serviço, no 4º escalão desde 2009, e agora….. como se só tivesse 16 anos de serviço!!!
      e quase com 60 anos.

    • O burro sou eu on 28 de Junho de 2019 at 21:16
    • Responder

    Não quero acreditar que todo esta injustiça ainda se vai agravar mais, há escolas que nestas situações especiais para os docentes 4° e 6° escalão vão avaliar em 2018/2019 e outras escolas decidiram não avaliar estes docentes este ano.
    É muito injusto! Lamentável…que sejamos tratados de maneira diferente pela tutela e por colegas que tomaram a bela decisão de não avaliar.

    Pensam que ao não avaliarem este ano vão diminuir o trabalho da seção da avaliação. Estão enganadinhos simulem bem pelo menos nos próximos 3 anos vai existir um número elevado de docentes a avaliar nos diferentes universos.

    Onde se lě nos documentos que estes docentes não podem ser avaliados?

    Como podemos ter duas decisões tão diferentes que comprometem a situação financeira destas famílias?

    Haverá uma aplicação na plataforma da DGAE para “regular” estes procedimentos? Já agora que o utilizador docente possa consultar.

      • Sónia on 29 de Junho de 2019 at 9:47
      • Responder

      O que diz é ABSOLUTAMENTE VERDADE. Eu sou um desses casos, mas pretendo ” tomar medidas “.

      O que se passa é VERGONHOSO !!!

    • ANGELA on 28 de Junho de 2019 at 22:47
    • Responder

    Pior do que esta situação é a dos reposicionamentos em que se verifica a maior aberração jamais vista: colegas com menos tempo de serviço do que os que já estavam na carreira a saltar dois escalões: ESTE GOVERNO ANDA DESGOVERNADO LOGO DEVIA DEMITIR-SE.
    PARA TRABALHO IGUAL – SALÁRIO IGUAL!
    VERGONHA: A MESMA ESTRATÉGIA DE SEMPRE “Dividir para reinar”. Modelo político simplista…. que sejam ao menos criativos de modo a justificar o salário que “ganham”.

    • Lesado on 29 de Junho de 2019 at 0:28
    • Responder

    Portaria 119 referwnte ao reposionamento é outra trapalhada que não é compreensível. Mais uma portaria à medida de algum afilhado.

    Também vamos ser ultrapassados mais de um escalão com o facto de umas escolas avaliarem e outras não os docentes que mudam até 31/07/2020.

    Na verdade não existe legislação que defina as especificações apresentadas nas respostas publicadas pela DGAE sobre DL 65/2019. Por isso teremos de recorrer a instâncias superiores para definirem esta “balburdia”.

    Mais uma vez tivemos uma manobra de diversão para estarmos quietinhos neste final de ano letivo. Estou exausto!

    Estou a viver um filme de terror.


  1. Não querendo beliscar, minimamente, as justas reivindicações dos colegas pergunto se, por um minuto que seja, pensaram nos colegas contratados, muitos com mais tempo de serviço do que muitos colegas do quadro, cujo único direito que têm, é não ter direitos… INVSíVEIS!

      • Sónia on 29 de Junho de 2019 at 11:12
      • Responder

      Olo:

      Sim, pensei, penso e continuarei a pensar. Tenho 27 anos de serviço sem interrupções e , sabe Deus, o que passei todo esse tempo para poder cumprir tudo ( intervenções cirúrgicas, doenças, apoio familiar a ascendentes com cancro e descendentes , etc ). Tive a sorte de efetivar em 1997, tendo terminado o curso em 1993 e sempre trabalhei enquanto o fazia , não a tempo inteiro… Eu reconheço ” invisibilidade “, como reconheço a vergonha do salário do pessoal administrativo e auxiliar , colegas em início de carreira e que todas as carreiras ( não só a dos professores ) deveriam ter o mesmo direito ao ” descongelamento ” , porque o que é para um é para todos . É uma vergonha que os professores estejam e estivessem anos sem passar ao quadro … mas não sou membro do governo … Luto pelos meus direitos ( a minha consciência está tranquila quanto ao meu serviço ) e sou solidária com os colegas . ao fim de 27 anos de serviço, não consigo estar perto de casa , apesar de ter tentado algumas vezes. Quando tentei efetivar concorri ao país todo e ilhas e fui, nos primeiros anos para onde me ” enviaram “…

      Resumindo : Os colegas contratados anos a fio TÊM TODA A RAZÃO . Também sei ver o lado desses colegas . Lutem. Não desistam .

      Não há dinheiro ? Haver , há… todos sabemos disso . Não acho que sejam só os professores a ter esse direito , mas TODOS os que estão nessa situação ( outras profissões ). Não sei o que dizer … concordo, sou solidária … mas os colegas contratados fazem um excelente trabalho . O Ministério é que não faz nada para o reconhecer . Não é culpa dos outros colegas ou das direções das escolas.

      O voto de solidariedade, colega. Mesmo.


  2. … INVISíVEIS

    • Maria on 29 de Junho de 2019 at 14:14
    • Responder

    Terminei o curso em1985 e comecei a trabalhar desde 1 de Setembro desse ano, apenas com duas pequenas interrupções. Anos letivo inteiros, sem faltas, a não ser por doença ou nojo… Estava no 8° escalão em 2004 e ia para o 9° (na altura era o último escalão!) pois tenho mais que uma licenciatura! No entanto desci para o 6° e aí permaneço! Estou cansada de tanta trapalhada, de ultrapassagens, de reposicionamento… de tanto compadrio e leis que apenas favorecem alguns! Será que não somos todos docentes?

    • N. Ribeiro on 29 de Junho de 2019 at 15:03
    • Responder

    O texto e os comentários supra são, de facto, asquerosos e abjectos.

    • Maria R. on 29 de Junho de 2019 at 16:18
    • Responder

    55 anos 30 de serviço. Sem interrupções… fui “promovida” do 7° para o 4° escalão… estou no 5° como se tivesse 17 anos de serviço… é estimulante… se não houvesse travão no 7° chrgava ao 10° com que idade? É interessante a situação em que nos colocaram… ou somos muito resilientes ou morremos e assim é um alívio de encargos para o Centeno e afins.

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