Outra 5ª Feira, 25 De Abril (Ou… Um Post Meio Anarca Para Descarregarem A Bílis, Porque Faz Bem) | O Meu Quintal
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Abr 25 2019
Os resultados a que chegámos permitem-nos afirmar que a despesa com a recuperação total do tempo de serviço dos professores rondaria os 300 milhões de euros – metade do valor que o governo apresenta.
Sou Professor!
Permitam-me começar este artigo com esta exaltação. Com a manifestação inequívoca do orgulho de quem sente que exerce uma missão única: a de espalhar palavras que transportam sonhos; a de ensinar a reflectir, numa época que desvaloriza o pensamento crítico.
Num tempo em que não são poucos os que nos tentam amordaçar, em que muitos se socorrem de falácias para nos dividir e atemorizar, concedam-me estas primeiras linhas para elevar o privilégio de quem tem nas suas mãos o nobre ofício de semear a sabedoria. Porque o conhecimento e a verdade sempre andaram e andarão de mãos dadas com a liberdade. O que faz de nós, Professores, verdadeiros motores das rupturas e das mudanças necessárias. E o que também acaba por explicar as ignóbeis tentativas de silenciamento de uma classe que sempre incomodará os que anseiam pela insipiência e por uma sociedade moldada pelos exemplos de gente que, completando o que magistralmente diz Ricardo Araújo Pereira, “não sabe ser nem estar”.
Falemos então da liberdade, na tentativa de explicar a questão presente no título deste artigo: somos ou não livres? A questão central incide na nossa liberdade de escolher, de fazer opções. Essa é a nossa verdadeira liberdade: a liberdade que cada indivíduo possui de decidir; que é sua e só sua; a liberdade que consiste em distinguir o bem do mal e que permite avaliar o carácter, a coragem e a elevação moral de cada um. E é sobre esta aparente falta de liberdade de alguns (muitos?) que me adiantarei. Porque de nada adianta dizermos que “somos livres”, se vivermos eternamente reféns do poder instalado ou se não tivermos a coragem de o confrontar na devida altura. Seguirei com o resumo possível de uma verdadeira “saga”, em que descrevo todo um processo digno de registo para a realização, averiguação e divulgação das famosas contas sobre os encargos com a recuperação integral do tempo congelado de serviço docente.
Como é sabido por muitos, foi afirmado diversas vezes por elementos do Governo – inclusive o próprio primeiro-ministro – que a exigência dos professores na recuperação total do tempo de serviço congelado para efeitos de carreira corresponderia, e cito, “a um aumento permanente da despesa de 635 milhões de euros por ano” e que isso seria incompatível com “o compromisso com a sustentabilidade das contas públicas”. Não sendo especialistas na área das finanças, mas não tendo esquecido como se fazem operações aritméticas mais básicas, eu e um grupo de aproximadamente 40 professores de todo o país procurámos averiguar esse valor. Possuindo uma noção das variáveis que entram nesta equação, era evidente para nós que os números apresentados pelo governo e que ganharam eco na comunicação social seriam excessivos. Os resultados a que chegámos permitem-nos afirmar que a despesa do Estado rondaria os 300 milhões de euros, ou seja, metade do valor que o governo apresenta. Mais grave: que se falarmos numa solução como a encontrada na Madeira, ou seja, diluída em 7 anos, não chegaria a 50 milhões de euros (acumulativos) anuais. Acreditamos que esta diferença se justifica, fundamentalmente, com a apresentação por parte do governo de valores ilíquidos, englobando despesas e receitas nas mesmas contas.
Desde Janeiro deste ano que tentamos submeter as nossas contas e os próprios números apresentados pelo Governo a um estudo especializado. Iniciámos um processo de contactos a vários níveis, desde empresas reconhecidas na área da auditoria até investigadores universitários na área da Educação e Finanças, deixando sempre claro que o mesmo seria pago. Estranhamente (ou não), houve contactos que ficaram sem qualquer resposta e outros que, pelas mais variadas razões, optaram por recusar realizar tal estudo.
E, aqui chegados, volto à questão da liberdade: algumas das empresas optaram por responder telefonicamente, recusando o estudo e alegando que a exposição mediática de um trabalho desta natureza poderia ser-lhes prejudicial, visto os nossos valores estarem muito mais próximos da realidade do que os do governo. É frustrante verificar a dificuldade em garantir o direito de todos à informação precisa, para que cada cidadão possa fazer o seu juízo baseado na transparência de dados correctos.
Ora, muito mal está a nossa democracia quando ao querer combater a inverdade através da divulgação de contas precisas, acabámos por assistir ao medo dos que receiam sofrer represálias do poder instalado.
Mas existem mais prisioneiros: à comunicação social é-lhe reconhecido o dever de informar com isenção e de respeitar a verdade. De questionar, tornar públicas e de resistir às pressões dos poderosos. Há muita desinformação, muitas inverdades repetidas por diversos comentadores que, admito, no caso de alguns, seja por manifesto desconhecimento. Mas há flagrantes e despudoradas manipulações que nos fazem temer o pior.
Termino como comecei: Sou Professor, e por isso não desistirei de acreditar que o futuro será um lugar melhor na condição de, ainda que por obra de apenas alguns seres verdadeiramente livres, se defender a verdade.
Professor na Escola Secundária de Ponte de Lima
‘Caderno de Apontamentos’ é uma coluna que discute temas relacionados com a Educação, através de um autor convidado.
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Abr 25 2019
A maior conquista de Abril? Educação
A resposta à pergunta do título é imediata e óbvia. Não apenas a liberdade daquela madrugada, mas mais do que a liberdade quando a liberdade de nada serve se não usada para libertar mentes de crenças e modos de vida.
Antes do 25 de Abril, a educação era um privilégio das classes dirigentes. E o povo, pá? O povo aprendia até à quarta classe e o trabalho infantil era norma num país tão subdesenvolvido como os do terceiro mundo, onde os senhores doutores e os engenheiros eram os pais e os filhos da minoria política dirigente.
Minoria essa alicerçada no trabalho de sol a sol de toda uma nação a troco de nada, quando muito um tecto, duas cadeiras e a cama no chão partilhada entre pais e filhos, a assinar de cruz e a dizer que sim ao senhor e ao prior, geração após geração sob o signo da ignorância e o medo do castigo eterno, prisioneiros da fome e do temor.
E ai de quem dissesse alguma coisa, ai de quem reclamasse, protestasse ou fugisse numa terra onde as prisões, a tortura e a morte não precisavam de se justificar.
Com o 25 de Abril veio a educação e o ensino até à universidade, universidade essa gratuita até aos anos 90. A educação foi o fim do medo, a descoberta da verdade, a exposição da mentira, o questionar da informação, duvidar das decisões, participar e sair à rua, expressar a nossa opinião, manifestar, aderir a greves, o poder escrever, provocar, desassossegar sem receio de represálias, da polícia ou o medo dos bufos ao virar da esquina, dentro de casa ou à mesa à hora de jantar.
Porque a educação é uma chatice para as chefias e classes governantes e não há nada pior do que um povo que escreve livros, que lê livros e viaja, curioso por querer saber mais, contactar com outras culturas e maneiras de ver o mundo, ansioso por viver mais e melhor, como se isso fosse possível — e é.
Por tudo isto, viva a liberdade, viva o 25 de Abril. A educação é para a vida e pela mesma perdemos conta ao sangue derramado, às mortes e execuções em Peniche, no Aljube, no Tarrafal.
Por isso, o ataque à escola pública, a delapidação da escola pública ao longo de anos e governos desde então, despida de meios, com uma classe docente dividida entre professores envelhecidos e precários, na esperança do retrocesso a outros tempos, quando a educação era o privilégio de meia dúzia, educados em casa ou em colégios particulares. E a universidade? É paga por quem pode, nem por isso por quem quer.
A educação não é um privilégio, é uma conquista de Abril, é um direito pelo qual lutamos em cada palavra, em cada casa e rua e os professores são a sua maior arma.
Sem educação não há liberdade. Sem educação não há resistência. Sem educação não há Abril, só esquecimento e um povo embrutecido entre a praia, futebol e centros comerciais.
Por isso continuamos a lutar e a repetir, ano após ano, antes do 25 de Abril, durante o 25 de Abril e depois do 25 de Abril, viva a liberdade, 25 de Abril sempre!
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Abr 25 2019
Eu não vivi o 25 de abril, não vivi, porque não era nascido. Há quem diga que vivo em Liberdade, porque o 25 de abril de 1974 a trouxe a Portugal. Disso, não há duvidas. Eu, pelo menos, não as tenho.
Não sei o que é viver sem Liberdade de expressão, porque nunca vivi sem expressão. Expresso-me livremente todos os dias, digo o que penso, concordo e discordo sem olhar por cima do ombro com medo que me ouçam ou que leiam a Liberdade que tenho.
Hoje comemora-se a Liberdade, mas eu não sei o que é viver sem ela, não tenho essa experiência. Apenas ouço, e ouço com muita atenção, os que viveram sem Liberdade, que começam a ser menos e não gostam de recordar esses tempos. É necessário recordar, contar, recontar, vezes sem conta, para os que nunca viveram sem Liberdade tenham a noção do que seria viver sem ela e para que reconheçam o que é viver sem a Liberdade se um dia, no futuro, nos faltar.
A Escola tem um papel importante no exercício da Liberdade, mas para isso a Escola tem de ser Livre. Houve tempos em que até na Escola faltava Liberdade. Que isso não volte a acontecer. Sejamos Livres todos os dias.
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Abr 25 2019
Expresso | “Lóbi familiar socialista” já chegou aos cemitérios de Lisboa
(…)
Tudo parecia na paz dos cemitérios, politicamente falando, quando João Pedro Costa anunciou que iria desfiar os nomes dos corpos sociais da AACL, uma organização fundada em 2017. Antes desse momento, já Fernando Medina, com uma expressão facial a denotar algum incómodo, tentava meter fim à conversa, sugerindo um adiamento da proposta: “Dado o adiantado da hora”, sugeriu o presidente da Câmara.
“Entre os órgãos da associação”, prosseguiu João Pedro Costa, no que foi de novo interpelado por Medina: “Eu ía propor que nós adiássemos…”.
O vereador da oposição não o deixou terminar. “Mas estamos numa reunião pública” [além dos munícipes que se queiram deslocar aos Paços do Concelho, pode ser seguida em direto no site da Câmara].
O líder socialista de Lisboa cobriu a parada: “Adiamos para uma sessão pública”.
O eleito do PSD fez ouvidos de mercador: “Se calhar não quer que eu prossiga, mas eu vou prosseguir”. E assim fez: “Jorge Ferreira, fotógrafo de campanhas do PS e de eventos da Junta de Freguesia do Lumiar; Pedro Almeida, funcionário do PS no Parlamento; Inês César, sobrinha de Carlos César; a sua mãe, Patrocínia Vale César (deputada municipal do PS) e o seu pai, Horácio Vale César (irmão de Carlos César e ex-assessor de João Soares quando ele foi ministro da Cultura); João Soares; Diogo Leão, deputado do PS; Filipa Brigola, assessora do grupo parlamentar do PS. E podia continuar a elencar nomes”, advertiu.
“Temos aqui mais uma vez um lóbi familiar socialista”, disse o vereador do PSD.
Não bastava já o friso de militantes e de dirigentes do PS, com laços de família ou somente partidários, a encabeçar a Associação. João Pedro Costa deu ainda outra alfinetada no Executivo socialista de Lisboa. Após ter consultado o plano de atividades da AACL, o vereador do PSD disse que a entidade “já conta com €10 mil de apoio da Câmara de Lisboa, mesmo sem o protocolo ter sido aprovado”.
Com este balanço, perguntou João Pedro Costa a Fernando Medina: “O Sr. Presidente sente-se confortável com esta proposta? Ou quer adiá-la?”.
A pergunta era simples retórica, pois o vereador do PSD bem sabia que Medina estava mortinho para matar o assunto numa discussão à vista de todos.
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