Exmos. Srs.,
Somos cidadãos comuns – pais, alunos e profissionais de educação – que estão insatisfeitos com o ensino em Portugal e que pretendem contribuir para uma mudança de paradigma educativo.
Consideramos que o modelo de ensino tradicional, que ainda vigora maioritariamente nas nossas escolas, não vai ao encontro das necessidades das crianças/jovens e do seu desenvolvimento integral.
Ao longo dos anos surgem, no nosso sistema de ensino, inúmeras alterações que ainda não reflectem uma verdadeira mudança. São quase sempre ajustes ou remendos a um funcionamento que está, por si só desgastado, antiquado e obsoleto.
Assim:
– Defendemos ALTERAÇÕES NAS METAS CURRICULARES, para além da definição das aprendizagens essenciais. É preciso dar tempo e liberdade, aos professores e alunos, para que as matérias sejam trabalhadas de forma mais significativa e profunda. Aprender a fazer, a pensar, a articular conhecimentos em vez de aprender a decorar e a memorizar com o consequente fácil e rápido esquecimento.
– Defendemos AVALIAÇÕES QUALITATIVAS, que realmente reflictam o percurso diário dos alunos e que se baseiem em diferentes opções no modo de avaliar. Os alunos não devem ter de fazer a mesma tarefa no mesmo espaço de tempo e as avaliações não podem estar quase totalmente focadas em testes e em colocar o aluno numa percentagem, que em nada contribui para a sua própria evolução e superação, num percurso que é único e individual.
– Defendemos a VERDADEIRA INCLUSÃO. Equidade nas aprendizagens, onde se prevê o acesso ao conhecimento e a participação (reflectiva e crítica) de todos os alunos, providenciando-se oportunidades de aprendizagem efectivas e inclusivas para todos. Não se pode acreditar numa escola inclusiva se não se acreditar que todos os alunos podem aprender, independentemente das suas circunstâncias individuais.
– Defendemos a APRENDIZAGEM ACTIVA, com a implementação de modelos pedagógicos que não se baseiem fundamentalmente em aulas expositivas e que transformam os alunos em receptores passivos de informação.
– Defendemos ESPAÇOS EXTERIORES ESCOLARES que deixem de ser edifícios rodeados de cimento, estéreis, demasiado planos e arranjados, sem terra, árvores ou outros elementos naturais que não respeitam as necessidades motoras e simbólicas das nossas crianças, tão essenciais para a integração das aprendizagens mais formais.
– Defendemos a DISCIPLINA POSITIVA, com a formação de profissionais de educação, desde auxiliares, educadores e professores. Não acreditamos em castigos, gritos, ausências de recreios, mesas viradas para a parede e tabelas de bom ou mau comportamento. Acreditamos na autoridade do adulto, e não no autoritarismo, enquanto responsável pelo bem-estar dos alunos mas envolvendo-os na construção das regras do espaço escolar.
– Queremos colaborar para que a escola faça realmente parte da COMUNIDADE e que seja uma extensão das famílias. Que os pais que querem e têm disponibilidade para participar, possam ser envolvidos em actividades do quotidiano e que o acesso à mesma não lhes seja vedado. Cada vez mais é prática comum que jardins-de-infância e escolas com alunos do 1ºciclo não permitam a entrada dos pais, com crianças a serem entregues e recolhidas na recepção, como se de mercadoria se tratasse. Com regras claras e definidas, respeitando os limites e funcionamento das escolas, é possível que todos os intervenientes na educação das crianças façam parte de um todo que visa um interesse comum.
ORGANIZADORES:
MAPPE – Movimento Pais, Professores, Educadores e Alunos Unidos.
MPAI – Movimento Pais e Amigos para a Inclusão em Portugal.
Venham. Participem. Sejam activos na mudança, para lá da insatisfação. Tragam quadros de ardósia ou cartolinas pretas para escreverem frases alusivas às mudanças que defendemos. Partilhem em massa. Contagiem. Tragam os vossos filhos a participar num acto de cidadania. Acreditem.
Com os nossos cumprimentos,
MAPPE – Movimento Pais, Professores, Educadores e Alunos Unidos.
MPAI – Movimento Pais e Amigos para a Inclusão em Portugal.