Professores são uma “bomba relógio” que preocupa Marcelo
Marcelo Rebelo de Sousa está preocupado com as consequências que o braço-de-ferro entre o Governo e os professores pode causar na vida política e económica nacional, especialmente devido à postura de alguns elementos do PSD no âmbito desta temática.
O Expresso relata, na sua edição deste sábado, que o Presidente da República está “apreensivo com as consequências orçamentais e políticas da colagem do PSD às posições de esquerda”.
A polémica em torno da contagem de tempo das carreiras dos professores, que opõe o Governo aos Sindicatos do sector, está a dividir a esquerda, abrindo uma guerra entre o Bloco de Esquerda e o Executivo socialista.
O PCP também está do lado dos professores que exigem, no âmbito da progressão na carreira, a recuperação de nove anos, quatros meses e dois dias de tempo de serviço congelado. Mas o Governo já disse que não tem os 600 milhões de euros necessários para cumprir essa meta.
O Bloco de Esquerda defende que as reivindicações dos professores devem ser cumpridas e várias figuras de liderança do PSD assumiram posições públicas semelhantes, como foi o caso dos vice-presidentes David Justino e Castro Almeida.
“O tempo de carreira dos docentes deve ser respeitado”, disse David Justino em entrevista à Renascença.
“Se o Governo prometeu aos professores contar todo o tempo acho que não há décimas do PIB que valham mais do que a honra e a palavra de um Governo. Se o Governo prometeu deve cumprir”, referiu Castro Almeida em entrevista ao Diário de Notícias.
Estas declarações de figuras do PSD preocupam Marcelo Rebelo de Sousa que “teme que uma aproximação dos sociais-democratas aos argumentos do PCP e do BE leve a uma crise política em torno do Orçamento” de Estado para 2019, como nota o Expresso.
Além disso, o Presidente da República receia que uma eventual cedência do Governo aos professores abra “um precedente jurídico que o obrigue a repor todas as situações semelhantes no futuro”, o que seria economicamente incomportável.
O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, disse no Parlamento que “para dançar o tango são precisos dois”, apelando novamente aos Sindicatos para que cedam nas suas reivindicações, de modo a “negociar” uma proposta viável
“Se nestas negociações, ‘como acontece no tango, são precisos dois’, é também preciso que o senhor ministro da Educação não tenha ‘pés de chumbo’ e se deixe de cinismo para que os professores não fiquem parados no mesmo sítio como estiveram durante nove anos, quatro meses e dois dias”, reage em comunicado o Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE).