Este ano, o primeiro dia de escola é algo diferente de todos os outros, é cansativo. Percorridos 180 Km por estradas, autoestradas, filas de trânsito, uns quantos concelhos e algumas paisagens, chega-se à escola, já cansado.
Ainda antes de a viagem começar, deu-se o momento do ensacar de roupas e enfiar na arca congeladora uns quantos alimentos para a semana. As despedidas são feitas em silêncio, com o olhar, não vão os membros mais novos da família acordar tão matutinamente. Por vezes os olhos enchem-se de humidades que se controlam com um respirar mais intenso e, devagar, lá se sai de casa.
O carro está parado na garagem, depósito cheio no dia anterior. O domingo é sempre um dia de sentimentos controversos, tudo está bem enquanto não se é assolado pelo pensamento do que se passará no dia seguinte. Arrumam-se as bagagens, posiciona-se o banco, para que o desconforto das próximas duas horas, ao volante, seja minimizado. Liga-se o automóvel e começa a viagem. Depressa surgem uma e outra estrada, ainda iluminadas pelo luar, e num ziguezaguear constante passa-se de uma para outra. O amanhecer vai surgindo, devagar, tão devagar que nem se dá conta, não por falta de sensibilidade à sua beleza, mas porque os pensamentos ficaram lá atrás, em casa.
De um momento para o outro é-se obrigado a estar mais atento, o trânsito foi aumentado e agora é intenso. As ultrapassagens sucedem-se, o receio de não se chegar antes do primeiro toque é agora persistente. Aqui há uns anos, o tempo de viagem viu-se subitamente prolongado em mais um par de anos, por causa de um corte de estrada; as árvores, por vezes, não resistem ao vento. Depois de trinta minutos de um para, arranca constante, volta-se à velocidade de cruzeiro. A viagem está prestes a acabar. A escola está cada vez mais perto.
Estaciona-se, sai-se do carro, sobe-se a escada até ao quarto com serventia de cozinha onde se deposita, atabalhoadamente, a bagagem e volta-se a sair às pressas. Entra-se novamente no carro e, em cinco minutos, está-se em frente à escola. Entra-se já cansado… os níveis de stress estão elevados… tem que se mostrar um sorriso às crianças… a segunda-feira é um suplício e custa a passar… terça-feira será melhor.