21 de Maio de 2017 archive

A indisciplina começa quando a falta de educação e princípios acaba… Onde está o limite?

Todos os dias ouvimos nas escolas muitos pais pedirem ajuda ao verbalizar: “Já não sei mais o que fazer, ajude-me por favor! Ele (a) já não me obedece!” Na mesma proporção muitos professores queixam-se que existem cada vez mais alunos indisciplinados e a desafiarem a autoridade do adulto no contexto escolar. O ponto de convergência entre essas duas realidades está na dificuldade que as crianças e jovens têm em acatar ordens e obedecerem a regras, ou seja, em saber estar.

Atualmente, é cada vez mais notória a dificuldade que os pais têm em exercer autoridade sobre os filhos.

Talvez essa seja uma das maiores falhas nas relações familiares. Toda a relação de educação tem inerente um certo “atrevimento”, no sentido da criança ou jovem testar os limites da figura de referência em busca do prazer. Por um lado, uma grande parte das nossas crianças têm dificuldade em lidar com a recusa dos seus desejos e com a frustração. Por outro lado, muitos pais vêm os desejos dos filhos como direitos, direitos esses que devem ser correspondidos prontamente e na sua totalidade.

É como se os pais tivessem medo de confrontar os filhos, de discipliná-los porque isso faria entristecê-los. Há um claro enfraquecimento da autoridade parental e este tem um impacto muito significativo nas salas de aula e nas relações professor-aluno.

Quando tenho responsabilidade sobre alguém, tenho de ter presente que essa pessoa está sob a minha orientação, que deve obedecer as minhas ordens, ou seja, está subordinada a mim. Isto não significa que a criança seja inferior, mas que do ponto de vista familiar as figuras parentais tenham responsabilidades por serem cuidadores.

O facto de os pais se sentirem responsáveis pela felicidade do filho, numa determinada situação imediata, faz com que grande parte deles vejam enfraquecida a sua autoridade. Assim, pais que fazem esse tipo de afirmações, como as inicialmente supracitadas, assumem claramente o óbito da sua capacidade de ação enquanto educadores.

Quem tem responsabilidade sobre alguém jamais poderá desistir!

Tenho por hábito dizer aos pais/encarregados de educação que quem ama não desiste! Se a criança sentir que os próprios pais desistiram nunca mais irá percecionar o adulto como fonte de segurança.

Há pais que estão a criar crianças soberanas e não autónomas, pequenos ditadores (expressão imortalizada pelo psicólogo Javier Urra).

A entidade família não pode nem deve ser uma democracia, onde todos os elementos têm direitos iguais.

É uma estrutura participativa, onde todos têm direito no que se refere à “dignidade humana”, porém é preciso exercer autoridade. Dar responsabilidade a uma criança é um fardo muito grande visto que ela não pode nem o sabe carregar. São as regras e as figuras parentais de vinculação seguras os pilares de sentimentos como a auto-confiança e auto-estima que fazem qualquer criança crescer psicologicamente equilibrada, feliz e sem necessidade de enfrentar a figura adulto em qualquer outro contexto de vida, nomeadamente o escolar.

Os filhos de hoje serão os pais de amanhã e partindo do princípio de que aprendemos por modelos é urgente que os pais/encarregados de educação tenham consciência da importância e do impacto que os seus comportamentos têm nas gerações futuras, quer essas crianças e jovens estejam no papel de filhos, quer no papel de alunos.

 

Vera Areal

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Sugestão de Leitura – O Fim do Líder

 

 

 

Sinopse

 

Este livro tem como suporte a notória tendência da homogeneidade cultural da humanidade. Neste sentido, o líder tradicional está a ficar sem espaço. Pelo contrário, o líder supervisor pedagógico, o líder orientador, o líder humanista, parecem emergir nos grupos de trabalho onde cada membro, cada vez mais, está preparado para assumir as suas responsabilidades. O liderado tem melhor acesso à informação, à modernidade,… em suma, tem também melhor acesso ao poder. Assim, o líder de massas com seguidores cegos prontos a segui-lo a qualquer custo é visto aqui como um fenómeno em vias de extinção.

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