8 de Março de 2017 archive

Crónica de Santana Castilho no Público de Hoje

Decisões e homologações

 
 

A ausência de conhecimento e de sabedoria dá lugar ao atrevimento, próprio dos ignorantes. Lamento dizê-lo, mas é isso que caracteriza o processo decisivo deste Governo, em matéria de Educação.

 
 

1. Porque nenhuma reforma se compadece com a duração de uma legislatura, o que se ensina e o modo como a escola se organiza para ensinar deveria ser fruto de um amplo entendimento partidário, que não dos impulsos de quem manda em cada momento. Apesar disto obter fácil aprovação geral, seria preciso muito papel e muita paciência para fixar em texto a sucessão de alterações que escolas, alunos e professores têm sofrido nos últimos anos. Mais ainda, a leviandade com que se decide afirma-se, ad nauseam, sem consequências, que não o gáudio dos levianos, a escravização dos professores e a instabilidade dos alunos e das famílias.
Garantir a estabilidade do trabalho nas escolas, o que pressupõe reformas progressivas, planeadas, negociadas e avaliadas” é um fragmento frásico, promissor, que retirei da página 102 do programa do actual Governo.
Mas mudar a pontapé a avaliação dos alunos, como fez o ministro Tiago Rodrigues, a meio do ano, com a trapalhada de os confrontar com três modelos distintos, garantiu estabilidade ao sistema?
Mas as “alterações profundas”, que o secretário de Estado João Costa anunciou, virando do avesso os planos curriculares vigentes, são progressivas?
Mas a pirueta que a secretária de Estado Alexandra Leitão deu, depois de ter afirmado que os professores da rede privada não podiam concorrer em paridade com os da rede pública, foi negociada com alguém?
Mas quem avaliou a experiência da municipalização da educação, para que o Governo a generalize, porque sim?
E aqui ficaria citando, uma a uma, todas as medidas que, em pouco mais de um ano, tudo mudaram, uma vez mais, para que tudo fique na mesma, usando o mesmo modo de actuar que há pouco se combatia, por vir de Crato e da direita, e agora se deixa passar porque vem de Tiago e da esquerda.
Como expressão corrente, o bom senso é a tradução lata da razoabilidade e confunde-se, amiúde, com o senso comum. Mas quando pensado de modo mais profundo, é indissociável do conhecimento e da sabedoria. A decisão política não pode dispensar o bom senso, conceptualmente entendido como a capacidade de decidir com conhecimento. Mas não chega. O bom senso, em política, obriga a que se ponderem as consequências das decisões, somando ao conhecimento as realidades de contexto. O que o conhecimento pode ditar como certo, num contexto, pode resultar errado noutro. Só a sabedoria pode arbitrar este conflito. A ausência de conhecimento e de sabedoria dá lugar ao atrevimento, próprio dos ignorantes. Lamento dizê-lo, mas é isso que caracteriza o processo decisivo deste Governo, em matéria de Educação.
2. Marcelo Rebelo de Sousa, beijoqueiro e abraçador do povo, assume-se, ainda, como pedagogo dos indígenas: quando promulga os diplomas da República, não resiste a explicar porque o faz. Nesses momentos, nota-se a falta em Belém de alguém que lhe recorde que já não é o comentador que, quando falava de Educação, debitava, invariavelmente, incorrecções. Ao promulgar o normativo do Governo, que permite a contratação definitiva de parte dos docentes precários, disse que o fazia atendendo “ao equilíbrio atingido”. Ora a verdade é que o Ministério da Educação se reuniu com os sindicatos durante dois meses e o papo terminou sem acordo e com a imposição de aspectos que nunca, sequer, estiveram a ser negociados. Ora a verdade é que os sindicatos já apelaram aos partidos para que peçam a apreciação parlamentar do decreto dos concursos. De que equilíbrio falou Marcelo? O presidente entendeu recordar o óbvio, isto é, que os professores serão “pagos pelo contribuinte através do Orçamento do Estado” e que o Estado “não pode assegurar o emprego de todos”. Melhor seria ter dito que promulgava por imperativo do Código do Trabalho e da Directiva 1999/70/CE e que se trata de professores que já são pagos pelo OE há décadas. E, já agora, poderia ter sublinhado que com esta promulgação safa de indemnizações futuras muitos donos de colégios privados.
In “Público” de 8.3.17

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2017/03/cronica-de-santana-castilho-no-publico-de-hoje-8/

Consulta Pública – PROCEDIMENTO CONCURSAL DE RECRUTAMENTO DOS MEMBROS DA DIREÇÃO DA ESCOLA PORTUGUESA DE CABO VERDE E DA ESCOLA PORTUGUESA DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

INÍCIO DO PROCEDIMENTO TENDENTE À ELABORAÇÃO DA PORTARIA QUE REGULAMENTA O PROCEDIMENTO CONCURSAL DE RECRUTAMENTO DOS MEMBROS DA DIREÇÃO DA ESCOLA PORTUGUESA DE CABO VERDE E DA ESCOLA PORTUGUESA DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

 

Serve a presente publicação para informar que é dado início ao procedimento conducente à elaboração portaria que regulamenta o procedimento concursal de recrutamento dos membros da direção da Escola Portuguesa de Cabo Verde e da Escola Portuguesa de São Tomé e Príncipe.

  • Publicado a 8 de março de 2017. A constituição como interessado pode fazer-se nos 10 dias úteis subsequentes.

 

A constituição como interessado no presente procedimento depende de declaração escrita nesse sentido, dirigida à Diretora-Geral da Direção Geral da Administração Escolar e enviada para o endereço eletrónico regmedu32017@medu.gov.pt

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2017/03/consulta-publica-procedimento-concursal-de-recrutamento-dos-membros-da-direcao-da-escola-portuguesa-de-cabo-verde-e-da-escola-portuguesa-de-sao-tome-e-principe/

O melhor do lado tecnológico – parte II

Discreto cinéfilo caseiro, o Rúben aprimorou a arte de, com elevado pormenor no grande plano a pêlos púbicos e pénis erectus, filmar momentos de elevada intimidade que, ao que parece, não era suposto partilhar com mais alguém.

Infelizmente, um grupo de colegas da turma, fez-lhe a gentileza, não só de desviar o telemóvel para parte incerta, como aceder aos ficheiros de .mov que ele, adolescente cinéfilo embrenhado na sua narcísica abordagem corpórea, mantinha numa pasta virtual.

Durante algumas semanas, a privacidade invadida foi apenas do conhecimento da escola quase toda, com os ficheiros a circular alegremente de telemóvel em telemóvel, as boquinhas ordinárias e tabefes de frases de urinol entregues com inadequada elegância e cortesia ao adolescente irresponsável.

Por fim, uma mãe, mais atenta e controladora, apercebeu-se que, nas mensagens privadas do Facebook, a sua filha recebera, não um ramo virtual de flores de algum amiguinho ocasional, mas um opulento pénis adolescente em estado de quase graça.

Com os parentes estatelados na lama, indagou a fundo a ocorrência e devolveu à escola a aterradora descoberta.

A única coisa de que os professores se tinham apercebido era que o Rúben se isolara subitamente, permanecia mais calado e introspectivo do que o normal, andando sempre solitário e com um aparente ar deprimido.

A própria família, embrenhada nos seus afazeres, não notara a mínima alteração naquele jovem, à exceção de expulsar a mãe do quarto com agressividade mais agravada do que a costumeira.

Ninguém, nenhum adulto, até àquele instante, se indagou com a mudança, estranhou a cumplicidade aviltada da turma que lhe encostava, orgulhosamente e de forma ostensiva, um punhal de desprezo e escárnio à garganta.

Se porventura algum professor referia estranheza no comportamento dos adolescentes, logo outro colega, mais sapiente e atento, comungava da opinião de serem todos “farinha do mesmo saco”, agora zangados, logo a seguir tão amigos, sem nunca questionar, sem nunca querer saber, sem nunca se inquirir a si próprio onde acaba a tristeza e começa o sofrimento alheio.

Talvez seja apenas uma espécie antiga de “bullying”, disfarçada com roupagens novas e mais apelativas.

Talvez o Rúben seja o único culpado por atrair a si próprio a consequência dos seus atos, ou toda a turma seja a verdadeira culpada por propagar lixo e o mastigar sem compaixão.

Feitas as contas, ninguém sai impune. Porém, vale a pena questionar: como ensinamos os nossos jovens a parar e refletir os seus atos?

Como conseguimos nós, pedagogos e pais, lidar com este futuro narcísico que se desvenda, antropofágico de emoções e valores?

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2017/03/o-melhor-do-lado-tecnologico-parte-ii/

Aposta na Literacia cinematográfica

 

O sucesso que o PNC tem tido é evidente entre os participantes. No seguimento deste projeto dá-se lugar ao alargamento do público alvo a usufruir deste programa onde, a  oportunidade  de ver os grandes clássicos do cinema é dada aos nossos alunos.

A DGAE/DSEEPE realizou, em fevereiro último, uma parceria com o Plano Nacional de Cinema (PNC) com o intuito de divulgar produções fílmicas nacionais, junto dos alunos das Escolas Portuguesas do Estrangeiro (EPE).

À adesão deste projeto esteve subjacente a certeza de que facultar aos alunos o contacto com as diferentes manifestações artísticas constitui uma valência relevante no que respeita à difusão da língua e da cultura portuguesas.

Acresce que esta iniciativa permite a realização de práticas pedagógicas que incentivam o aluno a tomar consciência de que o diálogo com todas as expressões da arte é imprescindível para um melhor conhecimento do património cultural. Para uma maior compreensão do mundo.

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2017/03/aposta-na-literacia-cinematografica/

WP2Social Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
Seguir

Recebe os novos artigos no teu email

Junta-te a outros seguidores: