Os filhos dos professores…

Os filhos dos professores são as vitimas inocentes do sistema de concursos de docentes. São os danos colaterais…

Como se explica a um filho que só vai poder ver o pai ou a mãe ao fim de semana? É quase como se os pais se divorciassem (e este sistema já levou a muitos divórcios). Pode-se tentar de várias maneiras, mas as crianças, as nossas crianças, vão acabar sempre por sofrer, no silêncio, a falta de um dos progenitores no seu dia-a-dia.Criança

O que responder a um filho quando este nos pergunta: “Porque é que tens de ir?”; “Porque não arranjas outro trabalho?”; “A minha escola ainda não começou. Porque é que a tua começa mais cedo?” Tenta-se explicar, com lágrimas nos olhos, que a vida de um professor não é justa, para eles, é muito mais injusta.

Quando as crianças são pequenas, é difícil entender porque é que os “bruxos maus” fazem com que os pais vão para longe durante a semana e só voltam à sexta-feira, cansados, exaustos. Quando crescem, a revolta é bem maior

Mas os nossos filhos não são contabilizáveis. Não são peças no tabuleiro. São um problema que não é do sistema. Porquê? Porque um professor não é um pai como qualquer outro, tem “outros filhos” que o sistema põe à frente do seu “legado genético”. Como se os nossos filhos, não fossem eles próprios, filhos de “outros pais” tão iguais a nós próprios…

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24 comentários

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    • desalinhada on 9 de Setembro de 2015 at 20:52
    • Responder

    Infelizmente não acontece com os filhos de professores. Isto é uma visão muito redutora. Mas compreende-se… Os meus pais não são professores e só os via duas vezes por ano. E muitos filhos há que só veem os pais graças às novas tecnologias. Sou professora conheço por experiência própria esta realidade, mas, infelizmente, estas situações não são só nossas… Nós ainda temos mais férias e alguns ainda o dia livre!,,

      • on 9 de Setembro de 2015 at 22:16
      • Responder

      Mais férias? E dia livre? Ó Desalinhada, em que escola é que está a dar aulas? É que eu também quero. Vivemos no mesmo país?

        • Daniel on 10 de Setembro de 2015 at 0:20
        • Responder

        Regressei à escola dia 4 de setembro. Tinha lá estado pela última vez no dia 14 de julho.

        Não tenho dia livre.

        • Bekas510 on 10 de Setembro de 2015 at 12:43
        • Responder

        Não sei qual o problema de dizermos que temos mais férias: isto é verdade, temos mais férias ( ou dias de interrupções) para estarmos com os nossos filhos do que qualquer outro trabalhador: no Natal, na Páscoa, no verão.
        Dia livre existe em muitas escolas …..

          • on 10 de Setembro de 2015 at 20:28

          Bekas 510 contabilize todas as horas que trabalha em casa depois de chegar da escola, todos os dia e aos fins de semana e vai ver se tem mais férias do que os outros.

          • on 10 de Setembro de 2015 at 20:34

          Só hoje dentro da escola eu já trabalhei 9 horas. E trouxe trabalho para casa. Amanhã já tenho exames de curso vocacional para corrigir. Não me parece que quem escreve isto que eu li seja professor.

      • Daniel on 10 de Setembro de 2015 at 0:18
      • Responder

      De acordo. Tanto trabalhador que não vê os filhos (desde logo os emigrados).

        • on 10 de Setembro de 2015 at 20:36
        • Responder

        Precisamente por ser filha de emigrantes e não ter visto os meus pais durante anos não gostaria que acontecesse o mesmo ao meu filho.

    1. O artigo não diz que não há outros casos apenas realça que, quando se trata de filhos de professores, ninguém se compadece… pelo menos foi assim que interpretei

    • desalinhada on 9 de Setembro de 2015 at 20:53
    • Responder

    Queria dizer “não acontece só com os filhos de professores”

    • GS on 9 de Setembro de 2015 at 21:19
    • Responder

    Não façam isso!!!!!!!!!! Não deixem nem levem os vossos filhos.
    Amem-nos e curtam-nos e procurem outro emprego. A culpa deles sofrerem não é de mais ninguém senão vossa…… Olhem que também sou professora, mas só até quando eu deixar… e tenho um príncipe, lindo e muito feliz!!!

    • lia on 9 de Setembro de 2015 at 21:33
    • Responder

    O pior é quando o filho pergunta: mamã/papá já estás colocada (o)? este ano, vais dar aulas?
    E percebe o olhar triste, por vezes, com lágrimas contidas no rosto dos pais… e estes, sem respostas, evitam a todo o custo, falar no assunto.
    São os pais CONTRATADOS há muitos ano que vivem todos os anos a falta de estabilidade emocional e económica para poderem educar os seus filhos de forma condigna.

      • desalinhada on 9 de Setembro de 2015 at 22:03
      • Responder

      Concordo. ESTOU nesse grupo. Há 18 anos. É muito pior…

      • GS on 9 de Setembro de 2015 at 22:05
      • Responder

      Não façam isso!!!!!!!!!! Não deixem nem levem os vossos filhos.
      Amem-nos e curtam-nos e procurem outro emprego. A culpa deles sofrerem não é de mais ninguém senão vossa…… Olhem que também sou professora, mas só até quando eu deixar… e tenho um príncipe, lindo e muito feliz!!!

      • Lara Filipa Faria on 11 de Setembro de 2015 at 15:08
      • Responder

      Passo por isso há já 11 anos…
      Filha de 17 anos -Mãe, já sairam colocações? Ficaste colocada?
      Filha de 4 anos – Mãe, eu vou para a escolinha e tu porque não vais para a escolinha dos teus meninos grandes?
      São 11 anos de venturas e desventuras, de sofrimento e angústia pela espera demorada… de ambas as partes.
      E todos os anos… idem… idem…

    • Diogo Da Veiga on 9 de Setembro de 2015 at 22:27
    • Responder

    No Bravio, brevíssima nota sobre o debate da seca:”No Education”.

    http://diogodaveigabravio.blogspot.pt/2015/09/no-education.html

    • semcunha on 9 de Setembro de 2015 at 22:28
    • Responder

    Palavras chocantes e verdadeiras…já tive de deixar a minha filha e partir para uma distancia de 360 km’s. Quando as colocações eram justas, transparentes e não havia um objetivo cego de encomendar colocações para os amigos com 1 ano , menos de um ano de serviço, 2 e 3 anos de serviço, não tive essa necessidade pq conseguia colocação a 30 /40 km’s de casa. HOJE O DEMÓNIO DA AUTONOMIA E OS CABRÕES QUE A CRIARAM E A DEFENDEM, DEU AZO A CRITÉRIOS PARVÓNIOS E SEM LÓGICA PARA COLOCAR esses AMIGOS E A NÓS NOS OBRIGa A DEIXAR OS NOSSOS FILHOS PARA IR LECIONAR. PQ É QUE UM DOS CRITÉRIOS NÃO É “TER FILHOS, O N.º DE FILHOS”? é QUE A EXPERIENCIA COMO MAE/PAI ENRIQUECE A NOSSA POSTURA NA SALA DE AULA…É QUE A ESCOLA DA VIDA NOS ENSINA MUITO MAIS DO QUE QQ FORMAÇÃO PARA ALÉM DA LICENCIATURA QUE NOS DÁ HABILITAÇÃO LEGAL E APROPRIADA PARA LECIONAR.

    • torradeira on 9 de Setembro de 2015 at 22:32
    • Responder

    Eu sou quase uma antítese: 10 anos colocado perto de casa, depois nos 3 seguintes ribatejo na fronteira com elentejo; alentejo quase espanhol; algarve junto ao mar. A minha filha nasceu, ainda arranjei emprego na cidade onde morava (tinha acabado de me mudar para outra e tinha que “regressar” todos os dias). Depois foi o tal descalabro.

    Este ano vir a casa não era opção semanal, mas sim quinzenal. A minha filha habituou-se logo no 2º ano e ainda bem… Será que este ano irei ter sequer uma colocação, seja onde for???

    • Olga Fernandes on 9 de Setembro de 2015 at 22:37
    • Responder

    Como vos entendo, caríssimos colegas! É uma vida inteira de sacrifícios e frustrações.Graças a Deus que já estou aposentada mesmo tendo sido penalizada ao fim de 39 anos de serviço.Mas já estou a usufruir da reforma quase há 2 anos.E vós? Que futuro vos aguarda? É e será sempre uma incógnita.Será que vale a pena sacrificar os nossos filhos desta forma? Se eu fosse professor em início de carreira não olhava para trás duas vezes.Preferia ganhar metade do ordenado e estar com a minha família.Sim porque por ter tido uma vida sempre instável, só tenho uma filha que foi uma vítima toda a vida por ter uma mãe professora.Dia livre ou férias a mais? Antigamente sim mas há muitos anos que não se sabe o que isso é.Não é só dar aulas, é o corrigir trabalhos, fazer testes preparar as aulas, toda a burocracia inerentes ao ensino(que é exagerada), e por aí fora.Esgota qualquer um que se preze de ser um bom profissional.

    • Fafe on 9 de Setembro de 2015 at 22:59
    • Responder

    O problema dos filhos dos professores, tal como aqui colocado, é serem apelidados pelos progenitores como idiotas e os pais serem ferreiros sem espeto de pau.

    • Rosemary on 9 de Setembro de 2015 at 23:52
    • Responder

    Como conheço tão bem esta realidade. E, apesar de tudo o que os nossos filhos passam, custa-me pensar que têm de ser perfeitos porque são filhos de professores. Como bem disse, aqueles que tanto, tanto amamos são filhos de “outros pais” tão iguais a nós próprios. Lamentavelmente, por experiência própria, nem todos estes os entendem…

    • Ninguém on 11 de Setembro de 2015 at 11:49
    • Responder

    Começo ou recomeço???

    Não fui reconduzida para a escola do ano transato, embora tivesse pedido recondução
    e feito recurso hierárquico.

    Esta semana fui selecionada e aceitei, embora preferisse continuar com a turma do
    1.º ano – que este ano está no 2.º.

    Já fui à apresentação e depois de muita espera veio a entrevista – parâmetro a
    parâmetro, cerca de 1 hora – sobre o meu perfil para os alunos do agrupamento.
    Levava toda a documentação de justificação das minutas/minutas exigidas e ainda,
    assim, tive de argumentar o que estava tão bem explícito…. Depois de
    concelhia fui admitida, depois de ver o candidato anterior a mim ser excluído
    por falta de comprovativos…
    Depois…, preenchidos todos os insólitos papeis, entregue fotocópias de habilitações
    (quando a plataforma já as indicam e quando o meu processo já tem volume a mais
    se não tivesse fotocópias repetidas), imprimi o recibo de candidatura, e um
    membro do júri comunicou-me a escola de trabalho.
    Saí da escola sem saber ainda que trabalho irei desempenhar. Pois…, a escola só
    atribuirá trabalho – a cada docente admitido, depois de fazer todas as
    entrevistas e segundo o perfil de cada candidato:
    Titular de turma????
    Apoio Educativo????
    Alfabetização de adultos????
    Coadjuvante????
    Qual????

    Nunca na minha vida de professor, senti que o meu empenho pelos alunos fosse posto em causa… Nem as minutas – só por si, servem para testar as competências de ser
    professor…
    Saí do Agrupamento de Escolas já eram às três horas da tarde, depois de comer uma sandes ao almoço e estar desde as 10 horas da manhã nos tramites da (des)burocracia.
    De seguida, fui ao PBX selecionar números de apartamentos e quartos para
    arranjar abrigo. Visitei casas sem fim e o preço oscila entre 200 e 250 euros
    um quarto a partilhar com os donos da casa; 300 e 350 em T1…
    No primeiro dia, gastei de transporte uma bomba, o que resumidamente indica que
    500 euros mensais não chegam, para alojamento digno e deslocação…
    Noite dentro cheguei a casa, e mal meti a chave na porta o meu filho mais novo e o do
    meio (com 12 e 16 anos) pularam as escadas e com dois abraços enternecidos
    aconchegaram-me: «Ainda bem que vieste hoje! Já tínhamos saudades de ti!». O
    outro filho, que já é um homem, fez questão de protelar o trabalho para estar
    comigo…
    Ainda, assim, no meio de tanto (des)contentamento fui selecionada… Colegas dão-me
    parabéns !!!
    Afinal…,os nossos filhos são as vítimas do sistema de concurso de docentes, porque um professor ou professora não é um pai ou uma mãe qualquer: tem “outros filhos” que o sistema põe à frente do seu “legado genético”. Como se os nossos filhos, não fossem eles próprios, filhos de “outros pais” tão iguais a nós próprios…, diz Gualdino
    Cardoso.

      • semcunha on 11 de Setembro de 2015 at 16:34
      • Responder

      Colega, a sua mensagem tocou-me e deixou-me c uma lágrima pq já vivi isto. Fazendo a vontade ao MEC, optei por desistir destes cenários que nos destroem e destroem os nossos filhos que precisam de crescer um paz. Sou do Norte, não vou concorrer mais para Lisboa. Autonomia das escolas deu azo à praxe de professores como se fossem animais, levou-me a não conseguir mais colocação perto de casa (num raio de 100km). Desisti, ando à procura de trabalho em fábricas, nas últimas que ainda restam p cá ver se consigo dinheiro para dar de comer aos meus meninos. TODOS SE PREOCUPAM COM OS DIREITOS DOS ANIMAIS E NINGUÉM SE PREOCUPA COM OS MAUS TRATOS DADOS AOS PROFESSORES CONTRATADOS HONESTOS.

    • GP on 14 de Setembro de 2015 at 15:42
    • Responder

    Nunca percebi (por exemplo), porque vai um professor de historia que é de Leiria para a Guarda e vem um da Guarda para Leiria?!!!!…..porque não são colocados dentro dos seus distritos ou concelhos?

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