Artigo Semanal – ComRegras

Diário de Bordo de Um DT

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O trabalho de um diretor de turma nunca está nem completo, nem em dia: surgem, quase diariamente, novas situações para resolver, correspondência para enviar e responder, faltas ao refeitório para controlar, faltas de presença para registar e/ou comunicar, documentos e relatórios para elaborar. Tudo com caracter urgente. Assim, os dois tempos semanais atribuídos para trabalho burocrático e atendimento a Encarregados de Educação é, manifestamente, insuficiente para a maioria das turmas. Por exemplo, este ano, dediquei, em média, 6 tempos (4 deles pro bono), por semana, para tratar de assuntos da minha direção de turma, o triplo do previsto no meu horário, o que corresponderia, em termos letivos, no meu caso, a ter mais uma turma. Apesar do acréscimo de alunos (lecionação, testes e afins), alguns professores, talvez a maioria, podendo optar entre a turma adicional ou o cargo de diretora de turma, não hesitariam em escolher a primeira.

Ser um bom mediador na interação/relação entre encarregados de educação, alunos e professores não é fácil, envolve, entre outros, bom senso, assertividade, diplomacia, paciência, disponibilidade, sangue frio, coerência, empatia – é um trabalho hercúleo. Para lidar com a diversidade de personalidade dos intervenientes e a multiplicidade de situações, exige um equilíbrio e uma flexibilidade nem sempre fáceis de gerir. Para conduzir o barco a bom porto (sujeito a ventos, marés e tempestades de, quando em vez), o papel do diretor de turma é determinante e exige ações em várias vertentes que, por vezes, não são facilitadas, nem valorizados, pelos seus pares e/ou pela direção da escola e/ou pelos encarregados de educação e/ou alunos.

Alguns episódios da minha direção de turma serão, certamente, semelhantes às de muitos diretores de turma e um reflexo dos tempos e da sociedade em que vivemos. Um exemplo típico de uma hora de reunião com um Encarregada de Educação e o seu educando, para, em conjunto, procurarmos encontrar soluções/estratégias para melhorar o seu fraco interesse e aproveitamento escolar, culmina com a seguinte intervenção do Encarregado de Educação “No final do ano, se subires quatro das tuas negativas, compro-te um iphone” e surge a resposta imediata “Está feito, fica descansado!”. Era caso para perguntar a ambos “Estive a gastar o meu latim e a minha hora de almoço, porquê e para quê? Para o próximo ano o que lhe prometerá? E nos seguintes?”.

 

 

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4 comentários

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  1. Se trabalhou pro bono, de que se queixa? Como é que alguém que decide atirar-se pró buraco se pode queixar que vai dar com as trombas no chão? Quantas vezes já deixou por escrito que não faz tarefa X ou Y porque não tem mais tempo atribuído no horário? Tem vergonha de quê? Que as tias o considerem pouco profissional – pois responda-lhes que elas é que são pouco profissionais já que não cumprem o horário! Ainda por cima com toda esta martíriomania tiram lugares a desempregados! Já não há paciência para gemideiras de gajas, quanto mais de gajos que se deixam transformar em gajas!!! Façam alguma coisa, ou seja, tenham-nos no sítio, coragem para NÃO FAZER aquilo que não têm tempo para fazer!!! E deixar tudo muito bem escrito!

      • Maria Nunes on 1 de Julho de 2015 at 16:25
      • Responder

      A boquinha machista era escusada. Lembre-se que é filho/a e/ou pode ser pai/mãe de uma mulher a quem alguém pode estar a chamar ‘gaja’ neste momento. O problema aqui é a coragem de se assumir posição de dignidade do trabalho, e isso não tem a ver com ter os órgãos genitais virados para fora ou inseridos na cavidade abdominal.

        • dália on 1 de Julho de 2015 at 18:55
        • Responder

        🙂 Há tiques sem cura…


      1. Fartei-me de rir com a confusão de V. Exa. sobre cavidades e protuberâncias várias, já que a abdominal compreende vísceras.
        ´
        Está Q.E.D. provada uma inconsequência não sexual de V. Exa..

        Hehe, pede deferimento.


  1. […] 30/06/2015Pi De quando em vez, vou dar um ar da minha graça no blogue ComRegras. Obrigado pelo convite, Alexandre.  Na minha “estreia” dissertei, não muito resumidamente, confesso, sobre algumas histórias/vivências, que fui partilhando aqui, ao longo deste atribulado ano letivo: apresento-vos  “Diário de bordo de um DT”. Adenda: Muito obrigado Arlindo pelo destaque dado ao meu modesto post! […]

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