Não É Só o Nuno Crato

… que quer libertar o MEC da colocação de professores.

Há relativamente pouco tempo, o António José Seguro disse a mesma coisa num debate que foi gravado e tornado público mas que de momento não o encontro. Sei que foi por volta de Março numa campanha sua que percorreu vários pontos do País abordando vários temas e esse vídeo encontrava-se na sua página do FB.

Se o tiraram por estratégia é algo que não sei, mas sei que qualquer partido que venha a ser governo tem vontade de retirar a colocação de professores pela administração central.

Por isso não pensem que é só este ministro que tem esta intenção…

 

NUNO CRÁPULA QUER A SELECÇÃO POR CUNHAS

 

 

O homem de negócios Nuno Crápula, ministro da DESeducação, o tal que prometeu à burguesia que destruiria a educação pública em Portugal, vai cumprindo, alegre e diligentemente, o seu nojento servicinho. Dizem por aí que ele está a receber chorudas quantias da empresa GPS. Não nos pronunciaremos em relação à veracidade dessas histórias que correm por aí, mas a simples existência de tão graves (e fundadas no conhecido comportamento anti-escola pública do ministro) acusações, deveria levar a uma investigação minuciosa das suas contas bancárias e das suas mais que muitas obscuras (e porventura lucrativas) ligações ao mundo empresarial do ensino privado. Mas ele não se preocupa com o que dele dizem, ele sabe em que país está.

Agora, depois das chorudas ajudas monetárias de milhões de euros do erário público aos privados, da sucessiva destruição da qualidade do ensino na escola pública, das negociatas relacionadas com o “cheque-ensino”, eis que volta à carga contra o sistema de selecção de professores. O businessman qualifica qualquer rigoroso e transparente concurso público de selecção de professores de “soviético” e prefere a colocação POR CUNHAS. Compreende-se: o sistema de colocação de professores contratados por concurso confere precisão, justeza e objectividade à selecção de professores. Cada professor pode, neste sistema elogiado internacionalmente, saber por que razão está na posição em que está e por que razão foi ou não colocado numa determinada escola. É um sistema que se baseia na qualificação profissional, tempo de serviço e resultado das avaliações anuais. O crápula quer substituir (já o queria fazer a execrável Maria de Lurdes Rodrigues, da Fundação LusoAmericana) este sistema relativamente rigoroso pela rebaldaria total, pelo amiguismo, pelo relvismo, pelas cunhas e cambalachos das contratações de escola, em que basta a existência de um critério como o da entrevista com ponderação de 50% (a par, frequentemente, de critérios muito mais mafiosos), para permitir a escolha do amigo e da amiga, do familiar do conhecido, da prima do amigo e do amigo da prima.

Compreende-se que, para este pessoal que está a soldo de proveitosos interesses privados e focado na destruição da escola pública, interesse destruir qualquer sistema rigoroso de selecção de docentes, qualquer selecção segundo critérios verificáveis e universais. O que não se compreende tão bem é como lhes deixam fazer isto, como lhes deixam impunemente destruir a educação pública de um país.

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22 comentários

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    • Maria manuel on 7 de Setembro de 2013 at 14:58
    • Responder

    Adorei quem escreveu isto, queria publicar mas queria saber. É da sua autoria Arlindo?

      • Miguel Castro on 7 de Setembro de 2013 at 15:04
      • Responder

      Foi o Jyoti Gomes.


    1. O texto linkado não é da minha autoria.

    • Profa farta de medíocres on 7 de Setembro de 2013 at 15:03
    • Responder

    No estado miserável em que se encontra a escola pública, com a total desresponsabilização de professores e directores pelas notas dos seus alunos nos exames nacionais (em que só 4 ou 5 disciplinas os fazem), sou frontalmente contra esta medida. Seria a cunha na sua mais execrável expressão.

    • Profa farta de medíocres on 7 de Setembro de 2013 at 15:06
    • Responder

    “resultado das avaliações anuais.” Looool, esta parte é que era escusada. Com que então a avaliação baseada nas palmadinhas nas costas, para ser um professor asterisco, é uma boa avaliação de professores?

    • contratada2014 on 7 de Setembro de 2013 at 15:31
    • Responder

    Estes atrasos na publicação das listas são mais uma medida para terminar de vez com o concurso nacional. Sem o concurso nacional os professores contratados perdem a pouca união e força que ainda tinham enquanto grupo e depois será cada um por si num jogo em que ganhará aquele que tiver amigos e familiares mais influentes. Tem sido sempre este o objetivo deste Ministério (e infelizmente é também o objetivo do PS). Temos que nos unir e impedir que isto aconteça!!!

    • Eu e Tu on 7 de Setembro de 2013 at 15:37
    • Responder

    Conhecem o vereador da educação da vossa zona concelhia e arredores?
    Se não conhecem, é tempo de pensarem em conhecer… Não se apresentem é de mãos a abanar.
    Concursos nacionais, segundo alguns rumores, é coisa para não se voltarem a fazer. Sim, leram bem.

    • pat510 on 7 de Setembro de 2013 at 15:43
    • Responder

    É de loucos! Já há muito tempo que se fala disto. Há doze anos atrás uma professora da faculdade já dizia que isto (contratar profs por “mérito”, cunha) era para avançar e seria o melhor para o ensino. Parvalhões!
    Isto para os professores com pouco tempo de serviço é a cereja no topo do bolo…. e nós com mais de 10 anos a ficar por casa, se não tivermos amigos… ou se não formos graxistas… 🙂

    • Pendragon on 7 de Setembro de 2013 at 17:04
    • Responder

    Já tinham falado nisto. Vai passar a gestão para as câmaras e os que são do quadro/QZP serão convidados a irem para a nova entidade patronal ou ficam sem vínculo. Com as assistentes operacionais já é assim, quem será que se segue… E depois vão para a escola que a câmara mandar. Sem contar que com o programa de despedimentos para os professores pode ser a oportunidade para avançar já com isto. OMG Have mercy…

    • Vera Oliveira on 7 de Setembro de 2013 at 17:11
    • Responder

    Consigo compreender plenamente esta medida. Como todos nós sabemos, deve-se a colocar pessoas por cunha.. e reparem que os mais novos (filhos dos governantes e afins) nunca “mais” teriam lugar a dar aulas se fossem colocados por graduação. Atualmente os contratados têm anos e anos de serviços. Assim, arranja-se uma forma de esses nos “passarem” à frente. Infelizmente não me surpreende que isto aconteça… fico é pasmada com o povo português (ou me incluo) que sabem o propósito das medidas e não nada faz!

    • Sebastião Coelho on 7 de Setembro de 2013 at 18:14
    • Responder

    O concurso de professores coloca os professores em série, não incentiva a qualidade do ensino, somente intressa a média e o tempo de serviço, Não faz a distinção entre os licenciados pré-bolonha e os mestrados, tipologia de curso de formação (unversidades, eses, ou profissionalizações em serviço), a qualidade do curso ministrados.

    Além disso, um concurso justo deveria promover a preferência regional e familiar ( um bom modo de promover a natalidade).

      • C.A on 7 de Setembro de 2013 at 18:56
      • Responder

      Lol…está a gozar! Está a falar de Portugal?

      • LP on 7 de Setembro de 2013 at 19:16
      • Responder

      A média é um bom indicador da qualidade do candidato, pois demonstra o esforço que este dedicou nos seus estudos. O tempo de serviço é um bom indicador da experiência profissional do candidato. Essa questão do pré ou pós-bolonha é irrelevante. A qualidade dos cursos está assegurado, pois é o MEC que os certifica. A natalidade promove-se com estabilidade das leis, com a segurança no emprego e com apoios efetivos à natalidade (não propriamente monetários).

        • Profa farta de medíocres on 7 de Setembro de 2013 at 22:03
        • Responder

        A média já não representa nada a não ser o facilitismo da instituição que deu o canudo.

    • FLY on 7 de Setembro de 2013 at 20:21
    • Responder

    “A média é um bom indicador da qualidade do candidato, pois demonstra o esforço que este dedicou nos seus estudos”,acrescentaria que para alguns casos, não demonstra o esforço , mas sim, a quantia avultada que pagou e também a graxinha à mistura!


  1. A média vale o que vale de acordo com o local em que se tirou o curso, mas sem média também não faz sentido! Que tal fazer um ranking das universidades que melhor preparam para o ensino? Podia ser o sr. ministro a fazê-lo!

    • mari on 8 de Setembro de 2013 at 13:46
    • Responder

    Olá a todos:
    Arlindo, abra uma petição contra o fim do concurso nacional.
    Obrigada

    • Fernandovsky on 8 de Setembro de 2013 at 14:27
    • Responder

    “O que não se compreende tão bem é como lhes deixam fazer isto, como lhes deixam impunemente destruir a educação pública de um país.”

    Por mim não deixo, professores com P precisam-se já no início deste ano letivo para combater os capitalistas que querem fazer da educação um negócio de lucro fácil.

      • Trabalhador on 8 de Setembro de 2013 at 21:49
      • Responder

      “combater os capitalistas”? Por acaso paga ordenados a trabalhadores? Criou o seu próprio emprego? Criou quantas empresas?

        • Fernandovsky on 8 de Setembro de 2013 at 23:59
        • Responder

        Deixe as GP SS proliferarem como cogumelos e verá o que é contratar “mão de obra” especializada. ao preço da uva mijona. O dinheiro não pode comprar a Educação…Nem a saúde. Não tenho saudades desse tempo.


  2. Há que criar urgentemente um movimento, petição incluída, centrado na DEFESA DA ESCOLA PÚBLICA!

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