Não é preciso fazer uma investigação muito apurada para contrariar os dados apresentados ontem na SIC por Marques Mendes. Basta uma pequena passagem pelo site da Pordata para encontrar dados diferentes.
Marques Mendes apresentou um quadro com uma redução do número de alunos no 1º ciclo entre 1980 e 2010 em 51%, mas de seguida apresenta outro quadro com o crescimento em 53% do número de professores.
Para quem ficou mais distraído a comparação que Marques Mendes fez foi entre o número de alunos do 1º ciclo e o número de professores na totalidade (neste caso confio mais no número de docentes apresentado por Marques Mendes para 2010 do que nos números da pordata, apesar de neste momento existirem apenas 105 mil professores dos quadros mais uns 13 mil contratados).
A redução do número de alunos no 1º ciclo não tem exclusivamente a ver com a descida da natalidade (descida esta da principal responsabilidade dos políticos que nunca conseguiram promover uma aposta séria no aumento da taxa de natalidade) mas tem a ver também com a elevada retenção dos alunos na década de 80 e 90 no 1º ciclo. Lembro-me bem que na minha turma do 1º ciclo apenas dois alunos fizeram o percurso do 1º ciclo em 4 anos e muitos arrastaram-se até aos 14 anos para completar a 4ª classe. Provavelmente era necessário nos anos 80, em média, 6 anos de escolaridade para se completar o 1º ciclo, algo que não acontece atualmente.
Mas este pode ser um caminho para aumentar o número de alunos na escolaridade obrigatória. Retomar à década de 80 e chumbar metade dos alunos nos vários níveis de ensino. Os cortes que se adivinham pode levar-nos de novo a essa época.
E é isso que pretendem?
Número de alunos
14 comentários
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Sinceramente, vcs professores merecem isto e muito mais… São a classe profissional mais arrogante entre vocÊs mesmos, vcs não se dão uns com os outros, os professores do quadro com horário não apoiam os do quadro sem horário, criticam os contratados, cada um defende os seus interesses……. Não conseguem perceber que a união faz a força????? Vejam o caso dos profissionais de saúde, são todos unidos, conseguem sempre algo de positivo quando negoceiam com o estado. Vejam se nos hospitais colocam 30 utentes por cada enfermeiro…. Claro que não, Vcs são obrigados a tirar férias em mêses estipulados, qualquer outro profissional tira férias em alturas que mais lhes dá jeito, vcs têm de ir para casa corrigir trabalhos, preparar aulas, etc, etc… os outros profissionais saem do local de trabalho e vão descansar para casa… vcs têm muitas vezes de lidar com alunos e pais agressivos, é certo que outros profissionais tb tÊm esses problemas, mas esses têm seguranças nos serviços, e vcs??? têm de se defender dos agressores sozinhos…. Abram a pestana… LUTEM TODOS JUNTOS. Incomoda-me perfundamente que vcs aceitem tais medidas… sabendo nós que por ex um deputado aufere 3700€/mês e não faz um terço do vosso trabalho, têm todas e mais algumas regalias, há membros do governo que são nomeados como especialistas com 22 anos… ABRAM OS OLHOS…
Subscrevo e até acrescento mais “lenha”…
É mais cómodo e dá menos “chatices” ser facilitador do que ser rigoroso e exigente.
A exigência e o rigor acarreta dores de cabeça para todos e faz da escola má figura.
Não convém nada a muita gente… ou será só coincidência a forma como os rankings (essa coisa asquerosa e que pouco prova) se apresentam?
‘qualquer outro profissional tira férias em alturas que mais lhes dá jeito’
quem diz isto claramente nunca trabalhou no privado. os patrões podem e obrigam a tirar dias de ferias nas altura de conveniência da empresa. E nos dias que sobrem há que conciliar com as ferias dos colegas de trabalho.
Temos 22 dias de ferias por ano, E são mesmo 22 dias sem abebias. E muitas empresas quando a pessoa tem que tratar de alguma coisa durante o expediente tem que tirar meio dia ou um dia de ferias para o fazer. Ou seja parte das ferias podem ser num notario ou em casa a espera que a edp venha reparar o contador.
No privado está-se 40 horas no local de trabalho todas as semanas do ano, não em casa. Muitos principalmente os em estado de precaridade são pressionados para trabalharem mais horas e sem remuneração. E muitos também para além das 40 horas levam trabalho para casa.
São argumentos como o deste senhor, que para defender os interesses dos professores, o fazem atacando os outros trabalhadores, que prestam um mau serviço aos professores.
Eu tenho uma filha que se pudesse passava o dia todo com ela. Mas lá está trabalho todas as semanas o tal mínimo de 40 horas semanais e não posso. E não me é fácil encontrar uma escola que esteja aberta o ano que não tenho aonde a deixar enquanto trabalho.
E um dia li um argumento dum professor contra o prolongamento do horário abertura das escolas, que só servia para os pais deixarem os filhos na escola enquanto vão namorar para o centro comercial. Ainda hoje odeio esse professor, que não tem o direito de questionar o que me custa não poder passar mais tempo com a minha filha. Se o encontrasse acho que era bem capaz de lhe dar um murro no focinho.
E sendo professor, presta um mau serviço à causa dos professores. Defendam os vosso direitos com base no que são os vosso direitos adquiridos e prometidos ou seja o que for.
E não por se fazerem de desfavorecidos em relação aos outros trabalhadores. É que ainda por cima não são.
É realmente preocupante toda esta situação…mas um ensino de qualidade saberia aproveitar esta diminuição de alunos da melhor forma: menos alunos por turma, ensino mais individualizado= qualidade.
http://mulher-professora.blogspot.pt/
Arlindo, estes dados devem ser enviados ao Marques Mendes e a todos os outros comentadores; devemos fazer chegar os verdadeiros dados às televisões, aos jornais, aos grupos parlamentares, a todo o lado!! Não adianta “falarmos para dentro”. Os blogues são para professores, aqui ninguém nos ouve!!!!
Enganas-te.
Nem imaginas o género de gente que lê este e outros tipos de blogues “supostamente conspiradores”. E nem é preciso ser um de tamanha “audiência”. Agora imagina um “dos grandes”.
Acredito que sim! Mas o “tuga médio”, aquele que só vê a Tvi e a Sic, não conhece a realidade e até acha muito bem que os malandros dos professores sejam todos despedidos; por isso acho importante que se faça chegar à opinião pública o que está a acontecer à classe docente. Quem não é docente, familiar ou amigo de um professor desconhece as horas de trabalho que temos em casa, desconhece o desgaste desta profissão, os km que fazemos diariamente…
Excelente resposta, Arlindo! Este Marques Mendes, quando era ministro dos Assuntos Parlamentares, esteve, alegadamente, ligado à decisão de avançar com a A32, uma auo-estrada que liga Oliveira de Azeméis, no distrito de Aveiro, ao Porto. Trata-se de uma auto-estrada fantasma. Não tem tráfego que a justifique, em nenhuma altura do ano.
Deixo também uma pergunta. Com tantos “amigos” ligados ao escândalo BPN, será que Marques Mendes não sabia de nada?
Eu respondo, não é isso que pretendem, mas talvez seja isso que vão ter. Se todos começarmos a ser mais rigorosos e a elevar a dificuldade de testes e outros elementos de avaliação, a taxa de retenções poderá aumentar brutalmente!
Nos últimos anos o facilitismo que quase nos é imposto leva a que muitos alunos transitem sem o merecer. Porque não começar, ao nível de TODA a classe docente, a impor um rigor e a uma avaliação mais realista? Talvez seja mais eficaz do que as mais que gastas Manifs! Depois eu gostava de ver os gráficos do Dr. Goebbels, perdão, Dr. Marques Mendes!
Desculpe dizer isto Arlindo:
“excelente trabalho mas serve de que?”
se ficar aqui no blog que apenas professores visitam (ou pelo menos são a maioria) isso acrescenta o que a quem, já todos nós sabíamos isso….
Meus caros.
também sou professora.
Há que enfrentar a situação.
Há ou não há trabalho para todos?
A tabela colocada anteriormente corresponde ao total da alunos com público e privado.
Segue gráfico com situação de matricula no público. Total, mas quem pretender mais especificado, o PORDATA é muito fácil.
A QUESTÃO É NESTE MOMENTO COLOCADA NO ENSINO PÚBLICO. No privado já houve despedimentos. Nunca vi em Blogue nenhum, mensagens inflamadas a defender os nossos colegas.
http://www.pordata.pt/Portugal/Ambiente+de+Consulta/Gr%c3%a1fico/4603753.
Segue também o gráfico de docentes no público. Total.
http://www.pordata.pt/Portugal/Ambiente+de+Consulta/Gr%c3%a1fico/4603784
Não ouvi o Marques Mendes. Nem pretendo. Mas como se fala de funcionários públicos, os dados deverão ser analisados como tal.
Peço desculpa pela intromissão.
Mas estou farta!
Em 2009 quando abriram tantas vagas no concurso, ninguém parou para pensar. Quase 20 000! E muitos de nós, acreditando que aquela gente sabia fazer contas, concorreu para essas vagas. Que imediatamente muitíssimas delas viraram ausência de componente Letiva. Um dos casos é o meu. Há 3 anos.
Meus senhores, estou farta. Ou sim ou sopas. Ou há, ou não há.
Já agora para quem se anda a fazer de conta, no pordata está a taxa de natalidade.
Caso este email seja tornado público. Agradeço!
Docente do Ensino Público
Talvez se os lugares no privado fossem atribuidos por concurso e com critérios justos, pudesse ver comentários a defender os que ficaram desempregados. Até lá não me parece que possa pedir igualdade, quando a mesma não existe no acesso aos lugares! E já agora das 20.000 vagas que refere terem aberto em 2009, sabe quantas foram para professores que não estavam no quadro? 396, salvo erro!
Menos número de alunos= qualidade de ensino…infelizmente esta não é a prioridade dos nossos governantes e todos sabemos porquê.
Pois é. Mais ou menos 396 no concurso externo. O restante em concurso interno.O PROBLEMA ESTÀ PRINCIPALMENTE nesse aspecto. Muito inteligente da parte dos governantes. Abrir vagas ( ou não fechar) no concurso interno. Pensemos. No ano seguinte esses lugares ocupados em transição de quadro ficarem em horário zero é o quê? é ou não uma forma de levar docentes para a mobilidade especial, quando ela existir? são erros de cálculo, ou uma forma encapuçada de colocar docentes na rua? Se não entendem é porque não estão, ou nunca estiveram em horário zero. Vão espreitar as vagas que não fecharam, as que abriram (2009) e verifiqueme depois as listas dos docentes com ausência da componente letiva. Eu tenho visto. Todos os anos. E quanto mais vejo, mais compreendo a armadilha que nos montaram. Porque meus colegas, não fechar vagas, abri-las, NUM CONCURSO INTERNO é algo que deve ser muito RIGOROSO. O HORÁRIO ZERO não é uma miragem.
[…] que complementa o que já tinha sido dito aqui e aqui e com fontes citadas no final da […]