Formador/a Anónimo/a
Centro de Emprego e Formação
Profissional de X, IP
Exmo. Senhor
Presidente do Conselho Diretivo
do IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional, IP
Rua de Xabregas, 52
1949 – 003 Lisboa
Sou formador/a do Centro de Formação Profissional de X, colocado/a na sequência do concurso público promovido através do aviso de abertura de procedimento de seleção n.º 1/2012, de 17 de Dezembro, relativo à contratação para os Centros de Emprego e Formação Profissional do IEFP, IP e pretendo, por este meio, esclarecer junto de V.ª Ex.ª algumas dúvidas que me têm assolado, bem como a bastantes dos meus colegas.
Dirijo-me diretamente a V.ª Ex.ª pois acredito na sua sensatez e tenho a esperança de que, ao ler as minhas palavras, não ficará insensível a estas questões.
Identifico-me como formador anónimo não por cobardia mas, infelizmente, e apesar de estarmos num Estado Democrático, pelo receio devido às constantes ameaças que nos são feitas nas reuniões do nosso Centro. Ameaças essas, que são perpetradas de forma dissimulada, quando surgem alguns problemas e dúvidas com que nos debatemos diariamente.
Podemos começar pelo facto de não ser respeitado o período da hora de almoço, mais exactamente quando temos, nesse período, de nos deslocar de um local de formação para outro; ou quando nos é marcada formação, dentro do mesmo espaço, com meia hora ou mesmo um quarto de hora para almoçar.
Provavelmente não terá conhecimento mas, a ideia que tenho e que nos é passada, é a de que os “Senhores de Lisboa” são de facto muito maus, e que estão em constante vigia e controlo sobre os formadores. Não querendo ironizar, ou utilizar uma linguagem metaforicamente infantil, mas apenas usando a mesma linguagem que usam connosco, pergunto diretamente: são os “Senhores de Lisboa”, que nos impedem de colocar horas de preparação de materiais pedagógicos ou de articulação entre colegas no que respeita ao desenvolvimento da formação? O argumento que nos tem sido transmitido para invalidar a alocação de horas nestes parâmetros é o de que “os de Lisboa” não permitem. E que apenas nos é permitido colocar horas diretamente ligadas com a formação. Mas a preparação de materiais e articulação não está diretamente ligadas à formação? Será que existe mesmo este impedimento? Então porque é que tal é permitido noutros Centros? Não há homogeneidade? Será que os nossos superiores julgam que vivemos numa redoma e não trocamos impressões com colegas, colocados ao abrigo do mesmo concurso, de outros Centros? Felizmente, estamos no séc. XXI e, graças à evolução das tecnologias da informação e da comunicação, não estamos isolados, apesar de até nisto ter havido uma tentativa de controlo! Termos que ouvir algo do género “espero que não vão para blogues nem redes sociais comentar o que se passa no Centro.”, não é de todo agradável! A intenção era resolver os problemas “dentro de portas”. Mas de intenções….
Seguem-se mais algumas questões relativamente à gestão/estrutura interna do funcionamento e atividades dos formadores colocados no âmbito do supracitado concurso no centro de formação profissional de X, para as quais gostaria de ter uma resposta:
- porque razão, Senhor Presidente do Conselho Diretivo, neste centro de formação, alguns formadores têm ou é-lhes atribuído sempre trabalho e conseguem fazer as horas todas ou quase todas previstas no contrato, enquanto outros, por sua vez, não as conseguem fazer, ainda que solicitem trabalho? Estará a resposta baseada em questões tão subjetivas como as simpatias ou preferências? Acha normal termos que ouvir que “se ficarem 10 ou 20 horas no contrato por fazer (quando não são mais…) é residual?”. Alguém gosta que lhe mexam assim no bolso? 20 horas correspondem a quase 300 euros. Se para os nossos superiores não lhes faz diferença, para nós faz! Mas não assinámos nós um contrato para termos, em média, 120 horas mensais? O valor que está no contrato é algum “teto máximo”, como nos querem fazer crer?
Senhor Presidente, posso referir que, felizmente, sou um/a dos que renovaram o contrato por mais seis meses. Posso afirmar, claramente, que tal não se deveu a simpatias nem ao facto de andar constantemente a bater à porta do Sr. Diretor, ou da Sr.ª Diretora Adjunta ou do Sr. Coordenador. Não se deve a “graxismos” ou “lambe-botas”. Talvez se tenha devido, apesar de tudo, ao meu empenho e dedicação ao trabalho neste Centro, tendo ficado, no entanto, estupefacto/a quando me apresentaram uma avaliação de desempenho, com critérios que nunca nos tinham sido apresentados, em que a nota atribuída foi inferior a avaliações de outros colegas, sem qualquer razão justificável e muito menos fundamentada. Como terá sido levada a cabo esta avaliação é um mistério que ainda está por desvendar… ou talvez não!
- relativamente aos contratos, Senhor Presidente, coloco aqui mais uma questão: se a verba para o pagamento das horas contratualizadas está, à partida, devidamente cabimentada, havendo colegas que, não por sua culpa, não conseguiram cumprir a totalidade das horas do contrato, qual terá sido o destino dessa verba sobrante?
Lamentavelmente as dúvidas/questões não se ficam só por aqui, numa altura em que havia formadores ao abrigo do concurso mencionado, com horas por alocar, porque foi o Centro de Formação Profissional de X, contratar formadores externos e atribuir-lhes carga horária que poderia ser alocada nos cronogramas dos formadores que tinham horas em falta? Gostaria de acreditar que a resposta a esta questão se prende antes com falta/má de gestão em vez dos compadrios e/ou amizades/simpatias.
Quanto ao pagamento das deslocações, Senhor Presidente, não me posso queixar, felizmente, tudo foi pago… mais de um ano depois do início da data do primeiro contrato! No entanto, enquanto noutros centros os formadores eram pagos a tempo e horas, no Centro de Formação de X, o argumento utilizado para o pagamento feito numa data tão tardia foi que “agora (mais de um ano passado!!) é que estava tudo correto”. Pergunto, Senhor Presidente, os outros Centros estariam todos errados e este é que estava certo? Justifica-se mais de um ano para se saber qual o procedimento correto para proceder ao pagamento?!
Questiono-me, também, Senhor Presidente, relativamente aos contratos efetuados no supracitado concurso. O presente ano, iniciou-se com a contratualização até 30 de Junho, enquanto que, noutros Centros de Formação, a contratação foi feita até 31 de Dezembro de 2014. Porque razão não houve homogeneidade quanto a esta matéria?
Senhor Presidente, este é local onde trabalho e, infelizmente, acabo por compactuar com toda esta situação. Certo/a de que não necessito de qualquer resposta, fica o alerta de quem não dorme e que espera sobretudo, com esta carta, e com esta exposição de apenas alguns aspectos, uma melhoria da qualidade da gestão e da formação para benefício de todos e sobretudo forma igual de tratamento, pois enquanto uns são tratados nas palminhas, onde tudo lhes é facilitado e reconhecido, outros, são tratados como escumalha!
Formador/a Anónimo/a