Sou um professor contratado… e revoltado

 

Porque nem todos andam por aí felizes da vida. Porque a revolta é o maior motor de mudança…

 

Sou um professor contratado… e revoltado

Isto é tudo muito bonito se tiver emprego, ou já se esqueceu desta ansiedade de Setembro, Outubro, Novembro, sempre à espera de um telefonema, de uma carta, de algo ou alguém que nos diga, finalmente, que tenho emprego?

Aqui há uns dias, a minha colega, a quem cumprimento desde já, dedicou parte do seu tempo a relatar-nos as mil e uma maravilhas de se ser professora contratada e feliz, de casa às costas, mas procurando ver o lado positivo desta vida itinerante, não sendo uma cidadã do mundo, mas do seu país, conhecendo gentes e lugares, modos de viver e pensar, praias, restaurantes, monumentos e cafés, assim é a vida de quem vive a contrato.

Ora, colega, isto é tudo muito bonito se tiver emprego, ou já se esqueceu desta ansiedade de Setembro, Outubro, Novembro, sempre à espera de um telefonema, de uma carta, de algo ou alguém que nos diga, finalmente, que temos emprego?

Mas não se preocupe, colega, pois não é a única e conheço tantos assim, todos os dias no “trombas” à procura de transformar as suas vidas miseráveis em vidas modernas, cheias de experiências fashion e multiculturais.

Afinal, como professora contratada vai ser sempre muito difícil ter dinheiro para conhecer o mundo, por isso estas vivências enquanto se anda com a casa às costas e a vida às costas por esse Portugal fora.

Aliás, e aqui estamos de acordo, seguindo esta vida de caixeiro viajante, nunca precisará de muitos objectos, bastando um par de cuecas e uma escova de dentes, que fresca, sei lá, e Portugal será a sua ostra.

No entanto, repare, este modo de vida que defende não é senão a subversão da realidade que nos querem impor, que me querem impor, caso contrário o que levará a colega no fim da sua vida activa? Nunca terá uma casa sua, uma família sua para onde possa voltar ao fim de cada dia. A sua visão é conformista e as palavras uma desculpa constante, sem esquecer a promoção contínua da precariedade na qual a colega vive e de onde, a falar assim, nunca sairá. Peço-lhe, no entanto, que não arraste todos os outros, os professores contratados e os profissionais contratados deste país todo, deste mundo todo, consigo, pintando a ouro e areia para os olhos uma vida que nunca devia ser.

Porque, por mais que tente olhar para o copo meio cheio, é como se nos dissesse em cada frase, em cada palavra, “eu agora só tenho cancro, mas como só tenho cancro de um lado do corpo, deste lado não tenho”. Colega, o problema está lá, não vale a pena escondê-lo, toda a gente sabe que perdemos o cabelo, a colega também, e este lenço na cabeça que é o seu relato pode ser muito bonito, mas…

Portanto, é consigo. Se se quer conformar, conforme-se, nunca vai ter filhos ou um parceiro estável, e se agora não custa nada, como será aos 50 ou 60, ou naquela festa de despedida aos 64 sem saber ainda por onde vai andar, se for andar, em Setembro, Outubro ou Novembro?

Já sei, já sei, hoje em dia temos o Skype, o “Fuças” e a net, e hoje é tudo tão leve e fácil e podemos manter o contacto com tudo e todos quantos deixámos por todas as escolas de Portugal, o copo está mesmo meio cheio e o velho do Restelo sou eu.

Mas então e a continuidade pedagógica, colega? E então esta necessidade premente de garantir que os alunos, os seus alunos, terão a mesma professora e o mesmo professor ano após ano? Porque no fim a colega está-se pouco marimbando para os alunos ou para dar aulas, egoisticamente tentando tirar proveito desta incerteza laboral sem nada fazer para mudar a sua, a nossa, situação.

Por acaso fará parte de um sindicato? Um sindicato não, que são todos comunistas, vade retro!

E os alunos que se lixem, a colega está primeiro e quem lhes dê aulas para o ano que se lixe também! Boa, colega, eu também não gosto desta minha situação, mas venho para a rua, protesto e faço greve, discuto, escrevo, passo a palavra, educo, ensino os meus alunos e falo-lhes de política, de direitos e trabalho até que um dia me venham prender no meio das pilhas de testes corrigidos, pais por educar, aulas planeadas (a política não faz parte do currículo, e do seu não faz certamente).

Não quer assumir que é uma coitadinha, tal como quem sai do país não é emigrante mas antes um aventureiro, empreendedor, no fim à procura de empreender o que Portugal não deixa ou não tem (bullocks).

A sua realização profissional é uma grande festa, todos os anos faz amigos, enche a pança entre restaurantes e cafés, vai à praia. E então o sentimento de carreira, um projecto, ou projectos, a longo prazo, fazer a diferença no local de trabalho? Porque se a vida é para isto, então trabalhe num supermercado, onde não comprometa a educação dos meus filhos.

Acredita que um dia vai fazer parte de um agrupamento, encontrar alguma estabilidade. Não enquanto continuar a escrever assim e a repetir para os jornais, e para quem se senta ao seu lado no café, as mil e uma maravilhas da instabilidade.

Porque, como muitos, dedica-se a enterrar a cabeça na areia à espera que tudo passe, à espera de um lugar no quadro, apenas por sorte ou porque Deus quis, não merecido.

Colega, combater o sistema, este sistema, não vai dificultar a sua vida, antes pelo contrário.

Resumindo, a colega afirma ser feliz com o que tem. Quantos poderão dizer o mesmo? Felizmente, ou infelizmente, ninguém. Nem tu.

 

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56 comentários

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    • Fernandes_f on 14 de Agosto de 2017 at 17:24
    • Responder

    Exceptuando os professores que o PS tem promovido atribuindo-lhes cargos que não implicam dar aulas, tirando esses, que começam a ser topados pelos colegas, os professores estão profundamente revoltados com a discriminação negativa que a ala socrática do PS impôs à classe docente. Dos mais novos aos mais velhos o sentimento generalizado é de revolta.

    • abc on 14 de Agosto de 2017 at 18:05
    • Responder

    Sou professor qzp … pobre e revoltado!

      • Paulo Pereira on 14 de Agosto de 2017 at 20:51
      • Responder

      Está melhor que muitos!

      • Fernando Franco on 15 de Agosto de 2017 at 12:17
      • Responder

      Eu sou de QA colocado a 264 Km de casa e tento sempre ficar em QZP e nunca fico porque os lugares são para os mais novos grandes defensores das grandes Catarinas e Joanas Mortáguas deste belíssimo país de esquerda e ati-democrático.

        • Paulo on 15 de Agosto de 2017 at 16:38
        • Responder

        já estás na carreira e ganhas bem….os 264 Km não significam nada. Eu tenho um familiar que é vendedor de uma multinacional e percorre semanalmente o País de norte a sul e só tem um salário base de 700 euros.

          • Fernando Franco on 15 de Agosto de 2017 at 19:10

          Em vez de dizer “estás … ganhas…” seria mais correto dizer “está…ganha”. A escola serve para alguma coisa. Quanto ao resto não consigo responder pois o seu comentário revela um profundo desconhecimento de várias matérias que é de todo impossível dar resposta.

          • Paulo on 15 de Agosto de 2017 at 22:24

          Desconhecimento!…. eu exemplifiquei com um caso concreto de alguém que percorre muito mais quilómetros e possui um salário muito inferior.

          Acredito que desconheça estes casos o que impede a realização de comentários.

          • Fernando Franco on 15 de Agosto de 2017 at 23:01

          Desculpe mas o exemplo que deu não se aplica aqui. Sabe a formação de um professor e sabe o salário que um docente com 25 anos de carreira tem e às suas despesas??? Desculpe mas não há comentário possível.

          • Paulo on 15 de Agosto de 2017 at 23:41

          este meu familiar que é vendedor de uma multinacional também tem uma licenciatura em marketing. Portanto, sobre formação que eu saiba é a mesma.

          Quanto a despesas ele também tem que sustentar uma casa.

          • Fernando Franco on 15 de Agosto de 2017 at 23:45

          Como???? Licenciatura em marketing???? Meu Deus não brinque com coisas sérias. Tenha respeito. Ficamos por aqui.

          • Paulo on 15 de Agosto de 2017 at 23:49

          Vª. Exa. Sr. Professor tem uma Licenciatura em quê?….Não me diga que a sua Licenciatura é mais valiosa do que a deste meu familiar.

      • cba on 15 de Agosto de 2017 at 21:54
      • Responder

      Porquê QE/A 1.º prioridade, QZP 2.ª prioridade? Que argumentos para a divisão? Quem é o autor da redefinição do estatuto dos professores QZPs?

    • Nuno Barata on 14 de Agosto de 2017 at 18:12
    • Responder

    Toda a gente sabe que a vida de professor no início da carreira é uma instabilidade. Não é a profissão indicada para quem pretende realizar projetos a médio/ longo prazo como a constituição de família. Quando as pessoas foram para as universidades fazer cursos vocacionados para o ensino não foram às cegas. Já sabiam o que as esperava. Sempre assim foi nomeadamente a partir dos finais da década de 90 quando as coisas se começaram a complicar com excesso de licenciados. Porque não optaram por outros cursos que permitissem outras alternativas? Agora é tarde demais…

      • Domingos on 14 de Agosto de 2017 at 20:49
      • Responder

      No início da carreira?! 20 anos de ensino é metade da “carreira” a contrato!!! Se é professor, não parece e se é, não sabe do que fala.

        • Nuno V on 15 de Agosto de 2017 at 3:52
        • Responder

        Concordo plenamente, principalmente quem não tem noção que a colocação de professores continua a ser ” por sorte ou porque Deus quis”

          • Fernando Franco on 15 de Agosto de 2017 at 12:22

          25 anos de carreira e ter entrado na faculdade nos anos 80 deu-me um lugar longe de casa e sempre de mochila às costas. Não sei porque as regras dos concursos estão sempre a mudar e favorecer os boys e girls dos partidos. Quem prejudica os professores e educação são os corruptos dos políticos e dos anónimos que os apoiam.

        • Nuno Barata on 15 de Agosto de 2017 at 14:12
        • Responder

        Tivesse feito um curso que não fosse vocacionado para o ensino. Se não se sentir confortável mude de profissão. Aliás porque não o fez ainda passados tantos anos? Em 95/96 fui colocado em Biologia em Coimbra. Depressa me apercebi que o panorama ao nível das colocações já era desastroso na altura no grupo 11ºB. No final do 1º ano mudei de curso e de universidade (sim porque nem todos gostam de Coimbra). Nunca me arrependi. Se tenho continuado e terminado o curso ainda hoje andava aos papéis com 40 anos.


    1. Se ser professor há mais de 20 anos é início de carreira, vou ali e já venho!
      Não sabe o diz, nem diz o que sabe!

        • Nuno Barata on 15 de Agosto de 2017 at 14:04
        • Responder

        Ninguém o obrigou a ser professor. Quando acabou o 12º ano alguém lhe apontou uma pistola à cabeça para fazer um curso para dar aulas? Foi uma opção sua. Aguente-se e deixe de considerar os outros ignorantes. Ignorante foi você que não teve capacidade de realizar um curso que lhe desse a estabilidade que procura. Passe bem.

          • Fernando Franco on 15 de Agosto de 2017 at 23:08

          Tem toda a razão como tem toda a razão em achar que os corruptos dos políticos e os lambe botas deste belíssimo jardim devem continuar a f..r este Portugalinho porque quem está mal que se mude para outro país porque este tem estes políticos de merda e temos é de aguentar. Quem nos mandou nascer aqui. É o que temos e calar. Boa boa e se ao fim de 20 e tal anos a sua empresa lhe der um pontapé no traseiro tem toda a razão. Os professores nem sequer deveriam ser pagos, não deveriam ter carreira nem sequer família nem uma vida estável como acontece em países civilizados.

    • José Bernardo on 14 de Agosto de 2017 at 18:22
    • Responder

    …cada vez compreendo mais a vida que os #ciganos têm e, contudo, eles riem, eles choram como todos os outros, os que viram a cara para o lado e assobiam. Afinal, esses, são os #ciganos ricos não menosprezam eles os da sua própria raça? Ah, raça de cavaquinhos!

    • anónimo on 14 de Agosto de 2017 at 18:27
    • Responder

    100% de acordo. Texto fantástico e sobretudo muito verdadeiro e sem pieguices.


  1. Sou QZP desde 2001. Todos os anos fico fora de casa durante a semana. Este ano a mais de 250km só numa ida.Tenho 46 anos e estou cada vez mais cansada, desanimada e revoltada.

      • Paulo Pereira on 14 de Agosto de 2017 at 20:40
      • Responder

      O seu problema tinha uma solução se os sindicatos fizessem algo:
      Bastava repor a área geográfica dos Quadros de Zona Pedagógica para a situação anterior. Tal como estão, as Áreas Geográficas são da largura do país, o que é estupidamente enorme obrigam um QZP a deslocar-se centenas de quilómetros.

      Não vejo grande futuro para os professores contratados, a menos que ingressem em QZP’s, como professores de Quadro de Zona para suprir necessidades temporárias. A lógica da criação dos QZP’s foi essa.
      Neste momento está tudo subvertido.

      Outro aspecto que os QZP’s não percebem é que não se podem equiparar a professores de Quadro de Escola/Agrupamento. Quando a Zona não oferece vagas, devem procurar outra Zona. É essa a estratégia.
      Se se apegam a comodismos de vida, não se queixem. Já sabiam que ser Professor implicava tudo isto. O choradinho não adianta muito. Revoltada porquê? Culpe-se antes a si.

        • Lurdes on 14 de Agosto de 2017 at 22:40
        • Responder

        Eu concorro sempre a escolas de 5 zonas.Não consigo mudar de zona.Nunca houve comodismo da minha parte. E, não, não sabia que ser professora implicava tudo isso com 22 anos de serviço.

      • Paulo Pereira on 14 de Agosto de 2017 at 20:45
      • Responder

      Sugiro que observe com olhos de ver a lista dos colocados do Concurso Nacional e tire daí as conclusões.
      Dou-lhe uma dica: Professores de Quadro optaram por mudar para QZP; Professores QZP de uma Zona mudaram para outra Zona; outros, que eram QZP de uma Zona do Norte ficaram em QE/QA no Sul.

      Conclusão: De fracos não reza a História.

        • Teresa Rodrigues on 14 de Agosto de 2017 at 23:56
        • Responder

        E voce, qual a sua historia? Ja agora??

    • José on 14 de Agosto de 2017 at 19:57
    • Responder

    É só tretas. Mas os colegas pensam que é só no ensino que há precariedade? ABRAM OS OLHOS!!! Quem não está bem que procure outro emprego. Alguém os obriga a concorrer para longe de casa? O que mais tenho são familiares e amigos que procuraram vida por outros lados que não a formação de origem. Cada vez há menos alunos e a diminuição de professores tem de acompanhar. Se querem trabalhar não se venham para aqui lamentar.

      • Paulo Pereira on 14 de Agosto de 2017 at 21:16
      • Responder

      Você não percebe nada do assunto e vem mandar aqui umas postas de pescada, para ver se pega, não é?
      Pelo que percebi, você é mais um daqueles comodistas que só gosta de trabalhar a cem metros de casa, nem que seja a vender croquetes. Acertei?
      Pois, é a mentalidade do tuga, que acha que a distância de Lisboa ao Porto é uma enormidade. Mentalidade pequenina!

      Se tivesse vivido em países de maior dimensão, como Espanha, França, Alemanha, Brasil, Estados Unidos, Canadá ou mesmo Angola, essa pequenez das distâncias não se punha.
      Só por cá é que fazer uma viagem de 100 quilómetros diários para o trabalho é dramática. Em outros países, esse percurso é feito em transportes públicos. Mas como por cá somos um país atrasado do 3.º Mundo, nem com auto-estradas, nem com linhas de caminhos-de-ferro a população tem tem direito a ter preços adequados para usufruir desses transportes.

      Ainda assim, a rusticidade do meio tuga mede-se no apego à casinha. Tudo o que vá além dos 200 metros do quarteirão já é longe. Os Velhos do Restelo, cantados por Camões, bem que diziam que nem valia a pena o esforço. Para quê tanto esforço se o pouco que tínhamos era o bastante para o nosso conformismo?

    • Paulo Pereira on 14 de Agosto de 2017 at 20:20
    • Responder

    O texto apresenta argumentos certeiros.
    Infelizmente, a adolescência tardia é um facto que se constata em figuras com idades nas casas dos 30 anos e mais. E quando se fala de adolescência, implicitamente conotamo-la com alguma noção da vivência do “aqui e agora”, de uma cultura epicurista e hedonista sem grandes preocupações pelo futuro e, pior, sem grande sentido de responsabilidade. O autor foi muito perspicaz em desmontar essa mistificação.

    Mas há um reverso que tem, por sua vez, um valor acrescentado não desprezável.
    É certo que qualquer classe profissional procura alguma estabilidade, e isso é consensual.
    Contudo, um profissional que tem, no seu currículo, experiência feita em diferentes realidades, e no caso dos docentes, diferentes experiências em escolas/agrupamentos, tem muito mais capacidade de apresentar visões alternativas para determinados paradigmas para uma situação concreta que, por exemplo, outro docente que passou décadas no mesmo agrupamento sem conhecer outras realidades e outras práticas pedagógicas/educativas.
    Infelizmente, o Sistema é adverso para quem tem toda esta experiência acumulada, pois esbarra muitas vezes com práticas pedagógicas/educativas “fossilizadas” em muitas escolas/agrupamentos, o que redunda numa caricatura de um progresso educativo.

    Obviamente que a culpa é necessariamente dos gestores de Recursos Humanos – Os Directores – que pouco mais que se estão nas tintas para as mais-valias dos novos docentes que chegam às suas Escolas. Esta absoluta falta de cultura para averiguar as competências e as “soft-skills” dos novos docentes é um dos graves problemas das Direcções Escolares.
    E será tanto pior quanto se regredir para o que se chama de “gestões democráticas”. Nesse patamar ainda mais bizarro, o profissionalismo das Direcções Escolares regride para o nível do amadorismo mais rasca.

    • Pois on 14 de Agosto de 2017 at 21:43
    • Responder

    Chama-se lei da oferta e da procura! Se está mal, mude de profissão, já sabemos há muito que há professores a mais.

    Se calhar o seu problema é que não sabe fazer mais nada e depende de uma colocação para ganhar ums trocados…

    Se estão mal, mudem! Há mais gente na lista. Os que penam, ano após ano, não são especiais, são antes dispensáveis.

      • Fernando Franco on 15 de Agosto de 2017 at 12:35
      • Responder

      Gostaria de saber se depois de trabalhar muitos anos e se dedicar com responsabilidade à sua empresa o governo aprova uma lei que todos os antigos serão dispensáveis porque os jovens têm de ficar com o lugar destes. O problema da precariedade dos professores deve-se às mudanças prejudiciais que se fizeram na educação e às sucessivas mudanças das regras dos concursos. Muitos professores com grande experiência foram ultrapassados por outros mais novos que estavam no ensino por cunhas dos ditetores. O problema da educação é de toda a sociedade.

    • Ivone on 14 de Agosto de 2017 at 21:46
    • Responder

    O que quer? Um emprego para a vida mesmo sem alunos para ensinar? O Estado não pode simplesmente abrir vagas porque há pessoas com 10 ou 20 anos aqui e ali com algumas horas ou a trabalhar alguns meses ou semanas. Tem todo o direito de indignar-se mas isto de aparecer nos jornais todos os anos logrando a pena da audiência porque o ministério o colocou no outro lado do país, mesmo quando sabe que foi uma opção sua, já enjoa. Não é necessário títulos de contratados felizes pior ainda a imagem de coitadinhos que alguns querem a todo o custo passar.

    • Priviligiadodoquadro on 14 de Agosto de 2017 at 21:53
    • Responder

    Mas a vida dos professores do quadros é um descanso.Eu exemplifico há professoras do 1º ciclo em quadro de escola no Minho que todos os dias repartem um carro, para as quatro puderem vir a casa assistir à família a Bragança.Só fazem diariamente 300 km.Ainda se queixam estas malvadas.
    Os bandidos dos QZP então esses é só benesses , só eles sabem o que alguns passam.Nas escolas mais prestigiadas do Porto, Lisboa ou Faro por exemplo há uns anos era vulgar o assédio moral dos contratados aos professores mais velhos.Pena é que o assédio moral dos contratados a professores do quadro não seja denunciado nos meios de comunicação.
    Ah e os projetos de inovação que apresentam os contratados nas escolas para encherem os olhos a diretores/as energumenos? Projetos que muitas vezes não servem para nada a não ser para ser mais uma festarola…Claro que os colegas de quadro são uns amorfos, estão preocupados em ensinar e não em fingir que os alunos vão fazer castings para a televisão.O ambiente nas escolas degrada-se muito quando os contratados montam as barracadas deles para a avaliação de desempenho.

    • Fátima Costa on 14 de Agosto de 2017 at 22:53
    • Responder

    Finalmente alguém que perceba a revolta que morou em mim durante 22 anos. Finalmente vinculei! Muitas vezes dava comigo a pensar que esse dia jamais chegaria. E então, à revolta juntou-se uma mágoa profunda. Não pela escola, pelos alunos ou pais. Mas contra o sistema que tal permitia, um ministério da educação sem nenhuma educação, desrespeitador. Que se comportava como aqueles patrões que pagam o salário mínimo toda a vida a um trabalhador mas de quem esperam o empenho máximo! Odiar é feio, vulgar, mesquinho… mas agora confesso aqui, cheguei a sentir ódio de quem me obrigou a trabalhar nesta precariedade todos estes anos. Como se não bastasse, por ser contratada a contragosto, ainda tinha outro presente envenenado associado, não ti8ve direito à redução laboral durantes os últimos 5 anos. Claro está, esta política maquiavélica culpava-me por continuar contratada. Estão a ver o marido que agride a mulher física e psicologicamente convencendo-a que leva porque é uma incapaz. Foi algo semelhante que o ministério me fez sentir, ano após ano. Ao contrário desta colega, eu detesto mudar frequentemente de escola, de interromper os projetos que inicio, da tal continuidade pedagógica. Fatores importantes que não nos deixavam prosseguir. Em nome de quê? Depois nos colégios é que se tem alunos muito bons, com alto rendimento. Pudera, alunos escolhidos a dedo, professores com contratos sucessivos, pais atentos e exigentes…

    • Caramba on 14 de Agosto de 2017 at 22:55
    • Responder

    .
    A docência em Portugal é um exemplo acabado da «precariedade laboral».

    Ter consciência da situação de «precariedade laboral» é um passo decisivo para se perceber a posição que se ocupa no Mundo.

    Só não enxerga quem anda alucinado. O valor socialmente atribuído à profissão Docente – Ser Professor – é hoje muito próximo daquilo que se designa por um «proletário», isto é, para ser mais preciso um «borra-botas».

    No Mundo laboral em Portugal existem profissionais com o nível escolar da antiga 4ª classe do Ensino Primário que auferem salários superiores ao de professor. São disto exemplo electricistas, picheleiros, canalizadores, mecânicos, etc.

    Isto demonstra a verdadeira «condição docente»

    Ao contrário da outra “contratada feliz” este contratado tem consciência da sua verdadeira condição.
    ,

      • Caramba on 14 de Agosto de 2017 at 23:05
      • Responder

      .
      Este texto aplica-se a muitos dos docentes que, embora já não sendo contratados, são QZPês e QAs e continuam a auferir de salário a módica quantia de aproximadamente 1.300 euros iliquidos, a ter que percorrer dezenas de quilómetros para leccionarem, a terem que alugar quartinhos, a terem que deixar para traz a família…..enfim….a terem que fazer uma vida miserável.

      Mas….se são felizes assim….deixai-os ser……
      .

    • helena on 14 de Agosto de 2017 at 23:05
    • Responder

    …contratados com consciência de classe são poucos…. mas, bem hajam!…

    • Ironicamente on 14 de Agosto de 2017 at 23:37
    • Responder

    O outro texto trasandava a algo encomendado a uma agência de comunicação de tão irreal que era. Pelo menos podia vir assinado.
    Eu posso não ter emprego ou ter um emprego precário e achar que isso é um mar de oportunidades. Vir proclamar isso como a última bebida do deserto sabendo que há quem queira, por exemplo, ter a possibilidade de ter uma casa ou não ter a vida por pacotes de um ano, é ser um pouco umbiguista.
    Ah! E estúpido.

      • Ironicamente on 14 de Agosto de 2017 at 23:43
      • Responder

      Ah. Foi retirado do P3 e há mesmo uma autora. Bem, a felicidade é relativa. O texto é sobre a felicidade das pequenas coisas e isso é bonito. A instabilidade nem por isso.

    • Teresa Rodrigues on 14 de Agosto de 2017 at 23:48
    • Responder

    Tanta maldade aqui escrita… colegas a dizerem mal de colegas!! Fico triste que assim seja, mas, e um fato a nossa classe estar assim… por isso quando se fazem greves nem toda a gente faz… nao somos unidos como a classe dos medicos por exemplo… e assim o governo faz o que bem quer!!! Tenham mais vergonha, sejam mais amigos, e, unidos! Lutemos mais pelos nossos direitos e nao contra nos mesmos…. como parece por aqui….

      • paula on 15 de Agosto de 2017 at 10:07
      • Responder

      É um facto! a maldade e o querer ver o outro abaixo de nós a mim pessoalmente choca-me. Isto é um artigo escrito por um colega contratado, eu também ainda sou contratada e com muitos anos de serviço. Se os colegas QZP acham que estão mal escrevam sobre o vosso problema, e partilhem as vossas angústias, a maioria escolheu QZP longe de casa , de certeza, para fugir à vida de contratado … Para mim quem está pior é o contratado anos a fio sem estabilidade laboral…

    • Anonimo on 15 de Agosto de 2017 at 0:06
    • Responder

    Os professores são uns privilegiados e estão demasiadamente bem pagos.
    Os professores deviam ser os profissionais mais felizes. porque trabalham por paixão, por amor, por devoção aos seus alunos.
    Os professores tem uma missão a cumprir e devem entregar-se sem olhar a questões materiais.

      • Orquidea Selvagem on 15 de Agosto de 2017 at 2:02
      • Responder

      E pagamos as nossas contas com quê? Com paixão, amor e devoção’?
      Não seja ridículo, somos pessoas como o resto dos comuns mortais.
      Acha que quem investiu num curso superior, trabalha durante a semana e aos fins de semana a ver testes, anda uma carrada de quilómetros diariamente e traz para casa, ao fim de 30 anos de serviço, 1400 euros, está bem pago???? Os professores são um dos pilares da sociedade. Deviam ser acarinhados pelo resto da sociedade. Muitas vezes somos professores, pais, psicólogos e amigos dos alunos…
      Volte para a sua vidinha triste, e não comente o que não sabe.

        • Anonimo on 15 de Agosto de 2017 at 14:54
        • Responder

        .
        “…anda uma carrada de quilómetros diariamente e traz para casa, ao fim de 30 anos de serviço, 1400 euros”

        Ao fim de 30 anos de serviço ainda faz uma carrada de quilómetros?

        Ao fim de 30 anos de serviço traz para casa 1400 euros?

        Será que não existe aqui qualquer erro devido ao calor que se faz sentir?

        Será que isto não é dramatizar por conveniência?

        Deixo estas interrogações para que repense o que escreveu.
        .

          • Orquidea Selvagem on 16 de Agosto de 2017 at 14:20

          Eu não tenho que repensar o que é verdade. Eu felizmente estou ao pé de casa, mas tenho colegas a quem isso acontece. Em vez de mandar os outros repensar, pesquise. Ou não sabe dos cortes nos vencimentos que os professores tiveram? E vou-lhe dar uma explicação de graça: quanto mais os professores recebiam, maior foi o corte. É só fazer a percentagem, mas duvido que tenha inteligência para isso.
          Volte para a sua vidinha e deixe os professores em paz. Lembre-se sempre, se sabe ler (mal) e escrever (ainda pior), foi porque teve algum professor a ensiná-lo. Lamento o desgraçado que o ensinou, mas infelizmente os professores nem sempre têm sucesso com todos os seus alunos. Eu não dramatizo, não sou atriz. Apresento factos!!!!!!!!!

          • Anonimo on 16 de Agosto de 2017 at 16:19

          .
          A Senhora Doutora diz que “apresenta factos”.

          Vejamos:

          1º facto – “estou ao pé de casa”

          2º facto – “quanto mais os professores recebiam, maior foi o corte”….ou seja, a Senhora Doutora, como ganhava muito foi sujeita a um grande corte.

          3º facto – “…se sabe ler (mal) e escrever (ainda pior), foi porque teve algum professor a ensiná-lo”…..faltou acrescentar que pelos vistos tive umas NÓDOAS como Professores.

          De todos estes factos, concluo que Vª. Exa. é uma privilegiada e vive muito bem à custa dos CONTRIBUINTES. Dá aulas junto de casa, ganha muito e portanto «tá-se bem»….os mais jovens que se lixem…..

          Minha cara amiga fixe bem o que aqui vou escrever. A minha amiga ainda vai ter tempo de engolir isso tudo que regurgitou aqui, ou seja, ainda vai ter cortes muito maiores e ainda vai ter tempo de ver muitos a serem colocados no olho da rua. Aponte e coloque a data.
          .

          • Trocatintas on 18 de Agosto de 2017 at 23:56

          Tanta peçonha só pode ser coisa de mulheres com um m muito minúsculo e língua viperina. VÃO À PRAIA!… e banhem-se na água salgada, para secar esse veneno.

    • Ricardo on 15 de Agosto de 2017 at 15:13
    • Responder


    A tudo isto convém dizer que um Professor Contratado tem um Ordenado Ilíquido de cerca de 1.300 Euros, ou seja, aproximadamente 1.000 Euros Líquidos (já com subsidio de alimentação). Tem que pagar um quarto ou uma casa para viver e tem que percorrer quilómetros para ver a família.

    Há gente com formação superior em situações piores? Claro que há. Portugal não consegue absorver o número de jovens com Formação Superior (Licenciatura, Mestrado, Doutoramento) porque não gera Empregos Qualificados.
    Há muitos Jovens Formados com empregos em Call Center, em Caixas de Hipermercados, empregados de balcão…. a ganharem o salário mínimo (557 Euros)…600 Euros, 700 Euros…etc. Há ainda muitos outros Jovens Licenciados Desempregados.

    Os atuais Indicadores dizem-nos que o DESEMPREGO ESTÁ A DIMINUIR. Face a isto importa ver que tipo de emprego está a ser criado. Fácil é concluir que o emprego que está a ser gerado em Portugal é um EMPREGO DESQUALIFICADO e que está relacionado com o aumento do turismo, ou seja, é emprego na hotelaria (andar de bandeja a servir os turistas) e nos serviços ligados ao turismo – fazer camas, limpezas, empregados de balcão em lojas…..

    É nesta VERGONHA DE PAÍS que vivemos, mas a RESIGNAÇÃO NÃO É SOLUÇÃO.

      • Rui on 15 de Agosto de 2017 at 15:34
      • Responder

      Colega Ricardo

      Em Portugal levar para casa 1000 euros é um ordenado acima da média e bastante alto para o nível de vida do nosso país.

      Com 1000 euros de salário vive-se muito bem em Portugal porque o nível de vida no País é barato.

      Em França, Inglaterra, Alemanha…..ganhar 1000 euros é péssimo, mas em Portugal é estar acima da média e viver bem.

    • Anónima on 15 de Agosto de 2017 at 16:10
    • Responder

    Boa tarde.
    Por uma questão de dignificar a carreira docente e sobretudo de boa educação (sou professora, com 24 anos de serviço), colegas e outros leitores podiam parar com este discurso, que é dispensável. Às vezes, (muitas, penso eu), somos nós os nossos piores inimigos. “Já agora, vale a pena pensar.”

      • Godofredo on 15 de Agosto de 2017 at 16:15
      • Responder

      Colega Anónima

      Se possui 24 anos de trabalho já está bem na vida. Não venha para aqui fazer o choradinho de que ganha mal e faz 400 Km por dia.

      Haja paciência!….

      Isto mais parece o muro das lamentações….

        • Orquidea Selvagem on 16 de Agosto de 2017 at 14:23
        • Responder

        Não sou advogada de defesa de ninguém, mas acha que 1400 euros é um bom ordenado em Portugal? Se tiver 2 filhos num colégio (nem toda a gente tem família disponível), paga no mínimo 600 euros, acrescente a renda da casa, água, luz, gás e telefone…
        E depois as pessoas têm que comer. e já agora, têm que ter dinheiro para os transportes (não estou a falar de carro)…

          • Godofredo on 16 de Agosto de 2017 at 16:28

          .
          Será que li bem!…

          “Se tiver 2 filhos num colégio…”

          Coloque os filhos na Escola Pública que é a melhor do Mundo. Aliás só vejo aqui defensores da Escola Pública mas é para os outros. Se for para os nossos filhos é melhor um colégio.

          Quanto aos 1400 euros limpos devo dizer-lhe que é um salário muitissimo elevado em Portugal. É um salário que dá para viver muito bem.

          Lembro-lhe que o salário mínimo em Portugal é de 557 euros ILÍQUIDOS.

          1400 Euros (Líquidos) por mês é um salário muito elevado e pago ao dia 23 de cada mês independentemente das vicissitudes como nas empresas privadas.

          Eu sei. Os contribuintes pagam.

          • Lixan du te on 17 de Agosto de 2017 at 2:14

          Difícil é ganhar um amigo em uma hora; fácil é ofendê-lo em um minuto.
          Provérbio Chinês

          • fu dêndo te on 17 de Agosto de 2017 at 16:09

          Difícil é ler umas verdades em uma hora e ter que engolir em seco; fácil é escrever umas mentiras num minuto.

          Provérbio da Baixa da Banheira

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