Greve de Zelo! Quem a faria?

 

A proposta do Alexandre Henriques agrada-me bastante. Uma Greve deste tipo seria uma forma de luta que se enquadraria bastante bem nos tempos que correm… A greve como a conhecemos deixou de ter o impacto que tinha noutros tempos.

O único problema será enquadra-la a nível legal na nossa profissão… E tínhamos os serviços mínimos…

 

Proponho uma GREVE de ZELO por tempo indeterminado.

Depois de uma greve q.b., julgo que está na altura de pensar diferente e fazer diferente. É claramente visível uma saturação entre os professores de greves de um dia e de manifestações. As greves de longa duração, apesar de muito aclamadas, não são viáveis, pois os ordenados dos professores não permitem certos “luxos” e os sindicatos não devolvem o dinheiro aos seus associados. Proponho por isso uma GREVE de ZELO, esta permitirá manter vencimentos e terá um impacto significativo.

O que é uma greve de zelo?

São a realização mais lenta de um serviço, podendo causar prejuízos ao empregador ou tendo como objetivo divulgar uma causa à população, quando o serviço é público.

Porquê uma greve de zelo?

Pelo simples motivo que os professores dão muito mais do que aquilo que recebem. Esqueçam fins de semana de trabalho, atendimento a pais fora das horas de expediente, trabalho de direção de turma além das horas previstas, preparação de aulas até às tantas, correção de testes enquanto a família relaxa, fichas, relatórios, atendimento a alunos, etc, etc…

Tudo isto e muito mais sai do “corpinho” do docente, acabar com o trabalho de bastidores irá afetar de forma direta todo o processo de ensino.

Mas a minha proposta não fica por aqui, continuo a dizer que é preciso juntar assistentes operacionais/administrativos à luta, e tentar… tentar… incluir os pais nas nossas reivindicações. Se juntar os assistentes operacionais/administrativos não deve ser difícil, incluir os pais é um desafio, mas a tentativa merece ser feita. E claro, os diretores deviam juntar-se à causa, bem como TODOS os sindicatos.

Já perceberam que proponho a força de um coletivo em detrimento das ações aleatórias e muitas delas inconsequentes.  A escola não pode ser defendida por vagas e apenas por alguns, defender a escola é defender professores, assistentes operacionais/administrativos, pais e alunos, defender a escola é reivindicar com inteligência e mostrar que todos estão de acordo no essencial. E não me venham dizer que é impossível… o que falta é vontade e capacidade de diálogo para chegar a um entendimento.

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12 comentários

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    • Rosário Cunha on 22 de Junho de 2017 at 17:07
    • Responder

    Não sei se daria resultado, mas eu preferia 3 semanas após o começo das aulas fazermos uma semana de greve.


    1. Acha mesmo que existe disponibilidade para abdicar de 200 a 400 euros?

        • história de portugal on 22 de Junho de 2017 at 21:45
        • Responder

        Na década de 80 os professores portugueses abdicaram num mês de 14 dias do seu vencimento. Na altura não ganhavam mais do que agora e muitos passaram fome. Os sindicatos não lhes deram um tostão, mas a união de todos fez a diferença. A inflação em Portugal era de pasmem-se 35%; foi preciso pedir ajuda externa mas, com essa greve, os docentes portugueses conseguiram um ECD – o primeiro – ;conseguiram, passar a ter uma carreira docente, a que o seu tempo de serviço fosse contabilizado e fossem integrados em escalões; a adse passou a ser também para os descendentes; houve a contabilização real das vagas para o concurso pela primeira vez; as professoras passaram a ter direito a licença de maternidade (pasmem-se, sim, até lá tinham os filhos e no dia seguinte tinham que ir trabalhar); as faltas por doença até 30 dias passaram a ser equiparadas para todos os efeitos a tempo de serviço… Por isso, por vezes, é preciso saber quando é necessário abdicar de 200€, mesmo quando para isso, se tenha que passar um mau bocado.

          • mario silva on 23 de Junho de 2017 at 1:37

          o problema é a tese do passageiro clandestino: os que não fariam, não passavam mau bocado e no final teriam acesso às mesmas conquistas…e ainda há uns quantos nessa categoria…

          • Trocatintas on 24 de Junho de 2017 at 1:31

          Reconheço e agradeço a destreza desses colegas mas relembro que nessa época não existia tanta gente com os tintins entalados na armadilha do crédito fácil que veio aprisionar, manipular e escravizar todas as gerações da sociedade portuguesa atual.

      • Vanda on 22 de Junho de 2017 at 20:06
      • Responder

      Uma semana de greve! O que é que está em causa? Reformas? Vagas em concursos extraordinários? Não. Obrigada

    • sugestao on 22 de Junho de 2017 at 17:34
    • Responder

    De acordo. Mas no início do ano letivo uma semana de greve caía muito bem, principalmente, se fosse congregada com os assistentes operacionais também – dia sim, dia não. Um dia professores, outro dia assistentes operacionais. Assim, conseguia-se com a união de todos fazer ver que há necessidade de melhorias nas condições em ambas as profissões.


  1. Acham mesmo que as pessoas vão abdicar de 1 semana de vencimento? Estamos a falar de 200 a 400 euros aproximadamente.

    • Fátima Carvalho on 22 de Junho de 2017 at 18:45
    • Responder

    Concordo com a ideia.

    • manuelavaz on 22 de Junho de 2017 at 19:06
    • Responder

    Desde que se cumpram, com rigor, as 35 horas de trabalho semanal, pouco mais será preciso fazer. O sistema emperrava logo! Haja coragem dos professores para fazer isso!!!!!

    • mario silva on 23 de Junho de 2017 at 1:38
    • Responder

    esta forma já se vai fazendo, sem muito alarido…

    • Greve de zelo on 23 de Junho de 2017 at 8:51
    • Responder

    O que se esqueceu na definição de “greve de zelo” é que a realização do serviço é mais lenta por ser feita com zelo, ou seja, respeitando escrupulosamente todos as regras e procedimentos. Não se torna mais lento por ser feita mais lentamente.
    O que no nosso caso, nas aulas, faria com que a nossa única preocupação fosse o cumprimento escrupuloso dos programas, não dando importância a sua consolidação. Ou seja, iríamos apenas dar os conteúdos, sem perder tempo com exercícios, revisões, esclarecimentos de duvidas. Quanto ao comportamento dos alunos, essa “greve de zelo” seriam aulas com tolerância zero, em que a mínima violação das normas o aluno teria uma falta disciplinar.

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